Número 15
Cabo Verde
LISA MIRANDA Samira Vera Cruz – Cabo Verde em movimento – Jogos Africanos de Praia Antónia Brito – João Branco – Ruth Furtado
Editorial
BEM-VINDO A BORDO Aproveitamos esta ocasião para lhe agradecer por estar connosco e esperamos que desfrute o seu voo. O período do verão, uma das épocas altas no sector aéreo doméstico em Cabo Verde, está a chegar ao fim. No período entre 20 de Julho e 31 de Agosto fizemos cerca de 182 voos semanais aumentando as ligações dentro no nosso arquipélago, com o objectivo de satisfazer a procura e permitir a maior mobilidade possível nesta altura tão movimentada. Aumentámos a oferta para São Vicente, com 5 a 6 voos diários entre partidas de Praia e Sal, São Nicolau teve oferta diária, Boa Vista uma média de 2 voos diários, tal como São Filipe. No total movimentámos 70.000 passageiros neste período. Na ilha do Sal, mudámos a nossa loja, para um novo espaço no aeroporto, mais espaçoso e estrategicamente bem colocado, de forma a melhorar e atender os nossos passageiros e responder às suas necessidades. Também neste período continuámos com acções de cariz social no âmbito do nosso programa Sorrisos Verdes, nomeadamente em jardins infantis, e apoiámos ainda algumas iniciativas mais culturais, como o Festival de Frutos do Mar na Praia e o Festival de Praia de Tedja em São Nicolau, entre outras. Aguardamos com muita expectativa o mês de outubro para participarmos ativamente no Cabo Verde Trail, um projeto muito interessante. Trata-se dum circuito do desporto Trail Run, que na sua primeira edição vai consistir em 3 etapas realizadas num período de 6 dias, nas ilhas de Santiago, Fogo e Santo Antão. Muitos dos nossos funcionários vão participar e espero que se junte a esta actividade. Gostaria também de o convidar a usar o nosso serviço de Call Center, aberto todos os dias das 08:00 às 20:00 e também a usar os nossos serviços online, tanto de compras de bilhetes, como de check-in electrónico, disponível em todas as nossas escalas. Contamos vê-lo mais vezes a bordo, trabalhamos para si, a pensar na sua segurança, com a nossa fiabilidade, pontualidade e regularidade. Bom voo e até breve, Luís Quinta
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SUMÁRIO 8 Lisa Miranda Entrevista
22 Cabo Verde Aventura
28 Terapia de São Pedro Cultura
32 João Branco Cultura
STAFF REDAÇÃO Paula Albericio redaccion@barabaracomunicacion.com COLABORADORES NESTE NÚMERO Naomi-Vera Cruz, Juan Álvaro, Odai Varela, Patri Cámpora, Nuria Chantre, SAPO Cabo Verde. DIREÇÃO CRIATIVA E MAQUETE great · greatttt.com · estudio@greatttt.com TRADUTOR Tiago Alves FOTO DE CAPA Sean O´Neill ILUSTRAÇÕES David Ferrer FOTOGRAFIAS Sean O'Neill, Simão Rodrigues, Patri Cámpora, Evalda Monteiro, Naomi Vera-Cruz, Bob Lima. PUBLICIDADE Canárias · 34 922 897 517 publicidad@barabaracomunicacion.com Cabo Verde · +238 2614 915 comercial@eme.cv BINTER Pedro Agustín del Castillo · Presidente Rodolfo Núñez · Vice-presidente Alfredo Morales · Conselheiro Delegado
Noelia Curbelo · Relações Institucionais e Comunicação SIGA-NOS NO WEBSITE E NAS REDES SOCIAIS www.binter.cv · Facebook · Twitter · Instagram NT Cabo Verde é uma produção de BARA-BARA 3.0 SL exclusiva para BINTER. BARA-BARA 3.0 SL. C/Puerto Escondido, 5. Sexto Izquierda. 38002 Santa Cruz de Tenerife (Islas Canarias. España) (922 897 517). BINTER e BARA-BARA 3.0 SL não se responsabilizam pelos conteúdos publicitários nem pelas opiniões manifestadas pelos colaboradores nos seus artigos. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, edição ou transmissão total ou parcial por qualquer meio e em qualquer suporte, sem autorização expressa por escrito de BARA-BARA 3.0 SL. IMPRESSÃO Gráficas Sabater SL. Com assistência técnica de 2informática. Depósito legal: NT-CV: TF 583-2019
Na revista NT utilizou-se papel reciclado oriundo de florestas de gestão sustentável
FEITO NAS CANÁRIAS
África tem nome de mulher
Por Naomi Vera-Cruz
SAMIRA VERA-CRUZ
Samira Vera-Cruz é o rosto feminino do novo cinema cabo-verdiano. Formada em Cinema e Comunicação Internacional pela Universidade Americana de Paris (AUP), já foi premiada em Cabo Verde (Melhor Ficção no Festival Oiá) e no concurso de curtas-metragens PALOP-TL-EU 25 anos, ambos em 2017, ano em que, como realizadora e produtora (é fundadora da Paraflax Produções), também estreou a sua primeira longa-metragem, Sukuru, um thriller psicológico sobre esquizofrenia e abuso de drogas. Em julho deste ano constituiu mais um marco na sua carreira, conquistando o PR Consultation Award no 40º Festival Internacional de Cinema de Durban, na África do Sul, onde apresentou o seu documentário “E quem cozinha?”.
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Planeie a sua próxima visita a Cabo Verde
SÃO VICENTE Carnaval (janeiro/fevereiro) Mês do Teatro (março) Festas Juninas (junho) Festa de São João (24 junho) Festival da Lajinha (junho) Festival Gastronómico Kavala Fresk (julho) Summer Jazz Festival (agosto) Festival Internacional de Música da Baía das Gatas (agosto) Mindelact. Festival Internacional do Teatro (novembro) Festa de S. Silvestre (dezembro)
SANTO ANTÃO Santo António das Pombas (13-14 junho) Ribeira das Patas – Porto Novo (23 junho) Festival 7 Sóis 7 Luas (junho) Festas Juninas (junho)
SÃO NICOLAU Carnaval (13 fevereiro) Sodad - Festival d`Morna (abril) Festival de Atum (agosto) Feira Gastronómica “Gostos e Sabores do Parque (5 e 6 de agosto)
BRAVA Santa Cruz (3 maio) Festas de São João (23 de junho) Festas Juninas (junho)
FOGO Festa da Bandeira de São Filipe (abril/ junho) Festa São Filipe (abril/ maio) São João. Vila de Igreja (24 junho) Festas de São Lourenço (10 agosto) Santa Catarina (25 novembro)
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*Com os contributos de KimZé Brito, Samara Dionis, Pilar Ureña, Juan Manuel Pardellas, Direção Geral do Turismo e Transportes (Ministério do Turismo e Transportes).
