Briefing, 23

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Banco em Gelsenkirchen no dia em que narrou a final da Champions FC Porto/Mónaco 2004

etapa que, confessa, quer que dure por muito tempo. “Identifico-me com o clube, é um desafio constante e estou satisfeito”, remata. A ligação ao Porto é uma tradição familiar, aliás já garantida pelas duas filhas do próprio Rui. Porém, aos 18 anos, decidiu que tinha de entregar o cartão de sócio. Nessa altura prevaleceu a paixão do jornalismo e sobretudo dos relatos, do futebol ao hóquei em patins, em detrimento do fervor clubista. Recorda que queria ser um jornalista isento, “sem cartões”. Por causa disso hoje o seu número de sócio está acima dos 70.000. Se não tivesse desistido, estaria algures entre os 9000 e os 11000. Rui Cerqueira nasceu em Gaia. Estudou nas escolas da cidade e distinguiu-se enquanto praticante de basquetebol no Futebol Clube de Gaia e numa equipa de Oliveira do Douro. Foi aqui que, quando já estava no segundo ano do curso de Jornalismo da Escola Superior de Jornalismo do Porto, teve uma experiência de professor. Durou um ano lectivo e foi “fantástica”, apesar de ter aluO agregador do marketing.

Foi Antero Henrique, uma das traves-mestras na organização do Porto e que esteve ligado aos primórdios do departamento de comunicação do clube, que lhe fez o convite

Numa conferência com André Villas-Boas em 2011

nos mais velhos do que ele… O jornalismo começou na Rádio Lidador, da Maia. Era o concretizar de um sonho que alimentava desde miúdo, altura em que se identificava com os relatores de futebol. Nove meses depois da Lidador foi para a rádio Placard, que transmitia todos os jogos de quase todas as modalidades do FC Porto. Consolidou o gosto pelos relatos, que fazia “de manhã, à tarde e à noite”, de todas as modalidades. A qualidade dos seus relatos despertou a atenção da Antena Um, para onde entrou em 1 de Janeiro de 1991. Esteve oito anos na estação pública, sete dos quais em acumulação com a RTP. A primeira grande narração que fez para a televisão foi em 1993. Era um Barcelona-Porto, no tempo em que Bobby Robson treinava os dragões. Em 1998, surgiu a possibilidade de ficar só na televisão e Rui Cerqueira aceitou. Era uma oportunidade para estabilizar e apostar em definitivo na televisão, numa altura em que a rádio começava a perder fulgor. Chegou a apresentar programas de desporto e também de

informação geral mas nunca se deixou enfeitiçar “por aquela coisa de apresentar”. Com a experiência na informação geral conseguiu derrotar o estigma, muito acentuado nas redacções naquela época, de que o jornalista desportivo não tinha capacidades e conhecimentos para fazer outras coisas. Como jornalista e relatador cobriu centenas de jogos do FC Porto e embora fosse adepto procurou sempre a isenção. Ao contrário de outros colegas dos relatos, não tem histórias de gaffes para contar. Passou por alguns sustos em campos de futebol mas sem danos de maior. Até que um dia, inesperadamente, surgiu-lhe a comunicação do FC Porto. Foi Antero Henrique, uma das traves-mestras na organização do Porto e que esteve ligado aos primórdios do departamento de comunicação do clube, que lhe fez o convite. Era tempo de férias e o assunto levou um mês a ser resolvido. Para Rui Cerqueira era uma forma de “servir o clube” e concluir a página do jornalismo, 17 anos depois de ter começado a escrevê-la. Julho de 2011

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