Jornal vivadouro maio 2018

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Ano 3 - n.º 38 - maio 2018

Preço 0,01€

Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida

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Entrevista ao Presidente do Conselho de Administração do CHTMAD

EXCLUSIVO

Vinho do Porto Mudanças no Vinho do Porto podem dar novo rumo ao setor > Pág. 6

Reportagem VivaDouro

“16 M€ já é um investimento bastante ambicioso, contudo seriam necessários 30 milhões” “Este investimento será usado sobretudo em equipamento, para melhorameto das instalações é insuficiente”

Os desafios e o futuro na fileira do castanheiro

> Pág. 10

Sabrosa FLiD discute literatura no coração do Douro > Pág. 20

Moimenta da Beira Território, velhice e inclusão em debate em Moimenta da Beira > Pág. 23

> Págs. 16, 17 e 18 PUB


2 VIVADOURO MAIO 2018

Editorial

Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org

José Ângelo Pinto

Administrador da Vivacidade, S.A. Economista e Docente Universitário

Caros leitores,

Viver o Douro e no Douro é um desafio permanente. No último mês, fruto de um pequeno incidente no qual parti o perónio, fui obrigado a escolher onde iria ficar sedeado. Como muitos sabem, tenho residência oficial em Lisboa e casa no Porto, mas a escolha foi fácil. Escolhi ficar na região, apesar de ter deslocações constantes ao Porto especialmente para manter os meus estudantes envolvidos nas matérias e para manter o contato e os fluxos de informação com as instituições com que colaboro. Fiquei na região por opção. E foi fantástico. Primeiro por causa das pessoas. Estou muito grato a todos os que me ajudaram a ultrapassar a dificuldade de ter gesso numa perna até quase ao joelho Obrigado. Cada vez me sinto mais e de só me puder movimentar com em casa. duas “pernas” auxiliares. Pessoas fantásticas nos Bombeiros, no hospital, Cumprimentos,

Registo no ICS/ERC 126635 Número de Registo Depósito Legal 391739/15 Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-873) miguel.almeida@vivadouro.org Redação: Carlos Almeida carlos.almeida@vivadouro.org Departamento comercial: Carlos Rodrigues Tel.: 962 258 630 Tel.: 910 599 481 Ana Pinto Tel.: 910 165 994 Paginação: Rita Lopes Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Baguim do Monte Administrador: José Ângelo da Costa Pinto Estatuto Editorial: http://www.public. vivadouro.org/vivadouro Detentores com mais de 10% do capital social: Lógica & Ética, Lda. Sede de Redação:Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Baguim do Monte Tel.: 916 894 360 / 916 538 409 Colaboradores: António Costa, António Fontainhas Fernandes, Guilhermina Ferreira, José Penelas, Luís Alves, Manuel Cabral, Paulo Costa, Paulo Silva, Pedro Ferreira, Ricardo Magalhães, Sandra Neves e Silva Fernandes, Tiago Nogueira. Impressão: Unipress Tiragem: 10 mil exemplares Sítio na Internet: www.vivadouro.org Facebook: www.facebook.com/ jornalvivadouro E-mail: geral@vivadouro.org Agenda: agenda@vivadouro.org

Próxima Edição 20 JUNHO

A crescente oferta de eventos desportivos e culturais, de cariz nacional e internacional, que se realizam na região, são a expressão da capacidade crítica das suas gentes.

NEGATIVO

FOTO: DR

no centro de saúde. Fantásticos pela dedicação, profissionalismo e competência. Depois pelas estruturas. É verdade que demora um bom tempo a chegar a um Hospital Distrital, no meu caso Viseu e uma hora. Mas, depois de lá estar, a estrutura, a organização e a orientação para o doente de tudo e de todos foi o que eu vi e senti. Desde que entrei até que saí dois dias depois. E finalmente pelo apoio de todos os que não precisavam de apoiar. Mas apoiam. A região é solidária com os seus e procura apoiar e ajudar de facto aqueles que precisam. Foi isso que senti ao longo das 6 semanas de convalescença em que me instalei no Douro. Uma enorme solidariedade e um verdadeiro interesse de todos pelas minhas melhoras.

FOTO: DR

POSITIVO

Aos primeiros dias de calor foram vários os pequenos fogos florestais que despontaram um pouco por toda a região.

Sumário: Breves Páginas 4 e 5

“A Galha - Nova praga do castanheiro”

Vários Concelhos Páginas 6, 8, 10, 11, 21, 26, 27 e 28 Torre de Moncorvo Página 7 Mesão Frio Página 12 Vila Real | Moimenta Página 13 Vila Real Páginas 14, 19 e 22 Lamego Páginas 15 e 24 Destaque Vivadouro Páginas 16, 17 e 18 Sabrosa Página 20 Moimenta Página 23 Régua | Santa Marta Página 25 Nacional Página 29 Opinião Página 30 Lazer Página 31

Luís Braga da Cruz Engenheiro Civil

Há dias fui convidado a participar nas jornadas Agro-florestais realizadas em Murça pela Câmara Municipal e as associações agrícolas ali sediadas, uma excelente e muito participada iniciativa, integrada nas Feira Franca “Porca de Murça”. Aí se discutiram temas diversos e úteis para os agricultores durienses: castas autóctones da vinha, variedades de azeitona mais adequadas à região, estratégias de mitigação e adaptação do olival de sequeiro ás alterações climáticas, as pragas do castanheiro, a relação entre a maturação das uvas e a qualidade do vinho. Nesta

louvável iniciativa foram convocados a falar especialistas nas matérias versadas - da UTAD, do Instituto Politécnico de Bragança, da Direcção Regional de Agricultura e das próprias organizações de produtores - que revelaram um bom conhecimento dos problemas propostos e formas práticas de os resolver. O tema que mais me interessou foi o escolhido pela Associação Florestal do Vale do Douro Norte (AFLODOUNORTE), que cobre oito municípios, sobre a vespa-das-galhas-do-castanheiro. Esta praga está a penalizar muito os povoamentos de souto. Se não for atalhada com sentido de responsabildade e critério, pode pôr em risco um dos produtos mais emblemáticos de Trás-os-Montes - a castanha e a madeira de castanho. A nova praga, conforme referiu o Prof. Albino Bento, do IPB, é provocada por uma pequena vespa “dryocosmus kuriphilus yasumatsu” que faz a postura nos rebentos foliares formando galhas, que condicionam o crescimento do ano e também os frutos. Originária da China, chegou á Europa por Itália e rapidamente se dispersou, tendo sido identificada em Portugal há quatro anos, no Minho. Hoje já anda pelo Douro e pela Terra Fria a fazer estragos. Os efeitos são nefastos: a produção de castanha diminui, a qualidade é inferior e a árvore pode

morrer em meia-dúzia de anos. O único método seguro de a combater é por via biológica, com a disseminação de outros insectos parasitoides, que põem os ovos nas galhas onde se desenvolvem as larvas das vespas e delas se alimentando. Acontece que tudo tem de ser feito com critério e no tempo certo, para obter bons resultados. Trata-se de introduzir progressivamente um novo agente “torymus sinensis” que parasita a postura do primeiro, sendo os resultados irregulares, em função da variedade de castanheiro, do clima e, principalmente, da multiplicação do novo agente, até se encontrar um novo equilíbrio biológico. Após a largada dos enxames dos parasitoides, os resultados não são imediatos, podendo ser significativos apenas ao fim de 4 ou 5 anos, o que significa que é necessário não perder tempo, ser paciente e proceder bem, para antecipar os efeitos positivos e salvar o castanheiro transmontano. Toda esta operação reclama mobilização de conhecimento, experimentação e avaliação permanente, o que o IPB está a fazer. Está ainda a estudar a possibilidade de usar outros tipos de parasitoides autóctones, que também os há cá, e avaliar a viabilidade de os utilizar com sucesso.


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Projecto da Associação Comercial e Industrial de Vila Real que pretende promover o território e os seus produtos TEATRO MUNICIPAL DE VILA REAL, DIA 14 DE JUNHO PELAS 15H ENCONTRO INTERNACIONAL DE PRODUTORES

TEMA: “Partilha de experiências sobre estratégias para ultrapassar os constrangimentos à exportação” Contamos com a presença de todos os interessados


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Breves

Portugal no nono lugar da exportação de vinhos

Autarquia Vila-realense apoia financeiramente escolas À semelhança do que fez no ano passado, a autarquia vai apoiar os estabelecimentos de ensino públicos do concelho com 15 mil euros, verba a ser utilizada no desenvolvimento de atividades escolares e extracurriculares.

Portugal é o nono maior exportador de vinho segundo dados da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), de 2017. Espanha, Itália e França, são os três países mais exportadores representando 54,6% do volume do mercado mundial.

Penedono promove turismo sénior

Mosteiro de São João de Tarouca celebra 20 anos de reabilitação Integrada nas comemorações do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, assinalado a 18 de abril, os 20 anos de reabilitação do Mosteiro de São João de Tarouca ficaram marcados com uma visita aberta a todo o complexo monástico, no dia 21 de abril, que foi guiada por Luís Sebastian, Diretor do Museu de Lamego, coordenador da rede de monumentos Vale do Varosa e arqueólogo co-responsável pela intervenção. O Vice-Presidente da Câmara Municipal de Tarouca, José Damião Melo, marcou presença na iniciativa, que constituiu uma oportunidade única de reviver 20 anos de intervenção e reabilitação do complexo monástico, que acabaria por dar lugar à rede de monumentos Vale do Varosa.

Alijó atribui Bolsas de Estudo a estudantes do Ensino Superior

Mesão Frio promove Coro Infantil dos Pequenos Cantores Pelo quinto ano consecutivo, a Câmara Municipal promove o Coro Infantil dos Pequenos Cantores de Mesão Frio, um projeto que envolve mais de três dezenas de crianças. A gala de antestreia, que decorre já no próximo dia 20 de maio, é dirigida a pais e encarregados de educação bem como representantes das entidades convidadas. FOTO: DR

O Município de Alijó aprovou a proposta do executivo para a atribuição de Bolsas de Estudo aos estudantes do concelho que frequentem este grau de ensino no ano letivo de 2017/18. As candidaturas decorrem até ao dia 5 de junho no site na Câmara Municipal.

A Câmara Municipal de Penedono vai, mais um ano, levar a efeito mais uma Viagem de Turismo Sénior Penedonense. Esta iniciativa de caráter absolutamente social, tem como objetivo proporcionar às “pessoas menos novas”, bons momentos de lazer, animação e vivências de interesse turístico-cultural. Este ano a viagem consistirá num Cruzeiro no Rio Douro, da Régua a Barca d’Alva, e decorrerá no dia 30 de maio próximo.

FOTO: DR

Passeio pedestre em Freixo de Espada à Cinta

Tabuaço atribui 250 mil euros para delegação de competências Foram celebrados no início do mês de Maio, em Sendim, os acordos de execução, entre a Câmara Municipal e cada uma das treze Juntas e Uniões de Freguesia do Concelho de Tabuaço, que estabelecem a transferência mensal de recursos financeiros do Município para as Freguesias. É o terceiro ano consecutivo que esta delegação de competências está a ser executada. No primeiro ano a Câmara Municipal atribuiu o valor de 150 mil euros tendo sido contabilizada nos 200 mil euros no segundo ano e subido, em 2018, para 250 mil euros, um esforço financeiro que se traduz em mais 65% do FEF para as treze freguesias, e cujo valor será pago, ao longo do ano, em duodécimos.

O tradicional passeio pedestre Pela Calçada de Alpajares, um dos locais mais míticos do Douro, vai realizar-se a 19 de Maio. De organização conjunta entre o Município de Freixo de Espada à Cinta e a Junta de Freguesia de Poiares, o passeio pedestre, de dificuldade média-baixa, percorre uma das zonas mais emblemáticas de Freixo de Espada à Cinta e de todo o Douro. Com inicio no Penedo Durão, decano dos Miradouros, o percurso é guiado por especialistas em Geologia e Arqueologia, temáticas bem evidentes em todo o trajecto, e acompanhado por Gaiteiros e Burros de raça Mirandesa.

Vila Real é o distrito mais recomendado para criação de novos negócios O Estudo Nacional de Competitividade Regional, elaborado pela plataforma online Zaask em colaboração com a Universidade Católica Portuguesa, coloca o distrito de Vila Real como o mais recomendado para a criação de um novo negócio, atingindo 3,88 pontos num máximo de 5.


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Breves EIP de Penedono formalizada Numa cerimónia realizada em Fornos de Algodres, onde estiveram presentes o Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, o Secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves, o Presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), Mourato Nunes, o Presidente da Câmara Municipal de Fornos de Algodres, Manuel Fonseca, e o Presidente da Câmara Municipal de Penedono, Carlos Esteves, assinou, no pretérito dia 4 de maio, o protocolo para a formação de uma Equipa de Intervenção Permanente (EIP) no concelho de Penedono. A existência da EIP no concelho vai permitir uma melhoria significativa na prontidão e capacidade de dar resposta a diversas emergências, melhorando a eficiência da proteção civil e as condições de prevenção e socorro, através de um reforço da capacidade operacional.

Curso de Revenue Management na Escola do Turismo de Portugal do Douro-Lamego Nos dias 9, 10, 23 e 24 de maio, a EHT organiza um Curso de Revenue Management. Com um cariz marcadamente prático, esta formação pretende providenciar aos seus formandos as mesmas bases de Revenue Management que algumas das grandes cadeias internacionais implementaram ao longo dos últimos anos, adaptando as ferramentas e recursos à realidade de vários tipos de unidades nacionais, desde Resorts a Hotéis Urbanos, Hotéis Independentes a Cadeias Nacionais.

Sernancelhe organiza Concurso Nacional de Leitura

FOTO: DR

Sernancelhe vai organizar, no dia 18 de maio, a fase intermunicipal da 12ª edição do Concurso Nacional de Leitura. A iniciativa, promovida pelo Plano Nacional de Leitura – Ler+, em parceria com a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas e com a Rede das Bibliotecas Escolares, define como objetivos promover o gosto pela leitura e estimular o treino de competências de expressão escrita e oral, a partir das obras literárias propostas a alunos dos vários níveis de ensino, num encontro que é uma grande festa do livro. FOTO: DR

Sernancelhe organiza Feira Aquiliniana A Feira Aquiliniana é uma manifestação cultural, literária e artística que pretende retratar os costumes e tradições de finais do século XIX, ao mesmo tempo que potencia e valoriza os produtos regionais e o artesanato, sempre num ambiente alusivo à vivência aquiliniana, permitindo assim a dinamização do património e a valorização dos bens culturais, etnográficos e gastronómicos.

Alicaça junta centenas em Alijó

FOTO: DR

Teve lugar nos dias 12 e 13 de maio mais uma edição da Alicaça, evento que voltou a juntar centenas de caçadores no Município de Alijó. A edição deste ano contou com uma eliminatória a contar para o campeonato nacional da Prova de Santo Huberto e que, pela primeira vez, teve lugar na Freguesia de Vila Verde. Foram dois dias de convívio e confraternização entre os participantes que, uma vez mais, comprovaram as excelentes condições da zona de caça de Alijó para a prática de atividades cinegéticas. FOTO: DR

UTAD promove homenagem a Agustina em Vila Real A UTAD vai realizar, no próximo dia 24 de maio, pelas 14h30, mais uma “Tarde de Agustina”, voltada para a divulgação da vida e obra de Agustina Bessa-Luís, agora tendo como destinatários os alunos das escolas secundárias. A sessão, que conta com a presença de Mónica Baldaque, escritora e ilustradora, filha da homenageada, terá lugar no auditório do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) de Vila Real.

Alunos goeses em Lamego A Escola de Hotelaria do Douro – Lamego recebeu, no passado dia 04 de maio, 12 estudantes e uma professora do V. M. Salgaocar Institute of International Hospitality Education em Goa, Índia. Os estudantes irão ficar na Escola durante 15 dias durante os quais terão aulas de Gastronomia Portuguesa e Vinhos Portugueses. Terão, também, oportunidade de fazer várias visitas a diferentes Quintas e Hotéis da região, Museus e Monumentos, assim como deliciar-se com algumas iguarias em alguns restaurantes da zona.


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Vários Concelhos

Douro distinguido Via Navegável do Douro no “Portugal Cinco Estrelas” com recorde de turistas Entre os distinguidos com o galardão “Portugal Cinco Estrelas”, entregue pela primeira vez no passado mês de abril, encontramos cinco produtos e locais do Douro: o Barro preto de Bisalhães, o Museu do Douro, o xisto de Vila Real, a Casa do Rio – Quinta do Vallado e o Vinho do Porto. ”Portugal Cinco Estrelas” é um sistema de avaliação que mede o grau de satisfação que produtos, serviços e marcas de origem portuguesa conferem aos seus utilizadores, tendo como critérios de avaliação as 5 principais variáveis (Satisfação pela experimentação, relação Preço-qualidade, Intenção de compra ou recomendação, Confiança na marca e Inovação), que influenciam a decisão de compra dos

consumidores. Desta forma, pretende dar-se visibilidade a estas marcas, que pela sua tipologia se caraterizam por oferecer um serviço de grande proximidade, tão valorizado por todos. O elevado número de candidaturas por entidades regionais ao já reconhecido Prémio Cinco Estrelas, que obteve um crescimento do número de candidaturas superior a 400% nos últimos dois anos, acelerou o surgimento deste novo galardão que pretende enaltecer as valências empresariais de carácter regional e o impacto que estas revelam na promoção do nosso país a nível económico e social, para além da riqueza patrimonial que caracteriza e valoriza o nosso país numa vertente igualmente turística. A organização do Portugal Cinco Estrelas enaltece que “é muito importante e prestigiante ver a grande aceitação do projeto Cinco Estrelas a nível regional e, em simultâneo, ver distinguido o trabalho, esforço e talento das empresas portuguesas regionais e que causam um verdadeiro impacto positivo nas comunidades onde se localizam. É igualmente honroso ver premiados os principais ícones nacionais, que definem a nossa cultura, a nossa portugalidade e a nossa essência enquanto povo.” ■

O ano de 2017 foi um ano recorde na Via Navegável do Douro com 1,2 milhões de turistas a cruzarem o rio nas diferentes embarcações que o navegam.

