|INVESTIMENTO
venda, em divulgadores dos produtos e hou-
sível”, ou “opção de compra”. Nesse caso,
ve até um caso em que a empresa percebeu
o investidor não vira sócio num primeiro
que um dos investidores poderia virar con-
momento, mas torna-se um credor com di-
selheiro. Fez o convite e a pessoa aceitou.
reito de, no futuro, converter-se em sócio.
O crowdfunding vai muito além de captar
Segundo ele, é melhor para o empreende-
recursos”, afirma Falcão.
dor, que não tem que lidar com vários sócios em seu contrato social, e o investidor também ganha, já que se isenta das res-
Frederico Rizzo, de São Paulo (SP), é
ponsabilidades de um sócio.
outro pioneiro do ramo e se tornou um
O título de dívida conversível emitido
empreendedor que vive simultaneamente
pela Broota prevê uma remuneração de 3%
dois papéis no processo de crowdfunding.
ao ano, mas na prática o que os investidores
Rizzo criou a plataforma Broota para ajudar
visam é que a empresa seja vendida por um
startups brasileiras a captarem recursos e,
valor equivalente a cinco a 10 vezes o preço
para dar o pontapé nessa empresa, resolveu
que eles pagaram – momento em que pode-
adotar a modalidade de crowdfunding para
rão recuperar seu capital. Entretanto, se isso
si mesmo. No início de junho, iniciou a cap-
não ocorrer os investidores podem conver-
tação. Por um mês, a oferta ficou no ar e o
ter a dívida em ações em um prazo de cinco
projeto angariou R$ 200 mil, vindos de 28
anos (maturidade do título) e assim receber
investidores.
dividendos como qualquer acionista.
“O que ocorria é que muitos duvidavam
Como todo negócio novo que englo-
da eficiência do equity crowdfunding. A mo-
ba risco de investimento, uma das maio-
dalidade estava meio desacreditada no Bra-
res dúvidas que paira sobre o equity
sil e as pessoas entendiam que não iria fun-
crowdfunding no Brasil é a questão jurídi-
cionar. Resolvi, então, testar comigo mesmo
ca. Segundo especialistas, é preciso tomar
e provar que daria certo. Foi uma estratégia
alguns cuidados e precauções para não
de lançamento da plataforma Broota e, ao
ferir nenhuma legislação. Por sorte, antes
mesmo tempo, serviu para validar o negócio
do crowdfunding conquistar o mundo, a
e o aspecto legal”, lembra Rizzo.
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já
O fundador da Broota ressalta que durante
editou uma instrução com o objetivo de fa-
o processo de captação de recursos conseguiu
cilitar a captação de recursos pelas micro e
sentir na pele as dificuldades que as startups
pequenas empresas.
enfrentariam ao usar o crowdfunding. Um dos principais desafios, no caso es-
Elas ficaram dispensadas, por exemplo, do registro da emissão e da oferta, desde
pecífico da Broota, foi harmonizar o tipo de
que a captação não ultrapas-
oferta que seria feita com aquilo que o mer-
se R$ 2,4 milhões por ano. É
cado estaria disposto a aceitar. Durante as
com base nesses padrões que
conversas com os investidores, Rizzo perce-
o mercado está regulando a
beu que nenhum deles toparia entrar como
captação sob a modalidade de
sócio em alguma startup via crowdfunding.
investimento em crowdfun-
O risco de herdar algum passivo fiscal ou
ding.
trabalhista espantava todo mundo. Então, resolveu partir para outra estratégia.
O advogado Picchi explica que o equity crowdfunding não necessita obrigatoriamente de um site que medie a relação entre empreendedor e investidor Divulgação
Sócios potenciais
“As regras não obrigam que haja uma plataforma
Em vez de usar o equity crowdfunding
[como a Broota ou a EuSo-
para ganhar sócios, Rizzo fez o que pode
cio] para realizar a captação.
ser chamado de “emissão de dívida conver-
Quem lança a documentação 43