Edição 358

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EDIÇÃO 358

Ano 9

15 a 22 de junho de 2022

distribuição gratuita

brasildefatorj.com.br

/brasildefatorj

fato_rj

brasildefatorj

Nelson Almeida/AFP

JOVENS SÃO OS MAIS AFETADOS PELO DESEMPREGO NO PAÍS

Arquivo pessoal

RJ

Partidos e Congresso Nacional estão entre as instituições com menos confiança entre os jovens. GERAL, PÁG 7.

Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Os jovens entre 18 e 24 anos que compõem a população ativa economicamente estão entre os mais afetados pelos índices de desemprego dos últimos anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao Brasil de Fato, eles contam sobre a dificuldade de ingressar no mercado de trabalho. GERAL, PÁG 5.

JUVENTUDE NA POLÍTICA? PESQUISA APONTA DIFICULDADE DO TEMA ATRAIR JOVENS

ES PE CI AL

KATHLEN ROMEU: CASO EVIDENCIA AUSÊNCIA DE PLANO DE SEGURANÇA NO RJ

Outras 1.161 pessoas foram baleadas na região metropolitana desde a morte da jovem, segundo Instituto Fogo Cruzado. GERAL, PÁG 4.

PULA FOGUEIRA IAIÁ: FEIRA DE SÃO CRISTÓVÃO TEM FESTA JUNINA

Evento acontece durante sete dias com comidas típicas, brincadeiras, forró e decoração especial. CULTURA & LAZER, PÁG 8.

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ESPECIAL

EDIÇÃO ESPECIAL 358 15 A 22 DE JUNHO DE 2022

Tânia Rêgo -Agência Brasil

Número de jovens eleitores cresce 47% em comparação com 2018, segundo TSE Entre janeiro e abril, o país ganhou 2.042.817 novos eleitores REDAÇÃO

RIO DE JANEIRO (RJ)

N

Queda sistemática do número de inscrições iniciou em 2016

Com educação em desmonte, inscrições no Sisu caem 60%

Nos últimos 31 dias de cadastro, foram registrados 8.951.527 pedidos Segundo dados do Twitter, foram publicados durante a mobilização cerca de 6,8 mil tuítes com esse tema, que chegaram às telas de mais de 88 milhões de pessoas. Mais de 4,7 mil usuários da plataforma participaram da iniciativa, seja com publicações próprias ou com a retransmissão de postagens feitas por pessoas a quem seguem. Agência Brasil

este ano, o cadastro eleitoral para as Eleições 2022 bateu recordes, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Entre os meses de janeiro e abril deste ano o país ganhou 2.042.817 novos eleitores entre 16 e 18 anos. Esse número representa um aumento de 47,2% em relação ao mesmo período em 2018 e de 57,4% em relação aos quatro primeiros meses do ano em 2014. Em março deste ano, o país contou com o ingresso de 522.471 novos eleitores de 16 a 18 anos. Em abril esse número foi de 991.415 jovens com o primeiro título, um salto de 89,7% quando comparado ao mês anterior. Nos últimos 31 dias para o cadastro, foram registrados 8.951.527 pedidos, sendo 4.557.342 de forma presencial nos cartórios pelo sistema Elo e 4.394.185 solicitações feitas de forma virtual pelo Título Net.

Nos primeiros meses do ano, foram organizadas ações nas redes sociais como parte das iniciativas com o objetivo de incentivar os jovens a tirarem o título de eleitor. Essa mobilização nacional contou com a parceria de diversos influenciadores digitais, clubes de futebol, organizações da sociedade civil e instituições públicas e privadas.

Ações foram organizadas nas redes sociais para incentivar os jovens a tirar o título

O movimento é oposto ao que ocorreu a partir de 2010, quando o sistema foi criado REDAÇÃO

2,9 milhões, em 2011, para mais de 7,7 milhões, em 2015. A partir de então, hou» Dados do Sistema de Se- ve uma queda sistemática e leção Unificada (Sisu) mos- o número de inscrições em tram uma redução de 60% 2021 foi próximo ao do inínas inscrições nas institui- cio do programa, com pouções públicas de ensino su- co mais de 3 milhões. perior desde O mesmo 2015. O moviacontece no Número de mento é oposEnem. Em to ao que ocor- inscrições em 2021, o exareu a partir de 2021 foi próximo me teve pou2010, quando co mais de 4 milhões de o sistema foi ao do início do inscritos, o criado pelo programa, com Ministério da pouco mais de menor núEducação, no mero desde governo Lula 3 milhões 2009, quando adotou o (PT), para direcionar estudantes a unive- formato atual, funcionando risidades, a partir das notas como uma espécie de vesdo Exame Nacional do Ensi- tibular unificado. Na comno Médio (Enem). paração com 2015, quando O número de inscrições o número de inscritos che– cada estudante pode fa- gou a quase 7,8 milhões, a zer duas – saltou de quase redução foi de 48%. RIO DE JANEIRO (RJ)

CONSELHO EDITORIAL: Antonio Neiva (in memoriam), Carolina Dias, Joaquín Piñero (in memoriam), Mário Augusto Jakobskind (in memoriam), Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam), Cláudia Santiago, Gerson Castellano, Carolina Proner, Maíra Marinho, Pablo Vergara, Olímpio Alves www.brasildefatorj.com.br dos Santos, Silas Evangelista, Valéria Zacarias e Cristina Valle | EDIÇÃO: redacaorj brasildefato.com.br Mariana Pitasse | SUBEDIÇÃO:Eduardo Miranda | ADMINISTRAÇÃO: Aline Bernardino | DISTRIBUIÇÃO: Caroline Otávio | REDAÇÃO: Clívia fato_rj /brasildefatorj Mesquita, Jéssica Rodrigues, Jaqueline Deister, Luiz Ferreira e Lucas Maia brasildefatorj (21) 99373 4327 | DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga, Pablo Tavares e Érico Lebedenco.