FOTO: DR

Segundo a Administração dos Portos do Douro, Leixões (APDL) e Viana do Castelo, este valor representa um crescimento de 35% face ao ano anterior e supera todas as suas expectativas, que, recordamos, seriam de fechar o ano atingindo a marca de 1 milhão de passageiros. A subida no número de passageiros regista-se desde 2015, ano em que a gestão da Via Navegável do Douro passou para a APDL, cifrando-se num aumento de 78%, ou seja, mais de 560 mil turistas. O transporte de mercadorias também registou um aumento exponencial em 2017, com cerca de 52 mil toneladas de carga movimentada, o que representa um aumento de 66% face ao ano anterior. A principal mercadoria transportada na Via Navegável do Douro, no ano passado, foi o granito, proveniente dos Portos Comerciais da Várzea e Sardoura, para exportação com destino, maioritariamente, aos Países Baixos, Alemanha e Suécia. “Vamos continuar a trabalhar para que seja possível estarmos na mira de novos operadores e aumentarmos o número de embarcações que,

todos os anos, percorrem o rio Douro. Só assim conseguiremos potenciar o tráfego de passageiros marítimo-fluvial, que se espera que em 2019 ultrapasse a barreira dos 1,3 milhões.”, salienta a APDL. No ano passado, percorreram a Via Navegável do Douro um total de 149 embarcações, de 61 operadores, com turistas provenientes, maioritariamente, do Reino Unido, Alemanha e França. Os cruzeiros entre as pontes e o tráfego local na Ribeira, no Porto, e em Vila Nova de Gaia, são os trajetos com mais procura. O movimento de embarcações e passageiros na área do Pinhão tem também registado um forte incremento, representando já 8% da movimentação total, o que reflete o esforço e a aposta constante da APDL na interligação territorial e na afirmação do Douro enquanto “canal para o território”. A Via Navegável do Douro, que vai desde Barca de Alva até ao Porto, atrai cada vez mais turistas que optam por viajar em pequenas embarcações, cruzeiros de um dia ou barcos-hotéis, e por programas que vão desde uma hora até uma semana. Recorde-se que está em curso o projeto Douro Inland Waterway 2020, orçado em 76,3 milhões de euros, que pretende melhorar as condições de segurança e os sistemas de comunicação e de informação, corrigir os constrangimentos no canal e nas eclusas de navegação e criar condições para que mais empresas possam usar o Douro como meio de transporte. O arranque da 3ª Fase, no montante de 58 milhões de euros, está dependente de obtenção de financiamento. ■

Aprovada redução do teor alcoólico em vinhos do Porto correntes A Região Demarcada do Douro aprovou, no passado mês de abril, a redução em um grau do teor alcoólico nos vinhos do Porto correntes e ainda do “stock” mínimo exigido para quem quer ser comerciante deste produto. O conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), reunido no Peso da Régua,aprovou uma alteração à designada taxa alcoométrica volúmica que desce para um mínimo de 18 graus em vinhos do Porto ‘ruby’, ‘tawny’, brancos e rosés correntes. Segundo Manuel Cabral, presidente do IVDP, em declarações ao VivaDouro, “a regra é que o Vinho do Porto tem que ter uma graduação al-

coólica compreendida entre os 19 e os 22 graus, com exceção para o vinho branco leve seco que pode ter graduação mínima de 16,5 graus, esta regra é agora alterada passando a ficar compreendida entre os 18 a 22 graus”. “Foi uma proposta feita pelo comércio, agora tem que ser feita uma alteração ao decreto-lei 163 de 2009 e que tem a ver com condições do mercado, com condições fiscais e de consumo do Vinho do Porto”, afirma o responsável que confirma que no caso das categorias especiais, “não haverá qualquer alteração”. Também em declarações ao nosso jornal sobre estas alterações, António Saraiva, Presidente da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP), afirmou que o objetivo é “dar resposta à procura por parte dos consumidores que procuram vinhos mais leves”. “Nós vivemos num tempo em que os vinhos com graduações alcoólicas mais elevadas são penalizados. Foram feitos estudos e, portanto, achou-se que, fazendo esta redução, de alguma forma iria ser benéfico, sem pôr em causa a qualidade do produto e a

sua longevidade”, salientou. O responsável explicou ainda que, nas categorias especiais, se mantém a graduação alcoólica porque a decisão de alterar “ainda carece de estudos”. “O setor tem que ter os olhos abertos e perceber o que é que o consumidor pretende”, frisou. Sob proposta da produção, o conselho interprofissional aprovou ainda a redução da “existência mínima permanente”, ou seja, do ‘stock’ exigido para que um operador se possa inscrever no IVDP como comerciante de vinho do Porto. Manuel Cabral referiu que esta medida “vem terminar com uma limitação em termos financeiros que era considerável, para além de um stock obrigatório de 150 mil litros havia ainda a questão da conhecida Lei do Terço, que também obriga a grandes stocks, limitando a entrada de novos players no mercado”. Para o responsável do IVDP, “a entrada de novos players com dinâmica e novas ideias pode mesmo permitir chegar a novos consumidores, e isso é sempre positivo”. Olhando para o futuro

do produto, Manuel Cabral afirma ainda que “há muitas evidências que o consumidor português, em especial o mais jovem, estão cada vez mais interessados pelo Vinho do Porto e cabe-nos responder a essa nova procura”. Para António Saraiva, da AEVP, as empresas também vêm “com bons olhos a chegada de novos operadores” e salientou que esta redução “é um incentivo a que mais gente e sangue novo entrem no vinho do Porto”. Para o responsável esta alteração vem ainda provar que “é falso o que se diz das empresas grandes que estão sempre a tentar bloquear a entrada de mais agentes no mercado”, concluindo ainda que “tudo o que servir para vender a região é bom não só para as grandes empresas como para todos que aqui estão, se se vende mais a produção também vai vender mais, é a lei do mercado”. As alterações aprovadas para a Região Demarcada do Douro terão agora de ser remetidas ao Governo para que sejam feitas as devidas alterações legais para que entre em funcionamento. ■


VIVADOURO MAIO 2018

Feira Medieval leva milhares a Torre de Moncorvo produtos locais. “O estudo mais recente, que se realizou nas caixas ATM, mostra que há levantamentos na ordem dos 300 mil euros num fim-de-semana da feira medieval”. Os milhares de visitantes que durante os três dias do certame visitaram a vila transmontana puderam ainda ficar a conhecer algumas das tradições e sabo-

res do concelho, assim como assistir a inúmeras recriações históricas e ver como eram os trabalhos da época que se mostraram numa praça junto aos Paços do Concelho. Na edição deste ano estiveram presentes mais de 90 expositores e no total estiveram envolvidos na organização cerca de duas mil pessoas. ■

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Em Torre de Moncorvo, a comunidade associativa e escolar reúne-se para ajudar a dar brilho ao evento e ao mesmo tempo “fazer negócio” que ajuda a suportar o seu plano de atividades anuais, e nem a instabilidade climatérica, afastou as pessoas. Bernardo Silva, Presidente da Associação de Jovens Universitários de Moncorvo, uma das muitas presenças do certame, em declarações ao VivaDouro afirma que este evento “é sempre uma festa para o povo moncorvense e para quem nos visita nesta altura”, tornando-se importante a “participação das associações locais” como forma de promover o território e as suas gentes e costumes. Também para Dina Morais, proprietária de uma loja local e expositora no certame

com as famosas amêndoas cobertas de Moncorvo, é “um orgulho e uma alegria ver a nossa terra com toda esta gente durante estes três dias”. “É importante estar aqui, mesmo estando a um passo da minha loja porque é importante que as pessoas conheçam como fazemos a nossa pérola, a amêndoa coberta”, afirma a comerciante. Nas ruas, a animação musical e os inúmeros figurantes dão um colorido especial a este evento que nos transporta para um tempo diferente numa viagem até Idade Média que não deixa ninguém indiferente, evidente nos sorrisos com que nos vamos cruzando pelas ruas desta vila transmontana. “Durante três dias regressamos ao reinado de D. Dinis (1279-1325). O monarca atribuiu a Torre de Moncorvo carta de foral, mandou-lhe construir cerca, concedeu-lhe carta de feira e outros privilégios, incentivando o povoamento e a exploração económica da região”, indicou o Presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves. “Esta encenação da Feira Medieval é mais popular e muito virada para a cultura do concelho de Torre de Moncorvo ”, afiança o autarca. Este evento é também importante do ponto de vista económico para o concelho de Torre de Moncorvo, com os milhares de visitantes a esgotarem a capacidade hoteleira da região, assim como os restaurantes e ainda adquirindo os diversos

Torre de Moncorvo

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A Feira Medieval de Torre de Moncorvo é encarada pelos seus promotores e visitantes, como um dos principais eventos de rua do território do Douro Superior, e que ano após ano vai chamando à vila alguns milhares de visitantes que durante três dias contribuem para a economia do concelho.

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Vários Concelhos

Festival da Cereja em Resende a 2 e 3 de junho

O Festival da Cereja, que conheceu a sua primeira edição em 2002, foi ganhando espaço e afirmando-se como um evento de referência nacional na promoção deste fruto conhecido pelo seu maravilhoso aspeto, com uma epiderme vermelha bem pronunciada, pela crocância e, principalmente, pelo seu sabor doce conferido pelas condições de um clima quente e pelas características do solo exponenciado pelas encostas sobranceiras do rio Douro, que permite a sua maturação precoce. O programa “Aqui Portugal” da RTP vai estar em direto do Festival da Cereja, no dia 2 de junho, sábado, entre as 14h30 e as 18h30, numa emissão que vai apresentar o melhor que o concelho tem para oferecer. Para além da cereja, que mais de 100 pro-

dutores irão disponibilizar a preços especiais, os visitantes poderão encontrar diversos stands com produtos artesanais ligados ao fruto e as famosas cavacas de Resende, que são uma referência na gastronomia resendense. Este ano, as freguesias do concelho também vão estar representadas com stands próprios onde vão apresentar as suas atrações, numa iniciativa que pretende valorizar e divulgar as tradições locais. Paralelamente, variadíssimos grupos de música popular e tradicional do concelho e animação de rua proporcionarão muita diversão durante os dois dias de festa. Como já é habitual, no domingo, a partir das 15h00, decorre o cortejo temático, este ano subordinado ao tema “A Cereja e os seus derivados”, que irá percorrer as principais ruas da vila de Resende. Para facilitar a deslocação até à festa, o Município de Resende mantém a parceria com a CP, oferecendo 30% de desconto no bilhete de comboio até à estação da Ermida, sendo que a empresa de autocarros Transdev Douro assegurará o transporte dos passageiros até ao centro da Vila de Resende, onde decorre a festa. O mesmo transporte é assegurado no sentido inverso.

Pelo terceiro ano consecutivo, a autarquia promove o concurso “Melhor Doce/Bolo de Cereja de Resende”, que pretende incentivar a criação de um doce/bolo que identifique o concelho como produtor da melhor cereja, onde serão atribuídos incentivos aos três melhores classificados.

Visitar Resende nesta altura do ano é a oportunidade única para saborear as delicosas cerejas doces, carnudas e suculentas e maravilhar-se com a paisagem com tonalidades em vermelho proporcionadas pelos cerejais que cobrem as encostas do rio Douro, nesta região. ■

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No fim de semana de 2 e 3 de junho, a chegada da primeira colheita de cereja em toda a Europa é, mais uma vez, pretexto para dois dias de festa ininterrupta nas ruas da Vila de Resende.

Ansiães Douro Trail apresentado em Matosinhos Foi apresentada, na loja FNAC do Mar Shopping, em Matosinhos, a segundo edição do Ansiães Douro Trail que se realiza a 28 de outubro.

alimentação e equipamento necessários para quem participa em provas com estas características. Na primeira edição participaram um total de 250 atletas e, para João Neves, “chegar aos 300” este ano poderá já ser considerado “um sucesso”. A prova de Carrazeda de Ansiães será dividida em dois percursos, o Trail Longo, de grau 2, que terá uma extensão de 29 kms e contará para a Taça de Portugal de Trail. Já o Trail Curto terá uma extensão de 16 kms também classificados com dificuldade de grau 2.

De forma a atrair um maior número de visitantes ao concelho neste fim-de-semana, no sábado, dia 27, será organizado o Dia da Família com diversas atividades, entre elas está uma prova de orientação, paintball, tiro com arco ou uma pista de cordas. A participação neste dia é grátis para os atletas e filhos de atletas registados na prova de domingo. Outra novidade deste ano é que está assegurado o transporte, em autocarro, de ida e regresso para todos os atletas que sejam da zona do Porto, de forma completamente gratuita. ■ FOTO: CA

A segunda edição do Ansiães Douro Trail foi apresentada no Mar Shopping, em Matosinhos, uma estratégia que visa atrair mais participantes numa região onde este tipo de provas tem vindo a crescer. “É uma questão de marketing e números, este marketing compensa quando é feito em locais onde existe muita massa crítica para que vão até ao nosso concelho provar a nossa gastronomia, os nossos vinhos, etc”, afirmou João Neves, da Naturthoughts, organizadora da prova, em declarações ao VivaDouro. A mesma ideia é partilhada por João Gonçalves, autarca de Carrazeda de Ansiães que afirma que “através deste evento tentamos gerar nas pessoas a vontade em regressar a

Carrazeda”. “Hoje temos a consciência que ganhamos uma nova centralidade com as novas acessibilidades e o Porto sendo uma zona do litoral, onde vive muita gente, é o local adequado para esta apresentação até porque a proximidade geográfica pode também ser uma mais-valia”, concluiu o autarca. João Neves destaca o elevado número de atletas existente na região do Porto para justificar a escolha do local de apresentação da prova. “A região do grande Porto têm milhares de atletas, realizam-se várias provas na região e há aqui clubes muito fortes que participam nos campeonatos regionais. O importante para uma zona do interior como Carrazeda é atrair pessoas que ali vão conhecer e consumir os nossos produtos gerando riqueza, daí a importância de apresentar esta prova aqui”. A prova deste ano terá dois padrinhos, os atletas João Oliveira e Flor Madureira que também estiveram presentes no evento aproveitando para dar algumas dicas sobre


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10 VIVADOURO MAIO 2018

Reportagem VivaDouro

Castanheiro, da tragédia à inovação, uma fileira em crescimento.

Como em qualquer outro setor agrícola, uma das maiores ameaças é o clima e, mesmo com todos os avanços tecnológicos não há uma fórmula que minimize os riscos. Foi o que aconteceu no início do mês de março deste ano, uma forte chuva gelada provocou avultados danos, em especial na agricultura, sendo a fileira do castanheiro também bastante afetada. Segundo os especialistas, os danos causados terão efeitos não só este ano como nos anos subsequentes devido à dimensão e gravidade desses danos. José Laranjo é um dos especialistas do setor, professor na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), falou ao VivaDouro sobre este problema. “A água ao cair transformava-se logo em gelo que, com o peso provocou a quebra de muitos ramos, muitos deles mesmo ramos estruturais, portanto ramos que estruturam a copa das árvores. Há zonas que foram completamente flageladas por este problema, para mencionar duas podemos falar da zona da campeã e da zona de Trancoso, as zonas mais altas portanto”. “Logo à partida deixa antever a quebra de produção já para este ano mas há problemas mais graves porque, estas feridas abertas são uma oportunidade para as doenças, em especial para o cancro do castanheiro que é uma doença oportunista, aproveita qualquer oportunidade para entrar no castanheiro”, alerta o professor. Uma das soluções existentes para minimizar os danos e conter as doenças é o tratamento das árvores afetadas, no entanto, as características do castanheiro obrigam a um trabalho específico que deve ser feito por profissionais. “Essas equipas têm de ser capazes de subir às árvores, muitas vezes com uma motosserra às costas, e proceder à sua cirurgia, ou seja, fazer um corte mais acertado até porque eles esgalharam, não partiram de uma forma linear, isto é muito difícil fazer”. Um dos problemas deste trabalho especializado é o custo elevado que tem que, olhando para os produtores, muitos deles já de idade avançada, pode ser um problema difícil de contornar. “Olhando para a fileira da castanha, em que muitos do seus produtores são já de idade

FOTO: DR

Numa fileira que tem cada vez maior procura devido ao alto rendimento que pode gerar, as ameaças são uma constante mas, em alguns casos, a inovação consegue dar resposta minimizando os riscos.

>Ramo partido em consequência da chuva gelada

avançada, percebemos que vai haver aqui um problema difícil de resolver. As pessoas olham e sentem-se impotentes. Há algumas empresas que fazem esse serviço, são poucas e ainda pouco conhecidas mas o problema é também o custo que isso tem e que pode levar a que muitos não optem por essa via, aumentando o risco de doença que depois se pode espalhar pelos soutos”. Inovação dá novo alento contra doenças típicas Uma das doenças mais conhecidas desta fileira é a doença da tinta, uma doença que está no solo e que afeta os castanheiros de forma fatal e que tem levado muitos produtores a optarem pela plantação de outras árvores, como por exemplo o sobreiro ou o eucalipto. As alterações climáticas, que têm provocado cada vez mais no período de verão um excesso de calor e secura das terras, foram determinantes para o agravamento dos efeitos da doença, afetando cerca de oito mil hectares de soutos. De forma a combater esta doença, foi desenvolvido pela UTAD um porta-enxerto resistente a esta doença batizado com o nome ColUTAD. Segundo os especialistas, o clone já foi testado com a colaboração de dezenas de agricultores e é imune à doença que destruiu em 20 anos cerca de um milhão destas árvores em Portugal. “Este porta-enxerto surge depois de um trabalho com mais de cinco décadas, feito inicialmente na estação de Alcobaça pelo investigador Columbano Taveira Fernandes e com continuidade aqui na UTAD pelos Professores Carlos Abreu, Lopes Gomes e Torres de Castro que fizeram um imenso trabalho para não perderem aquele pequeno castanheiro que veio de Alcobaça, melhorando-o até chegarmos à planta que existe atualmente”, conta o professor José Laranjo. O clone é um castanheiro híbrido, resultante

do cruzamento entre o castanheiro europeu “Castanea sativa” e o japonês “Castanea crenata”. O investigador José Laranjo explica que os clones, depois de plantados, “funcionam como barreira à progressão da doença” e mesmo que a plantação “seja feita em terrenos já invadidos por ela, está provado que o novo castanheiro não morre”. “A UTAD encontrou, assim, o antídoto contra a doença para ser usado nas novas plantações de castanheiros e, tal como uma pessoa vacinada contra uma doença lhe fica imune, assim acontece com os soutos que recebem estes porta-enxertos”, afirma o especialista. O clone vai ser colocado nos circuitos comerciais através da Serviruri - Prestação de Serviços Técnicos agrícolas, com quem a UTAD vai assinar um protocolo de transferência da gestão dos direitos comerciais. “É claro que a Utad quis defender os seus interesses até porque isto implicou muitas horas de trabalho e investigação, portanto daí a questão de cobrarmos royalties sobre as vendas, esse dinheiro permitirá continuar a investigar nesta área desenvolvendo plantas cada vez mais aperfeiçoadas”. Castanha recebe distinção “Portugal 5 estrelas” Sinal da crescente importância que a castanha tem em Portugal é a distanção “portugal 5 estrelas”, uma distinção que é atribuída depois de mais de 100 mil inquéritos feitos aos consumidores ao longe de quase 5 anos. Para José Laranjo esta distinção “foi uma surpresa” até porque, confessa, “nem sequer conhecia este prémio”. Para o professor esta “é uma marca de referência, um certificado de qualidade” que agora pode ser utilizado pelos produtores de castanha transmontana. Mercado ainda tem falta de castanha Garantia de um futuro assegurado na fileira é

a grande procura que existe por este produto no mercado, sobretudo na Europa onde a produção ainda não é suficiente para a demanda. “Há muita escassez de castanha no mercado, a Europa é insuficiente em castanha, seja para a indústria seja fresca e, isso faz com que o fruto tenha uma valorização muito elevada. Podemos estar a falar de uma valorização de 50% comparativamente ao custo de produção, por exemplo, o custo de produção de um quilo pode rondar os 1,50 euros, enquanto a sua venda é feita por 2,5 ou 3 euros”. Este é um fator que tem atraído produtores mais novos dando assim uma esperança renovada ao setor. ■

>José Laranjo


VIVADOURO MAIO 2018 11

Vários Concelhos

“Dias do Património a Norte” celebram Ano Europeu do Património Cultural No Ano Europeu do Património Cultural, a Direção Regional de Cultura do Norte promove um Ciclo de Eventos de Turismo Cultural em parceria com oito municípios, entre eles Tarouca e Vila Real. A Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) promove, desde abril até setembro os “Dias do Património a Norte”, um ciclo de eventos que abrange os concelhos de Arouca, Tarouca, Miranda do Douro, Vila Real, Barcelos, Bragança, Mogadouro e Alfândega da Fé. Com uma aposta firma na descentralização e na oferta cultural disseminada pelo território, neste Ano Europeu Património Cultural, a DRCN promete “uma experiência única e particular para cada um dos lugares, oferecendo, ao longo de dois dias, uma programação que irá impregnar de novas memórias os espaços, visitantes e comunidades”. Segundo o diretor Regional de Cultura do Norte, António Ponte, “pelo seu carácter e valor muito particulares e capital simbólico, os espaços patrimoniais disseminados pela Região Norte reúnem todas as condições para se assumirem como âncora de uma renovada oferta de experiências culturais e criativas únicas, dinamizando a economia, envolvendo as comunidades e valorizando

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de forma sustentável a sua paisagem natural e cultural”. O ciclo “Dias do Património a Norte” apresenta-se como um “evento em rede que, ao longo de seis meses, vai transformar oito lugares patrimoniais da região Norte em palcos de uma programação artística, cultural e gastronómica, desenhada com o traço da identidade singular de cada território”. De acordo com a programação, em cada local “uma estória, um sabor, uma tradição, uma descoberta”, vai estimular “uma dinamização cultural em locais de valor patrimonial inesgotável, criando sentimentos de descoberta e de pertença.” “Dias do Património a Norte” apresenta-se, assim, como um projeto de turismo cultural “inovador, agregador e atrativo, que utiliza como instrumentos fundamentais a programação cultural, o trabalho de mediação com as comunidades e a comunicação ao serviço da qualificação da experiência turística e da competitividade da economia regional”, explica em comunicado a DRCN. O ciclo de programação “Dias do Património a Norte” vai decorrer, nos concelhos do Douro, no Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, Tarouca, a 1 e 2 de Junho, a 15 e 16 do mesmo mês será a vez da Sé de Vila Real receber o evento. A iniciativa é promovida pela Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), em parceria com os municípios locais, e prevê um investimento total de 400 mil Euros, cofinanciado pelo Programa Norte 2020, através do FEDER. ■ FOTO: DR


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Mesão Frio

250 mil euros para combater insucesso escolar

Tiago Nogueira Jornalista / licenciado em psicologia

A Câmara Municipal de Mesão Frio vai aplicar cerca de 250 mil euros num plano de combate ao insucesso e ao abandono escolar precoce.

