Coração Perverso – Starcrossed Vol 03 – Leisa Rayven

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— Depois do acidente, meus pais afundaram em processos. De responsabilidade, civil, negligência. O caminho mais fácil teria sido declarar falência e fazer tudo desaparecer, mas papai nunca concordaria com isso. Ele se sentia responsável. Negociou acordos. Vendeu o negócio que construiu durante quarenta anos, todo o equipamento e nossa casa. Pagou cada centavo que podia para as famílias das vítimas, que ainda estavam esperando pelos cheques de suas companhias de seguro. Esse foi um dos motivos principais de eu ter ido para Holly wood. Eu precisava ajudar meus pais. Todos os ganhos dos meus primeiros dois filmes foram usados para saldar as dívidas deles. — Ah, Liam… — Aperto sua mão e posso sentir seu pulso latejando sob meus dedos, rápido e instável. Odeio pensar que ele teve de carregar o fardo da morte do irmão, e ainda as dificuldades financeiras de seus pais, por tanto tempo. Ele deixa escapar um suspiro trêmulo e aponta para o iPad. — E cada vez que alguma coisa assim acontece, meu primeiro pensamento é largar tudo e ir viver em uma cabana na floresta. Mas, então, vislumbro o rosto de Jamie e isso me impede, porque eu sinto como se precisasse ser alguém, entende? Como se meu futuro tivesse de ser brilhante, porque preciso compensar o fato de ele não ter um. — Vejo uma lágrima correr por seu rosto quando ele sussurra: — Eu sinto tanta falta dele, Liss. Todos os dias. Eu me aproximo e seguro o seu rosto, assim posso limpar a lágrima com o dedo. — Tenho certeza de que, se ele estivesse aqui, diria o quanto está orgulhoso de você. Todos os dias. Você é um homem incrível, Liam. Seu irmão sabia disso. Ele fecha os olhos e se inclina sobre minha mão, e posso ver que está lutando para manter a respiração estável. Não tenho ideia de como é perder um irmão, mas o simples pensamento de viver em um mundo sem Ethan me faz estremecer. Eu nem mesmo consigo imaginar a dor que Liam deve sentir sem seu irmão gêmeo. — Desde que Jamie morreu — diz ele, enquanto afasta minha mão de seu rosto e a segura entre as suas —, sinto como se uma parte de mim estivesse faltando. Como se eu sempre estivesse sozinho, não importa quantas pessoas estão comigo. Só não me sinto assim quando estou com você. — Ele olha dentro dos meus olhos. — Não com Angel. Com você. Encaro-o por alguns segundos enquanto uma tempestade de confusão cresce dentro de mim. O que isso significa? Avalio seus olhos, mas não chego a nenhuma resposta. Agora, ele parece tão confuso quanto eu. Puxo minha mão e olho para a pequena quantidade de vinho que resta no meu copo. — Então, por que você não me escolheu? Não consigo olhar para seu rosto, então observo suas mãos, enquanto elas se fecham ao redor do copo. Ele fica quieto por um bom tempo, e sinto que está tentando encontrar um modo de me contar a verdade gentilmente. — Elissa, olhe pra mim. — Quando o fito, ele se inclina para a frente. — Odeio que minhas ações te façam se sentir como a segunda opção. Você não é. Nunca poderia ser. As circunstâncias apenas não estavam do nosso lado, é isso. — Ele baixa os olhos e brinca com o líquido em seu copo. — Quando deixei


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