Brasil de Fato RJ - 307

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RIO DE JANEIRO Ano 7

edição 307

25 de abril a 1º de maio de 2019

distribuição gratuita

brasildefato.com.br

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@Brasil_de_Fato

BRASILEIRÃO 2019 TERÁ O ÁRBITRO DE VÍDEO Confira os comentários sobre o VAR e também sobre os principais times do Rio. ESPORTE, PÁG 12.

AFP

REFORMA DA PREVIDÊNCIA CAMINHA NA CÂMARA

Fernando Torres/CBF

RJ

ENTIDADES SOMAM FORÇAS PARA COMBATER ABUSOS DAS FORÇAS DE SEGURANÇA NO RIO

E TRABALHADORES AGENDAM MANIFESTAÇÕES

O Grupo de Trabalho foi lançando no mesmo dia em que deputados aprovaram porte de armas para agentes do Degase. Saiba mais. GERAL, PÁG 5.

GERAL, PÁG 7.

João Roberto Ripper

CAMPANHA COLETIVA QUER TORNAR PÚBLICAS 140 MIL FOTOGRAFIAS DE JOÃO ROBERTO RIPPER

Carl de Souza/AFP

Acervo de 50 anos do fotógrafo inclui imagens icônicas de movimentos sociais e populações tradicionais. CULTURA & LAZER, PÁG 9.

ACAMPAMENTO REÚNE 4 MIL INDÍGENAS EM BRASÍLIA POR DIREITO A TERRITÓRIO Representantes de cerca de 150 povos indígenas do Brasil estão reunidos no Acampamento Terra Livre. GERAL, PÁG 6.


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GERAL

RJ

RIO DE JANEIRO, 25 DE ABRIL A 1O DE MAIO DE 2019

EDITORIAL

LOBO EM PELE DE

CHARGE | PAULO BATISTA

DITADOR

B

olsonaro anunciou na última semana a venda de metade das refinarias da Petrobras. Um verdadeiro assalto ao patrimônio público. A Petrobras nasceu para servir ao povo brasileiro, mas desde o governo Temer está a serviço do mercado, apenas para gerar lucrou. Bolsonaro anunciou outras medidas absurdas. Uma delas foi o fechamento de centenas de conselhos de políticas públicas e participação social. Com isso, deixou claro: não acredita na participação popular. Outra medida recente foi enviar ao Congresso proposta que anula o ganho real do salário. A política de valorização do salário mínimo foi uma das principais medidas dos governos Lula e Dilma para distribuição de renda. São os mais pobres que vivem e dependem do salário mínimo. Deixar de reajustá-lo acima da inflação é tirar de quem mais precisa. TRISTE MOMENTO

E quem se beneficia com isso? Os patrões, os mais ricos, a classe dominante. Medida após medida fica claro que o povo brasileiro elegeu em outubro de 2018 um representante das elites, dos banqueiros, dos interesses internacionais. E pior, ele nem teve que se vestir em pele de cordeiro. Desde sempre, Bolsonaro se mostrou contra a democracia, contra a participação, contra os trabalhadores, contra os direitos. E os absurdos se contam na casa dos segundos. Que triste momento vive o Brasil! Temos um presidente que encontra as portas fechadas por onde passa. Também na última semana o prefeito de Nova York chamou Bolsonaro de “perigoso”, “racista” e “homofóbico”. E um restaurante caríssimo disse “não” à recepção do inepto presidente. Toda história tem seu início. Há três anos Eduardo Cunha comandava o início do processo de impeachment de Dilma Rousseff. E de gângster em gângster, com Globo, STF, Forças Armadas, empresários, agronegócio, Lava Jato e demais instrumentos utilizados pela classe dominante na luta política, o Brasil segue afundando. Mas essa história terá fim. O programa deles, de enxugamento do Estado, dos direitos, arrocho para os pobres, só agrava a crise. O povo aprende na dor e não tarda o cipó de aroeira voltar para o lombo de quem mandou dar. www.brasildefato.com.br brasildefatorio@gmail.com /brasildefatorj @Brasil_de_Fato (21) 99373 4327 (21) 4062 7105

RJ

ACESSE: brasildefato.com.br/rio-de-janeiro/

CONSELHO EDITORIAL Alexania Rossato, Antonio Neiva (in memoriam), Carolina Dias, Igor Barcellos, Joaquín Piñero, Mario Augusto Jakobskind (in memoriam), Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam) | EDIÇÃO Mariana Pitasse e Vivian Virissimo | ADMINISTRAÇÃO Angela Bernardino e Erivan Silva | DISTRIBUIÇÃO Carolina Dias | REDAÇÃO Clívia Mesquista, Denise Viola, Eduardo Miranda, Filipe Cabral, Flora Castro, Luiz Ferreira e Jaqueline Deister | DIAGRAMAÇÃO Aline Ranna e Juliana Braga.


RJ

Na internet, população pode acessar relatórios e se informar sobre retrocessos provocados pela gestão de Bolsonaro

GERAL

RIO DE JANEIRO, 25 DE ABRIL A 1º DE MAIO DE 2019

PARTIDOS DO CAMPO PROGRESSISTA CRIAM OBSERVATÓRIO PARA FISCALIZAR ATOS DO GOVERNO FEDERAL Sérgio Lima/AFP

EDUARDO MIRANDA

RIO DE JANEIRO (RJ)

O

s desmontes que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) vem promovendo em relação aos direitos adquiridos pelos trabalhadores e trabalhadoras e pela Constituição de 1988 – como é o caso da reforma da Previdência – passaram a ser fiscalizados por fundações ligadas a sete partidos do campo progressista que compõem a oposição ao governo federal. No dia 31 de janeiro, fundações partidárias como a Lauro Campos-Marielle Franco (Psol), João Mangabeira (PSB), Leonel Brizola-Alberto Pasqualini (PDT), Maurício Grabois (PCdoB), da Ordem Social (Pros), Cláudio Campos (PPL) e Perseu Abramo (PT) criaram o Observatório da Democracia, que está produzindo relatórios mensais sobre os atos do governo.