ESPECIAL

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Levante Popular da Juventude completa 10 anos com encontro nacional em Niterói

Com o lema “na luta por um Brasil para os brasileiros”, o evento terá presença de Dilma Rousseff e João Pedro Stédile Divulgação

CLÍVIA MESQUITA

RIO DE JANEIRO (RJ)

O

Levante Popular da Juventude vai realizar em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, o encontro nacional da militância que marca o aniversário de 10 anos da organização. Cerca de 1500 jovens são esperados pela organização na Universidade Federal Fluminense (UFF), entre os próximos dias 16 a 19, para uma série de atividades com o objetivo de reafirmar o compromisso do movimento social “na luta por um Brasil para os brasileiros”, como afirma o lema do evento.

»Ao longo de 10 anos, o movimen-

Divulgação

Cerca de 1500 jovens são esperados pela organização na Universidade Federal Fluminense A programação começa com uma análise de conjuntura realizada pela vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Julia Aguiar, e o membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o economista João Pedro Stédile. Já na sexta-feira (17), um ato político vai celebrar a primeira década do Levante Popular da Juventude com a presença de parceiros históricos e figuras políticas como a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT). Para Maíra Marinho, da coordenação nacional do Levante no Rio, o momento é de reencontro após anos de isolamento, mas também de elaboração sobre o futuro do país. Desde 2016 a organização não realiza um encontro presencial e agora pretende renovar o compromisso político para o próximo período tendo em vista a aproximação das eleições deste ano.

ACOLHIMENTO E RENOVAÇÃO

Encontro acontece na UFF entre os próximos dias 16 a 19 de junho

“Para um movimento de juventude, essa troca é muito importante. É saber como o Levante está se construindo nos estado, reconhecer novidades que surgem da criatividade da militância, experiências cotidianas. Os encontros nacionais trazem muito esses momentos. É uma grande oportunidade às vésperas das eleições de animar nossa turma e nos colocar à disposição do povo brasileiro, considerando os desafios de 2022”, afirma Maíra.

Ao longo de 10 anos, o movimento organizou e foi protagonista de importantes lutas para a juventude e a classe trabalhadora no país. Em 2012, uma onda de escrachos aos torturadores da ditadura civil-militar foi o símbolo da nacionalização do Levante.

to organizou e foi protagonista de importantes lutas para a juventude e a classe trabalhadora no país. Em 2012, uma onda de escrachos aos torturadores da ditadura civil-militar foi o símbolo da nacionalização do Levante. Outros marcos foram as lutas contra a redução da maioridade penal e o extermínio da juventude negra, a denúncia do golpe contra Dilma e, mais recentemente, as campanhas de solidariedade. Maíra Marinho pontua que a estratégia de fortalecer o trabalho de base nos últimos anos garantiu que as ações chegassem a mais pessoas, principalmente durante a pandemia. Por isso, a atuação nas favelas e periferias urbanas continua prioritária para o Levante. “No momento que o povo brasileiro esteve sem uma retaguarda do governo, as organizações populares construíram uma série de campanhas de solidariedade em todo Brasil. Entendemos que era a maior forma de contribuição da esquerda no contexto que o governo Bolsonaro minimizava a pandemia, e que o auxílio emergencial foi uma luta e depois reduzido”, reforça a militante. Ela considera que um novo desafio para o Levante será pensar sua participação institucional enquanto movimento popular. “Sabemos que o resultado dessas eleições vão ser fundamentais para saber como vamos construir a luta no próximo período”, avalia. Um dos objetivos do encontro em Niterói é acolher a juventude que começou a integrar o Levante durante a pandemia. Para Maíra, vivenciar o espaço de construção dos eventos “significa uma formação política importante”.


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ESPECIAL

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Arquivo pessoal

CLÍVIA MESQUITA

RIO DE JANEIRO (RJ)

H

á um ano, a jovem negra Kathlen Romeu foi baleada durante uma operação policial no Complexo do Lins, zona norte do Rio de Janeiro, e não resistiu. Ela estava grávida de quatro meses do primeiro filho. A designer de interiores havia se mudado da comunidade um mês antes, justamente por temer a violência na região. Para a diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado, Cecília Oliveira, o caso mostra que "não existe um plano de segurança do estado do Rio''. “A morte da Kathlen é um retrato da ausência de um protocolo de atuação policial que proteja a vida dos moradores”, afirma. A Polícia Civil concluiu que o tiro partiu da arma de um policial militar. Desde sua morte, outras 1.161 pessoas foram atingidas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro durante ações ou operações policiais, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado. Assim como Kathlen, outras 504 pessoas morreram. No último final de semana, amigos, familiares e movimentos de favelas se reuniram no Lins para homenagear Kathlen. O ato cobrou justiça, inaugurou o memorial e cobriu com grafites os muros marcados de tiro na localidade conhecida como Beco da 14. Cinco policiais que participaram da ação respondem por falso testemunho e fraude processual, acusados de alterar a cena do crime. Segundo o Ministério Público do Rio (MP-RJ), o Juízo da Auditoria Militar está ainda na fase da oitiva de testemu-

