Cahiers 31_PT

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Cadernos MARISTAS

contra Lavalla. A cidade de SaintChamond parece não ter sido melhor abastecida.

2.12. Uma segunda conversão de Barge Nesse mesmo domingo, 28 de dezembro de 1793, acontece algo de grave em Lavalla: cinco gendarmes de Rive de Gier surpreendem os fiéis reunidos para as vésperas na capela de Etrat, um pouco fora do povoado (cap. XXXI)24 «como se o exercício do culto fosse livre». Invadem o local a cavalo e aterrorizam os assistentes, depois continuam seu caminho. Barge, que volta de Saint Chamond, encontra uma população desesperada, que diz: «Está feito: adeus à nossa religião». Esse acontecimento causa nele certo retorno à religião: “A aparente indiferença que eu tinha mostrado por ela era o efeito dos abusos da religião e não a própria religião. Finalmente, eu tinha uma secreta esperança de retornar a ela e eu animava a todos quantos apoiavam meus propósitos”. É realmente a época em que a Revolução acaba de perder, aos olhos da massa dos Franceses, a legitimidade que teve nos seus primeiros anos. E era a Igreja refratária que parecia ser o dique de resistência ao fanatismo revolucionário.

2.13. A Execução do pároco de Lavalla Em agosto de 1794, o pároco Gaumond é aprisionado na região de Saint Genest Malifaux. Será executado em 2 de setembro. Barge parece se justificar de não o ter socorrido: “Foi preso por dois enraivecidos republicanos que o conduziram a Saint Genest-Malifaux. Teria sido muito fácil livrá-lo, pondo-nos no caminho, no dia seguinte, em número suficiente e um pouco disfarçados, favorecidos pelos bosques. Mas éramos muito monitorados, principalmente pelo mesmo B...,25 que lhe devia cinquenta escudos pelo fornecimento de trigo, etc., o qual estava bem satisfeito que perecesse para ficar quite”. O projeto de uma libertação pela força é bem plausível: muitas vezes, padres escoltados para a prisão foram libertados por bandos de aldeões. No entanto, esta é a única vez que Barge parece mostrar, com franqueza, uma possível resistência armada encarada pelo povo de Lavalla. Além disso, ele nos revela uma das fontes da influência de Gaumond sobre a comuna, ao mesmo tempo que põe em plena luz a causa, por vezes ignóbil, das detenções de padres refratários: o dinheiro.

2.14. Os refratários ao recrutamento Barge resume toda essa época em termos lacônicos:

24 É para essa capela que, mais tarde, Champagnat irá, muitas vezes, em peregrinação com seus Irmãos. 25 Passagem pouco clara. Parece que o termo “B…” seja uma abreviatura de “bougre” (sujeito, cara), qualificativo injurioso. Talvez Barge queira dizer que um dos dois republicanos seja de Lavalla.

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I. As desordens da revolução e do império


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