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Bolsonaro e Mourão: governo sem compromisso com a democracia

Presidente da Perseu Abramo, o economista Márcio Porchmann disse ao Brasil de Fato que o objetivo do Observatório é lançar luz sobre atos obscuros do governo Bolsonaro e tornar mais evidente para a população a perda de conquistas em políticas públicas nas últimas décadas. Disponíveis no site do Observatório da Democracia, os relatórios oferecem também propostas contra os

retrocessos sociais. “A população brasileira precisa ter mais informações sobre a destruição de políticas públicas que afetam a vida de todos. Esse nosso trabalho faz parte de um engajamento que já envolve outras instituições de pesquisa, da sociedade civil justamente porque elas também são portadoras de reflexões e análises sobre o momento que estamos vivendo”, afirma Pochmann.

TAREFAS Cada uma das fundações abraçou um tema importante do debate público. A Perseu Abramo vem acompanhando em seus relatórios os atos no campo da economia, enquanto a fundação ligada ao PDT fiscaliza e monitora ações sobre a soberania nacional. O PSB acompanha temas relacionados à ciência, tecnologia e educação. Já o Psol enfoca o mundo do traba-

lho. O Pros fiscaliza a relação entre os poderes Executivo e Legislativo. O PCdoB monitora os riscos à democracia do país. “É um governo sem compromisso com as instituições, com o instituto da democracia e com a própria noção de República. Por isso, nosso trabalho é grande e, por essa mesma razão, estamos em busca de parcerias com entidades da sociedade civil para fiscalizar”, explica Francisvaldo Mendes, presidente da Fundação Lauro Campos-Marielle Franco. No site (observatoriodademocracia.org.br), a população já pode acessar os relatórios de fevereiro e março, além de um documento sobre os primeiros 100 dias do Governo Bolsonaro e um outro relatório sobre os três primeiros meses com ênfase na questão dos direitos humanos.

Saldão de cargos na Prefeitura

»O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), continua promovendo a dança das cadeiras para evitar seu impeachment. Depois de recriar secretarias e dar cargos ao PP, agora o beneficiado é o PMN. No início de abril, a Câmara dos Vereadores aceitou uma denúncia contra o prefeito na qual ele é acusado de beneficiar uma empresa de publicidade que teve contrato renovado sem licitação. O prejuízo estimado com o dinheiro público é de R$ 30 milhões.

Um Rasputin piorado

»O fogo-amigo promovido pelo tarólogo e conselheiro Olavo de Carvalho é tão forte que o governo Bolsonaro, que já mete os pés pelas mãos sozinho, quase não precisa de oposição. Consta que o místico Rasputin, curandeiro e conselheiro dos Romanov, a família real russa, era bem menos enfurecido. Mesmo assim, Rasputin foi assassinado em 1916 e no ano seguinte veio a queda dos Romanov e a chegada do povo ao poder, com a Revolução Russa. Olavo preocupa mais o governo que a oposição.

Acabou a mamata?

»O povo quer saber: qual é a experiência de gestão pública do ator Thiago Gagliasso, recém-nomeado para assumir um cargo na Secretaria Estadual de Cultura? Sabemos que ele já brigou publicamente com o irmão Bruno Gagliasso e a cunhada Giovanna Ewbank para defender Jair Bolsonaro. Sabemos também que ele participou do reality show A Fazenda e que ele pediu, no Twitter, um emprego para Bolsonaro. Mais que isso, não sabemos. Cartas para a redação, por favor!

Divulgação

FAT O S DA SEM A N A Thiago Gagliasso foi nomeado para assumir um cargo na Secretaria Estadual de Cultura


GERAL

RIO DE JANEIRO, 25 DE ABRIL A 1O DE MAIO DE 2019

QUASE TRÊS MESES APÓS CRIME DE BRUMADINHO, VALE TEM 32 BARRAGENS INTERDITADAS EM MG

RJ

Agência Brasil

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Das estruturas com atividade suspensa, três estão no Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG) REDAÇÃO

SÃO PAULO (SP)

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uase três meses após o crime socioambiental de Brumadinho (MG), a Agência Nacional de Mineração (ANM) e a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) interditaram as atividades de 32 barragens da mineradora Vale em Minas Gerais. O levantamento foi feito pela própria empresa, após solicitação da Agência Brasil – que acrescentou à lista outras duas barragens localizadas em Sabará (MG), Galego e Dique da Pilha 1, alvos de uma decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) publicada no dia 9 de abril. Das estruturas interditadas, três estão na Mina Córrego do Feijão, onde ficava a barragem que se rompeu no dia 25 de janei-

ro de 2019. Além de Brumadinho, as estruturas com operações suspensas se situam nas cidades mineiras de Nova Lima, Ouro Preto, Itabirito, Itabira, Barão de Cocais, Rio Piracicaba e Mariana. O Tribunal de Justiça de Minais Gerais (TJMG) conseguiu, por meio de liminares, interditar a barragem Laranjeiras e outras estruturas da Mina de Brucutu, a maior de Minas Gerais, situada no município de São Gonçalo do Rio Abaixo. Na semana passada, porém, a mineradora conseguiu aval da Justiça para retomar as atividades. Nove das 32 barragens com atividade suspensa estão em processo de descomissionamento, conforme anúncio feito cinco dias após a tragédia de Brumadinho. Todas elas foram construídass pelo método a montante, com maior risco de rompimento.