CENÁRIO NACIONAL

Jovem foi baleada durante uma operação policial no Complexo do Lins, na zona norte do Rio

» Segundo o Anuário Bra-

Kathlen Romeu: caso evidencia ausência de plano de segurança no RJ Outras 1.161 pessoas foram baleadas na região metropolitana desde a morte da jovem , segundo Instituto Fogo Cruzado nhas da acusação e, em seguida, da defesa. MEDIDAS Na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) tramita o projeto de lei (PL) Kathlen Romeu, de autoria da deputada Renata Souza (Psol), que proíbe a prática de "troia", quando agentes da polícia invadem ilegalmente casas para ficarem escondidos de tocaia e atirarem assim que o suspeito se aproxima. Além do PL, Cecília Oliveira cita outros instrumentos que podem garantir uma atuação policial pautada na legalidade, como a implementação das câmeras nos

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, jovens de até 29 anos representaram 76% das vítimas de letalidade policial no país em 2020. Já o percentual de mulheres vitimadas dobrou, saltando de 0,8% (2019) para 1,6% (2020).

uniformes e um plano de redução da letalidade. Medidas essas que estão previstas na ADPF 635 apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou

a restrição das operações nas favelas durante a pandemia. “Um plano de segurança pública precisa ter diretrizes e metas claras sobre quais os principais objetivos no enfrentamento à criminalidade e à violência; detalhar com os diferentes órgãos de segurança pública como eles trabalharão juntos, cada um no exercício das suas funções. O Ministério Público, responsável por controlar externamente as atividades policiais, precisa ter seu núcleo de investigação fortalecido, e não enfraquecido, como ocorreu com o fim do GAESP [Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública]”.

sileiro de Segurança Pública, de 2020, as mortes decorrentes de intervenção policial no Brasil somaram 6.416 no primeiro ano da pandemia. A pesquisa identificou que 50 cidades brasileiras concentraram 55,8% do total de mortes por essa causa. O estado do Rio se destaca na lista com o maior número de municípios: 15 ao todo. As estatísticas ainda apontam a raça como fator determinante no perfil dos mortos por violência policial no país: cerca de 79% das vítimas de 2020 eram negras, padrão que se repetiu em levantamentos anteriores.

EFEITOS DA VIOLÊNCIA » A pesquisa “Construindo

Pontes”, da Redes da Maré traçou um raio-x da condição de medo que aflige os moradores do bairro considerado o maior conjunto de favelas do Rio. Tiroteios, operações policiais, ocupações militares, confrontos, mortes por intervenção do Estado, restrições à circulação são algumas situações que podem causar sofrimento aos expostos à violência recorrente, segundo a pesquisa. Ter alguém próximo atingido por uma bala perdida é o medo que mais de 70% dos entrevistados relataram sentir sempre ou muitas vezes. Entre os jovens de 18 a 29 anos, em específico, 59% estiveram em meio a tiroteios na Maré.


ESPECIAL

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Mais afetados pelo desemprego, jovens contam sobre as dificuldades de conseguir trabalho

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Mauro Pimentel / AFP

Informalidade, poucas vagas de trabalho e baixos salários afetam a faixa etária dos 18 e 24 anos EDUARDO MIRANDA

RIO DE JANEIRO (RJ)

O

s jovens entre 18 e 24 anos que compõem a população ativa economicamente estão entre os mais afetados pelos índices de desemprego dos últimos anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto a média nacional em todas as faixas etárias ficou em 10,5% no primeiro trimestre de 2022, a desocupação entre os jovens que tentam entrar no mercado de trabalho é de 22,8%. Historicamente, a média nessa faixa etária sempre foi mais alta, mas nos anos anteriores ao golpe contra a presidente Dilma Rousseff (PT) e nos governos do Partido dos Trabalhadores o índice se mantinha mais baixo, oscilando entre 12% e 16% no período em que o índice de desempregados na faixa etária acima (25 a 39 anos) teve média de 6%. Desde a reforma trabalhista no governo de Michel Temer (MDB), a informalidade tem se tornado parte considerável da oferta de emprego. Aos 23 anos e moradora de Venda da Cruz, bairro de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, Laryssa Costa contou à reportagem do Brasil de Fato que nunca conseguiu trabalhar com carteira assinada. “Nunca consegui trabalhar com

carteira assinada, apesar de sempre espalhar currículos por São Gonçalo e em Niterói. Depois que fiquei grávida, então, ficou ainda mais difícil. Tive trabalhos informais, mas como comprovo isso? Todos os lugares pedem experiência para pessoas que nunca tiveram experiência de trabalho”, desabafa, acrescentando que o ensino médio não concluído a prejudica nas buscas por uma vaga. SEM CARTEIRA A baixa escolaridade, contudo, não é o principal motivo para a falta de trabalhos que exigem mais anos de estudo, como acontece em parte do comércio e no atendimento ao público. Também morador de São Gonçalo, no bairro do Barro Vermelho, Vinícius Dias Monteiro, de 24 anos, estava prestes a ser efetivado no ano passado em uma empresa que prestava serviço de tecnologia a uma grande rede de supermercados. “Fiz todo o processo de treinamento, passei na entrevista, fui bem e estava a ponto de ser contratado, depois de ter estar nesse trabalho por quase dois meses, quando veio a informação de que a empresa precisava cortar custos. Desde agosto de 2021 estou sem trabalho. Agora, estou fazendo um curso de auxiliar veterinário e, futuramente, quero cursar a faculdade na área”, diz Vinícius.

