espaço opinião
biomassa, um recurso vital A conclusĂŁo da COP 21 em Paris evidenciou o crescente consenso em torno da necessidade de limitar o aumento de temperatura global em 2Âş C face a nĂveis prĂŠ-industriais, o que envolverĂĄ necessariamente a adoção de medidas de redução de missĂľes de gases com efeito de estufa e a implementação de um novo paradigma, assente na crescente descarbonização da atividade econĂłmica.
Frederico Pisco APREN
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A necessidade imperativa de reduzir o consumo de com buto que o setor das energias renovĂĄveis em geral e o da biomassa, em particular, terĂĄ ao nĂvel do cumprimento de ambiciosos objetivos de redução de emissĂľes e alteração do mix energĂŠtico global. Para contextualizar a importância da biomassa Ă escala mundial, importa destacar que as fontes de energia renovĂĄvel representam atualmente cerca de 13,5% do abastecimento de energia primĂĄria, dos quais a biomassa representa per si 10%. No universo das fontes de energia renovĂĄvel, e apesar do acentuado crescimento de tecnologias como a energia eĂłlica ou solar fotovoltaica, a energia primĂĄria proveniente da biomassa equivale, grosso modo, Ă soma das restantes fontes de energia renovĂĄvel, sendo que mais de 80% da biomassa ĂŠ ainda utilizada para aplicaçþes de uso final como aquecimento e confeção de alimentos. A biomassa apresenta uma caraterĂstica absolutamente diferenciadora. É provavelmente a Ăşnica fonte de energia renovĂĄvel que pode ser utilizada para a produção de calor, energia elĂŠtrica e pode ainda ser convertida noutras importantes formas de energia como, por exemplo, biocombustĂveis e pellets. O uso da biomassa para aquecimento e em soluçþes de produção simultânea de energia elĂŠtrica e vapor com recurso Ă cogeração mais que duplicou na Ăşltima dĂŠcada. Em termos de produção de energia elĂŠtrica estima-se que Ă escala mundial cerca de 10% da biomassa seja canalizada para este fim, destacando-se aqui claramente a UniĂŁo Europeia onde a biomassa ĂŠ responsĂĄvel por mais de 18% da produção de energia elĂŠtrica renovĂĄvel. Dentro das utilizaçþes da biomassa, o setor dos pellets tem registado um crescimento acentuado, sendo provavelmente a commodity energĂŠtica mais emergente Ă escala mundial. Em parte, esta dinâmica estĂĄ assente na crescente
utilização em co-firing em centrais termoelĂŠtricas a carvĂŁo, existindo diversos exemplos de centrais que foram reconvertidas para queima a 100%, o que constitui uma das medidas necessĂĄrias para alteração do perfil de emissĂľes do setor elĂŠtrico a curto prazo. No ano de 2014, a produção de pellets a nĂvel mundial ascendeu a 27 milhĂľes de toneladas, representando a Europa e a AmĂŠrica 97% da capacidade produtiva, ao passo que os maiores consumidores de pellets sĂŁo o Reino Unido (3,6 Mt), E.U.A. (2,9 Mt), Dinamarca (2,2 Mt), ItĂĄlia (2 Mt) e Alemanha (2 Mt). Atendendo Ă utilização diversificada da biomassa, ĂŠ vital salientar a necessidade de utilização racional do recurso, tendo em consideração aspetos como a sustentabilidade da produção e a necessidade de hierarquização em função das utilizaçþes de maior rendimento, como a produção de calor (rendimento entre 80-90%), a produção combinada de calor e eletricidade em cogeração (rendimento entre 70-85%), e a canalização para produtos de elevado valor acrescentado, transacionĂĄveis e inovadores (como, por exemplo, pellets, bioprodutos e biomateriais). No futuro, a aposta ao nĂvel da investigação, desenvolvimento e demonstração no setor da biomassa ĂŠ absoluta
a utilização em pequena escala ou processos de conver
Internacional de Energia indica a conversĂŁo de biomassa para biometano para injeção na rede de gĂĄs natural existente como uma via emergente, aproveitando infraestruturas existentes e permitindo alguma flexibilidade. A biomassa assume, portanto, um importante papel, capaz de induzir benefĂcios de natureza diversa, designadamente ambientais (redução de emissĂľes de gases com efeito de estufa, gestĂŁo florestal certificada, valorização de ! " ! # $ cia energĂŠtica, criação de emprego ao longo da cadeia de valor, competitividade industrial, promoção de inovação, entre outros). Um setor que representa sensivelmente meio milhĂŁo de empregos na UniĂŁo Europeia 28, e em que as indĂşstrias de base florestal sĂŁo responsĂĄveis por cerca de 9,4% das exportaçþes nacionais totalizando cerca de 4700 M₏, merece para o futuro um enquadramento regulatĂłrio estĂĄvel, com mecanismos de suporte eficientes e adequados Ă s especificidades das utilizaçþes da biomassa e onde a promoção da investigação, inovação e desenvolvimento possa contribuir para o aumento da produtividade florestal e & ' $ tos inovadores.