Coisas que acontecem

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C A R N E I R I N H O S E O U T R O S A N I M A I S S E LVA G E N S

Estava eu deitada em cima do tapete à espera quando vi uma meia embrulhada em cotão debaixo da cama. Já não via aquela meia desde o Natal, era urgente salvá-la. Assim que a puxei pela ponta, percebi que não era a única coisa perdida debaixo do estrado. Agarrada à minha meia com padrão de raposinhas vinha uma pulseira de missangas. Era uma das pulseiras da Jo. Ali perdida havia meses. Sacudi e guardei a pulseira no bolso da mochila. O pó foi comigo para a cama; nem me importei com os espirros, já tinha desistido de agarrar o sono. Era cedo para traçar um plano, mas soube logo que queria levar a pulseira comigo para a escola no dia seguinte. Talvez devolvê-la à Jo, mas como? Não nos falávamos desde a I Grande Zanga. Tinha de ser eu a ceder? E se ela me odiasse? Poderia rir-se na minha cara. Adormeci sem respostas.

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