Dragão aos pés de Conceição

“Para conseguir ir aos treinos tinha uma viagem de autocarro de seis quilómetros e depois andava muito, porque o campo de treinos era perto da Universidade, na alta de Coimbra. Era preciso percorrer todo esse caminho e chegava já bastante cansado. Às terças-feiras, nos dias em que os treinos eram mais leves, muitos faltavam, mas eu ia...”, palavras de Sérgio Conceição ao jornal Ouest France, na altura em que orientava o Nantes. E tudo isto para simplesmente “jogar futebol”. Ele só queria jogar futebol. Alimentar o seu sonho. Imaginam bem os pensamentos de um miúdo que no espaço de dois anos perdeu o seu pai e, posteriormente, a sua mãe?! O futebol era a sua “salvação”, um verdadeiro oásis no deserto. E é preciso acreditar muito. Gostar muito. Batalhar muito. Não basta ter (muito) talento. E o segredo deste FC Porto foi exatamente esse. Acreditar muito que o vigésimo oitavo título era possível, ancorado no espírito de grupo e na determinação do seu treinador. A história de Sérgio é uma epopeia, assente num amor desmedido pelo futebol e pelas vitórias. Normalmente são estas as melhores e uma coisa é certa: os adeptos portistas irão encarregar-se de a eternizar. Em forma de contraste, vários dirigentes teimam em dividir aquilo que, por defeito, deveria estar bem unido. Não tendo, por isso, qualquer legitimidade para reivindicar “milhões” de sucessos.

FOTO: DR

Em 1832, o Porto foi palco de uma guerra civil portuguesa. D. Miguel cercara a cidade por mais de um ano com o objetivo de vencer o seu irmão liberal D. Pedro IV. Devido à coragem dos seus habitantes e dos soldados comandados por D. Pedro, que resistiram fortemente à fome e às investidas impostas por D. Miguel, e a todo este ato heróico que fez com que as tropas liberais expulsassem os invasores, a Rainha D. Maria II atribuiu o título de “Invicta” à cidade do Porto, constando ainda hoje essa referência no seu brasão municipal. Em 2017, surgiu uma espécie de D. Pedro. Uma sequela futebolística que, acima de tudo, comandou as suas tropas com enorme bravura e ambição. Sérgio Conceição. Que já tinha vencido três Campeonatos pelo FC Porto como jogador e que tinha, agora, o desafio de o conseguir como treinador, evitando o quinto título consecutivo do principal rival. Persistente e impulsivo, o técnico que teve de superar a morte prematura dos pais assume-se, aos 43 anos, como um dos principais ídolos do clube azul e branco.

Segundo o presidente da câmara Alberto Pereira, trata-se de um plano “integrado e inovador” de combate ao insucesso escolar que vai ser implementado entre setembro e o ano de 2020. “O objetivo é reduzir e prevenir o abandono escolar precoce e o estabelecimento de condições de igualdade no acesso à educação infantil, primária e secundária”, afirmou em declarações ao jornal VivaDouro. O plano, cuja candidatura coordenada pela Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM-Douro) “inclui ainda a aposta em percursos de aprendizagem formais e não formais para a reintegração no ensino e formação”, afirmou Alberto Perira “A aprovação da candidatura representa uma mais-valia que permitirá trabalhar as principais problemáticas envolvidas no combate ao insucesso escolar, nomeadamente a falta de interesse e motivação dos alunos”, referiu o autarca. Alberto Pereira destacou a aposta da câmara municipal

na educação e frisou que o objetivo é reduzir “em 10% a percentagem de alunos com níveis negativos e a diminuição de 25% da taxa de retenção e desistência nos anos curriculares”, o autarca sublinhou ainda as melhorias registadas a nível do ensino no concelho nos últimos anos, mas reconheceu que “ainda há trabalho a fazer”. A nível da área da educação, Alberto Pereira salientou ainda que “este ano a autarquia aumentou para o dobro as bolsas de estudo aos alunos que frequentem o Ensino Superior” e deu também, pela primeira vez, “tablets” aos alunos do quarto ano, uma medida que vai ser alargada, a outros anos. Para o autarca, estão são “medidas que visam ajudar os nossos alunos a terem sucesso”. ■

Autarca apreensivo com projeto hoteleiro reprovado O presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio afirmou, ao VivaDouro, estar “preocupado” e “triste” por a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-n), estar a criar “problemas” à construção dum hotel junto ao rio Douro aprovado há dez anos.

FOTO: DR

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“Na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) vê-se uma clara falta de vontade em andar com este projeto para a frente. Isto é que me deixa triste. Os mesmos que há dez anos aprovaram o plano pormenor agora estão a criar problemas à execução desse projeto. Isto não pode ser”, declarou o presidente da Câmara de Mesão Frio, Alberto Pereira, ao nosso jornal, reagindo com preocupação ao chumbo a um estudo de impacto ambiental (EIA) a um projeto declarado de Interesse Nacional (PIN) no Governo de José Sócrates (PS). Segundo uma notícia avançada pelo Jornal Público, intitulada “CCDRN trava hotel de 30 milhões no leito de cheia do rio Douro”, pode ler-se que aquela entidade “chumbou o EIA de construção de um hotel com 180 quartos propostos por uma sociedade do empresário Mário Ferreira para a margem direita do rio Douro, no concelho de Mesão frio”. O autarca considera o empreendimento turístico “como

âncora” para o concelho duriense” e afirma que o projeto deveria “ser aprovado”, e apenas “condicionado à apresentação dos documentos em falta”. “A minha reação é muito negativa e de grande preocupação. Na comissão de análise houve um empate técnico. É sinal de que as coisas não são tão lineares como parecem”, acrescentou. “Parece que estamos aqui a aprovar uma coisa que nunca foi falada. A Câmara tem um plano de pormenor aprovado para ali há dez anos com parecer positivo das mesmas entidades que agora colocam dúvidas, como a CCDRN, Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico (IGESPAR), a Infraestruturas de Portugal (IP) ou a Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Segundo o autarca, o projeto “há muito aguardado” vai criar cerca de 200 postos de trabalho, o que, “num concelho com 4 mil habitantes é muito importante para dinamizar a economia local”. O VivaDouro tentou ainda entrar em contacto com o promotor do projeto, Mário ferreira sem no entanto ter recebido qualquer resposta até ao fecho desta edição. ■


VIVADOURO MAIO 2018 13

Vila Real | Moimenta da Beira

Regia Douro Park promove segunda edição do ‘Douro TGV’ Depois de uma acelerada estreia em 2017, o fórum “Douro TGV” retoma a viagem para a sua segunda edição com paragem em Vila Real. A bordo levará, uma vez mais, as siglas de “Turismo”, “Gastronomia” e “Vinho”, trilogia que irá afirmar-se em debate nos dias 23, 24 e 25 de Maio, no Palácio do Governo Civil, na principal capital de distrito de Trás-os-Montes. A organização está a cargo do Regia Douro Park que, assim, pretende munir os actuais e futuros players destes sectores de ferramentas para fazerem mais e melhor em cada uma das três áreas. Como o próprio nome do evento sugere, cada um dos dias do ‘Douro TGV’ é dedicado a uma das áreas de debate: Turismo no primeiro dia, a 23 de Maio; Gastronomia no segundo dia, a 24 de Maio; e, por fim, mas não menos importante, o Vinho, a 25 de Maio. O Turismo no Douro TGV Na ordem dos trabalhos vão estar em discussão três temáticas distribuídas pelos três dias deste evento. ‘Na Rota de uma Promoção Conjunta’ (quarta-feira, dia 23 de Maio de 2018) será destacado o papel das instituições e das ferramen-

tas indispensáveis na promoção da Região Demarcada do Douro de uma forma global para, prontamente, dar resposta a perguntas pertinentes: Teremos mais sucesso se nos unirmos? O que nos falta para sermos mais conhecidos e mais visitados? A Gastronomia no Douro TGV ‘Azeite, um Produto D’Ouro’ (quinta-feira, dia 24 de Maio de 2018) trará à tona as potencialidades de um produto cuja qualidade é, cada vez mais, objecto de análise e avaliação por parte de entendidos na matéria, em particular, pelo jornalista Edgardo Pacheco, autor do ‘Guia Os 100 Melhores Azeites de Portugal’ e recentemente premiado, neste âmbito, pela revista Grandes Escolhas. Por outro lado, começa a haver maior cuidado por parte dos produtores, sobretudo aquando do processo de produção. Paralelamente a esta realidade, o azeite começa a ganhar terreno na vida dos portugueses. Mas quando ocupará o seu devido território? Esta e a outras questões serão abordadas e devidamente respondidas por quem de direito. Ainda durante este painel, haverá umaprova de azeites, conduzida e comentada pelos três especialistas em palco – os portugueses Francisco Pavão e Edgardo Pacheco; e a brasileira Patrícia Galisini –, à qual se segue a degustação de outros produtos gastronómicos em que este líquido dourado é um dos ingredientes da receita (pão, gelados, chocolates, entre outros). Segue-se um divertido jantar, intitulado de “Cozinhar com os azeites! Ao vivo e a várias mãos.”, a ter lugar no restaurante Panorama, situado em pleno campus da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). O público – que terá que se inscrever junto da organização – vai ditar

quais as iguarias mais saborosas, no que toca à presença de azeite. O Vinho no Douro TGV Estará a Região Demarcada do Douro atenta às alterações climáticas? Porque não é permitido regar a vinha na RDD? A rega influenciará negativamente as uvas e os vinhos do Douro? Certamente que surgirão mais perguntas face ao tema ‘A Seca de um Bem Líquido’ (sexta-feira, dia 25 de Maio de 2018). Na manhã do mesmo dia terá lugar o ‘II Concurso de Vinhos Douro TGV’. A tarde vai ser dedicada à prova de vinhos, não apenas do Douro – todos os produtores estão convidados e são bem-vindos, sendo que o foco está nos produtores do Douro ou cujos produtores ou enólogos se tenham formado na UTAD –, e aos produtos da região – estes sim, em exclusivo de Trás-os-Montes e Douro – no âmbito da ‘Douro TGV 2018 :: Mostra de Vinhos e Sabores’, durante a qual vai ser feito o anúncio e a entrega de prémios do ‘II Concurso de Vinhos Douro TGV’. Douro TGV com acesso gratuito O ‘Douro TGV’ destina-se a todos os players cujas actividades abordem as áreas de turismo, gastronomia e vinho, mas em especial aos agentes e às gentes da região, como sejam os alunos e docentes da UTAD, da Escola de Hotelaria e Turismo do Douro – Lamego e de outras instituições de ensino, cujos alunos são os futuros embaixadores da região. O acesso é gratuito, mas implica inscrição prévia, que deve ser feita através do número de telefone 259 308 200 ou do e-mail eventos@regiadouro.com. Para o efeito, quem quiser marcar presença no evento basta indicar qual ou quais os dias em que pretende participar.

INFOWINE acontece a 23 e 24 de maio A 23 e 24 de maio, no Teatro de Vila Real, tem lugar o maior Congresso Internacional de Enologia e Viticultura realizado em Portugal com caráter regular. 40 conferencistas de 7 países, 45 trabalhos científicos, bolsa de contactos e provas temáticas de vinho vão estar presentes no infowine.forum 2018: Wine Fiction – Criar o Futuro do Vinho. O sector do vinho em Portugal atravessa um momento de extraordinária importância. Exporta-se cada vez mais, há crescente reconhecimento internacional do vinho português, exponenciado também pela atividade turística, mas os desafios são evidentes: o setor continua assimétrico, e a par de grandes investimentos e do desenvolvimento técnico e económico, existe uma população rural que desaparece, o impacto de um clima em mudança e novos consumidores, exigentes e cada vez mais orientados para produtos naturais. Como enfrentaremos as alterações climáticas? Como diminuiremos o consumo de água e como vamos proteger o nosso ambiente, a nossa casa? Como resolveremos o problema do despovoamento rural? Como seremos mais naturais e precisos nas nossas intervenções e o que vamos comer no futuro? Quais serão as novas tendências? Iniciado em 2008, de 2 em 2 anos o infowine.forum é uma oportunidade para empresas, instituições, e todos os profissionais da fileira se reunirem, e discutirem o passado, presente e futuro do sector do vinho. Mais do que nunca, este ano discute-se o futuro! “Wine Fiction – Criar o Futuro do Vinho” O infowine.forum está coordenado om o Douro TGV que prolonga a temática Vinho no dia 25 de maio. ■

Mais de 100 telescópios a olhar o céu dão recorde

Segundo Paulo Sanches, professor de Físico-Quimica e organizador da iniciativa que começou em 2009 e que, desde 2010, se realiza de dois em dois anos, este ano estiveram presentes pessoas do país inteiro e muita gente que também vem pela primeira vez. Muita gente nova

e crianças”. Lembrando como esta ideia surgiu, Paulo Sanches diz que, “se se fazem concentrações de motos, pensei, porque não também fazer de telescópios”, recordando que o primeiro encontro se realizou, precisamente, no Ano Internacional da Astronomia. Segundo o organizador, os principais objetivos deste evento passam por, “divulgar a astronomia junto da comunidade, concentrar o maior número de telescópios num só local e dar a conhecer o céu ‘escuro’ da região. O dia de sábado começou com um ciclo de palestra e só com os últimos raios de sol é que os participantes se deslocaram até Cabaços onde montaram os 109 telescópios que deram o recorde à concentração. A curiosidade das pessoas, diz Paulo Sanches, “começa sempre por quererem ver os planetas”, contudo deste ponto é possível “ver muito mais, desde nebulosas,

galáxias, astros e enxames de estrelas”. Apontados ao céu estiveram telescópios “para todos os gostos”. “Temos o mais pequeno, como 76 milímetros de diâmetro, ao maior que existe e que tem 22 polegadas (mais ou menos 40 centímetros), também de diâmetro”, conta. A programação incluiu a participação do investigador Alexandre Cabral, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e dos representantes de algumas associações de astronomia espalhadas pelo país, nomeadamente de Lisboa (Licínio Almeida), Aveiro (José Matos) e Vila Nova de Gaia (Carlos Soares e Luís Lopes). A Associação Portuguesa de Astrónomos Amadores também se fez representar na iniciativa. O programa contemplou ainda, este ano pela primeira vez, a realização de um passeio científico-cultural por Moimenta da Beira, que in-

cluiu uma visita ao Sistema Solar à escala do concelho e à Fundação Aquilino Ribeiro. ■ FOTO: DR

O momento aconteceu na noite de 12 para 13 de maio, durante a sexta edição da Concentração de Telescópios, organizada pelo Clube das Ciências da Escola Básica e Secundária, que reuniu 109 telescópios e mais de 260 pessoas “amantes” da astronomia.


