História das Idéias Movimentos Anarquistas 2

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uma campanha contra a esquerda e uma justificativa para empregar métodos igualmente violentos. Eles invadiram e destruíram a redação do Umanità Nova, e através de ameaças e perseguições, impediram que o jornal voltasse a ser publicado em Milão. A Itália já começava a trilhar o caminho que a levaria à ditadura, e a incapacidade para tomar decisões paralisou tanto os anarquistas quanto os socialistas e comunistas. Malatesta relançou Umanità Nova, em Roma, mas o jornal sobreviveu durante alguns meses apenas, até Mussolini assumir o poder. Depois, à medida que o terror fascista ia se alastrando, todas as organizações anarquistas, assim como a União Sindical Italiana, foram sumariamente proibidas. Seus militantes tiveram que fugir para o exterior ou desapareceram nas prisões e estabelecimentos penais. Só restou Malatesta, vigiado pela polícia, mas não perturbado até a sua morte, aos oitenta e dois anos, em 1932. Talvez houvesse afinal alguma sinceridade nas expressões de respeito que o revolucionário renegado, Mussolini, freqüentemente usava em relação a ele; talvez fosse apenas porque suas aventuras tivessem feito dele, tal como acontecera com Tolstoi na Rússia, um nome demasiado conhecido mundialmente para que se pudesse suprimi-lo, mergulhando-o no esquecimento. Ele permaneceu na Itália como símbolo de um movimento que atravessou toda a fase do terror fascista no exílio. Os grupos de expatriados, principalmente nas Américas, mantiveram o anarquismo italiano vivo até depois de 1944, quando pôde renascer outra vez em seu próprio país, onde, embora sua influência seja bem menor do que no passado, o anarquismo se tornou o mais forte dos pequenos movimentos libertários que sobreviveram, chegando ao mundo dos anos sessenta.

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