Em decorrência do crime de Brumadinho, 271 pessoas estão fora VOCÊ SABIA de suas casas, segundo dados da própria Vale. Em todo o estado, são mais de mil atingidos pelas evacuações. O município mais afetado é Barão de Cocais, onde 456 pessoas não sabem quando poderão retornar às suas residências.

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Com Brasil de volta ao Mapa da Fome, MTST lança campanha de arrecadação de alimentos PAMELA OLIVEIRA

SÃO PAULO (SP)

» O Movimento dos Tra-

balhadores Sem-Teto (MTST) lançou, nesta semana, a Campanha Nacional de Arrecadação de Alimentos “Periferia Sem Fome”. A campanha teve início no dia 18 de abril e

vai até o dia 17 de maio. Todos os alimentos arrecadados serão destinados às famílias que fazem parte das ocupações e das comunidades acompanhadas pelo movimento. As arrecadações serão feitas em pontos de coleta nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Mi-

nas Gerais, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Distrito Federal e Rio Grande do Sul. Também podem ser feitas doações virtuais por meio do site do movimento. Para Guilherme Boulos, coordenador nacional do MTST, as políticas de austeridade agravam as con-

dições de alimentação da população. “A cada dia que passa, a vida do nosso povo só piora. Desemprego, redução salarial, perda de oportunidades”, afirma. A campanha lembra que o Brasil voltou aos patamares de pobreza e extrema pobreza de 12 anos atrás, segundo o levanta-

mento da ActionAid Brasil. Dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS), do IBGE, mostram que, entre 2016 e 2017, a pobreza da população passou de 25,7% para 26,5%. Além das doações de alimentos não perecíveis, a população pode contribuir, também, criando um ponto de arrecadação. Para isso, basta enviar um email para periferiasemfome@gmail.com solicitando as orientações.


RJ

GERAL

RIO DE JANEIRO, 25 DE ABRIL A 1º DE MAIO DE 2019

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Entidades somam forças para combater abusos das forças de segurança no Rio O Grupo de Trabalho de Defesa da Cidadania é uma aposta para ampliar o diálogo entre movimentos populares e judiciário Ascom/MPF/2a Região

JAQUELINE DEISTER

A iniciativa pretende contribuir com a formação de políticas públicas para a área de segurança

RIO DE JANEIRO (RJ)

O

lançamento do Grupo de Trabalho Interinstitucional de Defesa da Cidadania ocorreu nesta quarta-feira (24) no auditório da Procuradoria Regional da República da 2º Região, no centro do Rio de Janeiro. A iniciativa é um esforço de ampliação do diálogo entre os movimentos populares e Judiciário, o Ministério Público (MP), a Defensoria Pública e a Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ) para incidir de forma mais direta na formação de políticas públicas para a área de segurança e acompanhar casos de violações de direitos humanos durante a atividade das forças policiais e militares. O coordenador do GT e procurador regional, Marcelo de Figueiredo Freire, explica que a força do grupo está na sua composição

que inclui todos os órgãos do sistema de justiça mais instituições da sociedade civil que militam na área de direitos humanos. De acordo com ele, as ações deliberadas pelo grupo têm como princípio assegurar os direitos fundamentais para a população. “O objetivo é formatar propostas que compatibilizem direitos humanos com uma política de segurança pública que atenda aos direitos fundamentais. A intenção é agregar ideias

para contribuir dentro de uma política de segurança pública que observe a Constituição e as leis. Queremos agregar propostas dentro deste seguimento”, destaca Freire. Para Gizele Martins, comunicadora comunitária e do movimento de favelas do Rio de Janeiro, a criação do GT é o primeiro momento de diálogo com o sistema de justiça e os poderes públicos. Segundo ela, essa proximidade é um momento para trabalhar a

sensibilidade dos integrantes da justiça com relação aos problemas vivenciados pela população pobre. “A gente não tem muitas garantias no nosso cotidiano. Não temos direito à casa, à água, à luz, à segurança, temos uma militarização da vida, operação todos os dias na favela. Essa é uma tentativa de diálogo, mas sem deixarmos de protestar. Queremos que ouçam a gente e que sejam provocados nesses debates que trazemos historicamente pelos movimentos”, relata. AÇÕES Neste primeiro momento, o GT Interinstitucional de Defesa da Cidadania lançou três notas técnicas que tratam das declarações do governador Wilson Witzel (PSC) que orienta as policiais estaduais a “abaterem” pessoas que portem fuzil ou armamento restrito; a modificação do benefício previ-

denciário auxílio-reclusão a partir da edição da Medida Provisória 871/2019 e a análise do Projeto de Lei 1.825/2016 da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) que autoriza o porte de arma de fogo para agentes socioeducativos do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (DEGASE). Participam do GT representantes do Ministério Público Federal, Ministério Público Militar, Ministério Público estadual, Defensoria Pública da União no Rio, Defensoria Pública estadual, OAB-RJ [Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária], e das organizações da sociedade civil Fórum Grita Baixada, Maré 0800 [Movimento de Favelas do Rio de Janeiro], Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência, Centro de Assessoria Popular Mariana Criola e Frente Estadual pelo Desencarceramento do Rio de Janeiro.

DEPUTADOS APROVAM PORTE DE ARMAS PARA AGENTES DO DEGASE, NO RIO »Na tarde da última quarta-

feira (24), a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou o Projeto de Lei 1.825/16 que permite o porte de armas para os agentes do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase). Foram 46 votos sim, nove não e três abstenções.

Para o coordenador do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente do Rio de Janeiro (CEDECA RJ), Pedro Pereira, com a decisão favorável ao armamento, os agentes de segurança socioeducativos passam a se equiparar aos agentes penitenciários o que afasta a proposta

original do Degase, que inclusive, é ligado à Secretaria Estadual de Educação. “Essa proposta é inconstitucional e a nossa luta será agora junto a Procuradoria Geral da República e o judiciário para reverter essa medida adotada pela Assembleia”, conta.

