Boletim KL - Maio 2014

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Coluna RH Disponibilidade total para a empresa. Isso é saudável? É bem comum nos primeiros dias ou meses de trabalho, o funcionário demonstrar total disponibilidade para a empresa, trabalhando mais, mostrando serviço e até mesmo atendendo telefone ou respondendo e-mails após o horário de expediente. O comportamento é natural para quem quer mostrar que aquela contratação valeu a pena tanto para a empresa quanto para o colaborador. Mas tanta dedicação não deve se tornar regra. O headhunter Bernt Entchev aconselha o bom senso nesse caso. Ele explica que a concorrência do mercado está fazendo, cada vez mais, as empresas cobrarem muito de seus funcionários e, por conseqüência, os funcionários se sentirem na obrigação de estarem disponíveis para gerar os resultados esperados pelas organizações. Desta forma, o comportamento passa a ser parte do processo, torna-se comum, e quem não se adapta ou acha que a disponibilidade é demasiada, acaba fora da empresa. A organização também perde e, com certeza o reflexo disso acaba por ser registrado em uma pesquisa de clima, mostrando que algo deve ser feito para mudar o quanto antes esse comportamento. “A disponibilidade é saudável quando existe um objetivo. Se o profissional tem

uma chance de crescimento, tem um cargo mais alto em jogo, ele deve produzir mais, mostrar mais trabalho, estar mais disponível. Se ele deseja ser presidente de uma empresa e isso está perto de acontecer, ele deve estar disposto a fazer hora extra e a entregar mais resultados. Depois disso, vem a recompensa, o profissional terá as horas compensadas e o ritmo volta ao normal”, analisa Bernt. Em todos esses casos o RH da empresa também deve estar muito atento e cumprir todas as determinações das leis trabalhistas, no que se refere ao pagamento de horas extras e folgas. Preocupadas com o excesso de trabalho de seus funcionários e para não ter problemas futuros, muitas organizações já utilizam ferramentas para que os horários não sejam excedidos. “Conheço muitas empresas onde os servidores são bloqueados, não permitindo mais o funcionamento dos e-mails após o horário de expediente. Desta forma, resta ao funcionário terminar suas atividades dentro do horário de trabalho e seu chefe também fica obrigado a não exigir nada após o expediente”, explica. A disponibilidade exagerada para a empresa pode gerar problemas não só dentro do ambiente profissional, mas Bernt Entschev Headhunter e fundador da De Bernt Entschev Human Capital, com sede em Curitiba, PR. Trabalha com recrutamento de executivos há mais de 25 anos e já foi eleito o 4º Melhor Headhunter do Brasil pelo Canal RH. Bernt é comentarista de Recursos Humanos da Rede Globo de Televisão, na afiliada RPC, além de colunista nos jornais Gazeta do Povo, O Correio do Povo, La Nación, Revista Amanhã e rádios CBN e Transamérica Light. Atualmente se dedica como consultor, palestrante e conselheiro das instituições Câmara Americana de Comércio BrasilEstados Unidos (AMCHAM), Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK), Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) e Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF).

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também na vida pessoal, afetando ainda a capacidade física do indivíduo. “Muitas pessoas têm trabalhado demasiadamente por vício. Algumas são felizes assim, mas outras, com o passar do tempo, não aguentam e começam a ter problemas de saúde, têm sua produtividade reduzida e acabam por comprometer a vida social e em família. Por isso, é importante que os limites sejam respeitados e a empresa tem que ser parceira nesse processo”, defende o headhunter. Bernt Entchev afirma que o bom senso é sempre a melhor saída para resolver o problema e finaliza com dicas importantes: “Antes de acionar o funcionário após o horário de expediente ou no final de semana e feriado, o empregador deve avaliar se realmente há urgência. De repente o funcionário só vai perder tempo e tudo pode ser resolvido no primeiro dia útil. O colaborador também deve argumentar a questão da urgência com o seu superior e esse diálogo deve ser transparente. Tudo é uma questão de ajuste. Empresas maduras não têm problemas com esse tipo de assunto, porque normalmente sabem dialogar e chegam a um padrão adequado de trabalho que atende a todos, gerando excelentes resultados.”

“A disponibilidade exagerada para a empresa pode gerar problemas não só dentro do ambiente profissional, mas também na vida pessoal, afetando ainda a capacidade física do indivíduo.”


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