Jamie ford um hotel na esquina do tempo

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Virou-se e lá estavam eles. Keiko e a família. O irmãozinho imitando com os lábios o barulho de um avião. Os quatro sorriram, cada um usando uma etiqueta onde se lia "Família no 10.281", aparentemente encantados de ver um rosto que não iria partir para o mesmo lugar desconhecido. Henry levantou-se sem jeito. — Achei que já tinham ido. Olhou para Keiko, para toda a família, sem querer que eles se fossem. — Eu trouxe isto. Pregue na roupa que eles deixam você sair daqui — disse ele, entregando a Keiko o button que arrancara de Chaz. Insistiu depois com o Sr. Okabe: — Ela pode ficar conosco, ou com a minha tia. Eu acho um lugar para ela. Vou conseguir outros. Eu volto e pego buttons para vocês todos. Podem ficar com o meu. Pegue, que eu vou arrumar mais. O coração de Henry lhe saltava no peito, enquanto ele tentava, nervoso, despregar da camisa seu button. O Sr. Okabe olhou para a esposa e depois tocou o ombro de Henry, que viu a fagulha de um talvez no olhar dos dois. Só um talvez. Depois a viu apagar-se. Eles iriam embora. Como os demais. Iriam embora. — Você acabou de me dar esperança, Henry. O Sr. Okabe apertou a mão pequena de Henry e olhou-o nos olhos: — E às vezes basta ter esperança para superar qualquer coisa. Henry deixou escapar um suspiro profundo, baixando os ombros, desanimado, enquanto desistia de tirar o próprio button. — O que é isso no seu rosto? — perguntou a mãe de Keiko. — Não foi nada — respondeu Henry, lembrando-se dos arranhões e hematomas da briga. O Sr. Okabe tocou com o dedo a etiqueta que trazia pendurada no casaco.


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