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A Era Vargas

O Centro Operário e o reformismo autoritário da Revolução de 30

Lucas Schuina

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Durante a pesquisa para a produção desta revista, foram encontrados poucos registros sobre a atuação direta do Centro Operário e de Proteção Mútua no primeiro período de Getúlio Vargas na presidência do Brasil (1930-1945). Mas, por se tratar de um período histórico de grande relevância, vale destacar alguns pontos:

- A Era Vargas deixou como legado conquistas importantes para os trabalhadoresbrasileiros, sobretudo com a promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943. Entretanto, também ficou marcada pelo populismo autoritário de Getúlio. Astropasda Revolução de 30, que depôs o então presidente Washington Luís e alçou Vargas ao poder, foram recebidascom festa em Cachoeiro, mas diversos integrantes da elite local fugiram da cidade, por uns dias, assustados. - A partir de 1930, os sindicatos começaram a tomarmaiscorpo no município, mas o Centro Operário continuava sendo a principal referência de organização de trabalhadores. Também começaram a desembocar

F O T O A R Q U I V O C O P M

Entidade teve participação ativa na criação da Festa de Cachoeiro

greves com maiorfrequência, mas ainda duramente reprimidas, tal como foi a famosa paralisação de ferroviários em 1908. -Na prefeitura, celebrizou-se a

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passagem de Fernando de Abreu, primeiro nomeado como interventor (1930-1933) e depois eleito para novo mandato (1937-1944), num pleito carregado de controvérsias. Abreu

Um dos cursos surgidos nesse período foi o de Corte e Costura ficou reconhecido como um bom prefeito, mas também como uma figura autoritária e violenta, “um coronelzão”, como explicou Deusdedit Baptista, ex-presidente do COPM, em uma entrevista ao jornalista Marco Antônio de Carvalho. Deusdedit, aliás, era anti-getulista e acabou perdendo seu cargo de professor no Liceu Muniz Freire com a implantação do Estado Novo (1937-1945). - Foi nesse período, também, que se começou a organizar a Festa Municipal de Cachoeiro, celebrada pela primeira vez em 1939, com Newton Braga como o principalidealizador. O professor Deusdedit e o primeiro presidente do Centro Operário, Orozimbo Souza, estiveram na comissão de organização. -Em 1942, surgiu a honraria do Cachoeirense Ausente Nº 1. O primeiro escolhido, por indicação de Newton, foi Heráclides Pereira Gonçalves, que então morava no Rio de Janeiro, mas havia sido a primeira pessoa a ocupar o cargo de secretário do COPM. Desde então, os Cachoeirenses Ausentes Nº 1 do ano sempre são recepcionados no Centro Operário.

F O T O A C E R V O F A M Í L I A B R A G A

A família Braga

Afamília Braga teveestreita relação com o Centro Operário. Francisco de Carvalho Braga foi presidente em trêsocasiões; os irmãos Newton e Rubem estudaram na primeira escola a funcionar noprédioda organização;eum outro filho de Chico Braga, Jerônimo Coelho Braga, também foi presidente em 1929, além de ter atuado como relator da reforma nos estatutos ocorrida em 1930.

Os Braga tiveram uma relação ambivalente com o getulismo.

Sabe-sequeFranciscoBraga, que morreu em 1930, não simpatizava com Fernando de Abreu. Em um artigo no Correio do Sul, Newton, ainda morando em Belo Horizonte, chamou os responsáveis pela Revolução de 30 de “Cavaleiros do Apocalipse”. O próprio Correio do Sul, jornal fundado pela família e então considerado órgão oficial do Partido Republicano, foi fechado após a ascensão de Vargas ao poder. Poucos anos depois, porém, o jornal foi reaberto com mudança editorial, e Armando Braga, outro dos filhos do CoronelChico, acabou sendo nomeado para um cargo no governo estadual comandado por João Punaro Bley, o interventor de Getúlio no Espírito Santo.

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