O Coronel de Amendoeira

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coice de mula. Fiquei não apenas abalado, mas perplexo. Por quê? Dias depois voltei ao amigo e pedi que Godofredo me esperasse no posto de gasolina na saída para Cavaleiro. Solicitei emprestado o Ford de meu cunhado Tião Ramalho, que era mais discreto e fechado que meu jipe, e dirigi‑me ao encontro. Godofredo estava à minha espera. Levei-o para uma clareira ao lado da estrada e fiz-lhe três perguntas. Ele respondeu com sua tortuosa lógica de pistoleiro alugado. Matei Godofredo ali mesmo, dentro do carro. Pensei em entregar-me à polícia. Mas para quê? Meu filho estava morto. Ritinha estava morta. O homem que os matara, também. Caduca, que nada tivera com a história, igualmente. Eu contribuíra para a morte de Caduca, quando sugeri a meu pai que fosse aceita sua confissão. Foi uma das raras ocasiões em que emiti opinião sobre questões importantes. Caduca talvez ainda estivesse vivo se eu me tivesse calado, como sempre o fizera. Minha vida estava destruída. Restava só um empurrão, que me foi dado pelo meu filho mais moço. Agora, falta apenas um detalhe. E este fica por minha conta...”


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