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OLHAR SINGULAR

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ADEGA

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E N T R E V I S T A ENTREVISTA

Cássio Vasconcellos fala sobre o início de sua trajetória e revela o que o motiva a fazer imagens que encantam espectadores de todo o mundo

Ao folhear revistas e outras publicações de arte, certamente o leitor encontrará uma definição recorrente para explicar um paulistano que fascina o espectador a cada clique de sua máquina fotográfica. “Um artista contemporâneo, que afasta a fotografia de sua função documental para aproximá-la do universo da pintura e das artes”, dizem alguns. Para Cássio Vasconcellos, seu trabalho pode ser explicado de uma forma menos didática: “uma forma de nos conhecer melhor, assim como conhecer melhor o mundo que está ao nosso redor”, analisa em entrevista exclusiva à Revista Bergerson.

E N T R E V I S T A ENTREVISTA

O QUE ME CHAMA ATENÇÃO PARA FOTOGRAFAR SÃO AS COISAS SOBRE AS QUAIS ME QUESTIONO

CÁSSIO VASCONCELLOS

Nessa jornada de descobertas, o profissional confessa que estuda e busca conhecimento para ter uma percepção de mundo mais interessante. O resultado faz jus a seu objetivo: imagens de paraísos naturais e megalópoles caóticas, feitas muitas vezes de cima, que revelam detalhes e curiosidades até então inéditos para o público. Algumas vezes, os registros rementem a pinturas, gravuras e imagens de cinema, o que permitem a alguns críticos relacioná-lo ao pictorialismo, movimento surgido no século XIX para elevar a fotografia à categoria de arte.

Aos 49 anos, Vasconcellos relembra que tudo começou aos 15, durante uma viagem de férias com a família. As aulas voltaram, mas o interesse ficou. “Comecei a fotografar e não parei mais. Daí, fiz um curso em 1981 para ter mais controle e aprender mais e fiquei só na fotografia”. Como fotojornalista, trabalhou na Folha de S. Paulo, em 1988, mas nunca deixou de lado seus projetos autorais. Suas primeiras exposições individuais foram lançadas em 1983. “Às vezes surge convite para fazer trabalhos específicos para algum museu ou espaço expositivo. É quando eu crio algo a partir de uma demanda.”

De lá para cá, foram mais de 30 anos de profissão que podem ser resumidos em fotografias com olhar singular, expostas mais de 180 vezes em 20 países; quatro livros – Aéreas do Brasil (2014), Aéreas do Brasil: Noturnos São Paulo (2002), Aéreas (2010) e Panorâmicas (2012); e diversos prêmios, entre eles o de Melhor Exposição de Fotografia do Ano (2002), pela Associação Paulista de Críticos de Arte (Apca). “O que me chama atenção para fotografar são as coisas sobre as quais me questiono”, revela ao ser perguntado sobre o que o motiva a continuar na profissão por tempo indeterminado. POR DIEGO PALMIERI

Com mais de 20 anos de atuação no mercado imobiliário, a Paysage Condomínios Diferenciados renova sua identidade visual, marcando um momento de forte expansão e consolidação em novas linhas de negócios. Referência em condomínios fechados e com crescente atuação em loteamentos urbanos, bairros planejados e shopping centers, passamos a assinar Paysage Empreendimentos. Solidez, qualidade e inovação são características presentes no DNA da marca. A marca do que somos e do que nos move.

GA S T R O N O M I A GASTRONOMIA

À MESA COM ELENA

A Revista Bergerson viajou a Buenos Aires para conhecer o novo restaurante do hotel Four Seasons

Nem mesmo o anúncio de uma nova crise econômica ameaça a atmosfera dourada de Buenos Aires. É verdade que a capital argentina viveu o auge de seus anos entre o fim do século 19 e a primeira metade do século 20, em que os grandes estancieiros atravessaram o Atlântico rumo a Paris e trouxeram de lá ideias e costumes que afrancesaram a cidade e a própria elite agrícola. De lá para cá, os portenhos adotam um notável equilíbrio entre tradição e modernidade.

