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OPINIÃO

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ENTREVISTA

ENTREVISTA

artigo

/Associated Press Pernambuco Manu Fernandez novo ciclo de crescimento num contexto de crise mundial

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POR TÂNIA BACELAR consultora em gestão pública

REVOLTA protesto na Europa contra política de arrocho financeiro

Tânia Bacelar é uma profissional multi. Professora da Universidade Federal de Pernambuco, socióloga, economista, consultora. Com tanta experiência, e tantos outros atributos de quem já viu muita coisa acontecer, sabe e ensina uma lição básica: o mundo está mudando. A correlação de forças entre países ricos e países em desenvolvimento já não pende com tanta força para os poderosos do passado. Estados Unidos e Europa sofrem efeitos de uma crise que no começo mais parecia ficção, mas mostrou que a onda que nasceu com o estouro da bolha americana, em 2008, ganhou fôlego, ultrapassou fronteiras e instalou-se ainda sem data para sumir definitivamente do mapa econômico internacional. O Brasil, ao contrário de outros tempos, se fortaleceu desde que escapou da hiperinflação e trabalhou para enfrentar seus problemas via retomada do crescimento econômico em novas bases. Apesar do fraco desempenho do PIB em 2012, resiste aos impactos externos e, por isso mesmo, ao invés de pedir socorro ainda serve de referência diante dos que não colocavam fé nesta “revolução”. Pernambuco segue o rastro de desenvolvimento e cresce mais do que o País. Mas como mostra Tânia, nem sempre foi assim. Já fomos o patinho feio do Nordeste, e, como na fábula, o Estado cresceu e transformou-se em um dos lugares que mais tem capturado olhares do país e do mundo. Tornou-se vistoso e atraente . O que mudou afinal? Muita coisa. Os bons ventos, enfim, sopram a favor. O Estado expurgou problemas crônicos, soube se reinventar e vive um momento singular. Um ciclo virtuoso. Mas os desafios ainda são muitos e difíceis. Os motivos? Confira aqui no artigo de Tânia Bacelar.

Dificuldades no final do século XX

De uma situação de grande dificuldade enfrentada nas décadas finais do século XX, Pernambuco se reposiciona e aparece, hoje, com ín dices positivos de crescimento econômico em um cenário marcado por uma grave crise financeira mundial. É visto cada vez mais como um dos mais atraentes locais para se inves tir e para se viver, no Brasil.

O contexto mundial: crise econômicofinanceira

O momento atual é marcado por um contexto adverso em escala mundial. Num estágio muito avan çado da globalização, a exacerbação do movimento de financeirização da riqueza gerou, em 2007, segundo o FMI, um montante de ativos finan ceiros quase 15 vezes superior ao Produto Nacional Bruto de todos os países do mundo. O movimento de tais ativos, em ambiente de ampla desregulamentação, alimentada pela onda liberal que correu mundo afora no final do século XX, termi nou por desaguar numa crise que eclode nos Estados Unidos, em 2008 e atinge fortemente a Europa, em seguida.

De lá para cá, a incapacidade de coordenar esforços consisten tes para evitar o pior faz a crise se prolongar, gerando consequências ainda pouco previsíveis em sua pro fundidade.

O que está diante de todos é a face mais dura dessa situação: um contingente de cerca de 205 milhões de desempregados no mundo, dos quais 44 milhões na Europa e 14 milhões nos Estados Unidos. Este é um dos dados que atestam o im pacto maior da crise nos chamados países desenvolvidos.

Por sua vez, países considera dos “em desenvolvimento” vêm ganhando espaço no cenário mundial, em especial o “BRICS”. Portanto, uma mudança na geopolítica mun dial também está em curso, e ela abriu espaço para o G-20, em lugar do G-7, sinalizando para um mundo mais multipolar do que o que vigo rou no pós Segunda Guerra Mundial e em especial após a queda do muro de Berlim.

O reposicionamento do Brasil no cenário mundial

Como ressaltou a presidente Dilma, em discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU, o mundo “vive um momento extremamente delicado e, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade histórica. O desafio colocado pela crise é o de substituir teorias defasadas, de um mundo velho, por novas formu lações para um mundo novo”. E é nessa direção que tem marchado o Brasil.

O Brasil vem sendo pouco afe tado pela crise financeira, resultado de mudanças que vinha realizando desde a redemocratização, mesmo tendo ela coincidido com o momento da crise da dívida externa que cobrou um pesado preço à so ciedade nacional, em especial aos brasileiros mais pobres. Entre erros e acertos, a sociedade brasileira foi buscando novos rumos e logrou não apenas domar a hiperinflação, mas

experimentar um novo padrão de crescimento.

