Let's Go Bahia - Novembro 2017

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Slow

Moda

fashion

Estilistas aderem a este conceito que agrega o respeito ao meio ambiente, a responsabilidade social e o consumo consciente e ético TEXTO ROBERTO PIRES IMAGEM DIVULGAÇÃO

A

MAURO ALMEIDA/DIV.

lternativa à indústria de moda massiva, o Slow Fashion é um conceito que agrega o respeito ao meio ambiente, a responsabilidade social e o consumo consciente e ético. Um bom exemplo vem da Inglaterra. Na última London Fashion Week Men’s, a contestadora designer inglesa Vivienne Westwood, de 76 anos, chamou a atenção da mídia com a mensagem: “Buy Less,

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Choose Well, Make It Last” (“Compre menos, escolha bem, faça o produto durar”). Sua coleção com o tema Circo apresentava garrafas de plástico recicladas como sapatos e latas de alumínio presas às calças, em uma campanha contra o desperdício da moda. Famosa por ter sido a criadora do visual punk na década de 1970, Vivienne se destaca hoje em dia também por seu posicionamento a favor da economia verde. Tornou-se uma das principais ativistas desse movimento. Por diversas vezes, ela já manifestou publicamente a sua preocupação com a situação do clima no planeta. A relação é diretamente proporcional: se consumirmos menos, reduziremos a quantidade de lixo no mundo. No Brasil, por exemplo, são geradas quase 80 milhões de toneladas de lixo por ano, e a reciclagem é de apenas 3%. Com isso, a economia brasileira perde cerca de R$ 120 bilhões por ano em produtos que poderiam ser reaproveitados, segundo os dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ). “Por ano, nos Estados Unidos, 11 milhões de toneladas de roupas vão para os lixões; e 80% delas não são biodegradáveis, levam de 200 a 250 anos na natureza”, diz Ursula Félix, estilista carioca que reside há quase seis anos nos Estados Unidos, depois de passar uma temporada fashionista na capital baiana. Luciana Galeão,

que mora em Salvador, também se incomoda com os números que colocam em risco o futuro dos terráqueos. Partidária da “desindustrialização”, a estilista baiana vem treinando comunidades e pessoal de universidade, como a FTC, por meio do curso Transformando Resíduos Recicláveis em Oportunidades. Ela conta que, nos últimos anos, desacelerou na produção para a sua marca e também na vida pessoal. O mesmo ocorreu com Ursula. Depois do choque com os números avassaladores, já morando em Nova Iorque, ela decidiu se reinventar e reduzir a velocidade estressante da elaboração de quatro coleções por ano (incluindo as intermediárias), como dita o mercado. “Tudo se torna descartável, vai quase contra o seu desejo de criador, de vivenciar a inspiração, coletar dados. A indústria fashion, hoje em dia, transforma todos em uns


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