Apicultura em pequena escala

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Lembre-se que o posicionamento correto dos quadros, mantendo a distância correta entre os favos, é também importante para a produção de favos bem centralizados nos quadros. A combinação de quadros corretamente dispostos e a utilização de tiras iniciais garante favos adequadamente construídos. Folhas inteiras de fundação nos quadros são um luxo, não uma necessidade para a apicultura. Uma péssima prática muitas vezes encontrada independentemente do tipo de equipamento utilizado é a alimentação em massa dos apiários com xaropes de açúcar. Trata-se de uma prática anti-natural e mesmo anti-ética: a vantagem do mel é justamente ser um produto natural, produzido por abelhas a partir de néctar e pólen das flores. Se for para alimentar as abelhas com açúcar comercial, então mais vale deixar de consumir mel e consumir açúcar de vez. A alimentação artificial de abelhas com xaropes de açúcar deve ser encarada como um recurso emergencial, apenas com o propósito de garantir a sobrevivência de colônias mais fracas frente a períodos de escassez de recursos severos e prolongados. Em qualquer projeto de desenvolvimento de apicultura, a transferência de conhecimento, ou o ensinar às pessoas a utilização de equipamentos e práticas de manejo, é o aspecto mais difícil. Paciência e um senso de humor são condições importantes para o sucesso de tais projetos. Os produtos da colméia O produto mais conhecido da colméia é sem dúvida o mel, largamente utilizado como alimento e remédio. Cera de abelhas é outro produto de grande importância, embora nem seus usos nem seu real valor sejam devidamente conhecidos pelas pessoas, em comparação ao mel. Mel e cera são produtos gerados em qualquer projeto de apicultura, e sua produção e comercialização são livres de maiores problemas para a maioria dos pequenos produtores. Outros produtos da colméia são o pólen, geléia real, própolis, veneno de abelhas, filhotes e abelhas (rainhas e colônias). Todos esses produtos, porém, exigem práticas especializadas de manejo e equipamentos ou mercados altamente especializados. Sua produção e comercialização normalmente não estão ao alcance do apicultor iniciante. O mel é o produto primário da colméia. Ele é basicamente néctar, enzimaticamente modificado e evaporado pelas abelhas. No processo de produção do mel, as enzimas das abelhas quebram açúcares complexos em moléculas mais simples. As propriedades do mel dependem das flores que serviram como fonte de néctar para a sua produção. Portanto, méis de diferentes regiões e de diferentes períodos ao longo do fluxo de néctar terão gostos e propriedades físicas diferentes. Geralmente, méis mais escuros têm gosto mais forte.

Nutricionalmente, o mel é praticamente puro carboidrato, contendo apenas traços de outras substâncias, e seu uso principal é como um adoçante natural, embora também tenha usos medicinais (xarope para tosse, tratamento de feridas por suas ações bacteriostáticas, preparação de bebidas alcoólicas, etc.). O mel é um produto largamente conhecido e utilizado. O aspecto mais importante de sua comercialização é garantir sua qualidade, o que depende diretamente dos cuidados no seu processamento. Ausência de material estranho é o principal critério da qualidade do mel. Pedaços de cera ou própolis, pólen, larvas, abelhas mortas, cinzas e sujidades em geral podem contaminar o mel durante sua extração ou processamento. Porém, o principal contaminante do mel é açúcar, introduzido intencionalmente por apicultores desonestos, prática fraudulenta proibida por leis sanitárias e de proteção ao consumidor. Bons apicultores, que se preocupam em oferecer um mel de qualidade e livre de contaminações, serão recompensados por um mercado fiel para seu produto. Todo mel contém um pouco de pólen. Um excesso de pólen no mel representa na verdade mais um problema estético, podendo contribuir para uma aparência turva e talvez um gosto mais forte. Mel extraído por prensagem geralmente tem um teor de pólen mais alto que mel extraído por centrifugação. O teor de água também é um fator importante na qualidade do mel. Todo mel contém pequenas quantidades de leveduras. Para prevenir o crescimento dessas leveduras naturais com a resultante fermentação do mel, o teor de água do mel não deve ultrapassar os 19%. Mel com teor de umidade inferior a 19% é chamado maduro, enquanto mel com teor de água acima disso é chamado de mel verde; méis verdes são sujeitos à fermentação. As leveduras não podem crescer em méis maduros devido à grande força osmótica gerada pela concentração dos açúcares. Uma vez que as abelhas terminam de evaporar o mel, elas selam as células contendo o mel maduro com cera. Deve-se colher apenas favos de mel contendo a maioria das células tampadas, pois isso assegura que o mel está maduro e será auto-preservante. Mel maduro, colhido e embalado de forma higiênica e mantido em locais frescos mantém-se conservado por longos períodos, sem necessidade de refrigeração. Mel extraído por prensagem é o tipo mais comumente produzido em projetos de pequena escala. Para minimizar o teor de pólen no mel, verifique a quantidade de pólen no favo antes da prensagem (o pólen pode ser visto ao se inspecionar o favo contra a luz). Áreas de favo que contém grandes quantidades de pólen podem ser cortadas e extraídas separadamente para consumo doméstico ou local. Não se esqueça que o pólen é um alimento muito nutritivo e saudável, com alto teor protéico. Imediatamente após a extração, o mel deve ser envasado. Mel é higroscópico, ou seja, ele absorve a umidade do ar. Se exposto a ambientes úmidos, o teor de umidade do mel aumentará, possivelmente permitindo que o mel fermente, estragando-se. Larvas e abelhas mortas também aumentam o

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