Soube aproveitar o dinamismo do comércio de commodities agrícolas e minerais com os países em desenvol vimento, em especial com a China. E experimentou ampliar o diálogo entre o crescimento da produção e dos in vestimentos produtivos com a redução da pobreza e com um início da diminuição da profunda desigualda de social e regional que lhe sobrara como herança do padrão prevalecen te no século XX.

Com a inflação sob controle, o salário mínimo em rápida elevação em termos reais, o crescimento do crédito, um elenco consistente de políticas sociais e um padrão de

Daniela Nader

EMPREGOS grandes obras movimentam o mercado de trabalho no interior

crescimento que foi capaz de voltar a criar empregos formais e fazer crescer a renda do trabalho, a “fome por consumo” das classes populares foi despertada. E com o apoio do crédito, a demanda inter na vem segurando um bom ritmo de ampliação de vendas no varejo e criando mercado para numerosos segmentos da base industrial e de serviços do país.

Ao mesmo tempo, a primeira década do século XXI ficou marcada por uma melhoria significativa do ambiente macroeconômico. Qual quer indicador macroeconômico que se tome mostra que o quadro atual é bem melhor do que o que prevaleceu nas décadas finais do século passado.

Assim, o mundo começou a ver o país de outra maneira, o que revela, por exemplo, a significativa entrada de Investimento Direto do Estrangei ro (IDE) nos anos recentes, em volumes só inferiores aos da China.

A partir de 2004 e até a crise de 2008/09, a economia brasileira exi biu taxas de crescimento significativas (chegando a 6,1% em 2007) e o dinamismo do mercado interno esti mulou os investimentos produtivos, ao mesmo tempo em que a redução da relação Divida líquida/PIB (de 51,3% em 2002 e 55% em 2003 para 36% em 2008) abriu espaço para um programa de investimento governa mental – o PAC.

Com bancos públicos recupera dos e sólidos, o País enfrentou bem o pico da crise de liquidez e manteve seu sistema de crédito funcionando adequadamente, ao mesmo tempo em que políticas públicas anticíclicas estimularam o consumo. A crise faz o PIB declinar em 2009 (- 0,6%), mas a recuperação veio rápida, tanto que em 2010 o País teve sua economia crescendo a 7,5% a.a.

Mesmo no contexto do recrudes cimento da crise na Europa, o Brasil sofre impactos, desacelera seu crescimento em 2011 e 2012, mas se mantém resistindo, ancorado no dinamismo de sua demanda interna ao mesmo tempo em que busca, por vários meios, ampliar a sua taxa de investimento ( ainda muito baixa).

Um movimento importante, li derado pelo Banco Central, desde meados de 2011, é o de redução sig nificativa da taxa de juros básica (a SELIC cai de um patamar de 12,5% para 7,25%), acompanhado por me didas que tentam reduzir os spreads bancários e os juros na ponta.

O Contexto Pernambucano

As dificuldades das décadas finais do Século XX

Pernambuco não engatara bem no período do II Plano Nacional de Desenvolvimento, da era Geisel. Ao contrário de estados como a Bahia ou o Maranhão, que sediaram inves

timentos de porte, Pernambuco teve que pensar uma alternativa própria e está aí a origem do complexo por tuário-industrial de SUAPE.

O mergulho do Brasil na crise da dívida externa nos anos 80, cri se esta que afetou principalmente o setor público brasileiro, fragilizan do-o, coincidiu com a consolidação do processo de abertura política que consegue se firmar, mesmo num ambiente econômico adverso.

Pernambuco continua, nesse contexto, sem grandes oportunida des e sofre, especialmente na sua indústria, os impactos negativos do contexto nacional. A abertura comercial rápida - e consequente acirramento da concorrência, em especial com a China-, leva de rol dão segmentos como o têxtil e a confecção (esta sobrevivendo após estratégia de informalização num polo do Agreste do Estado).

O resultado: sua economia não acompanha sequer o dinamismo apresentado pelo Nordeste e expe rimenta uma taxa de crescimento de 1,97% a.a. do período 1985-2005, menor que a taxa média de 2,2% a.a. exibida pelo Brasil no seu conjunto.

A crise de sua base industrial permite falar numa nítida tendência a desindustrialização após todo o esforço feito pela SUDENE.

Um indicador claro desta ten dência é que o peso da indústria de transformação declina fortemente na economia estadual (de 25% em 1985 para 11% em 2005). O terciário é que funciona como âncora da eco nomia pernambucana.

