Revista Flair

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Sociedade

Crise Económica Com a chegada da crise mundial em 2008 e com o seu subsequente efeito nas estruturas económicas de praticamente todos os países do mundo, especialmente nos mais desenvolvidos, levantou-se uma questão pertinente: de quem foi a culpa? Várias teorias apontam para o papel que os Estados assumiram na década de 80, de desregulamentar a actividade financeira, e os efeitos que essas medidas tiveram. Porém, o que podemos verificar, é que quem está a pagar a crise, tendo culpa ou não, são estes mesmos Estados, o que acaba também por levantar outra questão: deve, ou não, o Estado aumentar o seu peso na economia? Será que deve criar outra crise desregulamentando o mercado, ou asfixia-lo com medidas para evitá-la? Deverá deixar os bancos e empresas falirem, ou injectar milhões nessas instituições para garantir a sua sobrevivência? A minha opinião passa por um equilíbrio entre estas duas vertentes. Em que medida os Estados devem fazer parte da actividade económica? Supostamente faria todo o sentido que fosse numa medida total, já que os Estados foram criados para gerirem a convivência, e os conflitos que daí advêm, dos seres humanos, tal como para satisfazer as necessidades gerais dos seus habitantes. Se a economia é, também, um fenómeno criado pela convivência do ser humano, o Estado deveria ter, então, um papel abrangente, para que não houvessem descriminações, desigualdades e para que os direitos de todos fossem respeitados. A teoria intervencionista defende este mesmo papel, a de que o Estado deve regulamentar e vigiar todos os aspectos da actividade económica/financeira. Do outro lado temos os liberalistas, actualmente mais conhecidos por neoliberalistas, pois o conceito passou por certas mudanças que o tornaram naturalmente mais adequado às necessidades contemporâneas. Isto porque todos se lembram do resultado que o liberalismo descontrolado teve em 1929, e já poucos se atrevem a defender o papel que os Estados tinham antes do famoso “crash“. Estes defendem que o Estado deve apenas criar condições para que a actividade económica se desenvolva, já que acreditam que o mercado económico se regulamenta naturalmente, graças à força da “mão invisível” que equilibra a oferta com a procura. Ou seja, uma situação em que todos fariam o que quisessem. Uma recriação do 1929 nos tempos modernos.

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