Jornal Candido # 13

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24 Cândido | jornal da biblioteca pública do paraná

capa | para gostar de ler

Cantadas, vaga-lumes e outros passos Coleções e séries já foram responsáveis pelo momento inicial de leitura de várias gerações de brasileiros Marcio Renato dos Santos

A

ngelita Martens tinha entre 6 e 7 anos quando começou a ler, e o início desse hábito, que segue até hoje, foi por meio de uma coleção. Na realidade, a partir dos livros da “Série Vaga-lume”. A curitibana, hoje com 37 anos, era aluna na Escola Estadual Euzébio da Mota, no bairro do Xaxim, na capital paranaense, e uma professora de língua portuguesa costumava premiar quem fazia as tarefas de casa e os que obtinham as melhores notas. Para esses, havia acesso ao armário de livros, onde era possível encontrar O escaravelho do diabo, de Lúcia Machado de Almeida, entre outros títulos da “Série Vaga-lume”. O percurso de Angelina não é exceção. A “Série Vaga-lume” foi — e ainda é — porta de entrada para a leitura. O assunto, inclusive, é estudado na academia. Catia Toledo Mendonça defendeu, em 2006, na Universida-

de Federal do Paraná (UFPR), a tese de doutorado À sombra da Vagalume: análise e recepção da série. Ela aplicou 240 questionários em alunos do curso de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e as respostas apontaram que muitos aprenderam a gostar de ler, sobretudo literatura, com os livros da série. Inaugurada com O mistério das cinco estrelas, de Marcos Rey, a “Vaga-lume” se consolidou durante os anos 1980. Catia explica que a série foi bem-sucedida porque reuniu livros que flertaram com o entretenimento, deixando de lado o viés pedagógico — característica de coleções produzidas anteriormente. “Essa mudança, do pedagógico rumo ao entretenimento, fez toda a diferença, e conquistou leitores. A heterogeneidade dos autores também foi responsável pelo sucesso da série. As obras da “Vaga-lume”, de fato, levam ao deleite”, afirma Catia, hoje com 57 anos, professora da Universidade Estadual do Paraná. A especialista em leitura Marta Morais da Costa analisa que a “Série Vaga-lume” foi importante para dois públicos: o leitor inicial e os professores. “Até hoje, no século XXI, muitos citam a ‘Vaga-lume’ como ponto inicial de leitura. E a série ainda resolvia um dos maiores problemas para os profes-

Arquivo pessoal

Marcelo Rubens Paiva fez uma obra de ficção a partir de seu percurso.


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