14 VIVADOURO MAIO 2018

Vila Real

Apresentada programação da Casa de Mateus para 2018 A programação para o ano de 2018 da Fundação Casa de Mateus foi apresentada no passado mês de abril com destaque para o regresso dos Encontros Internacionais de Música, a entrega do Prémio D. Diniz a Hélder Macedo e muitas outras atividades.

cargo do musicólogo Rui Vieira Nery. Pelo meio, decorre uma conferência sobre a introdução da ópera na Península Ibérica, há 250 anos, e o concerto “Ópera de a Corunha” . A programação inclui ainda a reedição do seminário “Tradução Coletiva de Poesia Viva”, com coordenação de Nuno Júdice, os ciclos de conversas sobre arte, ciência e cultura, a celebração da obra do dramaturgo Álvaro Garcia de Zuñiga e o programa ECO Mateus, que vai lançar um olhar para a região e para o mundo. A 06 de outubro, será entregue o prémio literário D. Diniz de 2018 a Hélder Macedo, pelo seu livro “Camões e outros contemporâneos”, publicado pela Editorial Presença. Nicolau Nasoni, arquiteto cuja obra se encontra disseminada pelo Norte do país e que terá também projetado a Casa de Mateus, será o mote

para um ciclo de conversas ainda no mês de outubro. A programação cultural da Fundação da Casa de Mateus para 2018 termina com o concerto “O triunfo do Norte”. A Casa de Mateus assume-se como “um centro de cultura” do Norte do país e, para isso, tem intensificado a sua atividade desde 2016. Dentro do palácio barroco do século XVIII, pretende-se conciliar a música com a história. “A sequência e a escolha das obras não são feitas ao acaso, elas pretendem contar uma história que tenha ligação com a casa e as personagens da casa. Por exemplo, as ligações com o Brasil no século XVIII são porque o quarto morgado de Mateus foi governador da província de São Paulo, durante o tempo de Marques de Pombal”, contou Ricardo Bernardes. ■ FOTO: DR

Ricardo Bernardes, musicólogo e maestro, e responsável pelas atividades musicais, apresentou a programação musical da Casa de Mateus, que arrancou no passado dia 20 de abril com o concerto “As Sonatas de Johann Ernst Galliard”, pelo ensemble Contágio Barroco, e se prolonga até outubro. Ao longo do ano serão realizadas 20 atividades, 11 das quais relacionadas com a música, sendo que a programação inclui ainda três residências. O salão nobre, a capela e o pavilhão do Palácio de Mateus, serão os palcos principais para os eventos que têm o cunho do monumento mais visitado em Vila Real em 2017, ultrapassando os cem mil visitantes. No entanto, a música vai estender-se ao Con-

servatório Regional de Música e poderá ainda abranger mais locais no centro histórico, intensificando a “ligação física” com a cidade. A programação inclui concertos pelos Cappella dei Signori, pelos Laureados do Prémio Elisa de Sousa Pedroso e pela Orquestra Luso-Alemã, entre outras formações. Em agosto, segundo Ricardo Bernardes, realiza-se a “maior das atividades”, que é o regresso dos Encontros Internacionais de Música da Casa de Mateus, que se realizaram de 1978 a 2005, mobilizando protagonistas da cena musical da época e pioneiros do movimento da corrente da interpretação historicamente informada, como o maestro e cravista Gustav Leonhardt, o violoncelista Anner Bylsma ou o violetista Jurgen Kussmaul, entre outros músicos. No âmbito destes encontros chegou a ser constituído o Ensemble de Mateus, sob a direção da violinista Marie Leonhardt, que contou com músicos como os violinistas Florian Deuter, Andrew Manze e David Watkin, ou o cravista Richard Egarr, então em início de carreira, que aí frequentaram os cursos de verão. Depois de um interregno de 12 anos, os Encontros vão ser retomados, com os seus concertos, conferências e com os seus cursos, nas diferentes modalidades, como os de canto, violino, cravo, flauta de bisel, viola da gamba, contrabaixo e música de câmara. A conferência de abertura dos Encontros estará a

Spawnfoam entre os premiados do Norte Empreendedor A saúde e bem-estar e a sustentabilidade ambiental são as áreas privilegiadas pelos oito empreendedores que, no passado mês de abril, receberam os prémios Norte Empreendedor.

gundos), levando a que os projetos fossem muito diferentes entre si. Para Pedro Mendes, fundador e responsável da Spawnfoam, “é uma distinção que nos deixa orgulhosos. Havia concorrentes muito bons, mostrando que no norte existe uma força muito grande, e a vitória vem-nos mostrar, acima de tudo que aquilo que estamos a fazer, estamos a fazer bem, mais do que o prémio económico é o reconhecimento daquilo que fazemos”. Em declarações exclusivas ao VivaDouro, o empresário afirmou ainda que a Spawnfoam é “uma das 20 empresas a nível nacional que desenvolveu o Programa de transição para uma Economia Circular do Fundo Ambiental, é um programa com pesos pesados da indústria do qual também fazemos parte”. “O Novo Rumo a Norte, para além de um concurso, foi também uma porta aberta para novos contactos e parcerias, alguns dos nossos opositores são hoje nossos parceiros, uns como fornecedores e outros como clientes”. Criada formalmente em janeiro de 2017, a

Spawnfoam é uma empresa de biotecnologia que desenvolve biomateriais, estando atenta à sustentabilidade do planeta e à eficiência da utilização dos recursos. A entrega dos galardões foi realizada durante um jantar na Casa da Arquitetura, em Matosinhos, onde foram igualmente distinguidos oito empresários nortenhos pela sua carreira e exemplo dado aos empreendedores mais novos. ■ FOTO: CA

A Associação Empresarial de Portugal (AEP) levou a cabo, ao longo dos últimos dez meses, em todas as oito subregiões NUT III nortenhas, no âmbito do projeto Novo Rumo a Norte (NRN), um conjunto de sessões coletivas de “mentoring” e “coaching” dos quais participaram 1000 empreendedores e empresários, sendo escolhidos oito projetos vencedores prmiados com 5000 euros cada um. Os jurados mostraram-se sensíveis ao facto de os oito projetos vencedores “estarem focados em duas grandes áreas da atividade humana que estão no centro da agenda mundial: a qualidade de vida e o ambiente”,

destaca Luís Miguel Ribeiro, que presidiu ao júri e é vice-presidente da AEP. Entre as candidaturas finalistas, houve representantes de sete das oito sub-regiões NUT III do Norte. A Área Metropolitana do Porto obteve cinco dos prémios, sendo que os três restantes foram atribuídos às comunidades intermunicipais do Ave, do Alto Tâmega e do Douro. O projeto “Novo Rumo a Norte” (NRN) é “uma iniciativa - cofinanciada pelo programa Norte 2020, através do Portugal 2020 e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional - que nos últimos dois anos e meio permitiu a mais de 2000 pessoas, entre empresários, empreendedores, gestores e técnicos das associações empresariais representativas das oito sub-regiões NUT III nortenhas aceder a informação empresarial com valor estratégico e beneficiar de ações de capacitação para a ativação de negócios enquadrados na Estratégia Regional de Especialização Inteligente”, afirmou o representante da AEP Os premiados foram avaliados através de um “pitch” (curta apresentação de 90 se-


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Ágora de Democracia e Cidadania dedicada à saúde A iniciativa organizada pela Assembleia Municipal de Lamego, em parceria com a Agência Social ao Douro, levou até Lamego um painel de especialista de excelência no passado dia 27 de abril.

ter já hoje para no futuro nos precavermos dessa situação”, afirma Romeu Sequeira. Para o vice-presidente da Agência Social, conhecer o território e as suas gentes, promovendo respostas que vão de encontro às suas necessidades é o objetivo deste tipo de iniciativas. “É importante conhecer bem as necessidades das famílias, nomeadamente as mais envelhecidas, para conseguirmos dar respostas mais concretas. Uma delas seria dar resposta na própria residência das pessoas e, nesse âmbito, a Agência Social do Douro tem um projeto com o Alto Patrocínio do Presidente da República, o Aldeias Humanitar, que pretende isso mesmo, ou seja,

levar a saúde e o social à casa das pessoas”. O painel de especialistas é composto por Helena Norinha, D. António Couto, Mário Pinto, Duarte Soares, Manuel Pizarro e Rui Nunes. José Lourenço é o Presiaente da Ágora, enquanto Domingos Nascimento e Romeu Sequeira são moderadores. A sessão de abertura foi presidida por José Lourenço, Presidente da Assembleia Municipal de Lamego, tendo também a participação de Ângelo Moura, Presidente da Câmara Municipal de Lamego. A moderação dos debates ficou a cargo de Domingos Nascimento e Romeu Sequeira, respetivamente Presidente e Vice-Presidente da Agência Social do Douro. ■ FOTO: DR

Inserida nas comemorações ao 44.º aniversário do 25 de abril, a Ágora de Democracia e Cidadania é um conceito inovador baseado num modelo ativo com a intervenção continuada de um painel de especialistas e aos participantes, com tempo limite para cada intervenção. Romeu Sequeira, vice-presidente da Agência Social, em declarações ao VivaDouro reafirmou a importância da partilha de opiniões e pontos de vista entre especialistas e participantes, destacando ainda algumas das conclusões a que foi possível chegar durante este debate. “Através dos especialistas presentes e a

participação ativa dos participantes, e isto é muito importante, juntar a opinião dos especialistas, com bases científicas à experiência que temos na nossa região, chegamos a algumas conclusões, desde logo que o Douro Sul necessita de uma reformulação e de uma resposta especializada e específica na área da saúde, ou seja, são várias as soluções que podem aparecer sempre com base no Hospital de Proximidade de Lamego mas num âmbito diferente, mais específico para a população”, concluindo que “é óbvio que está a ser traçado um rumo e ainda recentemente foi inagurado o TAC no Hospital de Lamego”. Nesta edição da Ágora, os temas em destaque foram a Bioética, o Testamento Vital e a Equidade em Saúde, pretendendo simultaneamente valorizar a democracia com a promoção ao exercício da cidadania em saúde e sentir Lamego como uma cidade referência de uma região. “Esta discussão é fundamental para conseguirmos assegurar um futuro para a nossa sociedade porque, um dia mais tarde, o grande problema da nossa sociedade será a falta de pessoas. Daí a importância de deba-

Lamego

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João Porfírio: “Estar no interior faz-nos pensar em detalhes e por

Homem do norte, nascido em Vila Nova de Gaia, João Porfírio é formado em matemática. Depois de entrar no setor da saúde para Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), cargo que desempenha com gosto e com a convicção que pode marca Texto e Fotos: Carlos Almeida

Foi anunciado um investimento de 16 M€ para o CHTMAD, um investimento desta dimensão é o necessário ou fica ainda aquém do que seria preciso? Bem, os 16 M€ já são um investimento bastante ambicioso. Se seria necessário mais? Claro que sim, o CHTMAD, pela dimensão e antiguidade que tem nos seus edifícios principais (excluindo obviamente Lamego que é recente e como eu costumo dizer, a jóia da coroa em termos de instalações), os outros hospitais, nomeadamente Vila Real e Chaves, são hospitais com mais de 30 anos. Assim sendo já se começa a sentir alguma degradação que tende a piorar de ano para ano, portanto, era necessário começarmos a reabilitar progressivamente, até porque não é possível encerrar um hospital para obras de melhoramento e assim também se pode diluir todo o investimento necessário ao longo de algum tempo. Repito que, se me pergunta se era necessário mais a resposta terá que ser sim, contudo este é um investimento de sobremaneira já ambicioso, sendo que alguns investimentos que estão previstos neste pacote de melhoramentos não vão ser possível realizar todos em 2018. De qualquer maneira é um investimento feito sobretudo em equipamento. Tendo em conta o que lhe dizia há pouco, o investimento para melhoramento de instalações é ainda pouco, por exemplo, o edifício onde nos encontramos tem mais de 30 anos, assim como os pavilhões existentes aqui em Vila Real onde funciona, por exemplo, o serviço de psiquiatria, é uma das nossas prioridades. Fizemos a identificação do que seria necessário e falamos de um investimento de 30 M€, sabemos que isso não é exequível por diferentes razões, desde logo pela própria questão financeira mas também por questões processuais e de autorizações mas também por questões físicas, não podemos fechar o hospital para obras para depois o reabrir renovado. Mas a recuperação desses pavilhões está prevista neste 16 M€? Sim está. Este investimento é calculado para que período? O Plano de Investimentos é feito a três anos, como a própria tutela exige e os investimentos são pensados e periodizados, obviamente que por um ou outro fator essa prioridade pode mudar. Fatores externos? Sim, mas também internos. Por exemplo, se

um equipamento avariar, então a urgência na aquisição de um novo pode alterar essas prioridades. Portanto, são algumas nuances que têm que ser avaliadas com o tempo. Segmentando alguns dos investimentos que serão feitos, alguns deles considerados essenciais, comecemos por falar do TAC recentemente inaugurado em Lamego, era um dos considerados essenciais? Sim, era. E aqui gostava de começar a falar primeiro dos utentes. Anualmente nós transportávamos cerca de 4500, 5000 utentes do Hospital de Lamego para Vila Real, simplesmente para fazer TAC. Portanto, estes exames pedidos muitas vezes em ambiente de urgência, obrigavam sempre a que o doente fosse transportado até aqui, regressava a Lamego e, em alguns casos ainda tinha de fazer uma nova viagem até aqui, se por exemplo o diagnóstico obrigasse ao internamento, por exemplo cirúrgico. Só isto, este transporte, significava um gasto de 50 mil euros anuais. Portanto, para além do desconforto do utente, da demora no diagnóstico, e do risco inerente a essa demora, naturalmente que o primeiro fator é maior comodidade para o doente, um serviço de doente mais eficaz e rápido. Depois há a questão económica. Este investimento foi dos primeiros com que concordamos porque ele se paga em pouco tempo. Estamos a falar, grosso modo, de um investimento de 200 mil euros, se só o custo do transporte era de 50 mil euros, então o investimento está pago ao fim de 3, 4 anos. É também nessa linha que surge o investimento na ressonância magnética (RM) em Vila Real? O investimento na RM é um investimento que já vem de alguns anos. O concurso inicial data de 2012, 2013. Na altura houve uma avaliação económico-financeira positiva para a que esse exame passasse a ser feito internamente, porque está subcontratado a um grupo privado. Portanto, esse estudo económico foi feito e o investimento aprovado, em 2015 houve um aumento de capital, em 2016 foi adjudicado e contratado o trabalho com a obtenção do visto do Tribunal de Contas e em 2018 irá felizmente começar a trabalhar. Qual é o prazo para o indicado para que comece então a funcionar? De acordo com o que está planeado deverá estar a funcionar no final de agosto. Estamos a falar de um longo período para este investimento, cerca de 6 anos. Não é um tempo demasiado longo?

É sempre demasiado. Como já disse na nossa conversa, este tipo de investimentos demoram sempre algum tempo. Houve sem duvida aqui um fator, entre a abertura do concurso e a adjudicação do trabalho que demorou cerca de 4 anos, que é externo, a crise pela qual o país passou e a dificuldade que, nessa altura, todos os hospitais sentiram em investir. Continuando a falar de equipamentos. Outro dos investimentos será feito no novo Acelerador Linear para reforçar a unidade de Radioterapia. Esse investimento está previsto já para 2019, correto? Sim. O investimento já foi pedido em 2017 e teve o parecer favorável das diferentes entidades envolvidas, o próprio ministro já o assumiu como importante e a ARS Norte classifica-o como muito importante para a região, e neste momento apenas falta a autorização final da tutela. É um investimento avultado, falamos de cerca de 5,5 Milhões de euros, portanto terá também que haver um aumento de capital para que ele seja feito. Tudo isto demora o seu tempo, estou confiante que não tanto como a RM mas é tão necessário que para nós é mesmo a primeira prioridade. Este investimento para além do novo equipamento inclui ainda uma renovação tecnológica do equipamento já existente e que tem 10 anos. Portanto, para que ele consiga trabalhar mais alguns anos é necessária esta atualização, o que faz sentido em equipamentos destes. Mesmo que seja autorizado ainda em maio deste ano, mesmo havendo um aumento de capital, é muito difícil que ainda este ano fique adjudicado. Um investimento desta dimensão demora, no mínimo 6 meses, portanto, só até ao final deste ano estamos a tratar das questões legais, tudo leva o seu tempo. Depois há a questão de um equipamento destes não estar construído e pronto para entrega. Que mais-valias pode trazer este Acelerador Linear? Este equipamento que queremos adquirir vai permitir fazer técnicas que neste momento não somos capazes, portanto é um equipamento de última geração utilizado nas principais unidades oncológicas do país. Não queremos aqui substituir-nos ao IPO Porto mas tendo em conta o conhecimento técnico dos recursos humanos que dispomos, queremos prestar estes serviços aos nossos utentes. O objetivo é que este equipamento nos permita, por exemplo, realizar radiocirurgia, uma técnica avançada que se faz essencialmente no Porto, em Coimbra e em Lisboa, podendo assi tratar a grande maioria dos casos que temos na

nossa região. Obviamente que haverão sempre alguns casos que aqui não conseguiremos dar resposta mas aí certamente que também faremos o melhor encaminhamento. Esta é a nossa grande aposta e este acelerador esgotará a sua capacidade num curto prazo de tempo, basta pensar que o existente neste momento está a trabalhar a cerca do dobro da sua capacidade normal e a aquisição de um outro não significa obrigatoriamente a duplicação da resposta, até porque as novas técnicas levam a tratamentos mais cuidados e morosos. Olhando para as obras que estão previstas, aqui em Vila Real está previsto o melhoramento da unidade de Psiquiatria e ainda o bloco de partos. Estas intervenções têm também em vista uma maior eficiência energética. Qual a urgência destas obras? O bloco de partos tem uma nuance importante, nós somos o único bloco de partos na região, temos um em Bragança e outro em Viseu, por isso esta intervenção é necessária até porque queremos que as nossas parturiantes tenham os seus filhos aqui para que possam logo começar a ser seguidos pelo nosso serviço de pediatria. Para isso é preciso ter instalações atrativas até


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rmenores que, estando no litoral não pensamos.”

a desempenhar funções no Hospital de São João, no Porto, foi convidado em 2016 para Presidente do Conselho de Administração do ar a diferença na saúde do interior. FOTO: CA

Quando refere as urgências frequentes não são as chamadas falsas urgências? Não. Quando olhamos para os números fazemos uma análise meramente matemática mas depois é preciso perceber esses números. Aqui nós temos doentes que vêm à urgência 7, 8 vezes por ano. Grande parte dos casos são doentes que destabilizaram na sua doença crónica e recorrem à urgência já descompensados. Pode ser uma doença como diabetes ou uma insuficiência cardíaca, não falamos de falsas urgências, quando chegam cá estão mesmo mal. A nossa intenção é atuar na prevenção para que não se chegue a esse extremo. As falsas urgências têm que ser tratadas de outra forma, apostando nos cuidados primários. Mas esse é um problema em Vila Real? É um problema nos três hospitais do Centro Hospitalar (Vila Real, Lamego e Chaves).

para a qualidade do próprio parto. Este bloco de partos não é renovado há mais de 30 anos e isso é demasiado até porque, as condições exigidas há 30 anos são bastante diferentes das condições exigidas hoje. Portanto, além da psiquiatria esta é uma das nossas prioridades. Por outro lado, o POSEUR o programa que nos permite este investimento e que não é a fundo perdido, terá de ser pago pelo Centro Hospitalar nos próximos trinta anos, e será feito precisamente com a poupança energética prevista. Ou seja, reduzindo os custos com eletricidade, gás, etc e ficando com verba para pagar esse investimento. Isto também nos permitirá ter um hospital com um ambiente mais agradável, mais cómodo para os utentes e depois há a questão ambiental que é também muito importante. A nossa fatura energética é ainda muito alta, e isso é um peso grande nas nossas contas que pretendemos alterar, daí a importância de o tornar mais eficiente. Visando mais diretamente o paciente, este investimento engloba também uma unidade de ambulatório, esta forma de estar

próximo do doente é um caminho acertado? Esta unidade médica de ambulatório, pretende dar resposta à muita procura que existe no nosso serviço de urgência, em especial por aqueles que denominamos de doentes frequentes, são aqueles doentes que vêm à urgência 6, 7, 8 vezes por ano, ou até mais. São doentes que não têm uma retaguarda suficiente para se manterem acompanhados. Por exemplo, um doente diabético que nos aparece na urgência numa situação bastante debilitada, se tivesse uma consulta aberta onde pudesse dirigir-se, em vez de estar à espera de uma consulta durante 3 ou 4 meses que infelizmente é o processo normal, para que a sua medicação fosse ajustada ao seu caso, poderia evitar-se a ida à urgência. É este o sentido da unidade médica de ambulatório que pretendemos arrancar. É isto que já acontece, por exemplo, com a unidade de insuficiência cardíaca e que atende os doentes que estão sinalizados e que ali se deslocam quando se sentem mais debilitados, permitindo ajustar a sua medicação e regressar ao seu domicílio sem ser necessário qualquer internamento que pode durar vários dias.