De acordo com o PL de autoria do deputado Marcos Muller (PHS), os agentes poderão portar armas de propriedade particular e usar fora do ambiente de trabalho, desde que atuem no regime de dedicação exclusiva; comprovem capacidade técnica e aptidão psicológica e passem por mecanismos de fiscalização

e de controle interno. O projeto chegou a ser votado no dia 10 de abril estendendo o porte de armas para deputados, auditores fiscais e polícia legislativa. O Ministério Público Federal (MPF) enviou um ofício ao governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), alertando sobre a inconstitucionalidade da matéria.


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GERAL

RIO DE JANEIRO, 25 DE ABRIL A 1º DE MAIO DE 2019

RJ

STJ mantém condenação de Lula e reduz a pena

Advogados pedem a absolvição do ex-presidente e entendem que a Corte não analisou o mérito do processo RAFAEL TATEMOTO

BRASÍLIA (DF)

P

or unanimidade, quatro ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiram reduzir na última terça-feira (23) o tempo de pena do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no chamado "caso triplex", no qual o petista foi condenado em primeira e segunda instâncias. De acordo com a pena fixada, Lula terá que cumprir 17 meses para ir ao regime semiaberto – ou seja, faltariam quatro meses, e ele poderia deixar a carceragem em setembro. Membro da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (Renap) e mestre em Direito pela Universidade de Brasília (UnB), Patrick Mariano afirma que a decisão do STJ "demonstra que houve um exagero" na pena imposta pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em segunda instância. Ele, entretanto, defende que a revisão feita nesta terça (23) deveria ser mais profunda: "O correto seria anular o processo. Não há provas e há várias nulidades", ressalta. Cristiano Zanin Martins, advogado do ex-presidente, entende que a Corte não analisou o mérito do processo. "Expressamos a inconformidade

Representantes de cerca de 150 povos indígenas estão em Brasília

ACAMPAMENTO TERRA LIVRE REÚNE 4 MIL INDÍGENAS EM BRASÍLIA POR DIREITO A TERRITÓRIO

Polícia do DF alterou o local do evento na capital; Força Nacional foi acionada pelo governo RAFAEL TATEMOTO

BRASÍLIA (DF)

Lula terá que cumprir 17 meses para ir ao regime semiaberto

da defesa em relação ao resultado do julgamento, pois entendemos que o único desfecho possível é a absolvição do ex-presidente Lula porque ele não praticou qualquer crime", disse, por meio de nota. "Por outro lado, não podemos deixar de registrar que pelo menos um passo foi dado para debelar os abusos praticados contra o ex-presidente Lula pela Lava Jato". Um dos principais questionamentos de Zanin é que o fato de a defesa não ter sido autorizada a participar do julgamento por meio de sustentação oral. A ampla defesa é uma garantia prevista na Constituição de 1988 que deve prevalecer sobre qualquer disposição do Regimento Interno do Tribunal, segundo entendimento reafirmado pelo STF.

VOCÊ SABIA

?

Os quatro ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) votaram para que a pena total, que inclui as acusações de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, seja de oito anos, 10 meses e 20 dias. A punição imposta pelo Tribunal Regional Federal da Quarta Região era de 12 anos e um mês. A multa por reparação de danos também foi reduzida: de R$ 29 milhões para R$ 2,4 milhões.

» Representando cerca de 150

povos indígenas do Brasil, cerca de quatro mil pessoas se reuniram na última quarta-feira (24) em Brasília para o Acampamento Terra Livre. Realizado anualmente em Brasília, o evento chega em 2019 à sua 15ª edição. Este ano, é realizado dos dias 24 a 26 de abril. As estruturas do Acampamento começaram a ser montadas na manhã da quarta em local próximo ao Congresso Nacional. Com a chegada da Polícia do Distrito Federal, os indígenas tiveram de se realocar na Praça da Cidadania, ao lado do Teatro Nacional, também na Esplanada dos Ministérios. Por conta da expectativa de instalação do Terra Livre na Esplanada, o Ministério da Justiça autorizou o emprego da Força Nacional no local. A medida foi recebida pelos indígenas “sem grande surpresa” e demonstra a “incapacidade de diálogo do governo federal”, segundo Lindomar Terena, da Articulação dos

Povos Indígenas do Brasil. “[Recebemos a notícia] sem estranhamento, a gente já via o posicionamento do governo federal. Essa forma 'legalista' do Ministro da Justiça atuar. A gente entende que o emprego da Força Nacional demonstra que o Estado brasileiro, nossos governantes, não estão preparados par entender quais são os direitos originários, o que é terra indígena”, diz. Noiníciodanoite,osintegrantes do Terra Livre seguiram em marcha da Esplanada até o Supremo Tribunal Federal. Kaxuyana afirma que a ação se baseia em “nossa serenidade e espiritualidade”, além de demonstrar que o movimento dos indígenas está “vigilante” em relação aos seus direitos. Um dos pontos que os indígenas debatem no Acampamento é como se articular para barrar o chamado marco temporal no STF. O cerne da questão é a ideia, combatida por indígenas e indigenistas, de que os povos originários só teriam direito a territórios ocupados no momento de edição da Constituição de 1988.


