José Antonio Pereira de papel manteiga enrolados à
Sua já reduzida freguesia tornara-
mão na noite anterior, encaixados
se presa fácil para o picolezeiro. O
no tabuleiro. Com o tempo tornou-
jeito foi tentar percorrer outros
se hábil em enrolar canudos de
bairros.
papel. Nas noites quentes, quando
pelas cercanias do hospital foi
a molecada brincava na rua de
enxotado pelos ambulantes que
guerra de canudos, ele era o tal.
mercadejavam
Cada um com sua zarabatana feita
mesmo,
com
visitantes dos doentes era renhida.
talos
de
mamoeiros
dos
quintais. Esquecia tudo. Era mais
Parou
um
seguida
menino
feliz
em
meio
à
Na primeira incursão
ali na
na a
porta
disputa
esquina.
apareceu
pelos
Logo
um
do
em
galalau
algazarra das brincadeiras de rua.
ameaçador – Cê não entendeu não
O tabuleiro era uma tábua de dois
criolim?
palmos e meio por um palmo,
não.
trespassadas
da
uma senhora com dois meninos e
grossura de um dedo. Presas por
na cara do ameaçador ele vende
duas fieiras, daquelas de rodar
dois pirulitos. Mal a freguesa deu
pião, que passavam por trás do
as costas, teve todos os pirulitos
pescoço.
afanados,
por
Quanta
furos
vez,
mesmo
Cê não pode ficar aqui
No meio da ameaça surge
foi
posto
a
correr
sabendo o resultado, enfiava o
debaixo de um monte de cascudos.
dedo em algum daqueles buracos.
Filadaputa some daqui. Se te pegar
Desesperava-se, ao vê-lo agarrado.
por aqui de novo te arrebento.
Torcia pra cá, distorcia pra lá e um
Chegou em casa com a cara e a
sorriso de vitória iluminava o
tábua esfoladas. Enquanto a avó
rosto entre gotas de suor frio.
limpava a poeira dos arranhões,
Depois de algum tempo vender
deu-lhe
pirulito
tornara
aventurar-se tão longe de casa e
difícil. A meninada parecia já
ainda se meter em confusão. Não
enjoada da novidade e com o calor
eram os arranhões, limpos com
e o grito – Olha o picolé Sibéria!
pano molhado que o incomodava,
no
bairro
se
uma
bronca
por