Procura se um marido carina rissi

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- Você está fora de si – ele resmungou surpreso, pressionando o nariz, que jorrava como um esguicho de jardim. – Quebrou o meu nariz! - Chegue perto do Max outra vez e eu garanto que vou quebrar muito mais coisas nessa sua cara! – vociferei, me contorcendo sob o aperto férreo do motorista. – Tantas que você vai parecer um legítimo Picasso quando eu terminar! - Leve a Alicia pra casa, Jorge. Antes que ela acabe machucando mais alguém – Clóvis gesticulou em minha direção com uma das mãos enquanto a outra tentava, sem sucesso, conter o violente fluxo de sangue em suas narinas. O motorista segurou meus braços com mais força, mas me contorci, girando e me debatendo ate conseguir me desvencilhar. - Eu conheço bem a saída – dei as costas a eles e saí dali o mais rápido que pude. Ao alcançar a rua, examinei minha carteira só par me certificar de que dinheiro não brotava mesmo. Andei algumas quadras antes de ligar para Max humildemente pedindo carona. Ele se prontificou imediatamente. Expliquei onde estava e pude imaginar como suas sobrancelhas se arquearam quando ele indagou: - O que você está fazendo aí? - O Clóvis queria... me mostrar uma coisa – Senti as juntas dos dedos da mão direita doerem um pouco. Isso era bom. O nariz de Clóvis devia estar doendo muito mais. Como ele ousara? Como ousara tentar me comprar tão abertamente? E porque aquela fixação repentina com meu bem-estar? Clóvis nunca me dera muita importância, nem mesmo quando vovô ainda era vivo. Eu não conseguia entender. Talvez ele estivesse seguindo mais uma das recomendações de vovô, como um teste, para ver se eu me venderia ou algo assim. Ou será que eu estava entendendo tudo errado e Clóvis realmente só queria me ajudar? Mas ajudar uma pessoa prejudicando outra? Não tinha lógica nenhuma. Enquanto esperava Max, sentada no meio-fio, tentei não pensar na oferta de Clóvis. Voltar para minha vida de antes e ter um pouco de normalidade de novo. Contudo, além de não ter meu avô por perto – e perder minha dignidade -, eu não teria Max, muito menos seu respeito e sua admiração. E abandoná-lo não estava em meus planos futuros, ainda que nosso acordo previsse isso. O carro de Max dobrou a esquina, vindo devagar, à minha procura. Levanteime limpando a parte de trás da calça com as mãos. Ele encostou o carro, abaixando a janela do carona, e me estudou atentamente, com a testa franzida. - Tudo bem com você? – quis saber. Entrei no carro e bati a porta com um pouco mais de força que o necessário. - Fora ter perdido a cabeça e saído no braço com o Clóvis? Tô bem. - Você o quê? – seus olhos se arregalaram.


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