O País das Montanhas Azuis

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sábios, que o das Montanhas Azuis, o mundo do pensamento incorpóreo. Na terra, converteu-se em sonho cuja lembrança perpétua segue vivendo ainda hoje, sob a forma de bota, atrás de um vidro de armário, no escritório da polícia do distrito... Conta-se... O que é que não se diz sobre esse particular? Aqui está: aquém das “nuvens chuvosas” as montanhas são inabitáveis; isto, naturalmente, no que concerne aos simples mortais vivíveis para todo mundo. Mas além das “iracundas Águas” da cascata, é dizer, nas alturas dos cumes sagrados de Toddabet, do Mukkartebet e do Rongasuami, mora uma tribo não-terrestre, tribo de feiticeiros e semideuses. Lá reina uma eterna primavera, não há chuvas, seca, calor, frio. Não só os magos desse povo não se casam nunca, pois senão morrem e não nascem jamais; seus filhos caem já feitos dos céus e “crescem para cima”, segundo a característica expressão de Topsy em “A cabana do Tio Tom”. Nenhum mortal logrou ainda chegar a esses cumes; ninguém o conseguirá, salvo, talvez, depois da morte. “Então terá lugar nos limites do possível, pois assim como o sabem os brâmanes – e quem poderia estar melhor informado disso? – os habitantes do céu das Montanhas Azuis, por respeito ao Deus Brahma, cederam-lhe parte da montanha que está embaixo do Svarga (paraíso). É de supor, pois, que naquela época esse pavimento estava ainda em reparos...”. É esta a tradição oral que ainda se conserva escrita na “Recopilação das lendas e tradições locais”, traduzida ao inglês do idioma tamil por missionários. Recomendo ao leitor a edição de 1807. Estimulados por esses relatos e mais especialmente pelas dificuldades visíveis e todos os obstáculos que se oporiam à sua excursão, nossos dois ingleses resolveram provar mais uma vez aos indígenas que para a raça “superior” que os governava a palavra “impossibilidade” não existia. O prestígio britânico teve que proclamar sua presença em todas as épocas da história; ou corria o risco de ser esquecido... Que não se indignem meus amigos anglo-hindus, zelosos e receosos! Que lembrem melhor as páginas escritas sobre a Índia e os ingleses por Ali Babá (11) [(11) Alberight Mackay, morto faz dois anos (nota de Blavatsky)], um de seus escritores, de quem cada movimento de pena representa sempre uma sátira cruel e profundamente certa sobre a situação atual da Índia. Quão vigorosas e vivas as cores com as quais se descreveu esse país-mártir! Contemplai o panorama da Índia, meditai na presença hoje


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