SAL Carnaval. Mandingas (janeiro/ fevereiro) Carnaval (fevereiro) Palmeira (19 março) EXPOTUR - Feira de Turismo de Cabo Verde (maio/ junho) Festival Nacional de Teatro “Sal Encena” (junho) Alto de São João (23 junho) Hortelã (23 junho) Pedra de Lume. Santo Antonio (julho) Festival da Literatura Mundo (julho) Festival de Música de Santa Maria (15 setembro) Cabo Verde International Film Festival (outubro)
BOA VISTA Festival Music Contest (julho) Festival da Praia de Cruz (agosto) Maratona Boa Vista (agosto) Festival da Morna (outubro)
MAIO Tabanca (19 março) Noite Garoupa & Poesia (26 agosto) Festival de Beach Rotcha (setembro) Nossa Senhora da Luz (8 setembro)
SANTIAGO Festival Santo Amaro Abade (janeiro) Carnaval (13 fevereiro) Festa de Cinza (14 fevereiro) Festival Internacional da Lusofonia de Conto de Estórias (março) Festival Um Concelho Três Ritmos - Sta. Cruz (março/ abril) Festival Grito Rock (março/ abril) Atlantic Music Expo – AME (abril) Kriol Jazz Festival (abril)
Festival Ribeira da Barca (maio) Festival da Gamboa (19 maio) Tabanka (junho) Festival Badja ku Sol (julho) Festival Praia de Areia Grande - Sta. Cruz (julho) Festival da Calheta de São Miguel (15 agosto) Calheta de São Miguel. Batuko e Funaná (29 setembro) Festival do Milho (1 novembro) Festival de Santa Catarina (novembro) Noite Branca (dezembro)
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Entrevista. Lisa Miranda
Por Juan Álvaro Fotografías por Sean O'Neill Hair Stylist Lashawndra Wilson
"EU SOU SUFICIENTE" Lisa Miranda fala sobre a sua coragem de viver a sua vida segundo suas próprias regras.
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Entrevista. Lisa Miranda
me permiti ser fiel aos desejos do meu coração. Foi então que fiz as malas e me dirigi a Nova Iorque.
Como foi a sua viagem para chegar a atriz e modelo profissional? O meu sonho sempre foi ajudar a contar histórias que inspirem, eduquem e transformem o mundo. Sou uma verdadeira fanática das artes… teatro, música, dança. Perco-me numa boa história, descobri-me através de boas histórias. Quando estou numa exposição num museu de Paris ou Brooklin, onde quer que seja, penso amiúde “uau, este evento histórico, a vida desta pessoa, não dariam histórias magníficas?” Leio constantemente e adoro ouvir uma boa história e, se for magistralmente contada, vejo-a na mente como um filme. Ser modelo é como fazer uma representação na impressão, é o mais curto dos contos curtos. Maravilha-me que uma imagem brilhantemente fotografada possa ficar connosco para sempre. Fico particularmente comovida com imagens que me expõem a lugares, reais ou imaginários, que nunca explorei.
Tem conselhos para quem quiser ser modelo ou ator? Treine o seu ofício e estude a sua arte; torne-se um perito em tudo a que esta indústria diga respeito. Além disso, aposte no longo prazo, não sabe quando lhe chegará o sucesso, podem passar décadas até ser um ator com trabalho, o êxito pode tardar 10 ou 20 anos. Crie o seu próprio conteúdo, eduque-se e seja paciente. Aquilo que deseja é o seu caminho, independentemente do que for. Ainda penso nisto, antes de audições desafiantes. Quais são os maiores desafios do seu trabalho? 1. Aceitar que muito está fora do meu controlo. No meu domínio a sorte é tao importante para uma oportunidade quanto a preparação. 2 Tenho um horário louco, posso ter uma semana tremendamente ocupada, voar para qualquer parte do mundo e saber da próxima sessão muito à última da hora. Essa é a minha normalidade, aprendi a reservar o tempo para a minha família e amigos para ter equilíbrio na minha vida. Adoro o meu trabalho e aprender a ser mindful e a estar presente muito me ajudou a apreciar a minha viagem.
“Ser modelo é como fazer uma representação na impressão, é o mais curto dos contos curtos” Sempre soube que a sua vida tomaria este caminho? Não. Pensei que seria advogada, debati e simulei um julgamento na faculdade enquanto me graduava em filosofia, e saí-me bem. Também trabalhei para juízes e em escritórios de advogados em Nova Iorque. Sou a primeira pessoa da minha família a nascer na América e senti que precisava de uma escolha de carreira tradicional para criar a segurança que desejo para a minha família. Apenas depois de muito tempo a convencer outros a lutarem pelos seus sonhos e de um dia desatar a chorar
Como lida com os contratempos e demais desafios do seu trabalho? Faço o que posso para ser coerente, trato toda a gente com respeito e sigo em frente. Independentemente do que esteja a acontecer tento não perder de vista um facto importante: eu sou suficiente. Muitas coisas não estão nas minhas mãos, se consigo um trabalho, como este decorre e por aí fora, apenas posso dar o meu melhor e deixar correr.
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Entrevista. Lisa Miranda
Dou grande valor à minha família e aos meus amigos porque garantem que sou mais do que o meu trabalho.
O que a faz continuar? Delicia-me fazer com que a minha família se sinta orgulhosa. A tutoria, retribuir, são coisas muito importantes para mim porque muita gente acreditou em mim e continuam a dar-me oportunidades para exercitar os meus talentos e contruir o meu ofício. Sou muito afortunada por poder trabalhar com pessoas talentosas para contar histórias cheias de autenticidade, combinadas com a “magia do filme”. Também adoro ver o mundo, viver a vida nos meus próprios termos e disso nunca abdicarei. Pode ser um desafio, mas agradeço a Deus a minha viagem.