Esse ambiente, por sua vez, não permitiu avanços significativos no quadro social. Pernambuco chega ao final do século XX com vários in dicadores sociais inferiores aos de outros estados do Nordeste, como ocorre com a mortalidade infantil (61,8 mortes em mil crianças nas cidas vivas), índice superior a media regional (59 mortes), com a esperança de vida ao nascer de 62,7 anos, portanto menor do que a do Nordeste (64,8 anos) e a de todos os outros estados nordestinos (exceto Alagoas).

PERNAMBUCO: a retomada do crescimento e suas causas

Mudanças importantes ocorrem na realidade pernambucana na primeira década do século XXI, associadas, sobretudo, à retomada de políticas nacionais, a alteração em duas políticas da Petrobrás (a de refino e a de compras), à redefinição do padrão de crescimento da econo mia nacional, entre outras.

O conjunto dos estados do Nor deste passam a apresentar forte dinamismo no consumo das famílias (lideram, junto com os do Norte, as vendas no comércio varejista, se gundo dados do IBGE/PMC), a ter taxas de crescimento do emprego formal superiores à média nacio nal (6,3% contra 5,4%, entre 2003 e 2010), a ver o valor do rendimento médio real das pessoas de 10 anos ou mais de idade apresentar eleva da taxa anual de crescimento (6,2% entre 2004 e 2009 contra 4,5% da média nacional, segundo a PNAD 2009, produzida pelo IBGE), entre outros indicadores favoráveis.

Pernambuco também é impac tado positivamente pelo avanço das políticas de transferência de renda, pela importante elevação real do salário mínimo, pela ampliação e democratização do crédito ao con sumidor, que estimulam o consumo das famílias, em especial o consu mo popular.

A partir de 2004 passa a apre sentar elevadas taxas de crescimento das vendas no varejo, medidas pela Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE (7,2% em 2004, 14% em 2005, 6,2% em 2006, 9,9% em 2007). O dinamismo do consu mo atrai o investimento, tanto de empresas locais quanto de grandes empresas nacionais e mundiais.

Em 2005, o PIB estadual cres ce 4,2%, acima da média nacional (3,2%). A partir daí, mantém esta trajetória, como mostram Tabela e Gráfico a seguir:

Brasil, Nordeste e Pernambuco T axas de crescimento do PIB

ano Brasil Nordeste Pernambuco 2000 4,3 4,1 4,3 2001 1,3 0,8 1,6 2002 2,7 2,9 4,1 2003 1,1 1,9 -0,6 2004 5,7 6,5 4,1 2005 3,2 4,6 4,2 2006 4,0 4,8 5,1 2007 6,1 4,8 5,4 2008 5,2 5,5 5,3 2009 -0,3 1,0 2,8 2010 7,5 7,9 9,9 2011 2,7 3,7 4,5

Brasil Nordeste Pernambuco

Fonte: IBGE

12 10 8 6 4 2 0 -2

Daniela Nader

Um fato relevante da construção depois, os investimentos em habita desta nova trajetória foi a decisão da ção do programa Minha Casa, Minha Petrobrás de instalar em SUAPE a Vida começam a ser realizados. Refinaria Abreu e Lima, como resul A construção civil explode. Sua tado da sua nova política de refino produção, que cresceu 15,7% em (pela qual deixava de ampliar suas 2009, amplia em 26,1% em 2010 e velhas refinarias). 30% no primeiro semestre de 2011,

Logo em seguida, sua nova po segundo dados do IBGE. Já o em lítica de compras começa a estimuprego formal no setor cresceu 23,7% lar a retomada da indústria naval do entre 2005 e 2010 contra 7% da me país e Pernambuco atrai um estalei dia estadual. E entre junho de 2010 ro de grande porte para SUAPE (o e junho de 2011 cresceu 37% contra Atlântico Sul), seguido de mais três. 9,6% da média do Estado, segun

Associada à presença da refi do dados do Ministério do Trabalho naria, unidades da cadeia petroquí(RAIS). mica destinam-se ao Estado. Um Por fim, a sinergia que se cria antigo propósito de atrair projetos entre o Governo Federal, o estadu estruturadores começava a se mos al, o empresariado, as universidatrar realidade. des, as entidades da sociedade civil,

