Mobilidade urbana sustentável 2017 2021

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Proposta da Associação Braga Ciclável

Mobilidade Urbana Sustentável 2017-2021

Por uma cidade mais amiga das pessoas e das bicicletas!


Mobilidade Urbana Sustentável 2017-2021 Proposta da Braga Ciclável

Introdução A bicicleta é um meio de transporte não poluente, silencioso, económico e acessível a praticamente todos os cidadãos. A sua utilização contribui para manter um estilo de vida saudável, ajudando a combater doenças como a obesidade e os problemas de saúde a ela associados. Além disso, a bicicleta é muitas vezes, e sobretudo na cidade, bem mais rápida que o automóvel. As suas vantagens no contexto da mobilidade urbana incluem também, e de forma não menos importante, um valioso contributo para a criação e manutenção de interações sociais, que se traduzem numa melhoria significativa da qualidade de vida para os cidadãos. A cidade de Braga é atualmente a terceira cidade mais poluída do país, e tem ultrapassado de forma continuada os valores limite anuais de dióxido de azoto (NO2) entre 2012 e 2015, sendo que em 2005 e 2008 também os valores limite anuais de Partículas inaláveis de diâmetro inferior a 10 micrómetros (PM10 – Particulate Matter 10μ m) foram ultrapassados (APA, 2015; QUERCUS, 2014). Isto deve ser visto como uma oportunidade, uma vez que dá força a políticas de alteração da mobilidade no sentido de haver uma efetiva transferência modal do carro para o transporte público e/ou para a bicicleta. Em Braga, temos o privilégio de poder beneficiar de uma cidade com condições naturais favoráveis à utilização da bicicleta como meio de transporte: durante a maior parte do ano, o clima é bastante ameno; o acesso aos principais pontos da cidade é feito com ruas praticamente planas (desníveis abaixo dos 6%); existe já uma forte cultura da bicicleta, associada a atividades de lazer e desporto e também associada às deslocações quotidianas; e uma parte significativa das deslocações pendulares dos cidadãos são feitas em distâncias curtas. A este respeito, é de notar que, de acordo com o Estudo de Mobilidade do Quadrilátero (ATKINS & WAY2GO, 2014), do total de viagens do Concelho de Braga, 78,5% são viagens internas ao concelho e destas, 61% são feitas com recurso ao automóvel e em percursos inferiores a 5km, ou seja, precisamente o intervalo de distâncias em que a bicicleta se apresenta como a opção de transporte mais vantajosa. De um modo geral, neste tipo de trajetos, as deslocações em bicicleta são mais rápidas que noutros meios de transporte, em parte porque a bicicleta permite o transporte direto porta a porta, sem os atrasos relacionados com estacionamento ou congestionamento de trânsito automóvel. É fácil perceber que, nesses casos, a oportunidade de poupança associada ao uso regular da bicicleta como meio de transporte pode contribuir para incentivar ainda mais o seu 1


Mobilidade Urbana Sustentável 2017-2021 Proposta da Braga Ciclável uso como alternativa ao automóvel. A adoção da bicicleta apresenta importantes vantagens para a cidade, a começar por uma maior rentabilização na ocupação do espaço urbano: por exemplo, no espaço correspondente a um único lugar de estacionamento automóvel poderão facilmente fazer-se corresponder 8 a 10 lugares de estacionamento para bicicletas. De notar que a cidade de Braga possui atualmente, na sua área densa e plana, 48 684 lugares de estacionamento, os quais se encontram repartidos por 67 parques públicos (21 945 lugares) e pelos lugares na própria rua, à superfície (26 739 lugares) (Meireles, 2017).

Figura 1: Localização dos 67 parques de estacionamento automóvel e das ruas onde foram recolhidos os lugares de estacionamento à superfície. Fonte: Meireles(2017)

Tal como tem sido repetidamente afirmado pela Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores da Bicicleta (FPCUB), “uma cidade com muitas bicicletas, com bicicletas a serem usadas todos os dias, é uma cidade mais limpa, fluída, mais amável e mais bonita que uma cidade doente por um uso excessivo e desnecessário de veículos motorizados”. E sabe-se ainda que onde há um maior número de quilómetros pedalados por pessoa, é menor o número de acidentes mortais por cada 100 000 quilómetros percorridos pelos utilizadores das bicicletas. Nos últimos tempos, tem-se notado um gradual aumento do número de ciclistas na cidade de Braga e, com os investimentos previstos ao nível da infraestrutura ciclável o 2


Mobilidade Urbana Sustentável 2017-2021 Proposta da Braga Ciclável número de ciclistas irá aumentar de forma ainda mais significativa. Essa mudança é positiva e desejável, dado que contribuirá para a melhoria da qualidade de vida dos bracarenses. Ainda assim, e apesar das imensas vantagens que a bicicleta tem para oferecer aos cidadãos e à cidade de Braga, o potencial deste meio de transporte ainda parece ser frequentemente desvalorizado. Em larga medida, tal tende a acontecer sobretudo porque a cidade de Braga ainda não dispõe de condições infra-estruturais de circulação e de parqueamento que convidem as pessoas a utilizar a bicicleta de forma segura, atrativa e cómoda. Muitos cidadãos que gostariam de usar a bicicleta no seu dia a dia não o fazem ainda porque simplesmente não se sentem seguros nas nossas ruas. E os que já usam a bicicleta em Braga lamentam a falta de estacionamento adequado, a má qualidade do piso e, de um modo geral, a ausência de vias cicláveis nos principais percursos. As medidas devem ser implementadas de forma prioritária na zona densa e plana da cidade, entre o Novainho (em São Pedro D’Este) e o E’Leclerc e entre os Estádios, onde habitam cerca de 100 000 pessoas e onde a cidade possui declives inferiores a 6%. Nesta área de 13 km2 a densidade populacional é de 7 214 habitantes/km2, o que se traduz numa alta densidade, tornando a bicicleta uma das soluções de mobilidade mais eficientes, sobretudo quando trabalhada em conjunto com o sistema de transportes da cidade.