Se não trabalhasse no entretenimento, que estaria a fazer? Honestamente, poderia tornar-me agricultora, talvez na ilha da minha família, no Fogo. Toda a vida tive uma dieta baseada em plantas e comer alimentos de qualidade que venham da terra é importante para mim. Ou então juntar-me-ia às monjas budistas que vivem em total mindfulness num mosteiro nas montanhas de algum sítio. São coisas que faço regularmente durante os retiros.
E que se segue, para si?
“Sou muito afortunada por poder trabalhar com pessoas talentosas para contar histórias cheias de autenticidade” -
Estou a filmar uma comédia em Nova Iorque este outono. Um filme que protagonizei está a chegar ao circuito de festivais, algo que muito me emociona. Tenho alguns projetos em África, que anunciarei em breve. Pode seguir-me para receber atualizações no meu Instagram Miranda Acts ou na minha página lisa-miranda.com.
Como descreveria a sua experiencia em Cabo Verde? Adoro Cabo Verde, é um dos lugares mais especiais que já visitei. Gosto muito de participar, como quer que me seja possível, e no ano passado fui voluntária numa cimeira orientada para fomentar a próxima geração de líderes e empreendedores. Antes de partir organizei uma angariação de fundos em Boston, para ajudar a arranjar dinheiro para o evento. Quando cheguei a Cabo Verde falei sobre o evento na comunicação social, sobre o poder de contar, celebrar, destacar as nossas histórias, convertendo-nos nos arquitetos do nosso futuro. Foi um momento maravilhoso falar nas escolas, toda a viagem foi um lembrete de como os africanos são gente motivada, criativa e resistente.
Quais são os seus lugares favoritos em Cabo Verde? Vá ao Fogo, a Chã das Caldeiras, à cratera do vulcão. É diferente de qualquer sítio que conheça e pode também ser muito romântico, especialmente ao por do sol. Recomendo que passe algumas noites na Casa Marisa, a comida é incrível. Podia passar a vida no Mindelo, em São Vicente, e a cena musical na Praia, Santiago, é fantástica, adoro o funaná! Não partam sem um banho de sal, na ilha do Sal, ou sem percorrer as praias da Boa Vista em bicicletas de 4 rodas. Coma cozinha local e fique para um dos muitos festivais.
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Entrevista. Lisa Miranda
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Reportagem. Jogos Africanos de Praia
Por Naomi Vera-Cruz Fotografías por Simão Rodrigues
A VITÓRIA DA OUSADIA É já em outubro que a seleção cabo-verdiana de futebol de praia feminino disputa o mundial da modalidade, na cidade de San Diego, Estados Unidos da América. Este é apenas um dos bons resultados positivos que Cabo Verde colheu nos Jogos Africanos de Praia, que tiveram lugar na ilha do Sal em junho último. As meninas crioulas do futebol de praia conseguiram a qualificação directa para os ANOC WORLD BEACH GAMES, que se realizarão entre os dias 8 e 15 de outubro, ao conquistar a medalha de ouro nos Jogos Africanos de Praia, após vitória na final sobre a Argélia, por 12-2. Mas essa não foi a única medalha que Cabo Verde conquistou na prova
regional. Ao todo, o país conquistou 10 medalhas, alcançando assim o quarto lugar no ranking dos mais medalhados, entre 54 países, superando nações com mais poderio económico e historial de conquistas. Uma proeza para o qual certamente contribui o factor casa, mas o talento e a determinação dos atletas cabo-verdianos também fez a diferença.
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Reportagem. Jogos Africanos de Praia
Ouro x3 Cabo Verde também se pintou de ouro na competição de futebol freestyle rotina com Nicholas Barros, deixando para trás concorrentes de países como Gana, Líbia, Marrocos e Zâmbia. Um feito inédito e surpreendente, dado que há muito pouco tempo que Cabo Verde começou a investir nesta modalidade.
Cabo Verde também se pintou de ouro na competição de futebol freestyle rotina com Nicholas Barros O terceiro ouro de Cabo Verde foi conquistado por Anderson Correia no concurso de afundanços (basquetebol), depois de superar adversários do Mali e Costa do Marfim com uma performance de elevado grau de dificuldade. Prata e bronze também datar-se para organizar a edição de estreia quando, até a data, nunca realizara nada desta envergadura, apenas eventos de menor peso, como os Jogos da CPLP, que se realizaram há três anos, também no Sal. Ou ainda as duas edições do Sal Beach Soccer Cup (2016 e 2017) e as duas etapas do GKA World KiteSurfing Tour. Provas que mostram que a ilha do Sal é um destino privilegiado para quem pratica desportos de praia, ondas e vento, o que a torna uma forte candidata a acolher mais eventos do tipo no futuro. Outra razão para tal é a ilha possuir ainda condições logísticas de qualidade. O seu aeroporto internacional é uma referência a nível africano e o acesso à ilha é relativamente fácil. O transporte interno e o alojamento são garantidos pelas estruturas turísticas de classe elevada instaladas no Sal, o que colabora para o sucesso de qualquer evento no quesito organização.
Da lista de medalhados, neste caso com prata, também faz parte a seleção cabo-verdiana de andebol de praia, depois de derrotar a Argélia, o Quénia e a Serra Leoa, assim como Nicholas Barros, que voltou a subir ao pódio como segundo classificado na prova de futebol freeStyle batalha. O bronze também brilhou no peito de alguns atletas cabo-verdianos: ténis de praia em dupla feminina (Sílvia Nascimento e Jocilene Fernandes) e mista (Anderson Neves e Jocilene Fernandes), Karate Kata (masculino e feminino) e kitesurfing follracing (Luis Duarte), superando forte concorrência dos vizinhos do continente. Sucesso na organização Mas a vitória de Cabo Verde nestes jogos vai além das conquistas desportivas. A começar pela ousadia em candi18
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Turismo. Notícias
TAVARES ENSINA BASQUETE EM CABO VERDE
Walter Tavares inicia em 2019 um novo projeto para o desenvolvimento do desporto em Cabo Verde. O seu campus de basquetebol é uma realidade esta semana. Tem o apoio do governo de Cabo Verde, do município do Maio e da Federação do país,
além de patrocinadores como Emicela. O jogador formado no Gran Canaria ultima os pormenores para o desenvolvimento da sua clinic, com uma visita ao ministro do desporto, Fernando Elísio Freire, e inspeção da instalação de novos cestos.
