a prática corporal atravessada pelos caminhos de trabalhos de Laban me colocou a pensar e a sentir o corpo num outro viés, investigando o movimento como algo pessoal, descobrindo, pesquisando, observando e experimentando. De acordo com Isabel Marques (2010), a ênfase de Laban está na experiência individual, na autodescoberta, nas sensações de cada um e no ímpeto de aprender a viver de forma expressiva e livremente. Com isso, percebo o quanto esse caminho potencializa os corpos e as pessoas, o quanto é potente para educação em dança, como descreve Laban: Na dança educacional, cujo objetivo é ajudar a pessoa a tomar consciência e reafirmar sua própria potencialidade, aprender a relacionar e aumentar a capacidade de resposta e habilidade para se comunicar, o equipamento, técnico, em primeiro lugar, tem que servir a esse fim (LABAN, 1990, p. 114).
Antes de cursar a graduação em Dança, considerava meu conhecimento limitado para mediar e potencializar os corpos de alunos da Educação Infantil para a Dança, o que delimitou meu pouco tempo nesses espaços. Meu primeiro contato com dança-educação, sem saber o que era dança-educação, foi em 1991, na Escola de Ballet Carmen Orofino, arte educadora e especialista em dança e movimento infantil. Nesse espaço, eram oferecidas duas modalidades: a Escola de Dança e a Casa de Ideias. Na primeira modalidade, ofereciam técnicas de dança (ballet, jazz, sapateado); e na segunda, experiências criativas para as crianças de 03 a 07 anos, que englobavam as artes como um todo (dança, música, pintura, teatro). Nessa escola, exerci a função de professora de técnica de ballet e de Dança Espanhola, mas convivi com o meio e observei como Carmen Orofino operava neste universo educativo, tendo meu primeiro contato com a pedagogia construtivista7, que era a linha de pensamento da escola. Nessa abordagem, o conhecimento da criança é respeitado, participando do trabalho como um ser pensante e criativo. Isso me fez perceber outras possibilidades corporais- expressivas de trabalhar com crianças que vinham ao encontro 7 A abordagem construtivista tem como principal fundamento teórico-epistemológico a obra de Jean Piaget (OLIVEIRA, 2016, p. 163).
85