CITE'IN'FORMA Nº12

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a linguagem oral já quer dizer que utilizam uma linguagem menos normativa que a escrita. Tendem para a espontaneidade nas emissões e isso significa o dar preferência à linguagem de rua, sem se preocuparem com a sua correcção. Todavia a rádio e a televisão não só utilizam a linguagem na forma oral como também tentam aproximar-se da linguagem do ouvinte. Cedem-lhe a palavra, renunciando a exercer uma função pedagógica e limitando-se a reflectir a língua popular (potenciando com este procedimento os desvios em relação à linguagem culta.) Em resumo, afirma-se que os meio de Comunicação Social renunciaram a cumprir a função de modelos da língua correcta e limitam-se a divulgar a linguagem da rua, contribuindo para a decomposição da língua. Que havemos de pensar destas críticas: a História ensina que as discussões entre conservadores e inovadores em matéria de LINGUÍSTICA são frequentes, desde o séc. XVII - lamentações pela decadência da forma linguística e pelo abuso de estrangeirismos. Estas discussões não fazem mais do que pôr em relevo a natureza profunda da linguagem que (como todas as realidades sociais) está submetida a pressões internas: umas conservadoras para manter a unidade e a continuidade, outras renovadoras e desagregadoras em múltiplas direcções - a evolução de uma língua. Tudo leva a crer que, apesar dos protestos, das críticas, as línguas europeias continuarão a evoluir, com uma forte pressão tanto na expressão oral sobre a escrita, como do uso popular sobre o uso culto (e com uma grande penetração de anglicismos em todos os campos - especialmente no TÉCNICO). O que se pergunta é se esta evolução conduzirá a uma progressiva convergência das línguas europeias. Que a introdução se faça a partir do inglês pode resultar do facto de que muitas inovações nascem em ambientes anglo-saxónicos. (Estas realidades técnicas estão hoje presentes em todo o mundo e é natural que sejam “nomeadas” da mesma maneira) Porém, não é só a técnica que se universaliza e em muitos outros aspectos da vida contemporânea (da alimentação aos espectáculos, do desporto, aos meios de comunicação) a influência anglo-saxónica é evidente e com ela a introdução do vocabulário inglês. Temos razões para falarmos de um processo de convergência entre as línguas europeias - isto desde a Idade Média, desde que as línguas começaram a ter um maior contacto, e todas nós participamos numa história comum; um processo lento, fomentando a comunicação entre falantes de língua diferentes. Assim: a pluralidade linguística fará com que continue a ser necessário aprender (dominar) línguas ou, na sua falta, haver quem as traduza. Texto de Marília Pimentel Teixeira *A Aventura das Línguas do Ocidente, Henriette Walter. Edições Terra-mar1996,


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