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BATUKA, A HOMENAGEM DE MADONNA ÀS MULHERES DE PORTUGAL E CABO VERDE “As maneiras mediante as quais medimos o êxito na nossa sociedade convencional não capturam a singular força e luminosidade (destas mulheres) ”, explica Madonna no seu site.
“Vi que são mulheres fortes, autenticas, carinhosas, generosas e boas. São coisas que não se podem aprender na escola. Elas ensinaram-mas”. A rainha da pop acrescenta, numa entrevista a Jenesaispop que “a batuka era considerada um ato de rebeldia para com os portugueses, para com a igreja. Tiravam os instrumentos de percussão às mulheres porque consideravam que o que estas faziam era um ato de rebelião”.
“Descobri a miríade de músicos de qualidade que vivem em Portugal. Aprendi muito sobre a história de Portugal e da Europa, a colonização, África, a música de Cabo Verde, o fado e o seu significado, a música oriunda de lugares como a Guiné Bissau ou Angola… houve muitas aulas de história durante o tempo que ali vivi, enquanto compunha a música deste disco” O vídeo é obra de Emmanuel Adjei e foi filmado em Lisboa.
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Aventura. Cabo Verde activo
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Por Patri Campora
CABO VERDE EM MOVIMENTO Apesar do lema do arquipélago ser Cabo Verde no stress e de muitos turistas chegarem às suas praias paradisíacas para descontrair ao sol e desligar de tudo numa espreguiçadeira, Cabo Verde oferece uma miríade de propostas atrativas para deixar para trás as preocupações, descobrindo as ilhas de maneira muito mais ativa. Propomos-lhe uma viagem em movimento pelo arquipélago crioulo. Vamos a isto!
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Aventura. Cabo Verde activo
Se quer descobrir o autentico Cabo Verde não esqueça as botas de caminhada e prepare-se para fruir de percursos inesquecíveis. A melhor época para a caminhada é entre novembro e maio, já que evitará as temperaturas altas e a chuva, que pode ocasionalmente ser intensa.
vam estas terras férteis, que o irão receber com um sorriso. Faça uma paragem nalgum dos antigos trapiches onde se produz a bebida local, o grogue ou aguardente de cana. Mas se o que deseja é roçar o céu, voe até à ilha do Fogo e conheça o profundo negro do seu vulcão, o Pico do Fogo. A montanha mais alta de Cabo Verde, com 2829 metros de altura, é um vulcão ativo que entrou em erupção pela última vez em 2014. Deixe todas as preocupações para trás enquanto desce a correr pelas cinzas e recupera as forças saboreando uma deliciosa cachupa aos pés do vulcão.
O encontro das correntes atlânticas com as águas tropicais faz com que os fundos marinhos fervilhem de vida -
O interior da ilha de Santiago guarda muitos cantinhos de enorme beleza, como a rede de trilhos do Parque Natural de Serra Malagueta, com paisagens impressionantes e rotas bem sinalizadas. Pode terminar o dia refrescando-se na praia do Tarrafal. O encontro das correntes atlânticas com as águas tropicais faz com que os fundos marinhos de Cabo Verde fervilhem de vida. Baleias de bossa, tartarugas, corais, tubarões e centenas de espécies de peixes habitam as suas águas cristalinas. A diversidade dos fundos, arenosos e vulcânicos, os
Santo Antão é o paraíso dos caminhantes. Aí encontrará trilhos de duração entre um par de horas e vários dias, que irão cortar-lhe a respiração, com paisagens abruptas onde pode sentir o pulsar da vida local. Um clássico é o vale de Paul. A trilha levá-lo-á desde a cratera do vulcão da Cova até ao mar, atravessando plantações tropicais de cana-de-açúcar, manga, maracujá, fruta-pão… enquanto o percorre irá cruzar-se com os agricultores que culti24
seus corais coloridos e a presença de barcos afundados nas costas do arquipélago tornam-no num destino atrativo para os mergulhadores.
nantes paredes submarinas, albergam muitos segredos escondidos. As correntes fortes atraem para a Boa Vista espécies pelágicas e tartarugas, que desovam nas suas costas.
Umas das imersões mais belas da ilha do Sal é a de Buracona, na costa noroeste. No sul, perto da praia de Santa Maria, e no sudoeste concentram-se as outras zonas de mergulho, o que facilita as deslocações que partem do concorrido pontão de Santa Maria.
Quando o vento sopra, nada melhor que içar as velas, montar os balões e adentrar-se de prancha na água. Os ventos alíseos tornam as ilhas do barlavento um dos melhores destinos para a prática de windsurf e kitesurf durante o inverno
Se prefere um ambiente mais relaxado pode optar pelas ilhas de São Vicente e Santo Antão. Do Mindelo sairemos para explorar a costa oeste, onde podemos observar tubarões tigre e touro, tartarugas, peixe-sapo e mantas, entre outras espécies. Em Santo Antão desfrutaremos das águas virgens do Tarrafal e das formações rochosas da Ponta do Sol-
A praia de Santa Maria, na ilha do Sal, é o epicentro destes desportos náuticos em Cabo Verde, com inúmeras lojas e escolas, entre as quais a do cabo-verdiano Mitu Montero, campeão do mundo de kitesurf, e a de Josh Angulo, campeão do mundo de winsurf. Igualmente interessantes são as praias de Salamansa e São pedro, em São Vicente, e de Estoril e Chaves, na Boa Vista.
Sim, peixes-sapo ou mantas Mas a oferta não acaba aqui. Surf, paddle surf, quads, trilhos de todo o terreno, uma miríade de atividades que o tentarão, para fruir ativamente desta terra de contrastes.
