Projeto gráfico-editorial sobre Craft com aplicações de técnicas artesanais

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APÊNDICE B

1 Introduzindo o Craft Uma das principais características do Craft é a dificuldade em se definir exatamente o que ele significa. Craft pode ser visto como um movimento, um estilo de vida, um conceito, uma forma de produção, ou ambos. Cada crafter (pessoa que faz Craft) possui características singulares e desenvolve um relacionamento particular com seu trabalho. Diferentes técnicas, materiais, objetivos e padrões estéticos caracterizam um mar de identidades e possibilidades. Todavia, existem certas características em comum entre crafters, o que de certa forma mantém essas pessoas unidas como uma comunidade. O trabalho artesanal pode ser visto como o fio condutor desta rede de artífices, juntamente a uma atitude do it yourself e um senso de inovação e originalidade estética. Estes pontos unem-se ainda a outro ponto crucial: uma política de afirmação do artesanato criativo como uma alternativa à produção em série industrializada. Sem dúvida esta preocupação em afirmar o artesanato como resistência aos efeitos negativos da industrialização não é recente, tendo se manifestado já na segunda metade do século XIX com o movimento Arts and Crafts, idealizado por William Morris. Este movimento defendia que a industrialização deveria ser combatida pois estava substituindo o aspecto artístico da criação de artefatos únicos pela produção em série de artefatos sem identidade estética e de baixa qualidade, desenvolvidos através do trabalho exploratório das fábricas e apenas para gerar lucro. Passados mais de cem anos do movimento Arts and Crafts, assistimos no decorrer do século XX o florescimento do movimento feminista, das contraculturas Hippie e Punk e por fim o advento da Internet, ingredientes importantes para o surgimento do atual movimento Craft, também chamado por alguns de “A nova onda do artesanato”. 2 A nova onda do Artesanado Faythe Levine e Cortney Heimerl mapeiam o início do que pode ser chamado de A nova onda do artesanato para os anos de 1994 e 1995. Neste período, foi lançado o primeiro número da publicação independente Venus Zine, e a revista Bust Magazine iniciou uma coluna chamada She's Crafty. Estas duas publicações tinham um foco voltado para a participação das mulheres na música, moda, cultura e do it yourself e estavam ligadas ao cenário alternativo feminista de onde se originou a comunidade Craft. Mas o fator que provavelmente mais contribuiu para a eclosão do Craft foi a crescente popularização da Internet que se iniciou por volta de 1998. Websites como o getcrafty.com e buyolimpia.com passaram a difundir o Craft no ciberespaço, unindo pessoas de diferentes lugares por ideais e práticas similares. O getcrafty.com é um exemplo de portal que abriga fóruns de discussão, artigos, colunas, tutoriais, blogs e imagens. Neste site, crafters podem trocar receitas, técnicas ou simplesmente mostrar para a comunidade o resultado obtido em


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