Edição 1333

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– Edição 1333

Comunidade

02 a 04 de novembro de 2011

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Washington Post divulga urgência em legalizar trabalhadores imigrantes O diário publicou que tanto o poder legislativo e a administração Obama devem encontrar formas de aprovar uma reforma ampla

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m dos principais diários dos Estados Unidos reiterou na sexta-feira (4) a necessidade urgente de que o Congresso debata e aprove uma reforma migratória que inclua uma forma de legalizar os aproximadamente 11 milhões de ilegais no país. O Washington Post publicou que tanto o poder legislativo e a administração Obama devem encontrar formas de aprovar uma reforma que permita que os ilegais saiam das sombras e sejam incorporados à mão-de-obra ativa do país. Caso isso ocorra, recuperaria a agricultura no estado do Alabama, que entrou em crise depois a polêmica lei HB56 entrou em vigor, em 29 de setembro, considerada por apoiadores e críticos como a mais rigorosa dos EUA. O diário afirmou que o adequado é “resolver o problema e permitir que esses trabalhadores regularizem seu status migratório e, portanto, conquiste a cidadania”. Sob o título “A Podridão no Alabama”, o Washington Post revelou que os agricultores no estado se rebelaram contra a HB56, que visa afastar os trabalhadores ilegais e, consequentemente, privou os empregadores de mão-de-obra especializada, “que ameaça dar um golpe fatal ao cultivo em todo o estado”. Entre os 11 milhões de ilegais, pelo menos

Pouco antes de sua entrada em vigor, os agricultores no estado alertaram que a HB56 poderiam comprometer as colheitas avaliadas em milhões de dólares, que correm o risco de apodrecer se não forem efetuadas a tempo

7 milhões fazem parte da mão-de-obra ativa. A ideia de que os trabalhadores ilegais sejam deportados e substituídos por empregados norte-americanos é “desatinada”, como alegaram os agricultores no Alabama aos seus legisladores, publicou o diário. O Washington Post indicou que, apesar do índice de desemprego no Alabama alcançar 10%, os trabalhadores norte-americanos

desempregados carecem de experiência na agricultura, residem nas cidades e não estão dispostos a realizar trabalhos duros e mal pagos como, por exemplo, na colheita de tomates, abóboras, pepinos e outros vegetais. Já os agricultores alegam que se elevam os salários para tornar as vagas mais atraentes, os preços dos produtos aumentariam, tornando o Alabama menos competitivo no

mercado dos EUA. Partes polêmicas da lei HB56 foram bloqueadas temporariamente nos Tribunais, entre elas a que exige que escolas verifiquem o status migratório de novos alunos matriculados ou portar documentos de identificação nas ruas, entretanto, manteve a autorização para que a polícia possa deter indivíduos se houver suspeitas razoáveis de que estejam ilegalmente no país. Pouco antes de sua entrada em vigor, os agricultores no estado alertaram que a HB56 poderiam comprometer as colheitas avaliadas em milhões de dólares. Antes de sua aprovação e implantação, inúmeros trabalhadores fizeram as malas e abandonaram o estado com temor de serem presos pela polícia local, entregues ao Departamento de Segurança Nacional (DHS) e deportados dos EUA. “Existe um alto risco de discriminação com a implantação da lei”, frisou a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH). Líderes comunitários e ativistas latinos do sudeste do país e do Arizona iniciaram uma campanha de 3 dias no Alabama para ajudar a mobilizar a comunidade imigrante no estado e dar início à tentativa de revogar a HB56, publicou a agência de notícias Associated Press. “Uma grande parte disso é dar início à uma campanha em prol da revogação”, disse Victor Spezzini, organizador comunitário e líder da Hispanic Interest coalition of Alabama.

Villairosa acusa candidatos republicanos de ataques a imigrantes ilegais em campanha O prefeito de Los Angeles acusou os candidatos republicanos à presidência de colaborarem para o clima de hostilidade contra indocumentados

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prefeito da cidade de Los Angeles (CA), Antônio Villaraigosa, considerou o antagonismo voltado aos imigrantes latinos nos Estados Unidos atingiu um nível nunca antes visto. “Estes são os piores tempos para um imigrante que já vi em minha vida”, comentou o legislador democrata, neto de imigrantes mexicanos, para quem a situação atual atingiu níveis inaceitáveis. Durante uma entrevista ao programa “Ao Ponto” do canal de TV Univision, exibido no domingo (6), Villaraigosa acusou os candidatos republicanos à presidência de colaborarem para o clima de hostilidade. Quando se observa os candidatos republicanos abordando assuntos polêmicos, falando de crocodilos na fronteira, mais que absurdo, ou seja, é a manifestação de um antagonismo direcionado ao imigrante que realmente não podemos permitir ou aceitar, frisou. Villaraigosa citou o candidato presidencial Herman Cain, que semanas atrás propôs a instalação de uma cerca de 7 metros ao longo da fronteira mexicana com a advertência “Você morrerá”. No dia seguinte, Cain justificou que se tratava de uma brincadeira,

Villaraigosa citou o candidato presidencial Herman Cain, que semanas atrás propôs a instalação de uma cerca de 7 metros ao longo da fronteira mexicana com a advertência “Você morrerá”

pois o comentário gerou críticas de ativistas que o consideraram um abono à imagem contra latinos e imigrantes dos republicanos. O prefeito, um dos políticos latinos mais populares nos EUA, disse que, mesmo que

seu domínio do idioma espanhol seja pobre, “se assumi o papel de defende-los, os defenderei”. Ele explicou que por essa razão não apoia o controverso programa Comunidades Segu-

ras, que possibilita a cooperação das autoridades locais com as federais, e que também foi rejeitado por outros prefeitos. Villaraigosa insistiu que “grande parte das pessoas deportadas não é criminosa”. “Todos estão de acordo que se foi cometido um crime sério, (os ilegais) devem ser deportados. Não há dúvida. O problema é quando a maioria dessas pessoas não é criminosa”, frisou. Ele disse que é muito pouco que governos como o dele podem fazer a nível local para deter sua implantação. “O ruim desse programa é que não precisamos cooperar, pois, imediatamente, quando prendem um indivíduo essa informação vai ao governo federal”, explicou. Villaraigosa considerou que sua rejeição ao programa, defendido de forma vigorosa pela Casa Branca, possa pô-lo em antagonismo com a administração Barack Obama. “Nada está totalmente de acordo, mas temos que entender que o partido capturado pelos extremistas é o partido republicano”, alertou. Ele admitiu que “os democratas não são perfeitos, mas que realmente nos defendem melhores que os outros”, quando reafirmou sua intenção de trabalhar a favor da reeleição de Obama. “Sim, continuo apoiando o Presidente Obama e vou trabalhar para a sua reeleição. Temos que entender que ele é a favor de uma reforma migratória justa, mas não tem os votos suficientes no Congresso”, concluiu.


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