As ilhas do sotavento também surpreenderão os mergulhadores. As águas calmas de Santiago, além da sua rica biodiversidade e das suas impressio25
Gatronomia. Chef
Por Naomi Vera-Cruz
MODJE À MODA DE ANTÓNIA BRITO
Antónia Brito foi emigrante na Alemanha por longos anos, de onde trouxe as máquinas e o nome da padaria (Toffer) que montou em Fajã d´Água, sua terra natal, e fornece pães e bolachas a toda a ilha de S. Nicolau. Mas a sua maior alegría é ir para a cozinha e preparar o famoso modje, que, sem qualquer pejo, nos ensina a fazer. Primeiro, tempera-se a carne com cebola, alho, folha de louro, vinagre ou vinho, refoga-se e deixa-se cozinhar por cerca de 20 minutos na panela de pressão. Junta-se azeite e adiciona-se mandioca, inhame, batata-doce e banana verde, picados em tamanho bem pequeno, e deixa-se cozinhar até criar um caldo pesado. A seguir, faz-se o xerém, iniciando com um refogado à base de azeite, cebola e alho. Acrescenta-se água até metade da altura da panela, 1 litro de milho moído e deixa-se cozinhar por cerca de 1 hora mexendo sempre, até ficar bem cozido. Come-se tudo junto, o molho e o xerém.
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Gastronomia. Notícias
KAVALA FRESK FEASTIVAL 2019 Uma festa, onde Kavala é rainha, desfilando na rua de Praia, em traje frit, melodia, grelhod, caldo de peixe, gourmet, etc... O "Kavala Challenge" é a principal novidade da edição 2019 do Kavala Fresk Feastival, que acontece a 13 de Julho, no Mindelo. A ideia é sensibilizar a população para dar nova vida aos chamados materiais transformáveis. Outra novidade é substituição do prémio “Kavala mas sab”, pelo prémio “restaurante mais Eco”, como forma de incluir os operadores na campanha para a preservação do ambiente e dos oceanos.
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A diplomacia gastronómica, evento que normalmente antecede o arranque do Kavala Fresk, deverá acontecer este ano, numa outra altura.
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Cultura. Terapia de São Pedro
Por Nuria Chantre Fotografías por Evalda Monteiro
A TERAPIA DE SÃO PEDRO: BANHOS COM TARTARUGAS O mar! De facto são sempre as ondas, ora com ferocidade máxima, ora como que aos gritos (conforme o sopro do vento) que nos fazem finalmente saltar da cama, correr as cortinas e escancarar as portas envidraçadas do terraço, onde dois pombos plenamente satisfeitos levantam voo, certamente rumo a outras paragens. Inalamos profundamente o ar oceânico e fixamos os olhos em frente. Quem não for acordado pelo quebrar das ondas que parecem aumentar a cada momento, certamente o será pelo canto suave dos galos ou o gorjeio insistente dos pombos. É que estes últimos chegam bem perto, como que para nos avisar que já amanheceu na aldeia. Mas é o ramerrão leve de motores na praia que desencadeia toda uma sucessão de acontecimentos.
uma criança a comprar o pão fresco. “Isto é o que querem as pessoas que vêm se hospedar no Aquiles”, diz-nos Stiven que também está prestes a sair às compras para o pequeno-almoço, aqui mesmo na vizinhança. “Estarem em contacto com a natureza e sentirem-se conectadas com as pessoas. Este hotel foi construído exatamente com esta finalidade, portanto pode dizer-se que o modelo funciona”.
São Pedro não é um sítio visto como destino de férias quando se fala em viajar para as ilhas de Cabo Verde -
E de que maneira! Durante um pequeno-almoço demorado, envolvidos por uma trilha sonora irresistível, a conversa com outros hóspedes do Aquiles flui com uma naturalidade exaltante. Entre eles, conhecemos a família Song proveniente da Alemanha. São um casal com duas filhas adolescentes e um filho mais pequeno.
Estamos na ilha de São Vicente, mais precisamente na vila de São Pedro, no Aquiles Eco-Hotel, que tal qual o nome indica, é ecológico, para além de ser feito de madeira e vidro. Ao descer as escadas até o primeiro piso, somos recebidos amistosamente por Stiven Fortes que trabalha na receção. Enquanto conversamos, vemos duas mulheres frente à praça a estender nas cordas a roupa já lavada, e
“Este lugar é muito bom,” diz-nos a matriarca da família, Linda, enquanto saboreamos as doces frutas de época, o cremoso queijo de cabra feito pelos próprios moradores da aldeia e um refresco suave de bissap (ibisco). “No ano passado fomos de férias para a Itália. Visitámos a Costa Almafitana, Nápoles e Roma. Mas haviam multidões por todas as partes.
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Cultura. Terapia de São Pedro
Este ano preferimos vir para um lugar onde podíamos realmente relaxar”, ela explica. São Pedro não é um sítio visto como destino de férias quando se fala em viajar para as ilhas de Cabo Verde. Fora ficar a meros cinco minutos de carro do Aeroporto Internacional Cesária Évora, é quase remota. A única escola na localidade é do ensino básico elementar e as poucas lojas existentes são pequenas mercearias. O número de restaurantes não chega a completar todos os dedos de uma só mão. Mas digamos que tudo isso é parte da grande atracão desta pequena aldeia, onde até há bem pouco tempo a população não chegava aos mil habitantes.
gas que nos últimos tempos têm chegado à praia de São Pedro. “Prefiro que sejam poucas as pessoas que chegam cá, para assim não afetarem este habitat natural”. Diz-nos ele na sua forma tranquila de falar, enquanto nos sentamos num dos botes. “Todos os dias também não, porque isso pode privar as tartarugas de se desenvolverem no seu ambiente”, acrescenta. Esta forma de pensar alinha perfeitamente com a do pessoal do Aquiles. Com treze quartos de hóspedes, um sistema de reutilização de água, materiais e energia sustentáveis no hotel, desde sempre tem mantido essa visão de parceria e colaboração com a comunidade. Aliás, como nos explica um dos arquitetos do projeto, Moreno Castellano: “A política do hotel combina bem com a aldeia e não é por acaso que as tartarugas estão vindo para a praia de São Pedro. Não quero dizer que o hotel atraiu as tartarugas, mas nada acontece por acaso”.
Aqui sentados neste bote, o Didi conta que o hotel foi construído e que as tartarugas foram aparecendo -
Aqui sentados neste bote, o Didi conta que o hotel foi construído e que as tartarugas foram aparecendo. Segundo ele, tudo começou quando tartarugas das diferentes costas nas redondezas, como Flamengo e Ribeirinha, começaram a ficar presas nas redes de pesca. Os pescadores colocavam-nas nos botes e logo as soltavam na praia. Agora acredita que, no total, são 15 as tartarugas que circulam livremente e com frequência pelos mares de São Pedro. “O pessoal já está sensibilizado, sabe que mais valem vivas do que mortas. É assim que penso. Não só para as preservar, mas também a nível do turismo, que está a desenvolver a nossa zona.” Quando os pescadores chegam do mar alto, lançam na água as iscas restantes da pesca. Logo, as tartarugas aproximam-se dos botes e aproveitam das sobras para se alimentarem. “Elas escutam o ruído do motor, pois são também inteligentes, e ficam perto dos botes”, explica-nos o Didi.
