Carta da Baixada

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Realização

Em 2015, dois fatos marcam fortemente a agenda da segurança pública na Baixada. O primeiro é que nesse ano completam-se 10 anos da Chacina da Baixada, a mais violenta do estado do Rio de Janeiro, onde 29 pessoas foram brutalmente assassinadas por quatro policiais militares. O segundo é a assustadora taxa de homicídios na região, que sempre foi alta, mas vem subindo desde 2011 (39,9/100 mil) e alcançou em 2014 a incrível

58,7 homicídios para cada 100 mil habitantes. marca de

Além disso, reconhecemos que a violência na Baixada Fluminense, região formada por 13 municípios, é historicamente marcada pela atuação dos grupos de extermínios, pelas milícias e pelo tráfico de drogas. Tal realidade se articula com o racismo velado da sociedade brasileira e produz um tipo de violência letal que atinge principalmente a jovens negros moradores de favelas e periferias. Esses fatos foram motivadores da realização do Curso de Segurança Pública e Cidadã na Baixada, promovido pela Casa Fluminense e o Fórum Grita Baixada, com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para as altas taxas de homicídios na região. Como produto final do curso, foi elaborada a presente “Carta da Baixada” – um documento com propostas de políticas públicas para o governo federal, estadual e municipal implementarem na região, com ações que tratem principalmente da DEFESA DA VIDA. A Carta também traz sugestões para o fortalecimento da sociedade civil nesse debate. Com o objetivo de contribuir para a ampliação do debate de segurança pública e cidadã na Baixada, sensibilizando o poder público e a sociedade para a superação dessa realidade, o Fórum propõe as seguintes medidas/ações:

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tarias de Assistencia Social e Direitos Humanos; de Educação; Saúde; Cultura; Esporte, Lazer e Juventude que tratem da garantia de direitos e promoção de oportunidades nos TERRITÓRIOS PRIORITÁRIOS identificados.

À esfera estadual

Criação de um Programa de Redução de Homicídios na Baixada. Monitoramento territorializado dos homicídios nos municípios na Baixada. Criação de ações integradas entre as Secretarias de Assistencia Social e Direitos Humanos; de Educação; Saúde; Cultura; Esporte, Lazer e Juventude, que tratem da garantia de direitos e promoção de oportunidades nos TERRITÓRIOS PRIORITÁRIOS identificados.

Fortalecimento de políticas públicas que promovam o protagonismo da JUVENTUDE.

Formação de uma polícia cidadã com foco na proteção da vida, em oposição a lógica da guerra ao crime. Aumento e adequação do contingentes de políciais civis e militares nas delegacias e batalhões da Baixada, assim como a valorização do profissional de segurança pública.

À esfera municipal

Fortalecimento de políticas públicas que promovam o protagonismo da JUVENTUDE.

Criação por lei dos Conselhos Municipais de Segurança pública nos municípios que não os possuam e garantia da participação social nesses espaços.

Criação de ações integradas entre as Secre-

Aprovação das PEC’s 300/2008 que trata da criação de um piso salárial para os policiais e bombeiros.

Não aprovação da PEC 171/93, que reduz da maioridade penal.

Não aprovação do PL 3722/2012, que revoga o Estatuto do Desarmamento e estabelece regras mais brandas para o porte de arma de fogo.

À sociedade civil

Ampliação do Fórum Grita Baixada garantindo a representatividade dos seguintes atores estratégicos: Conselhos Comunitários de Segurança; Conselhos Municipais de Segurança; Cineclubes, Saraus, Bibliotecas comunitárias, movimento hip hop, organizações em defesa dos direitos humanos, movimentos de juventude, igrejas e religiões.

Articulação do Fórum Grita Baixada (FGB) com veículos de comunicação popular, alternativa e de grande circulação para elaboração de uma nova narrativa sobre segurança pública na Baixada.

Calendário Trimestral de atividades itinerantes do Fórum Grita Baixada.

Encontrar novas estratégias para lidar com o consumo de drogas na sociedade que não sejam marcadas pela violência da guerra ao tráfico.

À esfera federal

Criação de um Plano Nacional de Redução de Homicídios.

Revisão e fortalecimento do Programa Juventude VIVA para a promoção de ações efetivas de redução dos homicídios da Juventude Negra no Brasil.

Construção de diagnósticos sobre a violência nos municípios e construção de planos de prevenção de violência. Ativação e fortalecimento dos GABINETES DE GESTÃO INTEGRADA MUNICIPAL (GGIM) e de Centrais Municipais de Vídeo Monitoramento.

Implantação e modernização das Guardas Municipais nas cidades da Baixada, promovendo atuação em defesa da vida da população.

Reforma do sistema de segurança pública, com formação e administração de bases mínimas comuns, e orietação para valores comutários, democráticos e cidadãos.

Aprovação da PL 4471/2012 que trata do fim dos autos de resistência.

Ampliação de atuação das guardas municipais, com foco na proteção da vida da população.