Divinum Abril

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QUINTA DA CHOCAPALHA

não demora a intervir e a acrescentar alguns pormenores às histórias. Primeiro recorda o gosto que a família sempre teve pela terra e pelo vinho e chega mesmo a confessar que sempre teve o sonho de casar com um homem que tivesse uma quinta perto da cidade. O primeiro sonho concretizou-se. Mais tarde, um outro desejo, ter um vinho próprio acabaria também por se concretizar. Paulo Tavares da Silva interrompe para dizer que o trabalho da esposa é notável, os olhos de Alice sorriem e os lábios acompanham. A matriarca do projecto está responsável pela exportação, a facilidade em falar várias línguas ajuda bastante, nomeadamente o alemão, pois é de nacionalidade Suíça. “É muito importante saber falar outras línguas, hoje em dia tem que se trabalhar muito, apoiar os importadores e estar nas feiras mais importantes. Para uma empresa familiar tem que se investir imenso mas quando não se está presente é-se esquecido”, acrescenta. O Enoturismo não é descurado na Chocapalha, recebem muitas visitas para provas, sobretudo a partir de Fevereiro e Março e na

ENÓLOGO DIOGO SEPÚLVEDA O enólogo Diogo Sepúlveda começou a trabalhar na Chocapalha em 2007 depois de ter estagiado com Sandra Tavares da Silva e de ter andado por vários países do Mundo, França, EUA e Austrália. Ao fim de três anos na Chocapalha, Diogo já se sente parte da família, quando chegou já havia um perfil dos vinhos, característicos da região, vinhos com estrutura com perfil de mais rusticidade, vinhos com muita intensidade de cor, concentração na boca. “Não temos calores excessivos, temos maturações longas o que nos permite uvas com boa acidez taninos e cor, não são vinhos fáceis, são vinhos de garrafeira e para guardar e é isso que queremos manter”, afirma Diogo Sepúlveda. Diogo Sepúlveda está no projecto a tempo inteiro mas conta com o apoio e consultoria de Sandra Tavares da Silva, é um trabalho de equipa que vive da partilha de ideias e opiniões. A quinta começou a engarrafar em 2000 e até agora aumentou sempre a produção, o projecto está essencialmente voltado para a exportação com várias referências.

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altura das vindimas, é também possível almoçar ou jantar com marcação prévia. Paulo Tavares da Silva não tem dúvidas que a Rota dos Vinhos do Oeste pode dar uma ajuda aos produtores da região e que à semelhança de outros países, Alemanha e Áustria, o turismo pode ajudar a vender muito vinho à porta de casa. Para isso é preciso associar o enoturismo de qualidade com a proximidade de Lisboa, melhorar a imagem da região e dar a conhecer os vinhos. “É preciso apostar mais e ter mais acções, acho que isso vai acontecer. Lisboa é onde se consome mais vinhos e é uma pena que os vinhos desta região ainda sejam pouco conhecidos”. Voltando à Chocapalha e ao projecto da adega, ainda não há muito para adiantar apenas a promessa de que vai ser bastante diferente do que existe na região. Paulo e Alice são cúmplices na hora de manter o segredo pois já é de longe sabido que este é a alma do negócio. Se bem que aqui a alma é muito mais do que um segredo… é a vontade a garra e a simpatia desta família, são os pais, os filhos e os netos que certamente vão assegurar a continuidade do projecto.


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