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Medidas prioritárias A Braga Ciclável gostaria que o programa eleitoral deste ano contemplasse estas e outras medidas que promovam a utilização da bicicleta e do transporte público e a melhoria da segurança para todos os utentes da via pública.

● Alteração do Regulamento e da Sinalização da Zona Pedonal por forma a tornar a mesma uma Zona de Coexistência; ● Sobreelevação de todas as passadeiras na zona densa e plana da cidade; ● Implementação dos 80 km de rede ciclável na cidade densa e plana (13 km2) respeitando os critérios funcionais (legibilidade, conforto, atratividade, coesão, segurança e continuidade), sendo que destes 80 km de vias cicláveis devem contemplar: ○ Transformação da Zona Pedonal em Zona de Coexistência; ○ Redução da velocidade e volume de tráfego na zona urbana de Braga através de medidas de acalmia de tráfego. ○ Criação de ciclovias nos eixos que se pretenda que tenha maior volume (>10 000 veículos/dia) e/ou maior velocidade (≥ 50 km/h) de tráfego automóvel, dando ainda especial atenção às escolas. ● Redução do número de lugares de estacionamento automóvel na rua e criação de tarifa para toda esta área urbana de 13 km2; ● Aumento do número de lugares de estacionamento para bicicletas, respeitando os critérios definidos nos manuais nacionais e internacionais, adotando, para isso, as infraestruturas mais adequadas para a promoção do seu uso. Deverá assim ser alcançado durante o próximo mandato o patamar dos 5000 lugares de estacionamento de bicicleta (correspondente a 10% do número de lugares atualmente existentes para automóveis, oferecendo assim às pessoas infraestruturas de parqueamento que as levem a utilizar a bicicleta); ● Implementação de um programa que permita às empresas, instituições e cidadãos requererem a colocação de estacionamentos para bicicletas, de modo a permitir identificar locais onde a procura seja superior à oferta existente; ● Criação de sistemas de bicicletas partilhadas (Bike Sharing) de forma alargada e com bicicletas mecânicas, respeitando os critérios de implementação do mesmo que levam 4


Mobilidade Urbana Sustentável 2017-2021 Proposta da Braga Ciclável ao sucesso do sistema. Implementação do sistema previsto com 72 estações e cerca de 1000 bicicletas mecânicas; ● Aumento do número de bicicletas ao serviço das forças de segurança da cidade (PSP, GNR e Polícia Municipal), por forma a permitir a urgente sensibilização dos condutores e um adequado patrulhamento das vias utilizadas por ciclistas.

A médio prazo, a estratégia subjacente ao conjunto de medidas a implementar deverá ter em vista o gradual desencorajamento do uso do transporte motorizado individual dentro do perímetro urbano da cidade. Este tipo de medidas vão ao encontro, não apenas das diretivas da Comissão Europeia, mas também de diretivas nacionais e representam, na nossa opinião, o caminho certo para tornar económica e ambientalmente sustentáveis os movimentos pendulares na nossa cidade, de forma a fomentar o aumento da qualidade de vida dos seus cidadãos e dos seus restantes fruidores.


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Anexos Relação entre km pedalados e o nº de ciclistas mortos por cada 100 mil km (Fonte: CE, 2000)

Relação entre velocidade e mortos por atropelamento (bicicletas e peões) (Fonte: Wramborg, 2005)

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Evolução da Sinistralidade em Braga (Fonte: Meireles, 2017)

Não criar vias bidirecionais, pois são propensas a 13 vezes mais acidentes


Mobilidade Urbana Sustentรกvel 2017-2021 Proposta da Braga Ciclรกvel Pontos onde existe procura e nรฃo existe oferta de parqueamento para bicicletas (Fonte: Braga Ciclรกvel)

Exemplo de infraestrutura de parqueamento adequada para bicicletas (Fonte: Braga Ciclรกvel)

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Mobilidade Urbana Sustentável 2017-2021 Proposta da Braga Ciclável Localização adequada da infraestrutura de parqueamento para bicicletas (Fonte:Celis & Bølling-Ladegaard, 2008)

Linhas de Desejo de ciclistas urbanos de Braga (Fonte: Mapa Braga Ciclável)


Mobilidade Urbana Sustentável 2017-2021 Proposta da Braga Ciclável Critério de tomada de decisão do tipo de via ciclável a introduzir na rua (Fonte: IMTT, 2011 e CERTU, 2008)

Tempo de circulação entre dois pontos por tipo de veículo

Sinalização de zonas 30 e de zonas de coexistência

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Para refletir


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