RJ

GERAL

RIO DE JANEIRO, 25 DE ABRIL A 1º DE MAIO DE 2019

COMISSÃO DA CÂMARA APROVA RELATÓRIO DA PEC DA PREVIDÊNCIA

Divulgação

Parecer foi aprovado por 48 votos a favor e 18 contra; projeto agora segue para avaliação em comissão especial CRISTIANE SAMPAIO

BRASÍLIA (DF)

A

1º de maio terá atos em todo Brasil contra propostas de Bolsonaro

definição de aposentadoria compulsória da Constituição, proposta pela reforma, que permitiria a definição de uma idade máxima para esse tipo de aposentadoria de servidores públicos por meio de lei complementar. Já a última mudança trata da exclusão do trecho que previa exclusividade para o Poder Executivo na proposição de mudanças para as regras do sistema previdenciário. “Foi uma mudança pequena. Na verdade, não se negociou nada do que era mais importante. O que está por trás disso é que o governo usou cargos e emendas pra convencer deputados do Centrão a fechar acordo pra votar a reforma”, criticou o líder da bancada do PSOL, Ivan Valente (SP). As principais críticas à PEC que vinham sendo apresentadas por partidos do Centrão nas últimas semanas não foram contempladas na negociação costurada pelo governo. Os pontos diziam respeito à retirada das mudanças propostas pela PEC para os trabalhadores rurais e para a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC) a idosos.

LEONARDO FERNANDES

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, na última terça-feira (23), o relatório a favor da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 6/2019, nome técnico da reforma da Previdência. O parecer teve 48 votos a favor, 18 contra e nenhuma abstenção. O projeto segue agora para avaliação de mérito em uma comissão especial. As alterações no texto vieram após uma negociação de aliados do governo com membros do grupo tradicionalmente chamado de “Centrão”, que aglutina partidos do campo da direita liberal que não são oficialmente da base governista na Câmara. No novo documento, foram incluídas quatro alterações. Uma delas trata da retirada do trecho do relatório que previa a eliminação do pagamento de multa do FGTS a aposentados. A segunda mantém a Justiça Federal como foro para o julgamento de ações contra o INSS, diferentemente do que propõe a PEC. A terceira modificação é a retirada da

Deputados durante discussão da reforma da Previdência na CCJ da Câmara

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SÃO PAULO (SP)

» Em decisão inédita, todas as centrais sindicais do Brasil decidiram realizar atos unificados no 1º de Maio, Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores. Com posições historicamente divergentes sobre determinados temas, a proposta de reforma da Previdência e o crescente nível de desemprego motivaram a unidade. É o que explica Bernadete Menezes, da Direção Nacional da Intersindical. “Bolsonaro nos uniu, né?! [risos] A gravidade do que é esse governo e a implementação dos seus planos – porque todos dizem que ele não tem projeto, mas ele tem projeto. Isso obrigou, inclusive àqueles mais resistentes, a que houvesse uma unidade nesse primeiro de maio”. Na convocatória para o 1º de Maio, as centrais anunciam a construção de jornadas unificadas de luta. A convocatória de uma greve geral é consenso entre as centrais, embora ainda não tenha data definida. Na avaliação de Menezes, embora o governo Bolsonaro tenha colocado a reforma da Previdência como central para o seu governo, não há articulação suficiente para aprová-la no Congresso. “Há uma confusão porque, se ele de fato tem um projeto, esse projeto não foi articulado com ninguém, foram poucos que estiveram na articulação desse projeto. E ele mesmo tem dificuldades de implementar”. Além das centrais sindicais, os atos do 1º de Maio contam também com o apoio e convocatória das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reúnem ainda partidos e movimentos populares de todo o país. PROGRAMAÇÃO NO RIO DE JANEIRO

»9h às 14h - Ato na Praça Mauá, com barraquinhas para coleta de assinaturas do abaixo-assinado contra a reforma da Previdência, além de outras atividades organizadas pelos sindicatos e movimentos populares. »14h às 17h - Os trabalhadores e trabalhadoras sairão em bloco pelas ruas, intercalando bloco e fala política das centrais sindicais e movimentos que compõem as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo.


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CULTURA & LAZER

RIO DE JANEIRO, 25 DE ABRIL A 1O DE MAIO DE 2019

HORÓSCOPO

COMIDA DE VERDADE

Cuscuz nordestino com queijo para começar bem o dia!

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ma das refeições mais importantes do dia é o café da manhã, que deve ser rico em nutrientes e balanceado para ativar o corpo e começar bem o dia. Um dos alimentos ideais para a primeira refeição do dia é o cuscuz nordestino, um prato típico da região do nordeste do país, feito com a milharina — uma farinha flocada, feita de milho.

Além de gostoso, o cuscuz traz uma série de benefícios para a saúde, por ser rico em minerais e fibras. Ele possui baixo valor calórico, se comparado ao pão francês e contém vitamina A, boa para a pele e proteção dos raios solares. Pensando na tradição nordestina de um alimento tão querido no país, trouxemos uma receita de cuscuz nordestino para café da manhã. A jornalista Luiza Vilela, da própria redação do Brasil de Fato, indica o preparo do cuscuz com queijo.

Utensílios:

• Cuscuzeira (panela para fazer cuscuz)

Divulgação

LUIZA VILELA

Ingredientes:

• Sal • Açúcar • Água

• Queijo

• Milharina (flocos de milho)

Passo a passo:

ÁRIES

Novas ideias e sabedoria são suas referências no dia a dia, contudo se avalie na condução das adversidades. É preciso admitir seus erros.

TOURO

Envolva-se em práticas de conexão espiritual e de autoconhecimento. Crises existenciais podem se manifestar, então busque sustentação.

GÊMEOS

Recolher-se para trazer tranquilidade para seu emocional é a melhor pedida, inclusive para se proteger de intromissões dos outros.

