Revista Linux Magazine | Monitoramento de Redes

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Ron Hovsepian, CEO da Novell

CORPORATE

Cliente em foco

Meses após o polêmico acordo entre a Novell e a Microsoft, muitos ainda têm dúvidas quanto aos assuntos que este engloba. Ron Hovsepian está à frente das negociações, e pode explicar com clareza o que o acordo diz e não diz. por Rafael Peregrino da Silva

Linux Magazine» Embora muito já tenha

sido dito a respeito do acordo entre a Novell e a Microsoft, muitas dúvidas ainda persistem. Você poderia explicar um pouco melhor como surgiu a idéia desse acordo? Ron Hovsepian» No início de maio de 2006, telefonei para Kevin Turner, Chief Operating Officer da Microsoft e ex-CIO da rede Walmart, onde foi meu cliente. Falei sinceramente: “Kevin, acho que a Microsoft deveria pensar seriamente em comercializar o Linux”. Após o choque inicial, expliquei a ele o motivo dessa colocação, do ponto de vista do cliente, especialmente em relação à interoperabilidade, e ele compreendeu de verdade. No dia seguinte, recebi um telefonema de Kevin, extremamente interessado em formular um acordo para que esses planos se concretizassem. Então, tudo foi pensado tendo em vista o favorecimento do cliente.

LM» Quanto às indenizações por pa-

tentes, o que exatamente o acordo pretende cobrir? RH» Novamente o foco é o cliente. O acordo diz que, caso haja litígios legais quanto à violação de patentes de alguma das empresas pela outra, nenhum cliente será envolvido na disputa. As duas companhias ainda têm o direito de processar uma à outra por qualquer motivo que seja, porém os clientes de cada uma não serão envolvidos. Esse não é um acordo de troca de licenças. Isso é o que eu mais desejo que os leitores compreendam. A Novell e a Microsoft não têm, e provavelmente jamais terão, um acordo de troca de patentes. Acreditamos que envolver nossos clientes em questões judiciais faz mal à imagem de todas as empresas envolvidas na disputa. Um exemplo disso foi o que ocorreu à SCO, que saiu extremamente prejudicada de suas batalhas contra clientes e fornecedores. Atualmente, as patentes de software são uma das maiores ameaças ao Software Livre e de Código Aberto. Qual a posição da Novell a esse respeito? RH» Há dois aspectos nessa discussão. O primeiro é a realidade de cada autoridade reguladora (governos, em última instância), com importantes diferenças entre os diversos países do globo. O segundo é o que nós, como empresa, estamos fazendo. LM»

Figura 1 Ron Hovsepian, CEO da Novell.

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Nós afirmamos, logo após fechar o acordo, que usaríamos em nossa defesa as patentes que possuímos. Com o surgimento, logo em seguida, da Open Invention Network (OIN), nós inserimos nossas patentes nessa realidade, justamente com o objetivo de protegê-las. O acordo com a Microsoft simplesmente cria mais uma proteção, dessa vez para o cliente. Portanto, é mais um motivo para o cliente não precisar se preocupar com questões de patentes. Em parte, é por isso que a comunidade e o Linux não crescem mais rápido; as empresas e desenvolvedores envolvidos não conseguem por à parte suas diferenças e trabalhar para o bem comum. É muito mais fácil criar forks e dividir os desenvolvedores e usuários. LM» Concorrentes da Novell, no Brasil, afirmaram que a empresa vendeu sua alma à Microsoft. Além disso, especula-se bastante que a Novell esteja apenas atuando como um “emissário” da Microsoft no mercado do SL/CA. Por último, fala-se que a Microsoft cogitou adquirir sua empresa. Você poderia esclarecer essas questões? RH» A aquisição pela Microsoft é completamente especulativa. Não posso garantir que seja impossível, pois ambas são empresas de capital aberto, com seus próprios conselhos diretores e estruturas administrativas. Mas posso dizer que acho muito improvável. Quanto a vender a alma, volto a afirmar que busco representar os clientes.

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