Castiel Vitorino Brasileiro. Espadas. Série A história tem me exigido crueldade. Cerâmica esmaltada. Vitória, 2018. Suporte de ferro feito por Natan Dias.
O segredo é a inteligência africana que permite a manutenção da existência na violenta diáspora. O segredo é o que possibilita que a artista perfure as malhas que tentam imobilizar os artistas negros em lugares de silenciamento e invisibilidade. É a ginga e a mandinga, é o puro mistério, é a aproximação com a vida3. O segredo é a encruzilhada. A exposição O Trauma é Brasileiro é uma convocação. É um chamamento para adentrar o espaço de corpo-espírito e pés descalços. A sacralização do espaço contamina a galeria e rompe a assepsia da instituição que passa a abrigar múltiplas existências em seu interior. O gesto da artista fortalece o espaço, preenche-o de significados e sentidos, torna-o real. Castiel transforma a galeria em seu cazuá, que está pronto para servir de abrigo e, quem sabe, despertar processos íntimos e comunitários de cura.
Referências bibliográficas EVARISTO, Conceição. Da grafia-desenho de Minha Mãe, um dos lugares de nascimento de minha escrita. Depoimento apresentado na Mesa de Escritoras Afro-brasileiras; XI Seminário Nacional Mulher e Literatura/II Seminário Internacional Mulher e Literatura, Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: <http://nossaescrevivencia.blogspot.com. br/2012/08/da-grafia-desenho-de-minha-mae-um-dos.html>. Acesso em: 26 abr. 2019. KELEMAN, Stanley. Corporificando a experiência: construindo uma vida pessoal. São Paulo: Summus, 1995. KILOMBA, Grada. A Máscara. Tradução DE JESUS, Jessica Oliveira. Cadernos de Literatura em Tradução, São Paulo: Universidade de São Paulo, n. 16, p. 171-180, 2016. LOPES, Nei. Bantos, Malês e Identidade Negra. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.
3. Frase dita por Castiel Vitorino em um dos encontros formativos do curso Estéticas Macumbeiras na Clínica da Efemeridade em maio de 2019.