Gabriel Petribú - Florença, Recife: Pintura Pura

21 de agosto Ă 29 de setembro de 2013

FLORENÇA / RECIFE: PINTURA PURA A harmonia gestual da pintura de Gabriel Cavalcanti de Petribú Raul Córdula

As coisas abstratas só existem no pensamento, nada mais óbvio. Neste conceito pintura abstrata não existe no mundo real, muito menos pintor abstrato. O termo “pintor abstrato” geralmente se refere ao pintor que não representa a natureza em seus quadros, não pinta coisas reconhecíveis pelo olhar objetivo, não pinta figuras, especialmente.

Kandinsky quem criou, na década de 1910, a escola de pintura que se chama até hoje de “abstracionismo”, isto é, a arte não representativa. A não-representação levou, obviamente, à ausência da figuração na arte. Malevithitch, vanguardista russo como Kandisnky, sintetiza assim a questão da arte representativa: A representação de um objeto (isto é, o objeto enquanto razão de ser da representação) é uma coisa que, em si, nada tem a ver com arte. Isto explica a pintura como uma expressão de cor e textura sobre uma superfície plana, e esta nova maneira de ver a arte foi o estopim da mais importante revolução da arte moderna, pois levou o artista a libertar-se das referências objetivas do mundo real e realizar sua obra partindo de sua própria realidade, sua realidade interior, subjetiva interior. O músico se comporta mais ou menos assim, a música é algo abstrato, não se pega nem se vê.

Mas em muitos outros períodos da arte moderna, e mesmo contemporânea, a não-figuração permanece, na action painting, também chamada “expressio-

nismo abstrato”, de Jackson Pollock, Willem de Kooning e Franz Kline, por exemplo. Gerou-se também, com o abstracionismo, uma estética geométrica, como o neoplasticismo de Mondrian em todas suas derivações, como o concretismo e o neoconcretismo brasileiros.

Há cinquenta anos foi comum dividir-se as expressões artísticas entre abstratas ou figurativas, divisão que somente servia para as modulações do mercado de arte. Hoje, com o domínio da imagem e o advento da arte contemporânea como categoria, o abstracionismo passou a interessar menos ao artista, sendo sua prática algo quase especial.

Com esta mínima introdução, a obra dele é muito mais complexa, pretendo facilitar a compreensão sobre a arte deste jovem pernambucano que estuda pintura em Florença e mantém ateliê na Zona Rural de Tracunhaém.

A primeira visão é a do pintor que descobre a seu verdadeiro mundo governado pelas leis da cor e da transparência. Estamos diante de um artista possuidor do olhar culto, poder-se-ia dizer mesmo erudito, pelas questões que coloca na tela, pela leitura de um passado recente da arte e pela coragem de fazer uma pintura que historicamente nunca se impôs em nossa região, embora tenhamos aqui artistas não figurativos de excelência.

Gosto de olhar para a pintura abstrata como algo erudito, como erudita pode ser a música, e a pintura de Gabriel,

existe como tal. As questões que ele coloca são comuns nas duas categorias de arte. Por exemplo: acordes cromáticos e cromatismo – reuniões de cores e tons que se complementam e se compõem produzindo harmonia. Esta vertente pictórica nos leva a Julius Bissier, o famoso pintor suíço que também era virtuoso violoncelista.

Vejo também os contrapontos, pequenos tons de cor vibrante que sinalizam determinadas áreas da pintura. Mas não é só, vemos em seus quadros e litogravuras o exercício de técnicas como as veladuras – camada de cor sobre cor que produz uma terceira cor, ou que também atenua sua vibração.

Ele é pródigo no uso deste recurso quando exercita uma pintura de tons terrosos bem dosados, e de claros azuis mesclados com verdes, sutis combinações que revelam a afinação, que seus estudos lhe concederam apresentando-lhe o cromatismo da pintura europeia de meados do século passado presente na obra de artistas como os italianos Morandi e Campigli, artistas figurativos, mas que exerceram importante influência nos jovens pintores nos anos de 1960.

Esta exposição, sua primeira individual na sua terra, é claramente a mostra dos frutos germinados de sua busca constante de si mesmo que, embora esteja no caminho há apenas uma década, já se torna longa, transoceânica.

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Sem título Óleo sobre tela 60 x 60 cm Cotunguba, Brasil 2013

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Sem título Óleo sobre tela 60 x 60 cm Cotunguba, Brasil 2013

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“Ruídos I” Óleo sobre tela 60 x 60 cm Cotunguba, Brasil 2013

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“Ruídos II” Óleo sobre tela 60 x 60 cm Cotunguba, Brasil 2013

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Sem título Óleo sobre tela 60 x 60 cm Cotunguba, Brasil 2013

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Sem título Óleo sobre tela 60 x 60 cm Cotunguba, Brasil 2013

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“O Exibicionista e o Aplauso” Têmpera e acrílico sobre tela 66,5 x 106 cm Cotunguba, Brasil 2012

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“Os Seguidores” Têmpera e acrílico sobre tela 66,5 x 106 cm Cotunguba, Brasil 2012

Sem tĂ­tulo Mista sobre papelĂŁo 40,5 x 33 cm Cotunguba, Brasil 2013

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Sem tĂ­tulo Mista sobre papelĂŁo 40,5 x 33 cm Cotunguba, Brasil 2013

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“Campos Elísios” Litografia em 4 cores / Prova Única 70 x 70 cm Recife, Brasil 2013

“Eldorado” Litografia em 4 cores / Prova Única 70 x 70 cm Recife, Brasil 2013

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“Cocanha” Litografia em 4 cores / Prova Única 70 x 70 cm Recife, Brasil 2013

“Shambhala” Litografia em 4 cores / Prova Única 70 x 70 cm Recife, Brasil 2013

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Sem título Técnica mista sobre cartão 78,5 x 48,5 cm Cotunguba, Brasil 2013

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“O Peixe que Sonhou as Nuvens” Escultura em pedra calcária 23 x 18 x 32,5 cm Cotunguba, Brasil 2013

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Sem título Escultura em mármore de Carrara 13,5 x 17,5 x 18,5 cm Florença, Itália 2010

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Sem título Escultura em pedra calcária 13,5 x 27 x 19,5 cm Cotunguba, Brasil 2012

Artista

GABRIEL PETRIBÚ Curador

RAUL CÓRDULA Fotografias GUSTAVO BETTINI Tratamento de Imagem GUSTAVO BETTINI | Atelier de Impressão Projeto Gráfico e Diagramação PICK IMAGEM

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