Aqui, o instinto natural dos que amanhecem neste ambiente sereno é seguir para a praia. Descer por entre as pequenas encostas de areia, contornar os becos das casinhas simpáticas, desejar um bom dia à mulher que já se encontra a estender a roupa nas cordas, ou aquela que ainda está a escovar os dentes na varanda, e por fim cumprimentar aqueles que já se encontram na praia ao pé dos botes. Basta um olhar e um bom dia por entre os cães que adormecem às sombras dos vários botes de pesca e as tasquinhas espalhadas pela areia, que se fica a conhecer o Waldir Lopes, natural de São Pedro, mais conhecido por Didi Tartaruga. Ele que concorda mais ou menos com a nossa teoria do grande charme da sua pequena vila, mas os seus motivos serão quiçá um pouco mais nobres. Didi, 32 anos, é um autoproclamado guia e defensor de tartaru-
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Ressalta que é preciso saber visitar as tartarugas. “São como nós quando estamos nas nossas casas e esperamos que as pessoas não nos venham incomodar. Assim também é preciso saber aproximar-se delas, porque sentem a tua conexão. Então tens que nadar suavemente”.
Ainda na praia enquanto conversamos, o Didi repara que as tartarugas começam a aproximar-se. Isto devido aos botes que estão a chegar da pesca matinal. Momentos depois, ele disponibiliza as máscaras de mergulho e os visitantes entram no mar, felizes pela oportunidade de vê-las de perto. “Nunca antes havia nadado com tartarugas”, diz-nos maravilhada uma das filhas do casal Song.
É esta a filosofia universal dos que respiram o ar de São Pedro. O Aquiles, quando abriu as portas do hotel, fê-lo para toda a aldeia. Hoje ele conta com uma equipa de futebol de crianças que treina há vários anos, e é respeitado por todos os moradores. Quando chega um turista que quer um passeio de bote até o farol, o Aquiles simplesmente passa essa informação ao seu amigo Marciano Neves, natural de São Pedro, mais conhecido por Russo. Diz este último: “Após a abertura do hotel, vim apresentar-me ao dono e fizemos amizade”, recorda. “Graças ao hotel, têm vindo turistas para a aldeia. Muitos ainda visitam a minha casa e almoçam connosco”.
Momentos depois surgem partidas de futebol e de ténis entre os habitantes e os visitantes, as tartarugas reaparecem no mar que vibra de diversas tonalidades azul e verde, e um avião chega para fazer mais uma aterragem na ilha de São Vicente. Por estas bandas, elemento algum jamais atrapalha o outro. Como nos diz o Didi: “O espírito por vezes fica sobrecarregado de energias que podem ser negativas, então aqui é um anti-stress. É uma boa terapia. Ainda mais com as tartarugas, ficas com o coração mais suave, mais tranquilo.”
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Cultura. João Branco
Por Odai Varela Fotografias por Bob Lima
BODAS DE PRATA DO MINDELACT O Festival Internacional de Teatro do Mindelo - Mindelact 2019, assinala 25 anos em novembro com uma programação de grupos nacionais e internacionais, na cidade do Mindelo, com uma extensão na cidade da Praia. O presidente da Associação Mindelact, João Branco, fala numa constante evolução através da economia dos afetos. Mindelact é espantoso se tivermos em conta a pequenez geográfica e populacional do país e, mais ainda, os meios financeiros que este tem ao seu dispor. Por outro lado, como já foi dito por muita gente ao longo destes anos, o festival Mindelact tem funcionado como uma autêntica escola, porque uma das principais formas de se aprender algo em arte é vendo o trabalho dos outros, é saber o que se está a fazer um pouco por todo o mundo. E o Mindelact tem permitido isso, não só com as suas programações de excelência, mas também por trazer grandes nomes e artistas para ministrar oficinas aos nacionais que são, sem nenhuma dúvida, incríveis mais valias e fator de crescimento. Hoje o teatro cabo-verdiano está num patamar muitíssimo superior do que estava há 20 anos atrás, em termos quantitativos e qualitativos. Qual o peso do Mindelact para que essa evolução tenha acontecido? Acreditamos que tenha sido um fator fundamental desse crescimento e dessa evolução. Quais são as exigências de realização de um Festival como o Mindelact?
O Festival Mindelact comemora as Bodas de Prata. O que estes 25 anos representam em termos culturais, artísticos e sociais para Cabo Verde? Várias coisas. O Cabo Verde teatral, digamos assim, surge e tornou-se muito mais visível no mapa-mundo graças ao Festival Mindelact. Isso é inquestionável. Em 24 anos - com a edição de 2019 serão 25 - nunca o Mindelact deixou de acontecer, o que é notável. Mais, foi crescendo de regional a nacional, de nacional a internacional e com uma programação em constante evolução. Hoje podemos dizer que temos 7 ou 8 eventos dentro do próprio Mindelact.
“Os mais jovens têm mais energia, mais ilusões, mais coragem e mais planos para o futuro” Com espetáculos de maior porte, com produções mais intimistas, com teatro de rua, com a linguagem das performances, com o ciclo dos Contadores de Estórias, com o teatro mais experimental e por aí fora. Hoje, o volume de espetáculos do
Em primeiro lugar, muita coragem. Realizar um festival como o Mindelact em Cabo Verde é um atrevimento, por assim dizer. Por outro lado, criatividade. Para conseguir reunir as condições
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Cultura. João Branco
financeiras e logísticas de um evento como este é preciso ir bater em muitas portas, é fundamental saber negociar, convencer, seduzir, não só parceiros, empresas, mas também os artistas e as companhias. Como se consegue que artistas de renome mundial como o japonês Tadashi Endo, o checo Radim Vizvary, a cabo-verdiana Marlene Freitas ou a brasileira Vera Holtz (só para referir exemplos dos dois últimos anos) aceitem vir até Cabo Verde apresentar os seus trabalhos, de forma gratuita? É preciso muita conversa, explicar como funciona, passar este conceito da Economia dos Afetos (lançado por nós em 2014) que permite que um evento que normalmente teria um orçamento incomportável, possa custar 10 ou 20 vezes menos.