Inspirado em San Telmo, Elena tem estrutura em ferro e detalhes como o “içador” de velas

Com base nesse conceito, uma das mais recentes reinvenções é o restaurante Elena, do recém-renovado hotel Four Seasons, no coração da Recoleta. A casa elege a parrilla, grande especialidade argentina, como protagonista do cardápio, mas com o ousado detalhe de a carne ser maturada a seco, uma tendência na gastronomia mundial. Elena não foi batizado assim por acaso. Inaugurado no último ano, o restaurante homenageia Elena Peña Unzué, antiga proprietária da

A PARRILLA DRY-AGED É MAIS SABOROSA E MAIS MACIA QUE A CARNE MATURADA PELO PROCESSO TRADICIONAL

O restaurante é especializado em carnes maturadas à seco por pelo menos 45 dias

imponente mansão Alzaga Unzué, anexa ao prédio principal do Four Seasons. O palácio em estilo Belle Époque foi um regalo de casamento do noivo, o fazendeiro Félix Alzaga Unzué, inspirado nos castelos do Vale do Loire, na França. O casal viveu ali a partir de 1920 e promoveu festas que fizeram história na sociedade portenha. A vocação anfitriã sobreviveu à posteridade.

Hoje, Elena, o restaurante, recebe seus convidados de forma impecável no salão de dois andares com decoração inspirada em San Telmo: lustres e candelabros coletados em antiquários do bairro histórico, copos de cristal e facas em design vintage, cadeiras estofadas em couro, muito revestimento em madeira, piso em mármore preto e branco e até detalhes como o “içador” de ferro para transportar os vinhos mais nobres do mezanino ao térreo.

GA S T R O N O M I A GASTRONOMIA

Desjejum e o disputado brunch de domingo também são realizados no Elena

“Queríamos que as pessoas se sentissem como personagens dentro de um show particular num espaço que remetesse exclusivamente a Buenos Aires e não apenas a um restaurante que pudesse estar em qualquer metrópole do mundo”, explica o gerente Santiago Lambardi.

A charcutaria, ao lado da cozinha aberta para o salão, exibe a vitrine com as carnes em maturação. Importada dos Estados Unidos, a técnica dry-age consiste em “descansar” a peça por um período de até 120 dias em temperatura controlada de 1 a 2 graus e 25% a 50% de umidade. “O resultado é uma parrilla muito mais tenra e de sabor intensificado, promovido por um processo enzimático e bioquímico”, descreve o chef Gonzalo Torrado. Por ora, os cortes de gado Angus se restringem ao t-bone (bisteca), ojo de bife (miolo de contrafilé) e bife de chorizo (parte traseira do contrafilé), maturados a seco por 45 dias. Mas a inventiva cozinha, uma das pioneiras em maturação a seco em Buenos Aires, quer ir além. “Estamos testando maturar carne de búfalo por 120 dias”, adianta Torrado.

O bar Pony Line tem inspiração no polo

O bar possui tiras de couro no teto e drinks exclusivos inspirados nas tradições argentinas

A Revista Bergerson provou o ojo de bife, acompanhado de molho chimichurri e papas fritas. De fato, a carne explode em diversificados sabores, acentuados com ervas e maciez redobrada, ainda mais valorizada pela gordura marmoreada. “Não acho que o dry-aged é uma tendência de moda. Se as pessoas realmente compararem os dois tipos de maturação, vão sentir a diferença.”

Na mesma linha de renovação que deu origem ao Elena, o Four Seasons também abriu em 2013 o bar Pony Line. A inspiração aqui é o polo, esporte venerado pelos argentinos, só perdendo para o futebol. O teto, por exemplo, tem tiras de cavalgadura de couro, a disposição dos lounges lembra a estrutura de estábulos e as almofadas são feitas em teares manuais, típicos do norte da Argentina. A ousadia do ambiente só é superada pela da carta exclusiva de drinques – o carro-chefe é o Piletero #2, com vodca, vinho Sauvignon Blanc, menta, maracujá, laranja e flor de hibisco, nativa da Jamaica. “É uma bebida refrescante e sensível, mas com o toque do vinho, uma das

“QUERÍAMOS QUE AS PESSOAS SE SENTISSEM COMO PERSONAGENS DENTRO DE UM SHOW PARTICULAR NUM ESPAÇO QUE REMETESSE EXCLUSIVAMENTE A BUENOS AIRES”

SANTIAGO LAMBARDI

coisas representativas da Argentina. Servimos cerca de 200 tragos por noite”, conta o bartender Matias Granata, criador de quatro Pileteros, dos quais somente o #2 sobreviveu. Outro destaque é o drinque Des-Coya, receita de vodca, vinho branco Torrontés, pisco peruano e azeitonas verdes envolvidas em folha de manjericão. “São sabores típicos do norte do país”, revela.

