SOUFANIEH - AS APARIÇÕES DE DAMASCO

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Prefácio Isto se passou no Oriente. Não é um conto das Mil e Uma Noites. É uma reportagem, tão espantosa, quanto perturbadora que possa parecer. Nós estamos em Damasco, a cidade onde Saulo fora perseguir os primeiros cristãos, e termina como ...cristão, derrubado pelo Cristo. É uma cidade árabe onde os cristãos são numerosos, repartidos entre as diversas confissões, cujas diferenças e divergências surgiram no curso da história. Lá se encontram todos os contrastes do Oriente, com profundas raízes cristãs. Chega o dia 27 de novembro de 1982 para Myrna, em Soufanieh: um pequeno e barato ícone, emoldurado em plástico, começa a derramar óleo, gota a gota: enchendo um pires. Myrna tem 18 anos. Ela é casada com Nicolas há sete meses. Ela recebe aquele óleo como um dom de Deus. Foi seu marido quem comprou o ícone quando de uma viagem à Bulgária2. Os sábios e eruditos, sejam eles teólogos, podem franzir as sobrancelhas. Óleo? Certo, o que isso quer dizer? Nós perdemos o sentido dos sinais. O ritual pós-conciliar suprimiu o óleo dos catecúmenos, símbolo do combate que é a vida cristã. Esta unção, imitada dos lutadores, que melhor escapam das presas dos adversários, é hoje facultativa e, geralmente, omissa. Mas se guardou o Santo Crisma, o óleo que marca os padres e os bispos, mas também cada batizado, cada confirmado, em sinal que todos os cristãos participam do sacerdócio do Cristo. O óleo é uma linguagem cristã. Ele é também uma linguagem mediterrânea. É signo da doçura, da paz, da cura. Desde as origens do cristianismo, a Igreja dá unção aos doentes. E a

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Nicolas tinha comprado 10 pequenas reproduções (6x8 cm - 2,4x3,2 polegadas) de Nossa Senhora de Kazan da Igreja Ortodoxa Alexander Nevsky, em Sófia.

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