Desde 2016, a informalidade tem se tornado parte considerável da oferta de emprego

A fraca recuperação econômica do país desanima Vinícius. Dez anos atrás, o primeiro trimestre de 2012 fechava o ciclo com desemprego de 16,1% entre os jovens na faixa etária dele. Dois anos depois, o índice no mesmo período caiu para 15,3%. Mas em 2021, ele foi de 30% no primeiro trimestre entre os jovens, até baixar para os atuais 22,8%. “Não falo só por mim. Vejo muita dificuldade para nós jovens, principalmente, quando procuramos trabalho com carteira assinada. Confesso que estou desesperançoso, bem desanimado, por uma série de questões do Brasil. Acho que a educação no país está cada vez pior, o desemprego está cada vez mais forte, junto com isso vem meu desânimo”, conta o jovem.

NÚMEROS TAXA DE DESOCUPAÇÃO*

10,5%

é a média geral em todas as faixas etárias

22,8%

é a média entre jovens

*No primeiro trimestre de 2022

Baixos salários »No fim de maio, durante a divulgação dos da-

dos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), a coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE, Adriana Beringuy, lembrou que a taxa de informalidade (trabalhadores sem carteira e sem direitos) e a queda do rendimento persistem no Brasil. A taxa de informalidade caiu de 40,4%, no trimestre anterior, para 40,1% da população ocupada e o país tem 38,7 milhões de trabalhadores informais. Já o rendimento caiu 7,9% no ano: R$ 2.569 no trimestre encerrado em abril, apresentando estabilidade frente ao trimestre anterior e queda de 7,9% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Para os jovens, porém, a situação de empregabilidade não apenas é mais difícil. O IBGE apurou, ainda, que a renda de trabalho na faixa dos 18 a 24 anos é de R$ 1.452, diferença de mais de mil reais em relação à média nacional em todas as faixas de idade. “Se a gente não se juntar, se a gente não for para a rua pedir mais emprego e uma educação melhor, vai piorar. As empresas, sozinhas, não vão querer fazer o bem e pagar salário melhor do que estão pagando agora. Alguma coisa precisa ser feita para isso mudar”, opina Laryssa Costa, que agora está em casa para cuidar do bebê Adrian, de seis meses. O marido dela acabou de ter a carteira assinada depois de muitos meses na informalidade.


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ESPECIAL

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Como as redes sociais podem fomentar o extremismo em jovens? Plataformas podem amplificar o comportamento extremista e influenciar de maneira negativa crianças e adolescentes ELOÁ ORAZEM

AFP

Na Califórnia (EUA), está em construção um projeto de lei que permite a pais processar as redes sociais

Alheio ao caos online, jovens americanos passam mais tempo do que nunca em frente às telas. Durante a pandemia de covid-19, as atividades digitais de crianças e adolescentes, nos Estados Unidos, passaram de 3,8 horas por dia, para 7,7 horas diárias. Mais tempo conectado, num país que não aprendeu a lidar com o discurso e o posicionamento extremista, on e offline, tende a ser uma equação perigoso para um país que sequer fez o "logout" da posse de armas.

Bail, professor de sociologia da Duke University Essa superexposição a argumentos extremos tende a normalizar as coisas, ou pelo menos flexibilizar uma régua moral, tornando-se um coquetel explosivo para quem procura validação externa. "Estamos constantemente examinando nosso am-

biente social em busca de pistas sobre como pertencer, como nos encaixamos, quem é amigo e quem é inimigo e, infelizmente, quando a mídia social distorce com quem interagimos, quando interagimos com esses extremistas, passamos a entendê-los como moderados", explica.

LOS ANGELES (EUA)

O

s sinais estavam todos lá, bastante claros, mas como o pior cego é aquele que não quer ver, continuamos de olhos bem fechados para o extremismo e a violência online, sobretudo aquela que afeta – e mata – crianças e adolescentes. Muito antes de invadir uma escola no Texas e abrir fogo contra seus ocupantes, matando duas professoras e 19 alunos, um jovem de 18 anos deixou rastros digitais. No Instagram, por exemplo, pode-se ver no perfil do atirador a foto de uma mão segurando uma revista sobre armas. No TikTok, uma mensagem alertando crian-

ças para "terem cuidado", e a imagem de dois rifles semi-automáticos. A tragédia de Uvalde não começou na manhã do dia 24 de maio; começou quando passamos a negligenciar o impacto das redes e da mídia na saúde mental dos usuários, especialmente os menores de idade. "Crianças e jovens são naturalmente fascinados por tudo que é estranho, único e extremo, e as mídias sociais podem ser um perigo, porque os algoritmos potencializam certos comportamentos, explica ao Brasil de Fato a pesquisadora Linda Charmaraman, diretora do Laboratório de Mídia, Juventude e Bem-Estar do Welles-

ley Centers for Women. "Essas redes começam a sugerir influencers e conteúdos com interesses similares, de forma que o sistema seja estruturado para lhe dar o que quer – mesmo que não seja bom", completa. O problema fica mais grave quando passamos a analisar as redes sociais como um espelho, um reflexo perfeito da sociedade, o que não é o caso. "As redes sociais são um prisma, não um espelho: no Twitter, por exemplo, 6% dos usuários são responsáveis por 73% dos posts políticos nos Estados Unidos, mas esses 6% mais 'barulhento' é também bastante extremista", pontua Chris

LEI PARA PROCESSAR AS REDES SOCIAIS?