21/03 a 19/04

Para o preparo, você vai precisar de uma cuscuzeira, panela de fazer cuscuz SÃO PAULO (SP)

RJ

• Para preparar o cuscuz, basta colocar os flocos de milho numa vasilha e umedecer com água. Vá acrescentando o sal e o açúcar para garantir o ponto da massa. Depois, deixe descansar por cinco minutos. Coloque água na cuscuzeira (a panela feita para o preparo do alimento) até a marca destacada. • Feito isso, coloque os flocos de milho, que já estavam na vasilha, dentro da cuscuzeira. Se quiser, coloque os pedaços de queijo ali dentro, para derreter. Cozinhe por dez minutos e sirva quente, com manteiga ou requeijão cremoso e ovo frito ou cozido. • Uma dica: coloque uma colher de sopa de vinagre na água da cuscuzeira. Isso faz com que a panela não fique escura. • E está pronto! Uma maneira gostosa de começar o dia.

20/04 a 20/05

21/05 a 21/06

CÂNCER 22/06 a 22/07

LEÃO

23/07 a 22/08

VIRGEM 23/08 a 22/09

LIBRA

23/09 a 22/10

Maior movimentação na vida social leva você a atividades culturais. Mas evite ignorar as incumbências profissionais, nesse momento. Crie mais movimento na sua rotina de trabalho, expanda sua mente e sua capacidade criativa. Agregue suas aptidões a uma atuação consciente. Ao nutrir seu senso de valor próprio, as interações com as pessoas melhoram. Chances de se divertir aparecem, contudo contenha-se nos gastos. Aproveite os momentos íntimos, e as chances de solucionar questões do lar. A dificuldade mora na conciliação dos interesses nas relações.

ESCORPIÃO Você sente vontade de socializar, o

23/10 a 21/11

que favorece o desfrute do intelecto. Você se esgota com problemas da rotina do grupo. Prime por parcerias.

SAGITÁRIO Fase de eficiência criativa na vivência

22/11 a 21/12

do dia a dia, mas na vida social existem limitações. Você deve dar prioridade para aos compromissos.

CAPRICÓRNIO Há mais disponibilidade nas 22/12 a 19/01

articulações interpessoais e no desfrute de diversões fora da rotina. As questões práticas ficam atrapalhadas.

AQUÁRIO

Sua percepção sobre as oportunidades e a criatividade diante de problemas da rotina aumentam. Ocorrem ruídos na comunicação. Seja paciente.

PEIXES

As pessoas ficam receptivas com você, o que fomenta sua criatividade nas relações e melhora as interações. Alerta para questões financeiras.

TIRINHA | Paulo Neumann e Fani Loss 20/01 a 18/02

19/02 a 20/03


RJ

RIO DE JANEIRO, 25 DE ABRIL A 1O DE MAIO DE 2019

CULTURA & LAZER

CAMPANHA COLETIVA QUER TORNAR PÚBLICAS 140 MIL FOTOGRAFIAS DE JOÃO ROBERTO RIPPER Acervo de 50 anos do fotógrafo inclui imagens icônicas de movimentos sociais e populações tradicionais EDUARDO MIRANDA

J. R. Ripper

RIO DE JANEIRO (RJ)

A

história do Brasil em imagens nos últimos 50 anos poderá chegar a entidades ligadas aos direitos humanos, aos povos tradicionais, aos movimentos que lutam pelos direitos do trabalhador e à Biblioteca Nacional. Uma campanha com duração de dois meses pretende arrecadar R$ 20 mil para tornar público todo o acervo de mais de 140 mil imagens do fotógrafo carioca João Roberto Ripper. As doações, que estão sendo captadas em uma campanha de financiamento coletivo na plataforma Benfeitoria, poderão ser realizadas até o dia 31 de maio. Todos os recursos serão utilizados para mais seis meses de trabalho do fotógrafo e dos jornalistas Sara Gehren e Breno Lima, que há três anos vêm fazendo o levantamento de todo o acervo de imagens. Entre as etapas, está a digitalização das imagens. O conteúdo digital do acervo aborda temas como trabalho escravo e infantil, seca no semiárido, populações tradicionais (geraizeiros, vazanteiros, quilombolas, colhedores de flores sempre-viva, veredeiros, pescadores, caranguejeiros, caatingueiros, quebradeiras de coco etc), populações indígenas e povos da Amazônia, universo feminino, cerrado, movimentos sociais (trabalhadores rurais e urbanos, mulheres), favelas, saúde e doenças negligenciadas.

NARRATIVA DIFERENTE

»Em conversa com o Brasil de Fato, Ripper, que já passou por redações de diversos jornais do país, disse que a doação do acervo tem como objetivo democratizar a informação e mostrar uma história diferente das narrativas contadas pelos meios tradicionais de comunicação. “Esse meu gesto é também uma provocação aos fotógrafos que têm muitos anos de histórias contadas em imagens para que eles também tornem públicos seus acervos e que a história do país não seja contada apenas pela grande mídia. A gente quer que o estudante e que qualquer cidadão possa acessar esse acervo em locais públicos”, disse o fotógrafo. Segundo Ripper, a opção pela Biblioteca Nacional e por entidades e representantes ligados aos grupos representados é também uma forma de democratizar o acervo. “Sem desmerecer as empresas que tratam fotos dos institutos, mas acho importante os espaços públicos se abrirem para guardar a história do Brasil”.

ACERVO HISTÓRICO

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João Roberto Ripper fotografa populações tradicionais há 50 anos

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primeira etapa do projeto, que cobre os últimos 15 anos de carreira e tem cerca de 20 terabytes em arquivos, ainda está em andamento. Esse primeiro passo integra o projeto maior, que contabiliza os mais de 140 mil fotogramas em filme e dezenas de cadernos de campo. Além da Biblioteca Nacional, as cópias das fotografias serão distribuídas para entidades como o Centro de Agricultura Alternativa de Minas, Centro Sabiá de Direitos Humanos, Organização Caatinga, Comissão Pastoral da Terra, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e a Repórter Brasil, que realiza trabalho de combate ao trabalho escravo. Quem quiser colaborar com a campanha pode acessar o site benfeitoria.com/bemquererobrasil. Quem quiser conhecer mais do acervo de Ripper, basta acessar o site Imagens Humanas.