Estando nós no interior e havendo aqui uma maior proximidade entre médico e doente, não seria de esperar que este não fosse um problema tão sentido? Aqui dabetemo-nos com outras questões, de falta de condições económico-financeiras e alguma iliteracia ou ainda uma questão de proximidade. O acesso à saúde é diferente para quem vive nos grandes centros urbanos em comparação com o interior. Temos tido reuniões quase mensais com cada um dos ACES e esta é uma das questões mais faladas. Temos trabalhado para mudar isto mais é difícil mudar mentalidades, as pessoas ainda pensam muito que, estando doentes devem ir à urgência, quando deveriam ir ao Centro de Saúde que seria o local mais indicado, onde seriam atendidas com maior rapidez. Nas nossas urgências, a maioria das queixas que temos é de doentes com pulseira verde ou azul porque passam demasiado tempo à espera, podemos estar a falar de 2, 3 ou mais horas até serem atendidos e isso resulta em inúmeras queixas feitas contra o serviço. As pessoas devem olhar para a urgência hospitalar como um serviço ao qual devem recorrer em situações graves, as restantes devem ir ao Centro de Saúde ou, por exemplo, ligar para a linha Saúde 24 que é uma excelente solução. O doente que chega aqui vindo do Centro de Saúde ou depois de ligar para a Saúde 24, já vem triado, já vem com um diagnóstico já feito, chega ao hospital e já tem um tratamento diferenciado. Olhando à sugestão de contactar a Saúde 24, e olhando à região onde estamos inseridos, acha que a sua pouca utilização é refletida

por alguma desconfiança pelo facto do atendimento ser feito à distância, por telefone? Sim, é verdade mas, é também verdade que os níveis de satisfação de quem é atendido por este serviço são bastante elevados. Quem está do outro lado do telefone são profissionais com as mesmas competências daqueles que estão no hospital, portanto, são profissionais altamente qualificados para fazer o primeiro encaminhamento, não é propriamente necessário estar a olhar para o doente, daí também todas as questões que são colocadas. Infelizmente sou obrigado a concordar que se as pessoas não utilizam mais é porque efetivamente desconfiam. Englobado ainda no investimento de 16 M€ irá ser criado um Balcão Único. De que se trata? Muitas vezes os diretores hospitalares são acusados, pelas associações de utentes, de fazer investimentos sem olhar para o doente, sem ver o que ele quer e, normalmente muitas das sugestões que nos dão são precisamente de ouvir mais o doente. Efetivamente quando nos colocamos nesse papel e pensamos que, como doente o médico nos dá um papel para marcar outro exame necessário, isto é colocar o paciente a desempenhar um papel meramente administrativo e isto é um dos motivos que nos leva a pensar como podemos alterar isto. Este projeto do balcão único é utilizar a tecnologia que está disponível em qualquer local ao serviço dos nossos profissionais para, por exemplo, fazer uma marcação de um exame de forma imediata, sem obrigar à deslocação do doente. Hoje em dia utilizamos apps para tudo, seja como mapa ou para as coisas mais básicas como pedir comida, no entanto às vezes parece que a tecnologia ainda não chegou aos hospitais. Ou melhor, há muita tecnologia num hospital mas em termos administrativos existe ainda uma grande lacuna. No CHTMAD ainda não se tinha apostado em tecnologia amiga do paciente, só a título de exemplo, nós hoje ainda não enviamos uma simples sms ao doente no dia da sua consulta como forma de lembrete. Ainda hoje de manhã, ao ouvir na rádio uma reportagem sobre a greve dos médicos uma senhora dizia que ainda ontem tinha recebido uma sms a confirmar a consulta, e está na altura de nós aqui também avançarmos. É importante para coisas tão simples como servir quase de lembrete para o paciente de que tem uma consulta, naquele dia àquelas horas. A taxa de ausência a consultas por es-


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Destaque VivaDouro quecimento é elevada e isso representa um grande prejuízo, desde logo porque aquela pessoa poderia ter sido substituída por outro paciente que entretanto ainda está em casa à espera da sua vaga. Este esquecimento também acontece no bloco operatório e aqui os prejuízos são ainda maiores porque há toda uma equipa que fica parada, pelo menos durante uma hora e meia, sem ter nada para fazer porque um paciente se esqueceu, esta é uma situação que tem que mudar. Outra questão que valida a importância deste Balcão Único é a forma como o paciente contacta o hospital. Neste momento só o pode fazer de duas formas, ou por telefone ou pessoalmente. Pessoalmente já se sabe que é mau mas por telefone não é melhor, mesmo depois de implementarmos um serviço de atendimento automático que distribui as chamadas pelos diferentes serviços, continuamos aqui a ter taxas de espera bastante alargadas, o que leva a alguma insatisfação a quem está do outro lado. Portanto, se hoje temos outras ferramentas ao nosso dispor temos que as utilizar em nosso proveito, melhorando o nosso serviço e em especial o atendimento que prestamos aos nossos utentes. Resumindo o Balcão Único é isto, é investir em tecnologia, em criar processos mais fluidos de marcações, permitir que o utente esteja mais próximo do hospital e até sugerir alterações ou evitar que o paciente venha diversas vezes ao hospital para situações que poderiam ser resolvidas numa só vez. Se formos mais eficientes, seremos mais eficientes para os nossos pacientes. Estamos agora a arrancar o projeto e esperamos que esteja a funcionar em pleno durante o próximo ano. Olhando agora para este investimento como um todo, ganha maior relevância numa altura em que está para breve a abertura de duas unidades hospitalares privadas em Vila Real? Quando fazemos planos de investimento não pensamos na abertura de hospitais privados. Efetivamente não é porque os hospitais privados vão abrir em breve que estamos a fazer estes investimentos. Isto são investimentos que demoram o seu tempo, estamos a postar naquilo que a população necessita e essa é a nossa função, dar resposta às necessidades da população. Podemos então, resumidamente, dizer que este é o investimento necessário nesta altura? Sim, contudo o investi-

mento não se esgota nestes pontos que falamos, há uma série de outros equipamentos, mais pequenos mas de uso diário em ambiente hospitalar que é necessário adquirir ou renovar, desde um monitor de sinais vitais até ventiladores, duas torres de laparoscopia, etc, num total de 1,5 milhões de euros só para este ano. Este investimento é também importante para atrair novos profissionais de saúde? Sim, sem dúvida. Esses médicos novos que estão a chegar são já formados em tecnologias de ponta, em cirurgia minimamente invasiva. Muitos deles, num hospital central, do litoral, nunca fizeram uma cirurgia de barriga aberta e isto está a verificar-se cada vez com maior frequência. Estes médicos, quando chegam a um hospital do interior (sem qualquer desprimor para a região), sentem que estão a dar um passo atrás na carreira e é isso que também devemos combater. Esta mudança começa a notar-se, no ano passado abrimos 29 vagas, apenas 10 foram preenchidas e no final apenas 2 médicos assinaram contrato, os restantes desistiram entretanto. Este ano abrimos 26 vagas, foram ocupadas 12 e os 12 vão assinar contrato. Mas há um aumento no número de médicos efetivo no CHTMAD? Já aumentamos 50 médicos em dois anos, o que é bastante positivo mas, mesmo contra a vontade da tutela, precisamos de mais. Hoje já temos as escalas de urgência equilibradas, há um ano atrás ainda tinha dores de cabeça porque não sabia se daqui a dois dias ia conseguir ter, por exemplo, urgência cirúrgica em Chaves ou medicina em Lamego, ainda vivíamos essas situações. O quadro de pessoal médico não era suficiente para dar resposta às escalas de urgência, hoje isso já não acontece, já conseguimos planear com um mês de antecedência, com todas as vantagens que isso pode trazer, quer para os profissionais,

quer para os pacientes, quer mesmo para o próprio hospital. Temos ainda algumas dificuldades sérias como vascular, urulogia, oftalmologia e mais recentemente uma especialidade que se tornou crítica, a nefrologia que, pela saída de profissionais para os quais é difícil arranjar substitutos porque também são poucos os que saem das universidades com esta especialidade, é uma área onde se verifica uma carência de recursos humanos. Olhando para notícias recentes, falamos das especialidades com maiores tempos de espera? Sim, efetivamente. Em urulogia temos cerca de 4 mil doentes em lista de espera durante cerca de 4 anos, é inaceitável, sem dúvida que é. Vascular, quando a Dra. Joana saiu em 2016, desde essa altura que não temos cirurgião vascular o que nos deixa sem resposta para os pacientes e muitos deles não querem sair do Centro Hospitalar. Há sempre a possibilidade do vale cirúrgico ou de irem a outro hospital mas grande parte dos doentes recusa ir a outros hospitais. Mas de que hospitais falamos em alternativa? Falamos de hospitais do litoral, daí a reticência de algumas pessoas, a distância nestes casos é um fator com peso. Em 2017 quando contactamos os pacientes de urologia, três em cada quatro doentes recusaram a ida a outros hospitais. Estamos a falar de uma população envelhecida para quem ir para o Porto ainda é uma dor de cabeça, em que se sente desconfortável porque não tem lá ninguém perto, porque não sabe se terá de ficar internado, etc. Temos de perceber que é uma população diferente. Uma pessoa que vá de Paredes ao Porto é fácil receber a visita de um familiar, uma pessoa que vá de Moimenta da Beira ou de Montalegre já não é a mesma coisa, sente-se longe. Temos de criar condições para que todas essas pessoas sejam atendidas cá. Disse que em dois anos entraram já 50 médicos mas que seriam necessários mais, quantos? Não consigo precisar isso, não é uma contabilidade que fazemos porque isto tem muita a ver com a disponibilidade existente. Por exemplo, em ginecologia e pediatria, até ao final de 2017 tínhamos um quadro de pessoal perfeitamente adequado, e com a reforma de uma médica ginecologista em Lamego passamos a ter um problema porque era uma médica que atendia muita gente e fazia muitas ecografias, a verdade é que tivemos de colocar lá duas médicas para dar essa resposta, o que destabilizou a equipa em Vila Real e agora precisamos contratar médicos para este hospital.

É uma situação que tem de ser vista serviço a serviço. Hoje a medicina interna ainda precisa de alguns quadros, essencialmente para estabilizar a situação das urgências e porque temos um quadro já bastante envelhecido, que já não fazem urgências, que tem de começar a ser renovado. Urolugia é o serviço onde precisamos de mais profissionais, atualmente temos quatro mas precisaríamos, no mínimo, de dez. Para breve está a contratação de um cirurgião vascular mas um serviço não se faz com um médico, por isso rapidamente vai haver a necessidade de contratar mais, até porque é complicado um médico apenas assegurar um serviço até porque a partilha de ideias sobre os casos é sempre importante. O serviço de oftalmologia também vive uma situação complicada, no ano passado, conseguimos fazer muito trabalho extra com vista à diminuição da lista de espera mas a verdade é que a procura também aumentou, ou seja, no final o resultado foi pouco visível, se bem que se não fosse esse esforço extra a situação atual seria bem pior. A própria população envelhecida aumenta a pressão sobre este serviço. Temos visto na saúde várias greves dos profissionais, técnicos, enfermeiros, médicos, etc. Considera que estas greves geram na população alguma desconfiança perante o Sistema Nacional de Saúde? Eu não vejo como desconfiança, na perspetiva do Presidente do Conselho de Administração as greves são sempre negativas porque são dias de muito baixa produção e bastam-nos 2 ou 3 dias em comparação com o ano anterior para que os indicadores de eficiência sejam imediatamente alterados. No fundo estas classes estão a lutar pelos seus direitos e a greve é um direito irrevogável, contudo, tem impactos negativos. Correndo o risco de ser polémico, a verdade é que o direito à greve, quando impacta com a vida das pessoas é sempre prejudicial. No caso de um doente que vem a uma consulta e só no dia, estando presente, é que sabe que não vai ter a sua consulta, já estamos a influenciar negativamente o seu dia, e isso é negativo para as pessoas. O direito à greve é incontestável, irrevogável e incontornável, sem qualquer dúvida, mas custa-me a aceitar (pondo-me no papel do doente), que no dia anterior não possa ser avisado que no dia seguinte não vou ter consulta porque o médico está doente. Penso que as coisas nas nossas mentalidades deviam mudar, o impacto de uma greve pode ser medido de diversas maneiras e se, no dia anterior a um dia de greve há muitas consultas canceladas para esse dia, então é sinal que a greve tem impacto, é preciso pensar no impacto que isto tem na vida das pessoas. A lei é lei e os profissionais não têm que anunciar previamente a sua adesão à greve ou não mas acho que alguma coisa deveria mudar para que os utentes não fossem tão prejudicados, estamos a falar de doentes, não estamos a falar de outra coisa. ■


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Vila Real

CHTMAD promove ginástica para colaboradores

A ideia de capacitar os funcionários do Centro Hospitalar com o conhecimento básico de alguns exercícios de alongamento partiu do serviço de fisioterapia com o objetivo de diminuir o número de queixas que se registavam devido à postura errada que muitos adotam no seu posto de trabalho, bem como os movimentos curtos e repetitivos que fazem. “A ideia surgiu porque tínhamos uma afluência muito grande de assistentes técnicos ao serviço por queixas físicas relacionadas com o trabalho e, no intuito de atuar na prevenção, decidimos reunir um conjunto de exercícios aplicáveis no dia-a-dia procurando diminuir o número de lesões relacionadas com o trabalho”, afirma Carlos Magalhães, fisioterapeuta.

No topo das queixas que vão surgindo estão “as tendinites, mas também aparecem algumas raquialgias e mesmo cefaleias” que, para Carlos Magalhães, surgem porque “as pessoas passam muito tempo sentadas e fazem movimentos muito curtos mas repetitivos”. Inicialmente “o projeto seria ter uma aula diária contudo, devido à escassez de recursos humanos foi necessário alterar esse plano para um vídeo com dez exercícios que está disponível na intranet e que os colaboradores podem descarregar para praticar onde quiserem, inclusivamente junto do seu posto de trabalho”, conta o fisioterapeuta que destaca ainda outro benefício desta ideia, “os funcionários sentem-se valorizados por alguém ter pensado neles e nos seus problemas”. Maria Pinto é uma dessas funcionárias, trabalha no arquivo e está “muito tempo no computador”. Confessa que a postura adotada “nem sempre é a mais correta”, por isso considera “importante participar destes momentos onde se aprendem estes exercícios que nos ajudam a evitar as dores mais habituais”. Tiago Loureiro é outro dos funcionários a participar na pequena aula onde é explica-

do como se praticam os exercícios de forma correta. Responsável pelo aprovisionamento afirma que este tipo de iniciativas “traz benefícios a nível físico e com isso também uma melhor saúde psicológica”. “Passamos muito tempo sentados, eu, por exemplo, tenho necessidade de me levantar

e andar um pouco durante o período de trabalho. Ao trabalhar na mesma posição durante muito tempo, é sabido, que nos traz problemas físicos, não só no dia-a-dia mas a longo prazo também, em especial ao nível dos músculos e das articulações”, afirma Tiago. ■ FOTO: CA

Mais de 200 funcionários do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro estão a aprender alguns exercícios com vista à redução das queixas provocadas pela má postura no local de trabalho.

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Sabrosa

Festival Literário leva cultura ao coração do Douro

Na casa que homenageia o “maior poeta português”, segundo as palavras de Domingos Carvas, Presidente da Câmara de Sabrosa, o arranque do festival ficou ainda marcado pela inauguração da exposição “Máçcaras Stramuntanas: Lhuç i Palo”, de Carlos Ferreira e Manuol Bandarra. Já no auditório do Espaço Miguel Torga, o autarca, tomou a palavra para dar as boas vindas a todos os escritores e convidados, bem como a todos os visitantes, desejando que o FLiD continue a ter o mesmo sucesso, destacando o importante papel deste evento na promoção da literatura e da região, afirmando que não se deve olhar para a cultura como uma despesa mas sim como um investimento. “Para nós o objetivo não é só dignificar a literatura mas também o poeta que esta casa representa e como ele dizia, ‘o universal é o local sem fronteiras’, porque daqui para o mundo, de porta aberta, queremos ser muito mais que apenas o Douro Vinhateiro”, afirmou Domingos Carvas que continuou, “apostar nisto é caro? Se a cultura é cara, o que dizer da ignorância?” Ao VivaDouro, o autarca sabrosense falou ainda do futuro do festival para afirmar que a intenção da autarquia é que “este festival se

afirme de ano para ano mas sempre com a mesma intenção, combater a falta de leitura, e o desinteresse pela literatura e pela cultura em geral. A tendência é aumentar, não a quantidade mas a qualidade dos convidados, não quer dizer que aqueles que por aqui já passaram sejam piores ou melhores do que os que estão este ano mas de ano para ano tentamos ir buscar nomes com mais notoriedade”. Já o diretor do Espaço Miguel Torga, João Luís Sequeira, afirma tratar-se do “único festival literário do Douro e é um marco da programação deste Espaço que permite um contacto direto do público com alguns dos mais importantes nomes da literatura de expressão portuguesa”. O Festival Literário Douro, com um caráter internacional, assume-se assim “como o maior e mais importante festival literário da região”. Entre o público que acedeu ao Espaço Miguel Torga para assistir ao FLiD foi possível encontrar diversos escritores da região, entre eles António Pires Cabral que, em declarações ao VivaDouro, fez questão de parabenizar a autarquia sabrosense pela iniciativa “É sempre bom que se realizem festivais desta natureza porque no fundo é levar a literatura até às pessoas. É também uma oportunidade de estar em contacto com nomes sonantes da literatura, nacional e internacional, por isso devemos dar os parabéns à autarquia pela organização”. Para o escritor este tipo de iniciativas são também muito importantes para a divulgação da escrita e da cultura em geral, em especial numa região onde esta é ainda uma preocupação marginal. “Hoje em dia há um certo desinteresse generalizado pela literatura e é necessário este tipo

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Entre os dias 3 e 5 de maio a vila de Sabrosa organizou a terceira edição do FLiD (Festival Literário Douro, no Espaço Miguel Torga em S. Martinho de Anta, onde juntou 28 escritores nacionais e estrangeiros.

de injeções. A existência deste tipo de eventos provoca alguma curiosidade e numa ou outra pessoa que venha visitar o evento, fruto dessa curiosidade, pode despertar o interesse pela leitura e isso já é positivo”. Também numa perspetiva de partilha de experiências, António Pires Cabral destaca a possibilidade que o festival dá de estar próximo de outros escritores partilhando experiências que levam ao crescimento pessoal. “O contacto entre as pessoas trás sempre mais conhecimento e isso só pode ser positivo, para os que cá estão mas também para aqueles que nos visitam. Este contacto é sempre muito bom, podemos partilhar ideias, é sempre enriquecedor”. Crítico da ideia de lusofonia, o autor transmontano considera importante o encontro entre escritores de língua portuguesa. “Eu não sou um crente na lusofonia, a língua é semelhante mas não é a mesma. Contudo é importante que as diferentes variantes do português estejam em contacto umas com as outras, ajuda a enriquecer”.