»Ainda segundo o professor, é necessário reestruturar toda

a dinâmica social, porque a atual apenas incentiva discursos extremistas. Foi pensando nisso que a Califórnia passou a estudar um projeto de lei que permite a pais processar as redes sociais pelo vício de seus filhos. Alegando que o uso deliberado traz consequências físicas, emocionais, psicológicas e até financeiras a crianças e adolescentes, a Califórnia entende que é função das grandes empresas de tecnologia desabilitar mecanismos que possam provocar seu uso exacerbado por adolescentes. Caso seja aprovada, qualquer indivíduo exercendo a parentalidade de um jovem menor de 18 anos, que tenha vontade de diminuir a interação com as telas, mas que seja incapaz de fazê-lo por fatores emocionais ou psicológicos, pode abrir um processo. Enquanto os parlamentares estadunidenses discutem a medida, Linda diz que é muito comum a delegação da "culpa" pelo fracasso social. "Pais culpam a tecnologia, a tecnologia culpa o governo, o governo culpa as escolhas e por aí vai. No final, não é uma coisa ou outra. Todos esses atores têm um papel importante no desenvolvimento dos jovens", afirma.


ESPECIAL

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JAQUELINE DEISTER

RIO DE JANEIRO (RJ)

O

Juventude na política? Pesquisa aponta dificuldade do tema atrair pessoas de 15 a 29 anos Levante Popular da Juventude

Partidos políticos e Congresso Nacional estão entre as instituições que contam com menos confiança entre os jovens

Brasil bateu recorde no cadastro eleitoral de jovens neste ano. Em 2022, o país ganhou mais de 2 milhões de novos eleitores entre 16 e 18 anos. O número representa um aumento de 47,2% em relação ao processo eleitoral de 2018. Os dados são promissores, mas ainda há uma dificuldade em atrair a juventude para a participação política que vai além do voto.

Ainda há uma dificuldade em atrair a juventude para a participação política que vai além do voto A pesquisa “Juventudes no Brasil 2021” coordenada pelo Observatório da Juventude na Ibero-América (OJI) e realizada em parceria com pesquisadores de três universidades públicas sediadas no Rio de Janeiro: a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), conversou com 1.740 jovens entre 15 e 29 anos residentes em cinco regiões do país e constatou o desafio de atrair o jovem para uma participação política mais efetiva.

Segundo a pesquisa, jovens entre 15 e 29 anos tem pouca confiança nas instituições políticas

RESULTADOS DA PEQUISA Menos confiança entre os jovens:

Partidos políticos

82%

Congresso Nacional

80%

Segundo o estudo, as instituições que menos contam com a confiança dos jovens brasileiros são os partidos políticos (82%), o Congresso Nacional (80%), o governo (69%) e a presidência da República (63%). Para o professor da Faculdade de Educação da UFF e coordenador da pesqui-

Governo

69%

sa, Paulo Carrano, há uma crise no programa das instituições do mundo adulto que não conseguem estabelecer um diálogo eficaz com a juventude. “O esforço que deve ser feito é compreender que estamos num tempo que não basta ser instituição para ter o engajamento do jovem,

Presidência da República

63%

é preciso criar um campo do diálogo, de disputa de convencimento, e é preciso que as instituições deem bons exemplos de que são confiáveis. A confiança vai passar por essa aproximação, uma ponte mais pavimentada e segura”, explica o coordenador do Observatório Jovem.

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Mobilização dos jovens »A estudante de Gestão Pú-

blica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Katelyn Carvalho, de 23 anos, sabe bem a importância de incentivar os jovens a participar da política. A jovem, nascida no município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, começou a se envolver com o tema ainda no Ensino Médio, a partir da ocupação das escolas em todo o país em 2016. Katelyn estudou no Instituto de Educação Rangel Pastana, na cidade de Nova Iguaçu, também na Baixada Fluminense, a unidade ficou 54 dias ocupada pelos estudantes que reivindicavam melhores condições na escola. “No ano seguinte entrei na UFRJ, já entrei envolvida na lógica do movimento estudantil por conta desse histórico e lá eu me organizei no Levante Popular da Juventude. São dezenas de jovens em diversos cursos inseridos na luta pelo passe livre intermunicipal, por políticas de assistência e permanência estudantil, a defesa da universidade pública, contra os cortes e o sucateamento”, conta a estudante. Porém, o desafio para envolver o jovem na política, assim como apontou Carrano, é grande. Os dados da pesquisa Juventudes no Brasil mostram que 72% dos jovens entrevistados nem mesmo conversavam sobre política. “Eu acredito que a juventude está cheia de vontade de participar da história e construir mudanças reais, nosso desafio é apresentar a luta e retomar o trabalho de base entendendo quem são estes jovens”, comenta a estudante.


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CULTURA & LAZER

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Divulgação

CONFIRA ABAIXO A PROGRAMAÇÃO DAS QUADRILHAS Sexta-feira, 17 de junho »21h - Apresentação da Quadrilha Bate Coração, do bairro de Santíssimo, no Rio. Sábado, 18 de junho

»14h - Apresentação da

Quadrilha Corações Unidos, de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. »18h - Apresentação da Quadrilha Raconal, com participantes de vários estados brasileiros. »20h - Apresentação da Quadrilha Difícil é o nome, de São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

Domingo, 19 de junho

»13h – Quadrilha Gonza-

gão do Pavilhão, a quadrilha oficial da Feira de São Cristóvão, fazendo o “esquenta” do São João. »15h - Apresentação da Quadrilha Nazaré Show, de Anchieta, na zona norte do Rio.

