Jornal Candido #3

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16 Cândido | jornal da biblioteca pública do paraná

mercado editorial Luiz Rebinski Junior

O

s clássicos nunca saíram de moda. Dada a importância que têm, estão sempre vendendo. Mas, nos últimos anos, várias editoras têm investido em uma vertente menos celebrada desses livros, focando em dois pontos específicos: a edição de obras menos conhecidas ou esquecidas de autores consagrados e a publicação de escritores bem-sucedidos em seus países de origem, mas ainda desconhecidos por aqui. A editora Estação Liberdade tem se notabilizado nessa seara. Nascida no bairro oriental de São Paulo, em 1989, a Liberdade estabeleceu, primeiramente, uma linha de frente de veiculação das letras nipônicas no Brasil, com a publicação de clássicos japoneses como Yasunari Kawabata, Prêmio Nobel de 1968, Eiji Yoshikawa, autor do popular Musashi, além de autores contemporâneos como Haruki Murakami, que virou febre em todo o ocidente. Com o tempo, no entanto, a Estação Liberdade passou a editar, sempre em traduções diretas da língua de origem, autores das mais diversas literaturas europeias, muitos deles inéditos. “Tento sempre abordar as obras de um autor de forma estruturada, não pegando simplesmente seu maior sucesso. Eu devia ao público brasileiro o Diário dos moedeiros falsos, de André Gide, obra da obra, um autor narrando sua labuta, e chegando ao cerne das questões de construção do livro, enfim, do ato de escrever em si. Além de André Gide, estamos trabalhando a obra de autores como Kawabata, Heinrich Böll, Soseki, Yasushi Inoue e outros mais atuais, em seu conjunto. Isso não se faz rápido, são anos de empenho”, diz Angel Bojadsen, diretor editorial da Estação Liberdade. Descobrir “clássicos regionais”, ou seja, grandes escritores que não ultrapassaram as fronteiras de seus países, é a outra ponta de atuação da Estação Liberdade. “Às vezes é comercialmente difícil,

O lado B dos clássicos Mesmo com um número cada vez maior de editoras se dedicando à publicação de clássicos, ainda há textos de grandes escritores desconhecidos do leitor brasileiro

Diário de um velho louco – Jun’ichiro Tanizaki (Estação Liberdade, 2007)

Os moedeiros falsos – André Gide (Estação Liberdade, 2009)

A bela senhora Seidenman – Andrzej Szczypiorski (Estação Liberdade, 2007)


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