É tão difícil quanto visível. Parece contraditório, mas é assim mesmo. Ainda assim, já foram defendidos e publicados vários estudos de mestrado e doutoramento que tiveram no Mindelact um dos seus principais estudos de caso e que são unânimes em reconhecer o Festival Mindelact como algo extraordinário no contexto cabo-verdiano. Gostaria que um dia alguém da área da gestão se desafiasse a fazer da sua tese de mestrado ou até doutoramento um aprofundamento do que é isto da "Economia dos Afetos", porque é uma das bases da nossa sustentabilidade e crescimento. Mas do ponto de vista artístico é visível o crescimento da arte cénica em Cabo Verde, a todos os níveis: quantidade de grupos, qualidade das produções, visibilidade social da arte, interesse de implementação do teatro nos mais diversos domínios, etc. Diria que hoje o teatro é um bem de primeira necessidade no país.
“A arte cénica tem uma matriz comum e a partir daqui vai variando conforme os seus intervenientes” -
Você faz parte deste percurso e já trabalhou com atores novos e os da antiga geração. Como diretor teatral, quais as principais diferenças entre o jovem ator atual e aquela juventude que iniciava no teatro há 25 anos?
Ainda, generosidade, não apenas dos artistas, mas também dos parceiros e das equipas de voluntários, a começar pelos dirigentes que nunca recebem pelo seu trabalho. Finalmente, competência, que faça com que seja possível fazer tanto com tão pouco. Como é evidente, muitas vezes pensamos que seria fantástico ter melhores condições técnicas, espaços mais apropriados, etc. Mas estas dificuldades acabam por nos tornar mais audazes e fazem com que destes obstáculos acabem por surgir soluções interessantes que tem permitido o crescimento do Mindelact, não a partir da abundância, mas da escassez. Como é que se pode mensurar o sucesso ou ganhos do Mindelact?
As mesmas de sempre. Os mais jovens têm mais energia, mais ilusões, mais coragem e mais planos para o futuro. Por outro lado, os jovens hoje encontram condições que não havia há vinte anos. Podem ver muito teatro ao longo do ano, podem ter acesso a imensa informação de pesquisa e estudo, podem conhecer artistas e espetáculos internacionais anteriormente inacessíveis para o cidadão interessado e tem outros meios, de informação e até outros, para conseguir estudar teatro. Veja-se o caso das bolsas PROCULTURA, da União Europeia que incluem as artes cénicas e que tem muitos cabo-verdianos a concorrer.
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Cabo Verde avanza. Ruth Furtado.
Por SAPO CV
RUTH FURTADO, JOVEM EMIGRANTE QUER REALIZAR O SONHO DE SER CANTORA
Natural de São Domingos, Ruth Furtado reside atualmente no Reino Unido, onde lançou recentemente dois singles no mercado. Em Cabo Verde para divulgar o seu trabalho, Ruth Furtado contou ao SAPO Muzika um pouco do seu percurso até hoje. Eunice Furtado, 30 anos, nasceu em São Domingos, numa família de quatro irmãos, mas cresceu e passou a sua adolescência na cidade da Praia, mais concretamente no Bairro de Safende. Recorda que desde pequena gostava de cantar, mas que sempre foi discreta na sua paixão.Aos 15 anos, Ruth como é carinhosamente tratada, emigrou para Portugal, onde já estava o pai. “ (nessa altura) Já sabia o que queria fazer na vida, era música”.
ques, engenheiro musical e o atual produtor, com o apoio do qual Ruth lançou os dois primeiros singles da sua autoria: “Força d’Alma”, em novembro de 2018, e mais recentemente “Segredo”. Os dois temas estão ligados e contam uma história de superação e amor. A jovem pretende continuar esta aposta na música e lançar novos temas ainda este ano, para depois colocar no mercado um EP e, possivelmente, um álbum. “Estou super contente e agradecida com o feedback que tenho recebido das pessoas”, afirma Ruth, que inclusive deixou de lado o trabalho que tinha num cruzeiro, para se concentrar na carreira musical. Na Praia para divulgar o seu trabalho, Ruth recebeu o convite para atuar na Gala de Homenagem a Zezé e Zeca Nha Reinalda, que teve lugar na cidade da Praia. A atuação teve um sabor especial porque Ruth confessa que é fã de Zeca Nha Reinalda, com o qual gostaria de, quiçá um dia, gravar um tema.
Chegou a fazer alguns trabalhos num registo mais zouk, mas sempre acreditou que essa “não era a sua praia”. “Sempre gostei de música mais calma, num registo mais soul”.Decidiu então parar até que encontrasse alguém com quem pudesse trabalhar dentro do que considera ser o seu estilo musical. Entretanto, aos 24 anos emigrou para o Reino Unido. Foi justamente em Inglaterra, em 2017, que a cantora acabou por conhecer Edson Mar-
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Cultura. Artemisa Ferreira
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Por Odai Varela Fotografías por arquivo pessoal
ARTEMISA FERREIRA “A literatura Cabo-Verdiana sempre trouxe um cheirinho do erótico. Eu apenas me atrevi com uma completamente erótica” Artemisa Ferreira, jovem autora cabo-verdiana, torna-se com o livro “Gruta Abençoada” a primeira a publicar no género da literatura erótica em Cabo Verde. Apresenta-se como uma pessoa complicada de definir, alguém a descobrir. Nos finais de 2008 inicia-se na escrita erótica, um género que sempre a atraiu, tendo sempre sentido admiração por todos os que abraçam este género. A autora abre-se nesta entrevista para revelar sua faceta de escritora erótica.
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Cultura. Artemisa Ferreira
O que te fez sentir que teus escritos eróticos já estavam prontos para publicar?
Inspiras-te nalguma referência neste género? Várias são as referências que admiro muito. Porém, quando escrevo tento limitar as suas leituras, de forma a não me influenciar pelos seus estilos. Há vários autores que gosto de ler, como Carlos Drummond de Andrade, Florbela Espanca - que é mais subtil – e também Olga Savary, bem como o escritor cabo-verdiano Germano Almeida, ou as literaturas japonesas, etc.