Apresentação de quadrilhas acontecem desta sexta-feira (16) até o dia 30 de junho

Feira de São Cristóvão promove festa junina a partir deste fim de semana Ingresso para o tradicional espaço da cultura nordestina no Rio custa R$ 5

A

Feira de Tradições Nordestinas do Pavilhão de São Cristóvão, na zona norte do Rio, recebe durante sete dias a tradicional festa junina. Com comidas típicas, brincadeiras, forró e decoração especial, a feira promete transportar os par-

ticipantes "para a cultura nordestina com diversão a noite inteira". Os eventos acontecerão nos dias 16, 17, 18, 23, 24, 25 e 30 de junho. Além das quadrilhas da região metropolitana, como Juba do leão, Buraco Quente, Chapa Quente, É o fer-

vo, Pode C Show, entre outras, também se apresentam as quadrilhas de Angra dos Reis, Dona Junina, Dito Peres e Arrasta pé, de Macaé, no norte f luminense, a Quadrilha Lua de Prata, a Quadrilha da Melhor Idade e a Quadrilha LGBTQIA+.

SERVIÇO Como chegar Endereço: Campo de São Cristóvão, s/nº, Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas - São Cristóvão. Ingressos: R$ 5

Sexta-feira, 24 de junho

»Grande dia do Santo Ju-

nino. De 20h às 22h – Espetáculo junino completo, com a Quadrilha do Gonzagão do Pavilhão.

Sábado, 25 de junho

»14h - Apresentação da

Quadrilha Molecada que Agita, de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. »20h - Apresentação da Quadrilha Santa Rita, de Ramos, na zona norte do Rio.

Domingo, 26 de junho

»13h - Apresentação da Quadrilha Favo de Mel, de Paciência, na zona norte do Rio. »15h - Apresentação da Quadrilha Princesinha de Caxias, de Duque de Caxias.


CAÇA-PALAVRA PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

DICAS MASTIGADAS

Receita de Letícia Massula

www.coquetel.com.br

INGREDIENTES • • • • • •

500g de milho de canjica 2 litros de leite 3 xícaras (chá) de açúcar 1 xícara (chá) de leite de coco 1 xícara (chá) de coco ralado 3 cravos e 1 pau de canela

Chamar para uma festa

WWW.COQUETEL.COM.BR

Tipo de transferência bancária Sem valor ou sem efeito

Leviano; imprudente (gíria)

Primeira etapa de uma viagem

© Revistas COQUETEL Auxilia na locomoção de pacientes Pá do barco

Cão de pelagem branca e preta

Estabelecimento de ensino superior Divulgação

CANJICA DOCE

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CULTURA & LAZER

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O plano alternativo Fotocópia

Baixo; desprezível

Pai de Sandy e Junior Acolá; lá ao longe Meu, em italiano Sentir profunda aversão

Osso da face (Anat.)

Tipo de andaime suspenso (?) Mahal, palácio indiano Orado

Retida na memória Sim, em inglês

Pronome usado pelo egoísta Grudei

Baba espessa

MODO DE PREPARO

Sinal da vitória

»Cozinhe a canjica com água na panela de pressão por 25 minutos,

Repercussão acústica

até que fique bem macia; »Em uma panela junte o leite, o açúcar e as especiarias e deixe ferver até reduzir pelo menos um terço do volume, encorpar e virar um caramelo de leite; »Junte o milho cozido e escorrido, deixe ferver junto uns 10 minutos; »Finalize com 1 xícara de leite de coco e 1 xícara de coco ralado, misture bem, deixe ferver novamente e apague o fogo. Sirva com canela

Extremidade da mão

Selo de qualidade total (sigla)

R E L E S D O C

J A U R E M O

tos e Urubus, larguem minha fantasia" fica em cartaz até 3 de julho, de quinta a domingo, às 19h, com ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

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Solução TA O L O

BANCO

C N V I D A U L D A D L A L E O X M I O DI A R T A A R C O R A D R E E G O Z A R O A D O S D E D M P O R A A S I S

Claudia Ribeiro

Chuva muito forte Naipe do baralho

C I E P

Sesc Copacabana, na zona sul do Rio, levou aos palcos a atmosfera e os bastidores do histórico desfile da Beija-Flor na Marquês de Sapucaí, em 1989, saído das mãos do carnavalesco Joãosinho Trinta e do diretor de carnaval Laíla. O espetáculo "Joãosinho & Laíla: Ra-

Assume como filho legítimo

C F A B X E Ç M A D Y E V E TE N T C O

» Tem samba no teatro! É que o

Afundo na lama

3/doc — jaú — mio — taj — yes. 4/ciep. 5/copas — malar — tênis — xerox.

