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O decodificador tem as mesmas habilidades que o emissor da mensagem e pode usálas para transmiti-las. Como as motoras: os músculos, gestos e a voz. Para isso, tanto o emissor como receptor precisam ter uma similaridade no sistema usado para transmitir esta comunicação. Se não for similar, a mensagem poderá ter ruídos ou não ser enviada pelo emissor. Mas caso seja enviada, pode não ser recebida pelo receptor. A fonte e o receptor podem ser (e o são, em muitas vezes) a mesma pessoa; a fonte pode comunicar-se com ela própria – ouve o que ela mesma fiz, lê o que ela mesma escreve; ela pensa. Em termos psicológicos, a fonte pretende produzir um estímulo. O receptor reage a esse estímulo se há comunicação; se não reagir, é porque não houve comunicação (BERLO, 1999, p.32).

Suponha que Maria está atrasada para pegar o ônibus e no meio do caminho encontra uma pessoa em sua frente, mais tranquila. A passagem é estreita, então para poder ultrapassar a pessoa, o sistema nervoso emite um estímulo (fonte) para o codificador (cordas vocais), que expressa através da linguagem oral: ―Licença, por favor‖. A pessoa que obstrui a passagem vai receber a voz de Maria pelo seu decodificador (tímpanos) e esse irá enviar o resultado para o cérebro. Por fim, o cérebro ordenará uma resposta: a pessoa pode dar ou não passagem para a Maria. O althusseriano Stuart Hall (1932-2014) coloca a decodificação da mensagem e a codificação como peças-chave na comunicação. Em sua obra “Da disporá: identidades e mediações culturais”, parte 4 “teoria da recepção”, ele estabelece a recepção da mensagem como não fixa, diferente das teorias funcionalistas, por exemplo. O teórico salienta que a decodificação aparentemente simples é bem mais complexa do que a idealizada em uma linha reta, levando a mensagem sempre ao decodificador do receptor (HALL, 2003, p. 354). O decodificador, portanto, é ativo e pode produzir os seus próprios significados por meio de sua reflexão interna, já que ―não se recebe a mensagem de qualquer jeito‖, ou do ―jeito que o receptor quer‖. Hall ainda expõe que a decodificação da mensagem estabelecida por outros teóricos traz a tradução única após o estímulo ser emitido. Não importa o estímulo ele sempre retrataria um pensamento hegemônico de “fazer com que cada significado que você quer comunicar seja compreendido pela audiência somente da maneira pretendida” (HALL, 2003, p. 366), sem nenhum ruído ou interpretações equivocadas da mensagem. Entretanto, essa tentativa, segundo Hall, não seria eficaz porque o emissor da mensagem não consegue antecipar todas as leituras possíveis do texto. A sugestão do teórico é que a mensagem pode ser decodificada/interpretada de várias formas fora das pretendidas pelo emissor. Seria como um autor de um livro ter seu material levado às telas do cinema, mas o filme ser diferente da


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