mundo acadĂŠmico
o valor e o custo da eletricidade produzida por sistemas solares (fotovoltaicos) (LEVELISED COST OF ELECTRICITY – LCOE, INCENTIVOS, POL�TICA ENERGÉTICA) 2.ª Parte
Manuel Collares Pereira Titular da CĂĄtedra Energias RenovĂĄveis da Universidade de Évora, Presidente da Direção do IPES AntĂłnio Joyce Investigador Principal do LNEG, Membro do Conselho EstratĂŠgico e CientĂfico do IPES
SumĂĄrio executivo Descarbonizar a economia ĂŠ um dos objetivos essenciais para o cumprimento dos compromissos COP21. A ĂĄrea da energia ĂŠ a que mais contribui para a introdução de " combustĂveis fĂłsseis. SĂŁo necessĂĄrias tecnologias limpas, as das Energias RenovĂĄveis. Neste breve estudo pretende-se apresentar e discutir algumas condicionantes Ă introdução destas novas tecnologias para a produção de eletricidade – em particular as do solar –
Pedro Cunha Reis Engenheiro EFACEC, Membro da Direção do IPES
2. O custo da eletricidade renovĂĄvel (Levelised Cost of Electricity – LCOE) 2.1. Introdução HĂĄ uma grande diferença entre as energias renovĂĄveis e as energias ditas convencionais: o seu custo ĂŠ sobretudo um custo de investimento em equipamento capaz de converter a energia solar ou eĂłlica em eletricidade, contrastando com a situação da energia convencional em que, alĂŠm do investimento inicial num equipamento de transformação, se exige a compra contĂnua, no tempo, do combustĂvel cuja energia quĂmica ou fĂsica se transforma em elĂŠtrica. A situação convencional ĂŠ uma situação muito diferente e o custo da energia convencional com a qual se compara sempre a do fotovoltaico ĂŠ, sobretudo, o resultado direto do custo do prĂłprio combustĂvel. Isto ĂŠ, fazemos uma comparação de “ â€?. Quanto ao fotovoltaico, um sistema gerador de energia elĂŠtrica que poderĂĄ funcionar, ainda com um rendimento aceitĂĄvel, atĂŠ aos 25 anos, a forma que temos de fazer as contas aos custos da energia produzida, terĂĄ que ter em conta a produção que foi capaz de realizar no seu tempo de vida, o investimento inicial feito e os gastos com operação e manutenção do equipamento. A forma rigorosa de fazer este cĂĄlculo (LCOE) explica-se no capĂtulo seguinte. Nesta 48
desenvolvendo alguns pontos de vista, muitas vezes ignorados, quando se entra de forma cega numa discussão/comparação de custos sem se reconhecer que, regra geral, não se estå a falar de realidades diretamente comparåveis.
introdução, o que se pretende sublinhar ĂŠ que, para comparar com a eletricidade convencional, se deveria fazer exatamente a mesma coisa, para termos uma comparação de “ â€?. A comparação feita nestes termos obrigaria a calcular o LCOE da energia convencional e este resultaria, sem dĂşvida, num valor muito mais elevado que o valor spot do mercado neste momento. A principal razĂŁo tem que ver com o facto de se lidar com combustĂveis que sĂŁo finitos, cujo valor, por essa razĂŁo, ĂŠ hoje muito menor que dentro de 10 ou de 20 anos. Embora, temporariamente, os valores do mercado possam descer (como, por exem cia futura sĂł pode ser de subida, por razĂľes de fundo, estruturais1.
1 Exemplo: o petrĂłleo tem apresentado recentemente cunstanciais, de polĂtica (preservação da hegemonia e controlo por um ou dois paĂses produtores), de crise econĂłmica associada a uma redução de procura, logo a um excesso de oferta, de exploração de novos tipos de petrĂłleo (shale oil – petrĂłleo nĂŁo convencional), sem sustentabilidade e sem regras sobre os impactos ambientais na extração, reforço da presença de paĂses como o IrĂŁo com o levantamento do embargo, e outros. SĂŁo razĂľes
Que deriva (percentagem da subida do seu custo acima da inflação) do custo da energia se deveria usar? Qualquer valor, desde que positivo em mĂŠdia, faria o custo da eletricidade tornar-se significativamente mais alto daqui a 10 ou 20 anos, enquanto para o fotovoltaico, o que calculamos hoje, mantĂŠm-se constante para qualquer desses perĂodos! Contudo, para o fotovoltaico (e para a eĂłlica) estamos condenados a fazer o cĂĄlculo do LCOE. Assim ĂŠ importante que se defina com clareza o que ĂŠ (as definiçþes usadas por todos devem ser as mesmas para estes efeitos de comparação). É o que se farĂĄ no prĂłximo capĂtulo. O custo da eletricidade produzida durante o tempo de vida de uma unidade produtora de
circunstanciais que tenderão a desaparecer e fazer os custos do petróleo subir. pois cada vez menos se usa petróleo para a produção de eletricidade. O ponto Ê o de que hå cada vez menos petróleo convencional, o custo do não convencional Ê muito mais alto (o shale oil estå barato, mas não Ê tão abundante e só custa menos porque não se contabilizam os custos dos impactos referidos anteriormente).