Ratos e Urubus vai da Sapucaí para os palcos

Calçado esportivo

Usufruir; desfrutar O popular Brizolão


10 CULTURA & LAZER

EDIÇÃO ESPECIAL 358 15 A 22 DE JUNHO DE 2022

Exposição “Crônicas Cariocas” leva à Praça Mauá o Rio que não está nos livros

Divulgação/MAR

Conceição Evaristo e Luiz Antônio Simas estão entre os curadores da mostra cultural

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om cu rador ia de Amanda Bonan, Conceição Evaristo, Luiz Antônio Simas e Marcelo Campos, a exposição “Crônicas Cariocas”, em cartaz até 31 de julho no Museu de Arte do Rio, na Praça Mauá, no centro da cidade, apresenta um Rio que não está nos livros nem nos roteiros turísticos. Ao decidirem montar uma coleção cultural carioca, os curadores se perguntaram: Que histórias ainda vale a pena contar? Como seguir diante de tantas narrativas sobre o fim? A vida que se tornou, cada dia mais, uma dádiva ainda nos restituirá a alegria, a esperança? Tentando dar respostas, Crônicas Cariocas escuta a cidade do Rio de Janeiro em seus balbucios, no encontro das calçadas, no canto dos pregoeiros, nas relações com a vizinhança, na esperança de abrir as janelas e ver que ainda vale o sorriso, que a lágrima será partilhada, que em qualquer sinal haverá alguém se lançando em malabarismos bem mais complexos do que o equilibrar das bolas e claves.

Exposição se propõe a ouvir sons das calçadas e da cidade

A exposição escuta, segundo os organizadores, o Rio das avós, daquelas que melhor sabem contar histórias e, em cada uma, um ensinamento sobre a vida, o nascimento e a morte. O Rio das encruzilhadas e seus deuses pagãos, das ciganas, dos malandros, das festas de louvor e sincretismo. "Queremos ouvir o Rio dos trens, em vagões onde sempre cabem poetas. De outro modo, acompanhar as crianças, os erês, em busca da alegria. Denunciar o desaparecimento das linhas de ônibus que

nos levavam ao trabalho e ao lazer. Cortar a cidade partida e expor suas cicatrizes, aquela da injustiça e do abandono. Narrar o Rio que se ornamenta e faz cara de rica que finge não ver os subúrbios e periferias”. Os objetos, os símbolos expostos no MAR contam uma cidade que à noite se encanta, se ilude e dança nas gafieiras, convidando quem a visita a rodar nas searas do desejo para além de toda adversidade. Essa mesma, essa cidade que se solidariza e se orgulha em ver a vitória dos que atravessaram o fim do mundo.

Espetáculo “Gêneres”, em Niterói, debate uso de conceito de gênero binário Iniciativa do Centro de Teatro do Oprimido tem curta temporada no Centro de Artes da UFF

» Nesta quarta-feira (15), às 19h, e na quarta da sema-

na que vem, o elenco do Centro de Teatro do Oprimido, através do projeto Teatro das Oprimidas, apresenta curtíssima temporada da peça “Gêneres”, sob direção de Bárbara Santos, no Centro de Artes da UFF, em Icaraí, Niterói. A peça de Teatro-Fórum debate como a persistência na utilização de um conceito de gênero com estrutura binária pode afetar avanços sociais e promover a intolerância e a violência na convivência cotidiana. Como aprendemos a desempenhar papeis sociais a partir desse conceito de gênero? Quais mecanismos de “convencimento” ou de coerção são utilizados nos espaços sociais (família, escola, religião, etc.) para colocar cada pessoa em uma das duas caixinhas supostamente disponíveis: ele ou ela, azul ou rosa? 'Gêneres' é uma produção de Teatro-Fórum baseada em Estéticas Feministas com o objetivo de revelar processos sociais por meios estéticos e de propor o diálogo interativo entre palco e plateia para buscar meios A peça é fruto do laboratório CriaDasOprimidas, um espaço de criação artística. As ações do projeto Teatro das Oprimidas do CTO têm patrocínio da Petrobrás e da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. "Gêneres"

SERVIÇO

Quando: 15 e 22 de junho - quartas-feiras Horário: 19h Local: Centro de Artes da UFF Endereço: Rua Miguel de Frias, 9 - Icaraí / Niterói Laura de Carvalho

Peça é fruto do laboratório CriaDasOprimidas


ESPORTES

EDIÇÃO ESPECIAL 358 15 A 22 DE JUNHO DE 2022

Austrália se classifica para a Copa do Mundo com vitória sobre o Peru

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Reprodução/Redes sociais

Partida terminou em 0 a 0 e decisão acabou nos pênaltis Reprodução/Redes sociais

Atualização de ranking colocará a tenista entre as 40 melhores do mundo

Tenista brasileira entra em ranking das melhores do mundo Vitória na Inglaterra é o maior título da carreira da atleta paulista

» A tenista brasileira Bia Haddad venceu a norte-americana Alison

Seleção australiana participará de sua quinta Copa do Mundo seguida

O mais querido do Brasil » Uma pesquisa da Sport Track

divulgada na última terça-feira (14) mostrou que o Flamengo se mantém com a maior torcida do Brasil. O levantamento aponta que 24% dos brasileiros torcem pelo Rubro Negro. Na sequência, vêm Corinthians (18%), São Paulo (11,5%) e Palmeiras (9,8%).

se tornou um herói ao usar diversas estratégias para distrair os jogadores que bateram o pênalti. Em uma delas, ele dançou em cima da linha de meta e conseguiu barrar a cobrança de Alex Valera. Em sua quinta Copa do Mundo seguida e sexta no total, a Austrália jogará no Grupo D com a atual campeã, França, a Dinamarca e a seleção da Tunísia. Também pela repescagem intercontinental, a última vaga para o Mundial será decidida entre a Nova Zelândia e a Costa Rica. Eitan Abramovich/AFP