10 CULTURA & LAZER JAQUELINE DEISTER

RIO DE JANEIRO (RJ)

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ergulhar no universo indígena é o convite do projeto "Brasil: a margem – Teko Porã" que está em cartaz até o dia 30 de abril no Centro de Artes da Universidade Federal Fluminense (UFF), no município de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. O evento reúne diferentes expressões culturais dos povos originários do Brasil que se manifestam pela música, literatura, artes visuais e cinema integrado aos debates contemporâneos sobre gênero, mudanças climáticas e preservação da cultura tradicional. “O Brasil: a margem” está em sua segunda edição e neste ano apresenta a temática Teko Porã, que na língua guarani traduz a noção do Bem-Viver, ou seja, o equilíbrio nas relações entre pessoas e o meio ambiente. O superintendente do Centro de Artes da UFF, Leonardo Guelman, explica que a construção da proposta veio a partir do diálogo com a comunidade indígena.

RIO DE JANEIRO, 25 DE ABRIL A 1º DE MAIO DE 2019

RJ

Em Niterói, evento promove as diferentes faces da cultura indígena Divulgação

Evento no Centro de Artes da UFF acontece até o próximo dia 30

“Pautamos esse projeto a partir de conversas com lideranças, artistas e intelectuais indígenas e parceiros até mais novos, como o artista plástico Denilson Baniwa e a jornalista Renata Machado da Rádio Yandê. Eles foram interlocutores importantíssimos junto

ANÚNCIO

com a equipe do Centro de Artes”, ressalta. A conferência de abertura do evento ocorreu na última quarta-feira (24) e teve como tema “Ancestralidade indígenas e dilemas contemporâneos”. O evento contou com a participação do pós-doutor em Literatura pela Universidade de São Carlos e defensor da literatura como expressão e valorização das culturas indígenas, Daniel Munduruku. Ao longo dos próximos seis dias a vasta programação abordará também uma questão central referente ao protagonismo da mulher indígena. O assunto será tema do UFF Debate Brasil no dia 29. A escritora e poeta Eliane Potiguara que fundou o Grupo Mulher-Educação Indígena (Grumin) em 1978 e se notabilizou pela defesa dos direitos dos indí-

genas e das mulheres é uma das participantes do encontro junto com a antropóloga Taily Terena, integrante do Conselho Nacional de Mulheres Indígenas . ATRASO SALARIAL Devido ao atraso salarial dos funcionários terceirizados, o Centro de Artes da UFF chegou a divulgar que as atividades do mês de maio seriam suspensas. O superintendente do espaço disse que a situação já está sendo regularizada e a programação está retornando gradualmente. A programação completa do "Brasil: a margem – Teko Porã" está disponível no site do Centro de Artes da UFF, o evento é gratuito com a exceção de dois filmes e dois shows. As atividades acontecem na Rua Miguel de Frias, 9, no bairro de Icaraí.

NPC LANÇA CADERNO SOBRE A HISTÓRIA DO 1° DE MAIO »O Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) lançou o caderno "1º de Maio: dois séculos de lutas operárias". O material explica a origem do 1º de Maio, Dia do Trabalhador, apresenta, passo a passo, a luta pelas oito horas diárias de trabalho e reúne exemplos que mostram a importância dos sindicatos na conquista de direitos trabalhistas. “Quando a industrialização começou os trabalhadores não contavam com leis que os protegessem minimamente. A jornada de trabalho era aquela que o patrão determinava. Saláriomínimo, nem pensar. Indenização por demissão, também não. Aposentadoria, ninguém sabia o que era. Se acidentou, azar o seu. Não tinha seguro acidente-de-

trabalho”, explica Claudia Santigo, coordenadora do NPC. “Se não fosse a luta, estaríamos assim até hoje”, acrescenta. A cartilha é indicada a professores, pesquisadores, sindicalistas, estudantes e todos aqueles que tenham interesse em conhecer um pouco mais da trajetória de reivindicações por condições dignas de trabalho. O custo de cada cartilha é R$ 10,00. Ela pode ser adquirido diretamente, das 13h às 18h, no Espaço Gramsci (Rua Alcindo Guanabara, 17, térreo, Cinelândia). Também pode ser enviada para todo Brasil, caso sejam feitas encomendas. Para entrar em contato, basta enviar um e-mail para npiratininga@ piratininga.org.br ou ligar para (21) 2220-5618 e 2220-4895.


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MUNDO

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Aamir Qureshi/AFP

AMÉRICA CALIENTE

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JOAQUÍN PIÑERO

AS POLÍTICAS NEOLIBERAIS DE MACRI CORROEM A ARGENTINA

anúncio do congelamiento de preços na Argentina no início dessa semana, acendeu mais uma vez a luz amarela sobre o caos social e econômico que vive o país. Desde a vitória eleitoral de Mauricio Macri em 2015, o povo argentino, principalmente os mais pobres, vem sentindo nas costas o peso de uma política neoliberal que foi propagada e apoiada pelos banqueiros, industriais, os ruralistas e a mídia, inclusive a brasileira, como a solução para o desenvolvimento do país. Uma das primeiras medidas tomadas por Macri logo no início de seu governo foi a de cortar o subsídio sobre as taxas de água, luz e gás encarecendo e afetando o acesso dos mais pobres a esses serviços. Também propôs a reforma da Previdência que diminuiu o reajuste das aposentadorias de 12% para 5%, impactando diretamente no poder de compras dos aposentados e pensionistas. Além da redução de recursos destinados aos programas sociais construídos pelo o governo anterior de Cristina Kirchner.