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>Manuel Sobrinho Simões, Médico e Investigador

Entre escritores e outras figuras da sociedade civil, passaram por Sabrosa nomes como Carlos Nejar (Brasil), Luís Carlos Patraquim (Moçambique), Tony Tcheca (Guiné) e Juan Vicente Piqueras (Espanha), só a nível internacional. Entre os portugueses participaram nesta terceira edição do FLiD: Afonso Cruz, Alfredo Cameirão, Alice Brito, Álvaro Laborinho Lúcio, António Ferreira, Carlos Ademar, Cristina Carvalho e Cristina Almeida Serôdio, Fernando Pinto do Amaral, Filipa Leal, João Morales, João Rios, Luís Caetano, Manuel Sobrinho Simões, Miguel Real, Nuno Júdice, Fernando António Almeida, Isaque Ferreira, João Tordo, Cláudia Clemente, Dina Fernanda Ferreira de Sousa, Manuel Alberto Valente, João Paulo Sousa e Teolinda Gersão. A evidenciar a transversalidade cultural do evento, a sessão de abertura foi marcada por uma conferência dedicada ao tema “Saúde e Doença: o Paradoxo Português”, pelo Professor Manuel Sobrinho Simões, enquanto o encerramento foi assinalado com um concerto do grupo Galandum Galundaina. ■

>Domingos Carvas, presidente da C. M. Sabrosa


VIVADOURO MAIO 2018 21

Vários Concelhos

Transparência Municipal: Santa Marta lidera, Moimenta é quem mais sobe

Criado em 2010 pela ONG Transparência e Integridade, Associação Cívica (TIAC) e os seus parceiros, este ranking começou a ser publicado em 2013 para auferir o nível de informação que os municípios disponibilizam aos seus cidadãos naqueles que são os outlets de comunicação com maior difusão nos nossos dias, os websites. Nem a transparência se esgota no Índice de

Transparência Municipal, nem podemos aferir da leitura dos resultados que o município A é mais transparente ou íntegro que o município B. Antes, o índice deve ser avaliado em conjunto com outros indicadores de governança para que possa contribuir de forma sistematizada e continuada para uma melhoria da qualidade dos serviços municipais e da democracia local. Da análise do ranking agora apresentado podemos aferir que, na região do Douro, o pódio da transparência é ocupado por Santa Marta de Penaguião que é o município mais transparente, seguido de Armamar e Vila Real nas segunda e terceira posições, respetivamente. No outro extremo da tabela estão os municípios de Sernancelhe, Carrazeda de Ansiães e Freixo de Espada à Cinta que está na 300ª posição nacional, oito lugares acima do último classificado, o município de Porto Moniz, na Madeira. Olhando para as subidas e descidas, relativamente ao ano de 2016, verificamos que Moimenta da Beira foi o concelho que mais subiu neste ranking dando um salto de 145

posições, seguido de São João da Pesqueira e Sabrosa que subiram 140 e 101 posições respetivamente. Entre os que mais caíram encontramos

Tabuaço, que desceu 100 lugares na tabela, Murça com uma queda de 89 posições e Peso da Régua que desceu 56 degraus. ■ FOTO: DR

Foi anunciado, no passado mês de março, o Índice de Transparência Municipal relativo ao ano de 2017, liderado pelo município de Alfandega da Fé. Na região do Douro o melhor resultado foi obtido por Santa Marta de Penaguião que fica assim no quinto lugar nacional.

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Vila Real

UTAD com 2 milhões para desenvolvimento agrário

Primeiro curso online da UTAD é especializado em Acessibilidade Digital

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está, atualmente, envolvida em 20 projetos que apostam na inovação no setor agrário num total de cerca de dois milhões de investimento.

O curso “Web inclusiva: como desenvolver conteúdos acessíveis?” é o primeiro curso aberto, massivo e online (MOOC) que está a ser ministrado pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

A participação da universidade nestes projetos surge no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020) e envolvem sobretudo investigadores das escolas de Ciências Agrárias e Veterinárias e Vida e Ambiente, contando com a parceria de 135 entidades, entre autarquias, empresas, cooperativas, associações e produtores. “Com as parcerias constituídas para cada projeto pretende-se desenvolver um plano de ação visando a inovação no setor agrícola, respondendo a problemas concretos ou necessidades que se colocam à produção e aos agricultores”, afirmou, em comunicado, Alberto Baptista, pró-reitor da UTAD. São projetos que visam, acrescentou, “apoiar a transferência de conhecimento e de tecnologias das instituições de investigação científica para os produtores, ou se necessário apoiar a experimentação agrícola”. Os projetos incidem no setor agrário, em áreas de atuação diversas como a produção animal

(pequenos ruminantes, efluentes de pecuária, raça arouquesa, leite e vespas), passando pela produção agrícola (olivicultura e azeite, castanheiro, cereja de Resende, frutos secos, gestão stress hídrico de vinhas, combate biológico vinha e frutos secos, valorização frutos secos, proteção fitossanitária maçã) e produção florestal (cancro pinheiro). A universidade destacou, por exemplo, o projeto relacionado com a cereja de Resende que “apresenta potencial de crescimento em termos de produção e valor, embora com problemas vários a resolver, relacionados com a adaptação de variedades, as práticas culturais e a organização da comercialização”. Elencou ainda uma outra iniciativa relacionada com os problemas de sanidade animal que têm vindo a afetar os pequenos ruminantes em regiões de montanha, com perdas acentuadas na produção, e onde já escasseia a produção de cabritos ou borregos. “Estes projetos, quer seja pelos problemas que visam resolver, quer seja pelo elevado número de parceiros envolvidos e a sua diversificação, permitem à universidade afirmar-se, como um ator chave no desenvolvimento regional agrário e rural”, afirmou Alberto Baptista. O pró-reitor sublinhou ainda que é “através da aposta na valorização económica dos recursos agrários regionais, designadamente com mais inovação ao longo da fileira, que deverá assentar o desenvolvimento sustentável do território e a fixação de população”. ■

O presente MOOC pretende “fomentar a reflexão sobre boas práticas de acessibilidade, promovendo e ensinando a avaliação e criação de conteúdos digitais elementares”, como: hiperligações, texto, imagens, entre outros, e a sua inserção em páginas Web. O Programa/Estrutura Curricular está dividido em 6 semanas: Semana 0: Acesso, Ambientação e Apresentação do MOOC; Semana 1: Inclusão e Capacidades Humanas; Semana 2: Tecnologias de Apoio; Semana 3: Acessibilidade Web; Semana 4: Desenvolver Conteúdos Web Acessíveis; Semana 5: Ferramentas Automáticas para a avaliação de Sítios Web. Este curso aberto e online tem como destinatários os interessados em desenvolver conteúdos Web, como estudantes, profissionais e entusiastas das áreas de Informática, Multimédia, Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC),

Medias Digitais, Web Design, Ensino e Educação Especial. Neste momento está já a decorrer e conta com 174 formandos, entre estes, dois com necessidades especiais. São, na sua maioria formandos portugueses, mas também do Brasil, de Espanha e do Reino Unido. Inserido numa das áreas de especialidade científica da UTAD - a Acessibilidade Digital - o presente MOOC está alinhado com os objetivos de formação e extensão ao exterior previsto no plano de ação da instituição. O corpo docente tem experiência pedagógica e científica na área que se insere esta formação, sendo responsáveis por várias unidades curriculares na temática da interação pessoa-computador, tecnologias de apoio e acessibilidade e usabilidade de interfaces. O curso é certificado e todos os participantes poderão requerer o certificado de aprovação e atribuição de um ECTS, no caso de conclusão com sucesso. Cofinanciado pela Agência para a Modernização Administrativa no âmbito do projeto SAMA GATEWAY (projeto nº 012627 - POCI-02-0550-feder-012627), - Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do COMPETE 2020 – Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (POCI), este curso tem coordenação científica e pedagógica de Tânia Rocha e coordenação geral de Paulo Martins e Jorge Borges, docentes e técnico superior da UTAD, respetivamente. ■

Maior simulador de gestão Jovens Americanos apresentado na UTAD a caminho da UTAD

O GMC consiste numa simulação empresarial interativa em que cada equipa gere uma empresa tendo como objetivo a obtenção do melhor desempenho do investimento. “Ao tomarem decisões de gestão de topo, os participantes analisam indicadores económico-financeiros, ganham uma visão mais alargada e estratégica de uma empresa, compreendem a interação entre as diferentes áreas funcionais e o impacto que

as suas decisões podem ter numa organização, tendo em conta as condicionantes do mercado em que competem e a máxima satisfação do cliente e do acionista”, afirma Filipa Freitas. Segundo a organização, centenas de equipas formadas por quadros de empresas e estudantes universitários participam anualmente neste desafio. Horácio Negrão, sócio da Deloitte e proprietário do Restaurante Caisdavilla, em Vila Real, foi um dos oradores convidados na sessão realizada na UTAD e será, pelo segundo ano consecutivo, o patrocinador de cinco equipas numa parceria entre o Caisdavilla e a Universidade. No evento foi ainda criada uma Comissão de Apoio para o GMC, composta por docentes e estudantes dos cursos de Economia e Gestão da UTAD, de forma a dar apoio às “dificuldades que vão surgindo ao longo das várias decisões” durante a competição. Ricardo Narciso, membro do CETRAD/UTAD foi nomeado como o Global Management Challenge Ambassador da UTAD. ■

Com o apoio da BigDreamSoccer, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) vai acolher dois jovens americanos que vão ser atletas num clube de futebol da Região. Trata-se de Alexander Neil Le Gassick e Tyler Madison Trate, ambos com 18 anos, que, além de praticarem futebol em Murça, vão estudar português na UTAD com o objetivo de se candidatarem futuramente aos cursos de Desporto e Engenharia, respetivamente. O projeto BigDreamSoccer nasceu com o apoio de Erick Parada, nascido nos Estados Unidos da América, filho de pais transmontanos, de Murça. Veio para Portugal com 14 anos, e regressou aos Estados Unidos com 35 anos, sendo hoje treina-

dor de futebol e animador desta iniciativa. Reconhecendo a qualidade do futebol português, mesmo o dos pequenos clubes, o seu sonho é trazer jovens americanos para Portugal, com o objetivo de aqui jogarem, enquanto apreendem português e realizam os seus estudos superiores. A UTAD junta-se a este projeto para ajudar a concretizar o sonho destes jovens. ■ FOTO: DR

Foi apresentado no auditório de Ciências Florestais da UTAD o Global Management Challenge (GMC), “maior competição de estratégia e gestão do mundo” segundo Filipa Freitas, Diretora de Comunicação e Marketing do projeto.


VIVADOURO MAIO 2018 23

Moimenta da Beira

Jornadas da Cidadania em Ação levam ex-Ministro e Secretária de Estado a Moimenta da Beira

Entre os convidados que estarão presentes no evento encontram-se o ex-ministro socialista Jorge Coelho e a secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes que farão a abertura e o encerramento da iniciativa, respetivamente.

Jorge Coelho, que é atualmente um dos membros do Movimento pelo Interior, será um dos conferencistas convidados para o debate sobre “Economia e Território: Mais e Melhor Emprego”, o tema do primeiro painel. Já Ana Sofia Antunes vai participar no painel “Inclusão para a Igualdade Social”, onde falará sobre o apoio à vida independente. As Jornadas da Cidadania falarão ainda sobre o envelhecimento e a igualdade de oportunidades, através da apresentação de projetos sociais e comunicações académicas. Para a vereadora municipal, Susana Lemos a organização destas jornadas é “importante para debater os problemas que se vivem no interior”. Parte fundamental destas jornadas é o envolvimento das diferentes instituições do concelho, “os três painéis desta edição refletem precisamente a integração de todas as instituições do concelho, sejam as esco-

las, as IPSS, etc”, afirma Susana Lemos. Fruto desse envolvimento das instituições locais, este ano a novidade é um debate sobre a inclusão para a igualdade social. “Este ano demos lugar também à deficiência com a colaboração de uma associação do concelho, a Artenave, atelier. Esta é também uma preocupação do município, é uma área que habitualmente é pouco falada mas é necessário falar sobre ela para que as pessoas se sintam mais familiarizadas, facilitando assim a integração das pessoas portadoras de deficiência”, afirma Susana Lemos concluindo que existe na autarquia “um projeto de integração de pessoas desta associação”. Como habitualmente, durante a realização do evento, haverá ainda uma mostra de todas as associações do concelho para que as pessoas possam ter conhecimento do trabalho que cada uma vai desenvolvendo no seu dia-a-dia. ■

FOTO: CA

A Câmara de Moimenta da Beira promove nos próximos dias 17 e 18 de maio a oitava edição das Jornadas de Cidadania. O evento irá ter lugar no Auditório Municipal Padre Bento da Guia, com um programa divido por três painéis temáticos.

> Susana Lemos

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VIII JORNADAS – CIDADANIA EM AÇÃO PROGRAMA Objectivos: - Impulsionar o desenvolvimento territorial com vista à criação de mais emprego; - Refletir sobre o envelhecimento e identificar boas práticas; - Promover a igualdade de oportunidades e a valorização das pessoas com deficiência. DIA 17 DE MAIO (QUINTA-FEIRA) 9h30 – Abertura do Secretariado 10h00 – Sessão de Abertura Telmo Antunes, Diretor do Centro Distrital do Instituto da Segurança Social de Viseu Alcides Sarmento, Diretor do Agrupamento de Escolas de Moimenta da Beira José Eduardo Ferreira, Presidente da Câmara Municipal de Moimenta da Beira 1o PAINEL – ECONOMIA E TERRITÓRIO: MAIS E MELHOR EMPREGO 10h30 - Mesa de Debate Jorge Coelho, ex-ministro das Obras Públicas e coordenador pela área do território do ‘Movimento pelo Interior’ António Leite, Delegado Regional do Norte do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) A. Silva Fernandes, Presidente da Associação dos Amigos de Pereiros Joaquim Borges Gouveia, Presidente da Associação Portuguesa de Management José Eduardo Ferreira, Presidente da Câmara Municipal de Moimenta da Beira Moderador: João de Sousa, Jornalista do Vida Económica 12h30 – Intervalo para almoço (livre) 2o PAINEL – PREPARADOS PARA ENVELHECER? 14h30 – Envelhecer em família, por Rosa Martins, Docente na Escola Superior de Saúde de Viseu 14h50 – Desafios ao envelhecimento físico e intelectual, por Ana Andrade, Docente na Escola Superior de Saúde de Viseu 15h10 – Projeto Idosos Isolados, por Cabo Dias, Posto da Guarda Nacional Republicana de Moimenta da Beira 15h30 – Pausa para café 15h40 – Envelhecimento e Demência – Projetos e Jogos de Estimulação Cognitiva, por Susana Henriques, Diretora Técnica da CEDIARA, Doutoranda em Neurociências e Psicologia Clínica 16h00 – Caravelas de Memórias, por Raul Moita da Digital 3 16h20 – Debate Moderador: Andreia Fonseca – Diretora Técnica da Associação Cultural e Recreativa de Solidariedade Social de Vila da Rua DIA 18 DE MAIO – (SEXTA-FEIRA) 3o PAINEL – INCLUSÃO PARA A IGUALDADE SOCIAL 10h00 – Sessão de Boas-Vindas, por Susana Lemos, Vereadora da Ação Social da Câmara Municipal de Moimenta da Beira 10h10 - Atuação da Artuna da Artenave, Atelier Associação de Solidariedade 10h30 – Apoio à Vida Independente, por Ana Sofia Antunes, Secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência 10h50 – A (Des) Igualdade de Género em Portugal: O caminho a percorrer, por Sandra Antunes, vice-presidente e docente da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego 11h10 - Pausa para café 11h20 – Uma História Especial “O Som das Cores” Adaptação e Momento Musical, pelos alunos da Educação Especial do Agrupamento de Escolas de Moimenta da Beira 11h30 – Estratégias de Inclusão na Infância, por Cristina Requeijo Dias, Coordenadora da Equipa Local de Intervenção Precoce de Moimenta da Beira 11h40 – As atividades socialmente úteis como estratégia de inclusão, por Ana Isabel Cruz da APPACDM de Coimbra 12h - Debate Moderador: Rosa Silva – Diretora Técnica da Artenave, atelier Associação de Solidariedade 12h30 – Encerramento Ana Sofia Antunes, Secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência José Eduardo Ferreira, Presidente da Câmara Municipal de Moimenta da Beira


24 VIVADOURO MAIO 2018

Lamego

Feira Agrícola mostra “o melhor que se faz na região”

A FAL apresenta, mais uma vez, no Centro Multiusos o melhor cabaz de produtos que o mundo rural é capaz de oferecer, nomeadamente nos setores do vinho, dos espumantes e da fruta. “Esta é uma realidade muito diversificada,

para a qual precisamos de todo o apoio dos nossos governantes”, afirmou o Presidente da Câmara Municipal de Lamego, no discurso de abertura que proferiu no ato público de inauguração. Este ano, e pela primeira vez, a Câmara Municipal de Lamego juntou num único evento, a organização da Feira Agrícola e da Grandiosa Feira de Santa Cruz, o maior evento de arte equestre realizado na região do Douro, com o objetivo de alavancar a projeção destas iniciativas e, com isso, atrair mais público e aficionados pela arte equestre e pelo mundo rural. “É tudo isto que faz um país rico. O território é o nosso principal recurso financeiro. Temos agora uma agricultura mais inovadora e mais virada para o mercado”, destacou o secretário de Estado da Agricultura, no final da visita guiada que efetuou a todos os stands da FAL, enaltecendo ainda o empreendedorismo jovem que notou neste certame, organizado pela APEDOURO Associação Promotora de Eventos no Douro, com o apoio da autarquia. Entre as várias dezenas de expositores foi

possível encontrar produtores de diversos produtos como vinhos, enchidos, queijos, etc, assim como diversas outras atividades

ligadas à agricultura, turismo e serviços, entre pequenos, médios e grandes empresários. ■ FOTO: CA

Sob o lema o “Reencontro do Douro”, a terceira edição da Feira Agrícola de Lamego (FAL), “um evento que se tem afirmado como a montra do que melhor se faz na região neste setor”, nas palavras do secretário de Estado da Agricultura, Luís Medeiros Vieira, abriu as suas portas, tornando-se um ponto de encontro privilegiado para o setor agrícola nacional.

Feira semanal regressa ao Largo da Feira

Penajóia festeja cereja a 26 e 27 de maio

Durante as obras de construção do pavilhão multiusos da cidade, a localização da feira semanal foi alterada para um espaço adjacente devendo agora regressar ao seu local original.

A Montra da Cereja da Penajóia que junta todos os anos os produtores desta freguesia, distinguindo-se como um dos maiores cartazes turísticos da cidade de Lamego, vai regressar no último fim de semana de maio (26 e 27).

FOTO: DR

As condições climatéricas atípicas verificadas este ano, sobretudo na altura da floração, atrasaram a produção da cereja da Penajóia, mas

a qualidade está garantida, pelo menos esta é garantia dada pelos produtores deste fruto. Conhecida por ser a primeira de toda a Europa a aparecer no mercado, a cereja da Penajóia destaca-se pela sua qualidade, textura e doçura, devido ao microclima e às especificidades do solo. Organizada pela AMIJÓIA (Amigos e Produtores da Cereja da Penajóia), a oitava edição deste certame promete juntar muitos produtores na cidade de Lamego, que vão vender a cereja ao mesmo preço, numa caixa personalizada. O certame, que em edições anteriores já chegou mesmo a esgotar todo o produto à venda, conta com o apoio da Câmara Municipal de Lamego, da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo Beira Douro, entre outras entidades da região. ■ FOTO: DR

Alvo de muitas críticas, em especial por parte dos moradores, o espaço agora utilizado para a realização da feira semanal ocupa algumas ruas daquela zona da cidade provocando um “caos” com as tendas e o estacionamento sem ordenamento. Segundo o autarca lamecense, Ângelo Moura, o certame deverá passar novamente para o Largo da Feira entre o final de maio e o início de junho. “É meu propósito ter a curto prazo a realização da feira no antigo espaço onde se realizava, que era no Largo da Feira, junto ao Pavilhão Multiusos”, assegurou o autarca, acrescentando ainda que “no fim do mês de maio, princípios de junho, estaremos em condições de passar à implementação da medida”.