Quando comecei a lê-los com outros olhos e admirá-los. O brilho e o calor que me irradiavam convenceram-me. Quando é que te deste conta desta tua faceta de escritora erótica? Desde que comecei a rabiscar as primeiras linhas, no liceu, lia muito “O Cântico dos Cânticos” do Rei do Salomão, que achava muito lindo e tentava imitar. Entretanto, sempre me contive perante a tentação de tomar meus escritos mais a sério. Foi em 2008 que comecei a expulsar o que vinha dentro de mim. Foi uma sensação de dever cumprido para com a minha pessoa.
Como leitora sentiste falta desta literatura ou este olhar erotizado nas publicações literárias em Cabo Verde? A literatura cabo-verdiana sempre trouxe um cheirinho do erótico nos contos, romances e poesias. O que ainda não existia era uma obra totalmente erótica como a "Gruta Abençoada". Conhecendo a nossa cultura, já era tempo, visto que isto sempre existiu na sociedade.
“Foi em 2008 que comecei a expulsar o que vinha dentro de mim. Foi uma sensação de dever cumprido para com a minha pessoa” -
Quanto da Artemisa está nos teus versos eróticos? Falas de experiência própria ou situações ficcionadas? Os escritores, por mais ficcionada que seja a sua escrita, nunca fogem da sua pessoa. Sempre tem lá no fundo o verdadeiro "eu do autor". É neste "eu" que podemos identificar e diferenciar a identidade de cada autor. Os meus escritos não fogem à regra: alguns são ficcionais, mas não imaginários (risos).
Aceitas este ‘rótulo’ de escritora erótica? Ainda não, mas quero lá chegar. É uma arte linda que faz parte do dia a dia, do nosso quotidiano. Para ti quais são as características da boa literatura erótica?
Consideras que a tua escrita é erótica ou sobre sexo?
É algo de que estou à procura. Contudo, até aqui sei que não tem que ser banal e não se deve confundir com o pornográfico. Também tem que carregar a essência do belo e sobretudo a escrita tem de tocar a pele de quem lê.
É uma escrita erótica, porque escrita sobre sexo não carrega a essência do belo, presente na erótica. O que escrevo é para ser cheirado, sentido e não colocada em "prática". É como quando tocas
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suavemente a pele de uma pessoa para fazê-la sentir teu toque e tu por tua vez sentir seu cheiro e sua respiração, não para fundir no sexo explícito. Em Cabo Verde há o desejo de ler sobre sexo? Em Cabo Verde lê-se sobre sexo nas páginas de Germano Almeida ou nas literaturas eróticas. Arrisco-me a dizer que é mais fácil encontrar uma pessoa a ler sobre esse género do que sobre os outros. Certa vez, uma pessoa disse-me nunca tinha lido um livro na vida, mas a “Gruta Abençoada” leu até ao fim e repetiu. Claro que não me baseio apenas nesta situação, mas é apenas um dos exemplos. Talvez quando mais obras do género forem publicadas, principalmente as que estão na gaveta.
gumas pessoas me sugeriram bloquear ou colocar alguma alerta no meu blog (artemisaferreira.blogspot.com) por causa dos menores, mas em relação ao livro ainda não recebi críticas negativas. Sentes-te uma transgressora ao escrever sobre sexo em Cabo Verde?
Mesmo numa sociedade - de certa forma - conservadora decidiste publicar “Gruta Abençoada” com teu nome verdadeiro. Não sentiste a necessidade de publicar com um pseudónimo para evitar certos julgamentos populares?
Não, muito pelo contrário. Outros já o fizeram e continuam a fazer, eu apenas me atrevi a trazer uma obra completamente dedicada ao erotismo.
Estamos numa sociedade em que somos julgados antes do nosso próprio nascimento. Já estou acostumada. Não sou contra que se opte por pseudónimo, mas não gosto de o fazer. É esconder, é mostrar medo de ser encarado pela sociedade. A escrita é a forma de descobrir a identidade de um autor e eu não tenho razões para esconder-me.
Qual a importância que o erotismo assume para ti? Sinto-me no meu habitat (risos). Pretendes investir mais neste segmento? Quais são seus próximos trabalhos? Pretendo investir mais sim e continuar a aperfeiçoar cada vez mais neste género e não o abandonar (risos). Projetos são vários, para além da literatura quero levar o erotismo para o cinema. No ano passado terminei um artigo sobre o tema do erotismo que está por publicar e cada dia aparecem novas ideias e planos.
De onde surgiram as maiores críticas ou preconceitos à tua escrita erótica? Até agora não recebi críticas de uma forma negativa ou preconceituosa. Na verdade, sou elogiada e incentivada a continuar. Houve uma altura em que al-
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Binter. Noticias
SALA MULTIMÉDIA BINTER Depois da escola de Achada Grande Frente na Praia, Simeão Lopes em São Vicente, e da Lagariça na ilha do Fogo, foi a vez das escolas de Praia Branca em São Nicolau e Calheta no Maio receberem as nossas 5ª e 6ª Salas Multimédia Binter, em prol da Educação de qualidade. As inaugurações que aconteceram nos meses de maio e junho culminaram com a entrega das salas equipadas com computadores e impressoras de última geração. Um projeto que visa a introdução de aulas de informática aos alunos e servir de ferramenta de trabalho para os professores. Seguiremos comprometidos com a nossa responsabilidade social, levando muitos sorrisos aos mais pequenos.
SORRISOS VERDES O nosso projeto de ação e solidariedade social continua a beneficiar várias crianças em todo o Cabo Verde. No mês de junho, visitámos o jardim Lírios do Campo- Tia Zeza, que fica localizado no bairro de Achada Grande na Cidade da Praia. Esse jardim, que funciona há 25 anos, trabalha com um forte cariz social, acolhendo muitas crianças carenciadas do bairro. O espaço acolhe crianças dos 3 meses aos 6 anos de idade e de momento trabalham com cerca de 100 crianças, sendo alguma delas portadoras de necessidades especiais como paralisia cerebral e microcefalia. A nossa visita serviu para interagir com os petizes, visitar as instalações, conhecer as suas necessidades e dar o nosso contributo para o bem - estar das crianças.
béns às “tias” monitoras pelo zelo e dedicação que têm para com essas crianças.
Agradecemos a excelente receção que tivemos e aqui deixamos os nossos para-
Sorrisos Verdes, um gesto, muitos sorrisos! 40
Bagagem
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