FEITO HISTÓRICO NA GINÁSTICA BRASILEIRA Divulgação/CBD

A

pós o empate por 0 a 0, a Austrália conquistou a vaga na Copa do Mundo do Catar, no fim do ano. Na repescagem continental, a equipe se saiu melhor que o Peru no jogo da última segunda-feira (13). A vitória ocorreu nos pênaltis, por 5 a 4. O goleiro da Austrália, Andrew Redmayne, entrou no fim da prorrogação e defendeu o último pênalti, assegurando a vaga da Copa, que começa em 21 de novembro e vai até 18 de dezembro. Na partida, Redmayne, que entrou a três minutos do fim da prorrogação,

Riske por 2 sets a 1 (6-4, 1-6, 6-3) na final do WTA 250 de Nottingham, na Inglaterra, na manhã do último domingo (12). A vitória representou o maior título da carreira da atleta paulista e colocará a tenista entre as 40 melhores do mundo na próxima atualização do ranking. No torneio disputado em piso de grama, Bia Haddad conquistou cinco vitórias, passando, inclusive pela grega Maria Sakkari (quinta do mundo de cabeça de chave número sete do campeonato).

O ginasta Caio Souza se tornou o primeiro brasileiro a ganhar medalhas em todos os aparelhos na Copa do Mundo de Ginástica Olímpica, na Croácia, no último fim de semana. Foram duas medalhas de prata, uma no salto e outra nas argolas. Além de dois bronzes, um no cavalo de alças e um na barra fixa. É um feito histórico para a ginástica brasileira.


12 ESPORTES PAPO ESPORTIVO

uem acompanhou as principais mesas de debate após o fatídico 7 a 1 na Copa do Mundo de 2014 ouviu muita gente falar de uma série mudanças necessárias que precisavam ser feitas no futebol brasileiro. No entanto, foram poucos os que falaram no trabalho de base, na captação de atletas e na potencialização dos talentos que surgiam ainda novos em cada campinho de grama ou de terra espalhado por esse Brasilzão de meu Deus. Falou-se em mudanças de filosofia no alto rendimento, mas pouco se falou na fonte de talentos do velho e rude esporte bretão (que ainda é riquíssima). Não é preciso ser nenhum gênio para descobrir que as principais potências esportivas do planeta são o que são porque investem na base e na formação de novos atletas todos os anos. Não se trata apenas de vencer competições Sub-15, Sub-17 ou Sub-20, mas de entender que o esporte precisa fazer parte do desenvolvimento de qualquer ser humano. Vejam Rebeca Andrade, por exemplo. A ginasta medalhista de ouro no salto sobre o cavalo nos Jogos Olímpicos de Tóquio foi descoberta num projeto social em Guaruhos, na sua cidade natal. Isaquias Queiroz (medalhista de ouro na prova C-1000 da canoagem na mesma edição da Olimpíada) também foi descoberto cedo e teve o talento trabalhado até chegar onde chegou. As seleções masculina e feminina de vôlei possuem

LUIZ FERREIRA

JUVENTUDE NO ESPORTE: o caminho está na base

Brasil Feminino Sub-17 (Adirano Fontes - CBF)

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EDIÇÃO ESPECIAL 358 15 A 22 DE JUNHO DE 2022

Só agora o Brasil está percebendo que investir na base e na juventude dá resultado

um trabalho forte na base e estão entre as melhores do mundo há pelo menos 20 anos.

Infelizmente, ainda tem muita gente que enxerga esse investimento como “gasto” Voltando ao futebol, podemos falar da espanhola Alexia Putellas. A melhor jogadora do mundo na temporada passada esteve presente nas conquistas da Eurocopa Sub-17 em 2010 e 2011 e faz parte de quase todas as seleções de base.

Como vocês estão vendo (e lendo), não é algo que demande resultados imediatos. Foram mais de 10 anos de trabalho até que Putellas finalmente despontasse como a grande jogadora que é. Só agora o Brasil está percebendo que investir na base e na juventude dá certo. A nossa Seleção Feminina foi campeã sul-americana Sub-17 e Sub-20 em 2022 e revelou grandes talentos para a modalidade. Não é difícil imaginar jogadoras como Dudinha, Jhonson, Aline Gomes, Yaya, Tarciane, Gabi Barbieri, Rafa Levis, Lauren e várias outras brilhando num futuro não muito distante nos gramados brasileiros e internacionais.

O grande X da questão está em enxergar o investimento na juventude não apenas como uma maneira de se formar times fortes e de transformar o país em potência esportiva, mas de entender que isso é crucial na formação do cidadão, no cuidado com a saúde e na própria integração social das diferentes camadas da nossa sociedade. Infelizmente, ainda tem muita gente que enxerga esse investimento como “gasto” ou como “dinheiro jogado fora” por não entender (ou não querer entender) que o esporte salva vidas. Todas elas. Vivemos tempos sombrios e difíceis. Imaginem o que seria de Rebeca Andrade, de Viní-

cius Júnior, de Alison dos Santos, de Isaquias Queiroz, de Serginho “Escadinha” e de mais uma série de grandes atletas brasileiros que brilham no exterior se o esporte não tivesse aparecido na vida de cada um deles. Imaginem o que seria de cada jovem sem esses projetos e sem a legislação que garante um mínimo de sustento para quem escolheu viver do esporte (legislação essa que ainda resiste bravamente apesar dos golpes sofridos nos últimos anos). Um sábio da antiguidade já dizia: a salvação do país está nos jovens. Mas para que eles consigam se tornar adultos e realizar seus sonhos, precisamos criar meios para isso.


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