MC_000M - Livro #04

Page 101

Mas enquanto eu estava com ela muito bem dominada, olhei em volta para ver se Jack tinha descido em seguranç a. E a coisa não era boa. Ah, Jack estava bem. Só que curvado sobre o padre Dominic, que não parecia nem um pouco bem. Estava caí do embolado num dos lados do altar, com aparência pé ssima. Pulei por cima da balaustrada e fui até ele. - Ah, Suze – gemeu Jack. - Não consigo acordar ele! Acho que... Mas, enquanto ele falava, o padre Dom, com os ó culos bifocais tortos no rosto, soltou um gemido. - Padre D.? - Levantei sua cabeça e pousei-a gentilmente no colo. - Padre D., sou eu, Suze. Consegue me ouvir? O padre D. só gemeu mais um pouco. Mas suas pálpebras tremularam, o que eu sabia que era bom sinal. - Jack - falei - Corra até aquela caixa dourada atrás do crucifixo, está vendo? E pegue a garrafa de vinho que está lá dentro. Jack correu para fazer o que eu tinha pedido. Pus o rosto perto do ouvido do padre Dominic e sussurrei: - O senhor vai ficar bem. Fique firme, padre D. Agüente as pontas. Um estalo muito alto me distraiu. Olhei para o resto da igreja com um súbito sentimento de frustração. Diego. Ele estava em algum lugar por ali. Tinha me esquecido dele... Mas Jesse, não. Não sei por que, mas eu havia simples mente presumido que Jesse teria ficado naquela arrepiante terra de sombras. Nã o. Tinha voltado para este mundo - o mundo real - aparentemente sem pensar muito nas coisas da s quais poderia estar abrindo mã o. Por outro lado, aqui embaixo ele podia dar um tremendo cacete no cara que o havia matado, de modo que talvez não estivesse abrindo mã o de grande coisa. De fato, ele parecia bem disposto a devolver o favor - você sabe, matando o sujeito que o havia matado -, só que, claro, não podia fazer isso, porque Diego já estava morto. Mesmo assim eu nunca tinha visto ninguém partir para cima de alguém com um objetivo tão claro. Fiquei convencida de que Jesse não iria se satisfazer meramente quebrando o pescoço de Felix Diego. Não, acho que ele queria arran car a coluna vertebral do sujeito. E estava se saindo muito bem. Diego e ra maior do que Jesse, mas também era mais velho, e não tinha pés tão rápidos. Além disso acho que Jesse simplesmente queria mais. Quero dizer, ver seu oponente decapitado. Pelo menos se a energia com qu e ele estava brandindo um pedaço de banco de igreja contra a cabeç a de Felix Diego servisse como alguma indicação. - Aqui - disse Jack ofegante quando trouxe o vinho na garrafa de cristal. - Born - falei. Não era uísque (não é isso que a gente deveria dar as pessoas inconscientes, para acordá -las?), mas tinha álcool. - Padre D. - falei, erguendo sua cabeça e encostando a garrafa em seus lábios. - Beba um pouco disso. Só que não deu certo. O vinho simples mente escorreu pelo queixo e pingou no peito. Enquanto isso Maria tinha começado a gemer. O pescoço quebrado já estava começando a se encaixar de volta. Esse é o problema dos fantasmas. Eles voltam. E rápido demais. Jack a olhou arregalado enqua nto ela tentava se levantar. - Uma pena a gente não poder exorcizar ela - disse ele. Encarei-o. - Por que não? Jack levantou as sobrancelhas.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.