POR FERNANDO TORRES

DESIGNARTECULTURA DESIGN/ARTE/CULTURA

RESPIRANDO ARTE

ArtRio 2014 agita o mercado das artes e amplia a projeção da produção artística contemporânea brasileira

A arte é exclusiva e é para todos. Unindo esses dois conceitos em princípio tão opostos, a quarta edição da ArtRio (de 10 a 14 de setembro) prepara mais um evento de destaque no panorama artístico nacional e internacional, apresentando trabalhos únicos para o maior número possível de apreciadores. O cenário não poderia ser outro, na brasileiríssima cidade do Rio de Janeiro, que recebe em cinco armazéns do Pier Mauá mais de 100 galerias expondo obras de cerca de 2000 artistas de diversos países. “A ArtRio está amadurecendo a cada ano e conquistando posição de forte relevância no mercado internacional de arte. Nosso foco está sempre na qualidade da feira, tanto na seleção de galerias participantes quanto no trabalho de atrair para o evento os grandes colecionadores, curadores e consultores de arte. Somos uma feira brasileira que reúne o que há de mais relevante no cenário da arte mundial”, comenta Brenda Valansi, sócia-diretora da ArtRio.

Público circula pelo Píer Mauá na edição de 2012. Acima, obra de Bruno Vilela, “O Barqueiro”

TRÍADE

O evento se baseia em três pilares: Conexões, Conteúdo Artístico e Feira Internacional. As Conexões representam as parcerias da ArtRio com marcas e instituições, incluindo: Prêmio FOCO Bradesco/ ArtRio, o CIGA (Circuito Integrado das Galerias de Arte, com roteiros de visitação especial a galerias e museus), o ArtRio Social (que leva arte às ONG’s e escolas municipais), o Conversas ArtRio (agenda de palestras com grandes nomes da arte) e o Intervenções Bradesco/ArtRio (intervenções urbanas, com grandes esculturas). A base de Conteúdo conta com informação e entretenimento, distribuídos pelo Portal ArtRio (artrio.art.br), Minutos da Arte (entrevistas com curadores e artistas), Circuitos Artísticos (indicação de novos roteiros de arte de visitação pública no Rio), Web Rádio (com músicas e entrevistas) e Espaço ArtRio de Pensamento (uma coluna na revista Das Artes).

Já a Feira Internacional reúne o trabalho dos artistas em mais de 9200 metros quadrados do Pier Mauá e conta com mais de 50 eventos paralelos e 3400 profissionais envolvidos na produção. Sim, os números também fazem parte do universo das artes e é por meio de iniciativas como a ArtRio que ela é fomentada no Brasil. “Percebo neste ano um grande interesse na arte brasileira, com muitos colecionadores internacionais confirmando presença na feira”, conta Brenda.

Obra “Exposed Painting Blue Lake”, do artista Callum Innes (Ingleby Gallery), que estará exposta no ArtRio

Brenda Valansi com Luiz Calainho e Elisangela Valadares, sócios do ArtRio

DESIGNARTECULTURA DESIGN/ARTE/CULTURA

BRASIL CONTEMPORÂNEO

A arte contemporânea brasileira ganhou ainda mais destaque e divulgação recentemente, a partir de 2010, segundo pesquisa da Abact/Apex (Associação Brasileira de Arte Contemporânea). “Nossa arte está cada vez mais sendo vista como de alta qualidade e dialoga muito bem com os conceitos universais”, observa Valansi. Nesse contexto, eventos como a ArtRio se consolidam e buscam o aumento da visitação de museus, exposições e galerias, assim como o cres-

Bruno 9LI assina a tela intitulada “Nova Flora Radiante” (Galeria Logo)

