O planeta Bergman

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A fase de aprendizado de Ingmar Bergman no pós-guerra coincidiu com a florescência do neorealismo italiano; a revelação de novos cineastas franceses como Jacques Becker, René Clement, Henri-Georges Clouzot, entre outros; o surgimento de uma nova geração de diretores americanos — as bruxas que iriam ser caçadas pela inquisição marcathista; o apogeu do cinema inglês que se deveu muito ao Ealing Studio, de Michael Balcon; e com a ascensão de Akira Kurosawa dentro do então desconhecido cinema japonês. A verdade é que a arte cinematográfica começava a entrar num período de renovação, uma fase de transformação de toda ordem, em que quase tudo se modificava, desde a estrutura narrativa dos filmes até a relação entre o filme e o espectador. Vejamos como o historiador francês Georges Sadoul, no seu livro História do cinema mundial, registrou o despontar de Bergman: Tortura de um desejo, de tom completamente diferente, marcou a estréia de um roteirista de 26 anos, já encenador, juntamente com Sjoberg do Real Teatro Dramático. Tratava-se aparentemente de um estudo psicológico sobre o comportamento de um professor covarde e sádico. Porém o filme foi, na realidade, um ataque ao nazismo, tâo virulento quanto o permitia a censura num país neutro [...]■ Após ter sido o roteirista de Sjoberg, Ingmar Bergman tornou-se diretor com Crise e Chove sobre nosso amor. Embora adaptassem peças suecas, esses dois filmes foram muito impregnados da influência francesa, principalmente de Carne. O estreante deveria realizar dez filmes em cinco anos; sua fecundidade fez com que o comparassem em seu pais a Hasse Ekman, que não tinha o seu valor — é Sadoul quem continua traçando o perfil de Bergman em início de carreira. Ingmar Bergman, que escrevia além de roteiros, romances e peças de teatro — observa o historiador — permaneceu em sua primeira fase

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