A existência as agências de de SUAPE se revela fator re PERNAMBUCO TEVE financiamento, entre outras ins levante na consCRESCIMENTO PÍFIO tituições, gera um trução deste novo momento ENTRE 1995 E 2005. clima positivo. Ele atinge o estado de da vida econô mica estadual. O TAXA FOI DE 1,97% a.a ânimo da popu lação e é claraesforço de lon mente percebido gos anos, em meio a um contexto pelos que aqui chegam, pensando adverso, começava a dar sinais de em investir. retorno. Um porto moderno e estra tegicamente localizado no coração do mercado nordestino e com pri vilegiada acessibilidade a grandes O bloco de investimentos e suas mercados no exterior, e dotado de características uma excelente retroárea industrial chama a atenção dos investidores. O principal vetor das mudanças

Em paralelo, o Programa de Ace é, sem dúvida, o bloco de investi leração do Crescimento (PAC), lanmentos públicos e privados que o çado pelo Governo Federal, traz para Estado foi capaz de atrair nos úl Pernambuco grandes obras (ferrovia timos anos. São investimentos na Transnordestina, interligação de ba base produtiva de Pernambuco, que cias partindo das margens pernamestá sendo reorganizada, e na infra bucanas do Rio São Francisco, duestrutura econômica, urbana e eduplicação da BR 101 no litoral oriental cacional, que está sendo ampliada nordestino, amplo programa de infra e requalificada. Isso sem incluir os estrutura hídrica proposto pelo Goinvestimentos previstos para que a verno Estadual, entre outras). Pouco Região Metropolitana do Recife se

die a Copa 2014 (R$ 1,6 bilhão). Esse valor inclui a construção da Arena (R$ 600 milhões) e a construção de habitações e investimentos na me lhoria da mobilidade da RMR (com um terminal de metrô e a implan tação de um sistema de corredores exclusivos para ônibus).

A dinâmica tem sido tão for te que é difícil medir o tamanho do bloco de investimentos produtivos em instalação e confirmados para os próximos anos, pois a cada dia surge um novo empreendedor con firmando sua presença no estado ou anunciando a expansão de seus ne gócios. Um número atual é o divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento através da Renai, que estima em US$ 33 bilhões o montante de investimentos anunciados para Per nambuco.

A empresa SUAPE anuncia, só na área do seu complexo, investimentos da ordem de US$ 22 bilhões. Tais números dão a dimensão do impacto esperado numa economia cujo PIB em 2008, medido pelo IBGE era de R$ 70,4 bilhões.

Por sua vez, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) destina a Pernambuco R$ 62,3 bilhões – R$30,9 bilhões até 2010 e R$31,4 bilhões previstos pós 2010 – para investimentos na infraestrutura de logística, energética e urbana/social.

O esforço realizado pelo Gover no Estadual em implantar uma proposta moderna de gerenciamento do setor público, adotando um novo modelo,que busca fazer conviver o equilíbrio fiscal com a ampliação de sua capacidade de investimen tos, aumentando; inclusive, a captação de convênios e operações de crédito.

No que diz respeito aos investimentos produtivos, a característica mais importante é que eles se con centram na atividade industrial, justamente aquela que enfrentou maiores problemas nas décadas finais do século XX. Pode-se afirmar, assim, que o Estado vive um novo ciclo de industrialização. E este novo ciclo impulsiona mudanças importantes: investimentos bilionários i) introduzem no tecido econômico estadual segmentos novos, como a indústria de petróleo & gás; a naval; a petroquímica; a automobilística; a farmacoquímica; e ii) redefinem segmentos tradicionais como o ali mentar, o têxtil, a metal mecânica, a indústria de material elétrico.

A importância do porto de SU APE e a localização estratégica no Nordeste brasileiro, por sua vez, vêm consolidando Pernambuco como o maior centro logístico da região, com cerca de 60 centrais de distribuição e mais de 100 centrais de importação.

Um lócus estratégico da ativi dade de distribuição tem se consolidado como outra marca de

SUAPE projetos estruturadores e

Pernambuco. A expansão da mo vimentação de cargas pelo porto de SUAPE é um indicador desta potencialidade: de 4,3 milhões de toneladas em 2005 para 9 milhões de toneladas em 2010, mais que dobrando em cinco anos. No que se refere a contêineres, a movimenta ção passa de 179 mil em 2005 para 326 mil em 2010, um crescimento de 82% no período.

A dinâmica do emprego

O impacto social mais importante da trajetória recente de Pernambuco é observado no comportamento do mercado de trabalho, em especial no que se refere à criação de empregos formais.