“Na primeira semana de maio teremos realização de eventos com a Feira de Santa Cruz e Agrícola, após conclusão desse período irei fazer a apresentação pública da instalação e estaremos em condições para proceder à alteração do local da feira semanal, o que todos anseiam”, concluiu o presidente da Câmara de Lamego. ■


VIVADOURO MAIO 2018 25

Régua | Santa Marta de Penaguião

Taça de Portugal de andebol decide-se na Régua É já nos dias 26 e 27 de maio que a cidade de Peso da Régua será palco da Final Four da Taça de Portugal em Andebol. Sporting, Benfica, Porto e FC Gaia são as quatro equipas que irão disputar esta fase final na cidade da Régua que espera “proporcionar um fim-de-semana de grande qualidade” a todos os participantes, afirmou o autarca, José Manuel Gonçalves, no decorrer do sorteio que ditou os jogos das meias-finais. “Este é um momento de afirmação para o nosso concelho e é também a demonstração que temos capacidade para organizar provas desta dimensão”, disse o autarca que afirmou ainda a importância do evento para “o aparecimento de novos atletas para esta modalidade, sendo que é o concelho do distrito de Vila Real com mais praticantes de andebol”. Por sua vez, o Vice-Presidente da Federação de

Andebol de Portugal, Augusto Silva, afirmou que este “será mais um momento empolgante, um momento a juntar a tantos outros que, neste momento, felizmente, a nossa modalidade está a viver, na presente época”. O Vice-Presidente da FAP recordou, ainda, que “a organização desta Final Four na Régua é uma promessa antiga ao Senhor Presidente da Câmara. E esta é a forma que encontrámos para agradecer o carinho com que temos vindo a contar da autarquia da Régua. Foi também a forma que encontrámos para agradecer àqueles que, diariamente, na Régua, trabalham em prol da nossa modalidade”, reconheceu. No sorteio, que se realizou no Auditório Municipal, ficou definido que no dia 26, o SL Benfica defronta o FC Gaia/Petrovaz Lda e, num clássico, FC Porto e Sporting CP discutem a outra vaga na final. No domingo, 27 de maio, os vencedores das 1/2 finais voltam a entrar em campo, no Pavilhão Municipal do Peso da Régua, para disputar a grande final da Taça de Portugal. ■

Inovação está a ajudar à inclusão O presidente da Associação 2000, em Santa Marta de Penaguião, afirmou, no final do colóquio sobre a inclusão nos meios rurais que a inovação ajuda a contornar dificuldades na inclusão nos meios rurais e deu como exemplo a sala para pessoas com deficiência criada na escola local. António Ribeiro, que falava à comunicação social no final do colóquio, defendeu “uma aposta no empreendedorismo social e na inovação para se contornarem todas essas dificuldades que podem advir de se viver nos meios rurais”. “Faz com que seja mais difícil cumprir essa inclusão, faz com que as entidades tenham que ter uma dinâmica própria de inovação para contornar os obstáculos”, salientou. António Ribeiro deu o exemplo da Associação 2000 de Apoio ao Desenvolvimento de Santa Marta de Penaguião (A2000) que aproveitou uma sala na escola EB 2,3 onde dá apoio a seis pessoas com deficiências graves, evitando-se assim, uma construção nova e o problema da falta de vagas nas instituições dos concelhos vizinhos. Na escola, os utentes tem também acesso à cantina e, nos períodos de férias, vão a restaurantes do

concelho que aceitaram fazer um preço igual ao que é cobrado na cantina escolar. “A verdadeira inclusão é as pessoas estarem incluídas no seu meio e contexto natural”, afirmou. Este apoio é dado, explicou, ao abrigo de um protocolo com a Segurança Social, com o apoio da câmara e agrupamento de escolas, e está inserido na resposta do centro de atendimento, apoio e reabilitação social para pessoas deficientes. “Os meios rurais têm uma escala mais pequena e, no geral, as respostas sociais são desenhadas a partir de Lisboa à imagem do que se passa nas grandes cidades. Depois, a realidade do meio rural não consegue enquadrar-se e cumprir todas as determinações porque nos meios rurais não há escala”, referiu o responsável. Segundo António Ribeiro, nestes meios mais pequenos, não se consegue colocar uma resposta para deficiência grave por cada concelho, tendo-se optado por criar “uma para vários concelhos”. “Isso faz com que haja questões de deslocação, questões de orçamento diferentes daquelas que foram tidas em conta aquando do desenho dessas respostas”, frisou. A A2000 iniciou a sua atividade há 17 anos, ministrando formação profissional a pessoas desfavorecidas, em diferentes tipologias de intervenção e atuando em vários concelhos. A associação desenvolve ainda projetos a nível da intervenção precoce na infância e está a desenvolver um projeto com os idosos autónomos mas que vivem isolados, promovendo o convívio entre eles e o recurso às novas tecnologias, como as redes sociais, para que falem com os familiares. ■

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26 VIVADOURO MAIO 2018

Vários Concelhos

Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro

A Saúde na Cidade Douro Sul

A Infraestruturas de Portugal (IP) anunciou, no início deste mês, um investimento de 3,5 milhões de euros na estabilização de taludes e reforço de segurança na linha do Douro, num troço de 26 quilómetros entre Sabrosa, Alijó e Carrazeda de Ansiães. A empreitada tem um prazo de execução de 18 meses e será desenvolvida em período noturno, para, desta forma, não comprometer a circulação regular de comboios na linha. Fonte da IP disse à agência Lusa que a intervenção envolve um total de 12 taludes situados ao longo de um troço com cerca de 26 quilómetros, entre as estações de Ferrão e Ferradosa, localizados nos concelhos de Sabrosa, Alijó e Carrazeda de Ansiães. O objetivo é proceder à “correção das situações previamente identificadas, de modo a precaver eventuais deslizamentos de pedras e queda de blocos para a via-férrea”, esclarece o organismo em comunicado enviado às redações. A IP explicou ainda que a linha do Douro, neste troço, inscreve-se numa zona topograficamente muito acidentada, marcada pela presença dos vales profundos do rio Douro e dos seus principais afluentes da margem direita, o Pinhão e o Tua. Em março, a queda de pedras sobre a via-férrea provocou o descarrilamento parcial de um comboio na zona da estação do Ferrão, concelho de Sabrosa, não se tendo registado feridos entre os cerca de 30 passageiros que seguiam a bordo. A circulação ferroviária esteve interrompida entre as estações de Peso da Régua e Pinhão, recorrendo-se a transbordo rodoviário, e a via reabriu depois da IP ter procedido à consolidação do talude,

através de técnicos especializados em trabalhos em altura. Os taludes a intervencionar, agora, possuem uma altura máxima variável entre os cinco e os 27 metros e localizam-se em zonas de difícil acesso, situação que, de acordo com a empresa, “implica uma forte componente logística para a realização dos trabalhos”. A intervenção inclui a limpeza dos taludes e remoção de blocos soltos, a beneficiação dos sistemas de drenagem, a execução de revestimento com pedra argamassada e aplicação de redes de proteção com pregagens. A IP referiu ainda que “tem desenvolvido, nos últimos anos, diversas intervenções de estabilização de taludes, envolvendo um investimento na ordem dos cinco milhões de euros no reforço das condições de segurança e circulação ferroviária na linha do Douro”. Além da empreitada agora consignada, a empresa adiantou que estão previstas realizar, nos próximos anos, várias ações de tratamento e estabilização de taludes que, no seu conjunto, representam um investimento superior a 30 milhões de euros. ■ FOTO: DR

Foi notícia a instalação do TAC no Hospital de Lamego. Trata-se um equipamento básico num hospital e por isso ridícula a sua falta no de Lamego. Num investimento de 40 milhões não se compreendia a falta de um equipamento de custo minúsculo, 0,2 milhões de euros, ou seja, aproximadamente 200 mil euros, financiado parte por fundos comunitários. Mas não podemos ser pobres e mal agradecidos, por isso felicito os adjuntos das Direções Clínicas e Enfermagem, as anteriores e as atuais, que nunica deixaram de publicamente demonstrar o ridículo que era a falta do TAC, por razões de perigosidade clínica, pela perspetiva funcional, comodidade eficiência financeira. Valorizo também o papel do atual Presidente da ARS Norte e de membros do atual Governo pela validação da opção. Felicito a postura do Presidente da Câmara Municipal de Lamego, exteriorizando uma grande verdade, a de que este hospital é de todo o Douro Sul e que, embora não mandatado explicitamente, se sentia, até como Vice-Presidente da Associação de Municípios do Vale do Douro Sul, grato em nome de todos os concelhos. Isto parece um preciosismo mas tem um grande significado, pois o poder anterior em Lamego não foi tão claro quanto ao papel deste hospital para todo o Douro Sul. A instalação de um TAC, assim vulgarmente conhecido, vai certamente implicar a existência nas 24 horas de cada dia de serviços de imagiologia a funcionar. Não tendo total certeza disso, outra coisa não espero que aconteça. Todavia, tenhamos consciência de que nem um serviço de ecografias existe de forma regular ao serviço das urgências. Este equipamento não resolve o conceito estrutural do Hospital do Douro Sul. Este Hospital precisa de ver revisto o seu programa funcional por forma a permitir-se uma resposta mais adequada às necessidades das pessoas do Douro Sul. Aproveito para aqui falar que percebi que a atual administração já concluiu ser urgente aumentar a oferta da medicina física e de reabilitação. O Douro Sul não tem oferta suficiente nesta área da Saúde, constituindo uma grave falha do SNS. Para que haja mais capacidade do serviço basta colocar mais técnicos. Então, é incompreensível que tal não aconteça hoje. O ACES Douro Sul não gasta os valores disponíveis para a medicina física e de reabilitação na rubrica respetiva e não se compreende que três anos e meio depois do serviço estar disponível no hospital as pessoas continuem privadas de melhores cuidados de Saúde nas sua recuperação física e funcional. Andamos a falar da Saúde desta região e nomeamos a ficar todos conscientes que há coisas que não poderão continuar à espera. O Douro Sul tem futuro!

3,5 Milhões de euros para investir na Linha do Douro

Dívidas autárquicas sob vigilância O relatório “Execução orçamental da Administração Local 2017”, elaborado pelo Conselho de Finanças Públicas (CFP) e apresentado no passado mês de abril, revela que quatro municípios do Douro apresentam ainda dívidas acima do limite estabelecido. Freixo de Espada à Cinta, Lamego, Tabuaço e Tarouca são as quatro autarquias visadas no relatório

sendo que, todas elas estão no grupo com o rácio de dívida mais baixo, entre 150 e 225%. De acordo com a LFL, e em função dos rácios de dívida, os municípios durienses estão agora obrigados a aderir ao Saneamento Financeiro. Recorde-se que a Lei das Finanças Locais (LFL) estabelece que a dívida total do município (que inclui a dívida de entidades participadas pelo município) não pode ultrapassar, em 31 de dezembro de cada ano, 1,5 vezes a média da receita corrente líquida cobrada nos três exercícios anteriores. No mesmo relatório podemos ainda ver que em 31 de dezembro de 2017, três autarquias do Douro apresentavam mais de 90% da dívida vencida e não paga há mais de 90 dias: Tabuaço, Moimenta da Beira e Peso da Régua. ■


VIVADOURO MAIO 2018 27

Festival Somos Douro une 19 municípios em junho O Festival Somos Douro realiza-se de 01 a 17 de junho, vai percorrer os 19 municípios durienses e a programação inclui um fórum jovem, conversas, oficinas, espetáculos e roteiros pelo património e literatura. Promovido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) o evento, é comissariado pela jornalista Anabela Mota Ribeiro. “Vamos conversar, celebrar e discutir o Douro. O Douro é uma região única, que é Património Mundial (...) e é também uma região do Interior do país, com algumas dificuldades inerentes”, afirmou o presidente da CCDR-N, Fernando Freire de Sousa. O que se pretende com o festival é, acrescentou, colocar o Douro no centro de uma

“festa, celebração, chamada de atenção” e “trazer mais gente à região”. O objetivo passa por discutir o território, perceber o que fez as pessoas sair do território e o que é que as faria regressar. Um dos destaques do programa é o fórum, que se realiza a 02 de junho, em Peso da Régua, que pretende ouvir jovens dos 19 municípios que formam o Douro, de diferentes escalões etários. “O que nós queremos perceber é o que eles pensam sobre esta região, quais são os problemas e as potencialidades e como é que os podemos ajudar. É sobretudo esta auscultação que se pretende com o fórum”, afirmou Anabela Mota Ribeiro. A responsável acrescentou que se pretende que o fórum jovem seja “um momento de aprendizagem” e de “encontro”. Anabela Mota Ribeiro sublinhou que o festival é gratuito e quer atrair pessoas de várias proveniências. A canção de Camané “Sei de um rio” dá o mote ao programa e o arranque ao festival. O músico atua em Lamego e vai interpretar duas das suas canções com os alunos

Graham’s lança vinho para celebrar casamento real britânico A poucos dias do casamento do Príncipe Harry com Meghan Markle, já está disponível no mercado nacional e em Londres a edição limitada do Vinho do Porto Graham’s Colheita 1982 que assinala, por parte da família Symington, a união real. Trata-se de um vinho excecional envelhecido durante mais de três décadas em cascos de carvalho. Considerado como um dos mais raros tesouros nas caves da Graham’s, o vinho foi escolhido por assinalar a década de aniversário dos noivos, já que ambos nasceram no início de 1980. A Symington mantém assim a tradição de assinalar eventos significativos da Casa Real britânica com edições especiais do Vinho do Porto, como se verificou com o Graham’s Porto Colheita de 1952 na comemoração do Jubileu da Rainha Isabel

II e, posteriormente, o Graham’s 90 Anos, por ocasião da celebração dos 90 anos da monarca. A ligação da Symington à família real britânica é ainda patente na atribuição, em 2017, do The Royal Warrant (carta exclusiva de fornecedor oficial da Casa Real à W & J Graham). A disponibilidade do Graham’s Colheita 1982 é restrita a 30 Jeroboams (garrafas de 4,5 litros), apresentadas em caixa de carvalho individual, assim como a um número muito limitado de apelativas garrafas de 20cl e 75cl, cada uma apresentada numa caixa comemorativa. O Graham’s Colheita 1982 já está disponível na loja oficial da Graham’s, em Vila Nova de Gaia, com o preço recomendado de 700€/Jeroboam e 35€/garrafa 20cl, bem como em garrafeiras exclusivas de Londres. Em Portugal, a garrafa também estará disponível no formato de 75cl, com um preço recomendado de 120€ nas garrafeiras mais exclusivas do país. Com a comercialização desta edição especial do Graham’s Colheita 1982, a família vai doar cinco mil euros à Instituição de Solidariedade Social Bagos D’Ouro. ■

do conservatório regional de música de Vila Real. A rubrica “à conversa” leva ao Douro Pedro Mexia, poeta e assessor para a cultura do Presidente da República, ainda a neta de Agustina Leonor Baldaque, o poeta Bernardo Pinto de Almeida, a professora Serafina Martins, a investigadora Maria Manuel Mota e o vice-reitor da Universidade de Lisboa, António Feijó. O escritor norte-americano Richard Zimler vai falar sobre o judaísmo nas entranhas do Douro e José Luís Peixoto faz uma análise a José Saramago. As escritoras portuguesa Ana Margarida de Carvalho e brasileira Tatiana Saem Levy vão realizar oficinas de escrita e residências artísticas, enquanto o fotógrafo António Sá vai conduzir uma oficina sobre fotografia de paisagem e o ilustrador António Jorge se vai debruçar sobre o desenho. O historiador Alberto Correia vai realizar um roteiro para celebrar Aquilino Ribeiro, percorrendo o local onde o escritor nasceu, em Sernancelhe, e o historiador Joel

Vários Concelhos

Cleto vai falar sobre os caminhos da história em Tarouca e em Penedono. Haverá ainda roteiros pelo Parque Arqueológico do Côa, o Crasto de Palheiros e a Porca de Murça. O festival inclui visitas a obras que ganharam o prémio arquitetura do Douro, como o Museu da Vila Velha, o armazém de envelhecimento de vinho da Quinta do Portal ou o Espaço Miguel Torga. O evento termina com um espetáculo de António Jorge Gonçalves e Filipe Raposo, que juntam desenho e piano no Museu do Côa, e um espetáculo de bandas filarmónicas do Douro. O festival conta com a parceria da Comunidade Intermunicipal do Douro, a Liga dos Amigos do Alto Douro Vinhateiro Património Mundial e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. O Somos Douro partiu de um desafio lançado por Miguel Cadilhe e o seu balanço será feito a 14 de dezembro, dia em que se celebra o aniversário da classificação do Douro Património Mundial da UNESCO. ■

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28 VIVADOURO MAIO 2018

Vários Concelhos

Forbes elege Douro com JOM Vila Real é a vigésima um dos mais bonitos destinos do grupo para apreciadores de vinho É já no dia 17 deste mês que A revista americana “Forbes” publicou online uma lista com os dez destinos mais bonitos do mundo para amantes de vinho. O Douro aparece logo no topo da tabela.

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a JOM inaugurará a sua mais recente loja, desta feita na cidade de Vila Real, um espaço com mais de 4 000m2.

A abertura da loja é mais um passo da JOM, no âmbito de uma estratégia de descentralização que tem como objetivo reforçar a oferta da marca no interior do país e dar continuidade ao compromisso assumido pela JOM de ajudar na diminuição das assimetrias regionais. Um espaço comercial com mais de 4 000m2 num edifício único, situado em zona nobre e com um conceito inovador. A loja foi desenhada para que o cliente possa a visitar toda a loja experimentando a cada momento novas emoções e sentimentos. Com 22 anos de história, o grupo JOM tem vindo a crescer de forma sustentável, caminhando sempre com passos seguros e expandindo o negócio por todo o país. A JOM é uma empresa 100% portuguesa de comércio de móveis, sofás, eletrodomésticos,

FOTO: DR

FOTO: DR

“Localizado a algumas centenas de quilómetros da cidade do Porto, este Património Mundial da UNESCO tem quintas vinícolas idílicas do século XVIII e XIX, e vinhas em socalcos de pedra que se erguem acima do sinuoso rio Douro”, dizem. O artigo fala da influência dos Romanos, que introduziram as vinhas no país no século III A.C., depois da conquista da Península Ibérica, e do vinho verde que aqui também se produz, uma vez que a Região Demarcada dos Vinhos Verdes tem o rio Minho, a norte, e o rio Douro, a sul, como limites. No artigo são ainda dadas algumas sugestões de quintas abertas ao público e com visitas

guiadas, como a Quinta da Pacheca, a Quinta de La Rosa ou a Quinta das Carvalhas. E um conselho: a visita deve ser feita entre o final de Setembro e o início de Outubro. A cidade de Franschhoek, na África do Sul, fundada em 1688 pelos huguenotes franceses e coberta de vinhas, aparece em segundo lugar, seguida de Saint-Émilion, em Bordéus, França, e Valle de Guadalupe, no México. Da lista da Forbes fazem ainda parte Barossa Valley na Austrália, Piedmon em Itália, Napa Valley na Califórnia, e Hawke’s Bay na Nova Zelândia. Moseltal na Alemanha e La Rioja na Espanha, rematam o conjunto. ■

descanso e decoração a retalho com 19 lojas, serão 20 no dia 17, e mais de 350 trabalhadores. O Grupo JOM também está presente nos setores industrial, onde é representado pela JOM Indústria dedicada a produção de móveis e nos empreendimentos imobiliários com a JOM investimentos. A loja de Vila Real será inaugurada na presença do Presidente da Câmara local, Rui Santos. ■

Jovens de Murça e Alijó premiados por filmes sobre o Vale do Tua Os estudantes dos dois concelhos vila-realenses estão entre os vencedores do concurso “Festi-Vale do Tua” com dois microfilmes de promoção da região do Vale do Tua.