Para o setor da indústria, Macri ainda reduziu impostos e aumentou a taxa de juros para a alegria do setor bancário. O resultado dessa política não poderia ser outro: recessão, inflação, desabastecimento, desemprego e fome. A seis meses das eleições presidenciais, Macri vê sua popularidade em queda ao mesmo tempo em que a ex-presidenta Cristina Kirchner aumenta sua possibilidade de retorno à Casa Rosada. Os argentinos come-

çam a sentir saudades dos tempos dos Kirchner. As gigantescas mobilizações que tomaram as ruas de Buenos Aires e de outras cidades importantes da Argentina recentemente contra as políticas neoliberais de Macri mostram que o governo não terá vida fácil e a tendência é que nos próximos dias outros setores da classe trabalhadora se somem a esses protestos pois ninguém vê sinais de melhora.

ÁSIA

Atentado no Sri Lanka foi represália a ataque na Nova Zelândia »As

autoridades do Sri Lanka afirmaram na última terça-feira (23) que os atentados suicidas contra igrejas cristãs e hotéis de luxo que aconteceram no domingo (21) de Páscoa foram cometidos por radicais muçulmanos em resposta ao mas-

sacre ocorrido em março na Nova Zelândia, quando um homem fortemente armado atirou contra duas mesquitas, deixando 50 mortos. Cerca de 40 pessoas suspeitas de terem participado dos atentados de domingo foram presas. Munir Uz Zaman/AFP

Uan Mabromata/AFP

LIBERDADE

Batalha jurídica tentará evitar extradição de Assange para os EUA »Detido

A seis meses das eleições presidenciais, Macri vê sua popularidade em queda

após permanecer sete anos na embaixada do Equador em Londres, Julian Assange terá como próximo objetivo judicial evitar sua extradição aos Estados Unidos. O fundador do WikiLeaks permanece encarcerado na prisão de Belmarsh. Os EUA têm até junho para enviar do-

cumentos ao Reino Unido formalizando o pedido de extradição. Na data da prisão de Assange, o último 11 de abril, um processo que corria em sigilo no estado da Virgínia veio a público. Na ação, ele é acusado de conspirar para invadir computadores de instituições públicas estadunidenses.


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PAPO ESPORTIVO

LUIZ FERREIRA

ALGUNS PITACOS SOBRE O ÁRBITRO DE VÍDEO

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Matheus Meyohas /CBF

Campeonato Brasileiro de 2019 começa neste final de semana com novidades. Além da mudança nas regras do futebol (lances de bola na mão, substituições e posicionamento do goleiro na hora do pênalti), teremos a presença do árbitro de vídeo. E como vocês devem ter acompanhado nas finais do Campeonato Carioca, o uso da tecnologia no futebol acabou se transformando num dos assuntos mais comentados nesses últimos meses.

Alexandre Vidal / Flamengo

FLAMENGO

»A derrota de vira-

da para a LDU foi um soco no estômago do Flamengo. O time tinha totais condições de sair de Quito com a classificação assegurada na Libertadores. Agora é dor, ranger de dentes e sofrimento na última rodada. Lucas Merçon / Fluminense FC

Fluminense encara o Santa Cruz em ótimas condições para confirmar a classificação para as oitavas de final da Copa do Brasil. Se jogar o que sabe, consegue a classificação e já vira a chave para a estreia no Brasileirão contra o Goiás.

Aqui vão alguns pitacos sobre o tão criticado e achincalhado árbitro de vídeo:

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De nada adianta usar a tecnologia no futebol se os árbitros continuarem utilizando o recurso como bengala para se livrarem de decisões importantes. O que teve de gente “tirando o seu da reta” foi uma barbaridade.

2 O protocolo do VAR deve ser muito claro. Esclarecer os momentos em que o árbitro poderá consultar o vídeo é de suma importância para evitarmos polêmicas desnecessárias. 3

O VAR não garante 100% de acertos. É preciso lembrar que quem opera o vídeo também é humano e que boa parte das decisões da arbitragem partem da interpretação de quem está ali naquele momento.

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De nada vai adiantar ter cinco mil câmeras em campo se os homens do api-

to não souberem como aplicar as regras do futebol. Estudo e trabalho nunca é demais.

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Ao mesmo tempo, é preciso que CBF, CONMEBOL e afins deem condições para que os árbitros trabalhem. Sim, eles também são profissionais e não podem ficar expostos aos “leões” como geralmente acontece. As conversas entre o VAR e o árbitro não podem ser confidenciais. Até para que não se levantem aquelas famosas “teorias da conspiração” descabidas como geralmente acontece no Brasileirão.

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7

A polêmica no futebol nunca vai acabar como dizem alguns. Bastou que o VAR não fosse utilizado da maneira correta para que todo mundo falasse sobre o assunto. Polêmicas vêm e vão. A vida é assim.

O árbitro de vídeo pode sim tornar o jogo mais justo e facilitar a vida de quem apita jogos importantes. Lógico que ele ainda precisa de ajustes. Mas podem ter a certeza de que é muito melhor ver a justiça se fazendo presente do que ver seu time perder um campeonato com um gol ilegal. Não é?

(21) 993734327

FLUMINENSE

»O

Rafael Ribeiro / Vasco

VASCO

»O Vasco até que mostrou

que tem time para não fazer feio no Brasileirão. Faltou aquele “algo mais” diante do Santos. Só espero que a eliminação na Copa do Brasil sirva de lição para todos lá pelos lados de São Januário. Vítor Silva / SS Press

BOTAFOGO

»Eu

sinceramente não sei o que esperar do Botafogo. A única mudança até o momento foi a chegada de Eduardo Barroca. Nada sobre o saneamento das finanças, nada sobre reforços, nada sobre nada. Esse Brasileirão vai ser bem longo...

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