O INTERCÂMBIO ENTRE GALERIAS NACIONAIS E COMPRADORES INTERNACIONAIS E VICE-VERSA É UM DOS FOCOS DO EVENTO

cimento no número de estudantes de Arte, criação de novas coleções e estímulo a doações de obras para coleções públicas, sempre em busca da valorização do artista, da arte e da memória artística nacional. Além disso, promovem o intercâmbio entre o Brasil e o mundo no universo das artes. “Trazendo as principais galerias internacionais, oferecemos ao visitante uma boa perspectiva do que o mercado brasileiro pode oferecer. Também focamos muito no relacionamento internacional para que possamos ter a combinação perfeita de colecionadores brasileiros que compram de galerias internacionais e colecionadores internacionais que compram de galerias brasileiras”, conclui Brenda. Inspiração é o que não falta. Em um país continental, de múltiplas referências, o mundo das artes só tem a ganhar com esse riquíssimo intercâmbio.

POR MARINA SELL BRIK

M O D A & E S T I L O MODA & ESTILO

Na Goyard é possível customizar as peças com iniciais, brasões e listras com tintas especiais feitas com pigmentos naturais e fórmula única

TOQUE PESSOAL

Customizar o que já é exclusivo transforma-se no chamariz do luxo acessível

Em tempos hipermodernos, em que tudo muda muitas vezes mais rápido do que se pode prever, conceitos antigos se reinventam a todo momento. O luxo é um exemplo. Com fácil acesso a alguns itens, os conglomerados renovaram suas estratégias e agregaram experiências capazes de reascender desejos.

Se antes era mais difícil para uma grande parcela da população mundial possuir a it bag da temporada, por exemplo, com a ida de grandes maisons aos principais centros urbanos isso ficou mais fácil. No Brasil, inclusive, é possível parcelar tais itens. Para tornar suas marcas mais exclusivas e possíveis para poucos, sem fechar as portas para os tão bem-vindos consumidores, o relacionamento estreito com clientes, oferecendo desde personalização de produtos a atendimento diferenciado, é o grande luxo que se pode ter.

Desde o final de 2011, a italiana Gucci oferece o serviço Made to Measure, criado para perpetuar a filosofia de personalização e a distinta atenção a detalhes da marca no que diz respeito à alfaiataria masculina. Além de oferecer uma seleção de tecidos exclusivos, o serviço proporciona customização de acabamentos e

James Franco foi a estrela da campanha que lançou o serviço Made to Measure da Gucci. Na 83ª edição do Oscar vestiu exclusivamente peças feitas sob medida para ele

detalhes, e permite um corte personalizado de acordo com as medidas individuais do cliente. Assim, cada peça, com assinatura da Gucci, é única.

São aproximadamente 82 tipos de tecidos que possibilitam 178 combinações de cores e materiais – lã, cashmere e mohair em tons clássicos de cinza, azul-marinho e marrom, juntamente com cetim de seda, veludo e baby lhama para a noite, estampa Diamante e jacquards estampados com o icônico horsebit da marca em combinações tom sobre tom. Os detalhes exclusivos e personalizados têm atenção especial como o forro de cetim estampado com o logo da Gucci ou a etiqueta que pode incluir o nome ou as iniciais do cliente.

O Made to Measure oferece também uma seleção customizada de camisas. Além disso, material, cor e largura dos sapatos podem ser escolhidos. Isso tudo em 11 flagships incluindo, desde o ano passado, a do Shopping JK Iguatemi, em São Paulo. Uma equipe faz a assistência do cliente desde a seleção do tecido, provas e finalizações, até a entrega das peças, que podem levar de quatro a seis semanas para serem produzidas.

A francesa e tradicional Goyard, que chegou ao mesmo shopping em 2012, já inaugurou oferecendo produtos feitos sob encomenda para seus clientes – os chamados Special Orders. A loja no Brasil foi a primeira no mundo a abrir com o atelier de marquage funcionando dentro dela. Ou seja, depois de adquirir um produto, o cliente pode personalizar sua mala ou bolsa com a introdução de iniciais, listras e brasões, tornando a compra ainda mais especial. Carla Bruni, Diane Kruger, Kim Kardashian e Gwyneth Paltrow estão entre as celebridades que desfilam por aí com suas bolsas Goyard personalizadas. Os acabamentos são feitos todos à mão e cada cor preparada com exclusivos pigmentos naturais, ambos elaborados por um processo que a Goyard guarda sob absoluto sigilo.

POR RAFAELLA SABATOWITCH

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