Segundo dados do Ministério do Trabalho (através da RAIS), Pernam buco criou 441,1 mil oportunidades de emprego formal entre dezembro de 2005 e dezembro de 2010, que coincide com o da retomada mais firme do crescimento de sua eco nomia. Passa de um contingente de 1,09 milhão de empregos para 1,53 milhão, o que representa um cres cimento de 40% no estoque de empregados em apenas cinco anos, o

Daniela Nader que o situa entre os estados líderes do ritmo de crescimento do empre go no país. Importante ressaltar que do ponto de vista da localização dos novos postos de trabalho criados, os dados do Ministério do Trabalho aqui referidos indicam que as maio res taxas de crescimento das vagas formais entre 2005 e 2010 se deram em regiões de muito baixa densida de econômica. Este é o caso do Sertão Central que passa de um estoque de 8.608 empregos para 20.270, um acréscimo de 11.662 postos, registrando, assim, um crescimento

de 135,5% entre 2005 e 2010.

GRANDES OBRAS MOVIMENTAM O MERCADO DE TRABALHO

A presença de grandes obras nas proximidades (ferrovia Trans nordestina e Projeto de Interligação de Bacias) é um dos vetores mais importantes de criação de novas oportunidades de emprego formal no interior do estado.

Já no mercado formal da RMR, foram acrescidos 297 mil vagas, o que representou acréscimo de 41% no estoque anterior.

Em paralelo, a taxa de desem prego média mensal declina no espaço metropolitano de 13,2% em 2005 para 8,7% em 2010 (medida na média dos 12 meses), segundo a Pesquisa Mensal de Emprego, do IBGE.

Como se vê, o mercado de tra balho se dinamiza, o que estimula os pernambucanos a se qualifica rem para acessar as novas oportunidades.

Os desafios a enfrentar

O novo ciclo inaugurado em Pernambuco sinaliza para o enfrentamento de alguns desafios importantes. Dentre eles, destacam-se:

a) A consolidação desse novo ciclo de crescimento econômico

Com maior interiorização, e crescente valorização da dimensão ambiental e a significativa amplia ção do grau de integração das empresas locais nas cadeias produtivas novas e existentes no estado.

O contexto adverso de crise em escala mundial torna este desafio ainda maior e, certamente, o com portamento do Brasil nesses próximos anos será fundamental para definir os avanços possíveis em Per nambuco, dado o alto grau de integração existente entre a economia nacional e a estadual.

Como se espera que o Brasil resista bem e use seus potenciais para continuar numa trajetória de cresci mento, Pernambuco deve manter seus esforços para consolidar este novo ciclo que já sinalizou seu poder de transformação da realidade her dada do passado recente.

Por outro lado, é preciso não deixar em segundo plano o potencial do Estado para a economia do sécu lo XXI, baseada em conhecimento e criatividade: a economia criativa tem no estado um grande potencial. E não esquecer o potencial do esta do para o crescimento dos serviços, em especial os ligados ao turismo e aqueles associados aos negócios em geral (chamados de serviços es pecializados).

b) A inclusão dos pernambucanos num mercado de trabalho em transformação

Em destaque, a importância do investimento em formação técnica e profissional. Uma vantagem a ser potencializada é a boa estrutura de oferta já instalada no Estado, repre sentada pelas universidades, Sistema S, rede estadual de ensino médio, entre outras. A interiorização do conhecimento e o incentivo à produ ção científica e tecnológica deverão ser itens centrais desta agenda nos próximos anos, ao lado do grande desafio nacional de dar qualidade à educação básica.

c) A redução da violência, das desigualdades e da miséria

A ampliação do controle per manente dos índices de criminalidade, a redução das desigualdades e o engajamento no esforço da ampliação do controle permanente dos índices de criminalidade, a re dução das desigualdades e o engajamento no esforço do Governo Federal na construção de um Brasil sem miséria serão fundamentais. O caminho a ser seguido precisa rá passar pela ampliação da cobertura social aos mais pobres, melhoria do acesso destes per nambucanos aos serviços públicos (especialmente educação, água e energia) e por iniciativas que pro movam sua inclusão produtiva. O ambiente criado pelo novo ciclo de desenvolvimento em curso ajudará nesta tarefa.

d) A valorização da dimensão ambiental do desenvolvimento

A sustentabilidade ambiental num momento de intensa expan são da economia é um desafio que vai ganhar dimensão. O Brasil se diou a Rio+20 e a agenda ambiental ganhou ainda mais força. O grande

Investir em sustentabilidade ambiental num momento de intensa expansão da economia é um desafio que vai ganhar cada vez mais dimensão

desafio será o de conciliar o rápido crescimento econômico, com ins talação de empresas e geração de empregos, com o respeito à dinâ mica da natureza. O conhecimento disponível nas universidades e centros de pesquisa podem ajudar nessa direção.

Daniela Nader

INVESTIMENTO obra da transnordestina em Custódia

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