No total apresentaram-se a concurso 22 trabalhos elaborados por estudantes dos cinco concelhos abrangidos pela albufeira da barragem Foz Tua: Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça e Vila Flor. Entre todos os trabalhos foram eleitos os melhores 10 que assim alcançaram a pré-final onde foram escolhidos os três melhores. Na primeira posição ficou Ana Delfim, aluna da Escola Básica e Secundária de Vila Flor, com o microfilme “Vale do Tua - Um Tesouro a Descobrir”. No total a aluna recebeu mil euros para investir em material audiovisual, prémio igual ao que foi entregue à sua escola. Joana Martinho, da Escola Básica e Secundária de Murça, alcançou o segundo lugar e um prémio de 750 euros com o trabalho “A Tua Viagem”. Com o valor do prémio a estudante espera adquirir algum material que lhe permitam atingir “novos horizontes e novas metas” adquiridas na elaboração do seu microfilme. “Foi uma experiência que me fez crescer e descobrir um novo

eu”, acrescenta. Já no último patamar do pódio, surge um grupo de 13 estudantes da Escola Básica e Secundária D. Sancho II de Alijó, com o vídeo “Tua - Um novo parque a explorar” que lhes valeu um prémio monetário de 500 euros. Mafalda Veiga e Gonçalo Lopes, do grupo de Alijó, explicam que, no filme, é contada a experiência que viveram no rio Tua, nomeadamente num passeio em canoa, e realçam “a maravilha que é a paisagem do vale”. Acreditam que é “um bom chamariz de turistas” para a região. A sessão de entrega de prémios decorreu no Auditório Municipal de Alijó, onde o autarca local, José Paredes, sublinhou a importância do Vale do Tua no desenvolvimento do setor turístico na região, em especial com a criação do Parque Natural Regional e de diversos percursos pedestres certificados que, como afirma, “têm tido uma grande afluência de pessoas e estou convencido que terão cada vez mais”, concluindo que “quando mais as pessoas conhecerem a sua riqueza, mas tenderão a preservá-la”. O “Festi-Vale do Tua” foi criado pelo Parque Natural Regional do Vale do Tua em parceria com a OIKOS-Cooperação e Desenvolvimento, tendo como objetivo aumentar a visibilidade e o reconhecimento do parque. Para o diretor do Parque, Artur Cascarejo, o concurso “ultrapassou as melhores expectativas da organização”, o que “prova que o parque natural é algo que também as escolas e os jovens querem conhecer melhor, pretendendo fazer parte deste projeto integrado de desenvolvimento para o território”. ■


VIVADOURO MAIO 2018 29

Emprego no Norte supera melhor dos resultados de 1999 a 2016 O emprego no Norte do país apresentou os seus melhores resultados no período entre 1999 e 2016, “impulsionado sobretudo pela indústria transformadora”. O emprego na Região Norte cresceu 3,2%, em termos homólogos, no 4.º trimestre de 2017, valor que supera “o melhor dos resultados dos anos de 1999 a 2016”, conclui o relatório Norte Conjuntura divulgado em abril. “A população empregada residente no Norte do país aumentou em 3,2% face ao período homólogo de 2016 (o equivalente a mais cerca de 52 mil pessoas empregadas), depois de no trimestre anterior ter crescido 3,5%, também em termos homólogos”, indica o relatório trimestral que identifica as tendências que marcam a evolução económica, a curto prazo, no território. Elaborado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte

(CCDRN), o documento refere ainda que este resultado, “impulsionado sobretudo pela indústria transformadora”, superou “o melhor dos resultados do período de 1999 a 2016”, apesar de ter sido o menor do ano passado. O relatório destaca ainda “o contributo do comércio, com mais cerca de nove mil pessoas empregadas do que há um ano (variação homóloga de 3,9%)” e, em sentido contrário, a descida no setor primário, com menos 11 mil pessoas empregadas do que um ano antes (variação homóloga de -10,9%). Por sub-regiões, o Cávado registou, em termos homólogos, o maior crescimento do número de ativos a descontar para a Segurança Social e a “Área Metropolitana do Porto, dado o seu peso relativo, continua a assegurar um contributo que explica cerca de metade do crescimento observado em toda a região do Norte”. No 4.º trimestre de 2017, a taxa de desemprego na região voltou a cifrar-se em 9,3% (170 mil pessoas), “igualando o valor do trimestre imediatamente anterior e ficando abaixo do registo do trimestre homólogo de 2016 (11,5%)”, e salário médio mensal líquido dos

trabalhadores por conta de outrem cifrou-se em 798 euros, observando, em termos homólogos, um crescimento real de 1,3%. Também nos últimos três meses do ano, o valor das mercadorias exportadas por empresas com sede no Norte registou “uma aceleração do ritmo de crescimento”, a contrariar com o abrandamento observado nos dois trimestres anteriores. Esta aceleração, explica a CCDRN, foi motivada pelo comportamento das exportações para a União Europeia, as quais observaram uma variação homóloga nominal de 7,8% (acelerando face ao resultado de 3,4% no trimestre precedente). Por produtos, o “principal contributo”, em termos homólogos, para este crescimento foi, tal como no trimestre anterior, assegurado pela evolução das exportações do grupo “veículos automóveis, tratores, ciclos e outros veículos terrestres, suas partes e acessórios”, refere o relatório. “Merecem também destaque os contributos assegurados pelas exportações de instrumentos de precisão (incluindo aparelhos de ótica, de fotografia e cinema, de medida, de contro-

Nacional

lo e médico-cirúrgicos) e de ferro fundido, ferro e aço”, acrescenta. O documento analisa, ainda, outros indicadores com comportamento favorável no último trimestre de 2017, nomeadamente, o consumo privado e a atividade turística, com um aumento do número de dormidas e do número de hóspedes. O número de dormidas cresceu, no Norte, 10,8% em termos homólogos (contra 4,6% no trimestre anterior) e o número de hóspedes aumentou 11,0% (compara com 5,0% no trimestre precedente). A capacidade de alojamento dos estabelecimentos hoteleiros da região cresceu 4,8%, em termos homólogos (compara com 3,4% no trimestre anterior) e o emprego no ramo de atividade “alojamento, restauração e similares” registou um acréscimo de 3,5% em termos homólogos (em forte desaceleração face aos 29,1% apurados no trimestre precedente). Já no recurso ao crédito, no final de 2017 o valor total concedido às famílias e às sociedades não financeiras do Norte registava uma variação homóloga de -0,9% (resultado que compara com -1,7% no final do trimestre anterior). ■

Governo cede na reprogramação do Portugal 2020, mas pouco Contestação dos autarcas ao redesenho dos fundos comunitários teve eco em algumas matérias. Mas o que suscitou mais críticas, investimentos nos metros de Lisboa, Porto e Mondego, vai manter-se. A contestação dos autarcas à proposta de reprogramação do Portugal 2020 não caiu em saco roto. O Governo cedeu na intenção de transferir elegibilidades que antes estavam em Programas Operacionais temáticos, como o Capital Humano (POCH) ou o Inclusão Social e Emprego (POISE), para os Programas Operacionais Regionais (Norte, centro e Alentejo), uma medida que os autarcas, sobretudo os do Norte e centro, criticaram por estar a permitir que sejam os municípios a pagar despesas que deviam ser responsabilidade do Orçamento de Estado, e mais concretamente do Ministério do Ensino Superior. O Governo vai deixar cair a intenção de pôr os Programas Operacionais (PO) regionais a pagar bolsas de estudo aos estudantes uni-

versitários - algo que aconteceria pela primeira vez. Mas não desistiu da ideia de reforçar as verbas que esses mesmos PO terão para apoiar medidas de formação avançada (como financiar bolsas de doutoramento) ou aquelas que preconizam uma democratização no acesso à cultura. E também não desistiu da ideia de financiar a expansão dos metros de Lisboa e Porto e avançar com o projecto do metro do Mondego. Contas feitas, os autarcas da região norte, que reivindicavam 500 milhões de euros para financiar prioridades da região (chamando a si a gestão das verbas que não foram utilizadas até agora pelo chamado Banco do Fomento), poderão ter algum papel na decisão sobre como gastar cerca de 200 milhões de euros. De acordo com o secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, Nélson de Souza, é esse o montante das verbas que o Governo vai deixar de aplicar no financiamento de bolsas por parte dos PO regionais. “Achamos que a opinião dos autarcas não tem em conta a relevância que a atribuição de bolsas de acção social e escolar podem ter no desenvolvimento regional, porque estamos a falar de cidades como Vila Real, Bragança, Braga, Guimarães, Covilhã, etc.

Mas nós queremos levar a Bruxelas uma proposta de consenso, por isso não vamos insistir nessa tónica”, admitiu Nélson de Souza. A crítica dos autarcas do Norte foi vertida numa proposta de reprogramação alternativa que saiu do Conselho Regional do Norte com uma votação unânime entre os 83 municípios que participaram na reunião (é composto por 86) e que foi validada dias depois, numa reunião da concertação intermunicipal da região norte. Nessa altura, o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), Freire de Sousa, foi incumbido de transmitir ao Governo a forte contestação que a proposta do executivo merecia à região. Nélson de Souza concordou que poderá haver sempre algumas divergências, até porque “os recursos concorrem entre si, e haverá sempre dissonância na escala de valores sobre a relevância dos projectos que merecem financiamento comunitário”. Mas, criticou, “o confronto político e de ideias não pode justificar desonestidades”, referindo-se à acusação de que o Governo estava a retirar dinheiro de regiões de convergência para financiar os metros de Lis-

boa e Porto. Estes projectos, que já aparecem mencionados no Programa de Estabilidade apresentado na passada sexta-feira, vão avançar com as verbas que estavam inicialmente previstas para financiar as medidas de disseminação dos contadores inteligentes de electricidade (passaram a ser os operadores a ter essa responsabilidade) ou aquela que estava destinada ao programa Casa Eficiente (que foi formalmente apresentado na sexta-feira), e cujos 100 milhões de euros públicos acabaram a ser contratados ao Banco Europeu de Investimentos. “Estamos a usar verbas que estavam desde o início disponíveis para financiar a descarbonização da economia, a nível nacional. Mas onde é que há mais contadores inteligentes, e mais casas para melhorar a eficiência energética?”, lançou. Se essa conciliação pode ou não surgir vai saber-se nas próximas duas semanas, altura em que o acordo ficará fechado com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e poderá começar a ser discutido em Bruxelas. “Não nos passa pela cabeça levar uma proposta a Bruxelas que não esteja consensualizada em Portugal”, insistiu Nélson de Souza. ■


30 VIVADOURO MAIO 2018

Opinião

Em nome da Coesão

António Fontainhas Fernandes Reitor da UTAD

O Movimento do Interior apresenta esta semana um documento com um conjunto de medidas, que pretendem contribuir para a inversão da persistente tendência de alargamento dos desequilíbrios entre as diferentes parcelas do território nacional. Esta iniciativa mereceu o Alto Patrocínio do Presidente da República e envolveu um conjunto de debates pelo País, onde diversas personalidades expuseram as suas ideias e contribuíram para o debate desta causa nacional. Somos um País coeso em termos

de valores, de identidade e de cultura, mas são conhecidas as graves assimetrias de desenvolvimento regional e de ocupação territorial. Com efeito, a densidade populacional média do interior é de 0,28hab/ km2, enquanto no litoral é de 104,2hab/ km2. Se considerarmos as Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, conclui-se que concentram cerca de 45% do total da população. Este cenário agrava-se, se associarmos os débeis indicadores socioeconómicos do interior, resultantes de um

histórico encravamento geográfico que tem acentuado esta condição face aos centros mais dinâmicos. As desigualdades quando assumem proporções desta natureza, são um sério obstáculo ao desenvolvimento, à consagração do princípio constitucional da igualdade de oportunidades e à justiça social. Sem dúvida que o País se depara com um grave problema de coesão económica e social. A forte adesão às iniciativas, que decorreram durante os últimos

meses, promovidas pelo Movimento do Interior, com a participação ativa de elementos de diferentes quadrantes políticos e da sociedade denota a consciência que existe sobre a necessidade de inverter esta situação. Existe esperança para que as forças centrípetas se sobreponham às centrífugas e assim se promova um desenvolvimento regional mais equilibrado. Urge, pois, unir esforços para contrariar o excesso de centralismo reinante, quer da órbita nacional, quer da órbita regional

protagonismo inegável desde sempre e que se desenvolve e diversifica em termos de resultados e de mercados, representando um forte atrativo ao investimento e ao turismo e constitui um grande contributo para o desenvolvimento económico do país. Os promotores do Dia Nacional da Gastronomia são a Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas, a ARHESP e a AGAVI, o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P é uma das entidades que apoia e promove a participação das empresas, das marcas e dos seus vinhos. Com exposições, showcookings e harmonizações se passarão estes dias pelas ruas da cidade. Sendo o Vinho do Porto o primeiro e mais re-

conhecido símbolo atribuído à cidade de Vila Nova de Gaia, onde as visitas às Caves de Vinho do Porto constituem o grande foco turístico, a ligação ao Dia da Gastronomia é natural e vem com o próprio Rio Douro. A organização presta-lhe a devida homenagem, além de integrarem a mostra durante o fim de semana, as empresas de Vinhos do Porto e do Douro terão grande protagonismo no momento alto de domingo que é o Grande Brinde à Gastronomia. Esta é uma ação das pessoas para as pessoas, todo o público é convidado a brindar porque o Vinho do Porto, tal como o Dia Nacional da Gastronomia, é de todos e para todos.

Um Porto à Gastronomia Nacional

Manuel de Novaes Cabral Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP)

Em Portugal, e para os portugueses, todos os dias são dias da gastronomia e, este ano, as comemorações do Dia Nacional da Gastronomia terão o seu tempo alargado ao longo do fim de semana de 26 e 27 de maio que será de festa em Vila Nova de Gaia. A cidade, com uma história inevitavelmente ligada ao Vinho do Porto, é palco de uma série de atividades que acolhem todos aqueles que queiram participar e brindar ao que de melhor se produz e se prova no nosso país. Em Junho de 2015, a Assembleia da República aprovou, por unanimidade, um projeto de resolução que institui o Dia Nacional da Gastronomia no último domin-

go de maio de cada ano. As duas primeiras edições de comemoração desta data realizaram-se a 29 de maio de 2016, em Aveiro e a 28 de maio de 2017, em Lisboa. Um grupo alargado de parceiros juntou-se para levar a cabo uma programação intensa e com forte apelo aos sentidos. Mais de meia centena de expositores participaram, em cada uma das edições, em que exposições, concertos e provas partilharam saberes e sabores e momentos institucionais distinguiram personalidades relevantes para a gastronomia e para o país. O público tem vindo a aderir em grande escala atribuindo às celebrações, momentos marcantes da história deste setor que tem um

Economia Social - Leituras & debates

Eduardo Graça Presidente da Direcção da CASES

A CASES lançou este mês de maio uma revista digital intitulada ES – Leituras & Debates. A economia social, com a designação de setor cooperativo e social, é um dos três setores de propriedade dos meios de produção, além do público e do privado, com consagração constitucional. Ao longo dos últimos anos a economia social em Portugal tem feito um caminho de progresso a todos os níveis apesar do seu deficit de reconhecimento público. No entanto o estudo e o debate

acerca da economia social, em todas as suas dimensões, tem sido, no nosso país, escasso. Um setor que é composto por mais de 60 000 entidades/organizações, representando 6% do emprego remunerado a tempo completo (dados de 2013) que deverá ter crescido muito além deste número como a conta satélite, com dados de 2016, em curso de elaboração, certamente comprovará, carece de iniciativas que promovam o seu conhecimento e debate aprofundado. A criação desta revista em forma-

to digital é um contributo para o reforço desse conhecimento e debate. O conteúdo da revista acolhe, predominantemente, trabalhos de natureza educativa, formativa, de informação e divulgação abordando os grandes temas contemporâneos da economia social em Portugal, no Europa e no Mundo. A partir do seu primeiro número, disponível neste endereço eletrónico http://www.revista-

-es.info/ , acolherá sinopses de estudos elaborados em meio académico, no âmbito de iniciativas de entidades da economia social, nacionais e internacionais, além de disponibilizar informação qualificada de interesse para os estudiosos e operadores do setor. Como todas as iniciativas assume riscos e constitui-se como uma oportunidade que, trimestralmente, tudo faremos para não desperdiçar.

O Douro sabe bem...


VIVADOURO MAIO 2018 31

B OA S FE ST AS

RECEITA CULINÁRIA VIVADOURO

Lazer Piadas de bolso: O Joãozinho telefona para a Assembleia da República: - Bom dia, queria ser um deputado. O que é preciso? Funcionário: - Mas, você é louco? - Sim, o que é preciso mais?

Escola de Hotelaria e Turismo do Douro - Lamego Pão-de-ló com Noz

Ingredientes 5 Ovos 15 Gemas 250 gr açúcar 190 gr farinha 100 gr miolo de Noz

“Em nome da Câmara Municipal de Tabuaço desejo um Natal Feliz e

Preparação

Bater as gemas com os HORÓSCOPO O Presidente da Câmara Maria Helena ovos juntamente com Socióloga, taróloga e apresentadora o açúcar até duplicar a 210 929 000 mariahelena@mariahelena.pt quantidade. De seguida juntar a farinha envolvendo com Amor: O seu coração está um pouco dividido, pense cuidado. Juntar o miolo bem qual o caminho que deve seguir, procure não de Noz. ferir os sentimentos dos outros. Numa forma de barro Saúde: Faça uma limpeza geral aos seus dentes própria forrar com papara poder ter um sorriso radiante. pel de almaço. Verter Dinheiro: A vitalidade e esforço que tem demonso preparado e levar ao trado no trabalho serão muito favoráveis para si. forno a cozer durante 40 minutos a 220º um ano de 2018 pleno de realizações pessoais e profissionais”

(Carlos André Teles Paulo de Carvalho)

Piada do ex-namorado A menina manda uma mensagem para seu ex-namorado: – Tudo bem contigo? O ex responde: – Não, estou com frio, com fome e sem dinheiro. Só faltas tu aqui… – Para te fazer companhia? – Não, para completar a tragédia! O português estava a caminhar na rua e um carro para ao lado dele a pedir informação: – Você viu uma senhora de vermelho a dobrar a esquina? E ele responde: – Não, quando cheguei aqui a esquina já estava dobrada.

FOTO: DR

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Desafio VivaDouro

SOLUÇÕES:

Solução: 15


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