Fonte do Touro

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Fonte do Touro

Ana Sofia Gonçalves Bruna Vilaça Maria La Salete Veiga Mara Ferreira Tânia Campos

Ficha técnica

Titulo AFonte do Touro Autores e IlustradoresAna Sofia Gonçalves BrunaVilaça Mara Ferreira Maria La Salete Veiga Tânia Campos Coordenação Lúcia Maria Barros Ano 2022

Projeto desenvolvido no segundo ano da licenciatura em Educação Básica no âmbito da unidade curricular de Literatura Infanto-Juvenil

Há muito tempo, numa manhã fria de inverno, uma família passeava por uma floresta coberta de neve, quando ouvem um choro estremecido vindo por detrás de um enorme pé de feijão cortado. A família nem quis acreditar no que via. Um bebé, enrolado em vários cobertores dentro de uma cesta, sozinho e indefeso. Não poderia ter mais do que um ano, mas com aquele tamanho as dúvidas não paravam de surgir. Ao olharem para este pequeno rapaz, a família maravilhou-se e não conseguiu conter a vontade de o levar. E o menino cresceu, cresceu e não parava de crescer…

Com o passar dos anos, o menino foi-se sentindo cada vez mais sozinho. Sempre que olhava para baixo via a nuca das pessoas. Certo dia, a caminho da escola, a senhora que se dizia ser a mais sábia de todo o reino, avistando-o do lado oposto da rua aproxima-se. Num aceno rápido aborda-o, pedindo para que se abaixasse, para a ouvir melhor. Pobrezinho, andas sempre triste… É por viveres assim?

O Menino meio confuso, olhando debaixo para cima, examinou cada detalhe seu e, depois de pensar em que modos vivia, pergunta, ingenuamente:

– Mas… assim como, minha senhora?

– Ora… ASSIM, não é! – disse, espantada, apontando de uma forma grandiosa com os seus pequenos e finos braços erguidos e as palmas das mãos bem abertas, acompanhando toda a extensão do corpo do menino. Bem, tossiu, recompondo-se e se te dissesse que tenho a solução para todos os teus males? questiona e não o deixando sequer assentir, prossegue Se quiseres a minha ajuda, consegues encontrar-me na montanha que está sempre pintada de branco. Eu vivo na única casa de telhado vermelho! e, num estalar de dedos, desapareceu.

Esta abordagem deixou-o bastante intrigado! Deixar de ser o maior para passar a ser o mais normal possível era o seu maior desejo. Finalmente, poderia começar a assistir às aulas como qualquer outro miúdo, dentro da sala, em vez de ficar a observar, só com um olho, pela janela. Apercebendo-se do tempo que perdera a sonhar acordado com todas as possibilidades à sua espera, continuou o seu caminho, mas sempre com a conversa, que tivera com a sábia, presente no seu pensamento.

Os dias foram passando e, com eles, as semanas e os meses. Já se viam novamente as folhas alaranjadas nas árvores e o vento ecoava no alto dos montes. Desta vez, o gigante passava acima da copa das árvores e já conseguia ver os reinos vizinhos.

Um ponto vermelho no horizonte trouxe-lhe à memória o convite que a velha sábia lhe tinha feito no caminho para a escola. Aquela imagem deixou-o inquieto e o menino não parava de pensar que aquele ponto vermelho, coberto de branco, poderia ser a casa da senhora. Então, assim que chega a casa, prepara a sua trouxa com alimentos e alguns agasalhos e avança em direção à montanha, contando que a sua passada de gigante o levará lá em poucas horas.

Quando o gigante começa a ver de perto a casa de telhado vermelho, confirma as suas suspeitas. Aquela era a casa da sábia. Ao ver o fumo a sair da chaminé, corre para a porta, espreita pela fechadura e vê a velhinha sentada na poltrona, juntamente com a sua fénix cor de fogo, a descascar umas quantas castanhas para uma taça. Num ápice, esta levanta-se para abrir a porta, com o pressentimento de que alguém estaria do outro lado. O rapaz emudeceu e ficou sem saber o que dizer quando dá de caras com a senhora.

Entra, entra… estava mesmo à tua espera disse gentilmente. Gostas de castanhas assadas? Estão acabadinhas de sair do forno questiona, oferecendo-as logo a seguir, servindo-lhe um chá, para se aquecer e, com um ar muito misterioso, diz: No topo da montanha mais alta, verás as águas mais limpas de todos os reinos. Delas deverás beber para encontrar a chave que acalmará o teu desassossego.

– Mas nas montanhas existem muitos caminhos a seguir. Como é que vou saber qual é o certo? – pergunta o gigante, preocupado. Contigo levarás a minha fénix, ela mostrar-te-á o caminho e proteger-te-á dos perigos. Ao raiar do sol, o gigante pega na sua trouxa e segue em direção à montanha mais alta, sem perder de vista a fénix, que voava bem alto a uma velocidade que os seus passos de gigante quase não conseguiam acompanhar.

Em poucas horas, e já quase sem folego, vê uma fonte entre dois grandes rochedos cinzentos, num dos quais a fénix pousa. Num último golpe de força, corre atabalhoadamente até à fonte e, sem se aperceber, tropeça num tronco velho e mergulha de cabeça nas águas puras. Ao levantar-se, bebe umas gotas que permanecem na sua boca, uma energia estranha percorre o seu corpo. Num olhar súbito vê que as suas mãos se haviam transformado em grandes patas peludas. Aflito olha para as águas, agora calmas da fonte e vê o reflexo de um touro.

Desesperado, volta o seu olhar para a fénix e esta, com um olhar leve e suave atira para o chão uma poção mágica que o irá trazer de volta à sua forma original de gigante. O gigante, sem pensar duas vezes, agarra a poção e bebe rapidamente. Entre ser um touro ou um gigante, é melhor poder andar sem partir porcelana.

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Fonte do Touro by brunaalexandra2001 - Issuu