Contribuição para o estudo do cão de gado em Portugal - uma perspectiva etológica

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destes ser mais variável (apesar de sempre na periferia, estão mais frequentemente à frente ou no meio). A cadela apresentou, em geral, um nível de actividade moderado (“Parada”); a excepção ocorreu às 41 semanas de idade (“Deitada”). Isto poderá ter estado relacionado com a alteração do regime de pastoreio ocorrido dois dias antes, quando o pastor se desfez do seu rebanho de caprinos e adquiriu um de 60 ovinos (predominantemente de raça “Galega Bragançana”, mas também com animais resultantes de vários cruzamentos) (ver 5.5.3.1). A cadela manteve-se, em geral, afastada de qualquer dos dois cães que acompanham o rebanho. No entanto, envolveu-se regularmente em períodos de jogo com C1, e ocasionalmente também C2. De notar que a introdução de um novo cão no rebanho (ver 5.2.3.3), ocorrida entre as 32 e as 37 semanas de idade, não parece ter influenciado o comportamento da cadela no que respeita as variáveis quantificadas. Verificou-se que ambos brincavam frequentemente. 5.2.2 – CL2 5.2.2.1 – Condições pré-existentes Rebanho de aproximadamente 120 animais, 70 a 80 ovinos de raça “Galega Bragançana” e 40 a 50 caprinos de raça “Serrana”, alojado em qualquer de 3 cortes, localizadas no interior, periferia ou exterior da aldeia. É acompanhado por dois cães sem raça definida, de porte médio, um macho juvenil (C1) e uma fêmea adulta (C2). É pastoreado exclusivamente pelo proprietário. 5.2.2.2 - Maneio Quando não acompanha o rebanho, o cão é mantido na corte. Reduzido contacto com pessoas, excepto o pastor; no entanto, a corte localizada no interior da povoação permite que o cão saia para o exterior, expondo-o a maior contacto. A partir dos 10 meses de idade, o cão é mantido fora da corte, por receio, por parte do pastor, que cause danos às crias que nascem. O pastor, em geral, não encoraja o cão a manter-se perto do rebanho, mas procura estimular um estado alerta, principalmente quando se ouvem sons estranhos. Por vezes interage com o cão, brincando com ele. 5.2.2.3 – Monitorização O cão foi observado 10 vezes, aos 3 meses (11 semanas), 4 meses (14, 15 e 17 semanas), 5 meses (19 e 22 semanas), 6 meses (24 e 25 semanas), 7 meses (30 semanas) e 8 meses (35 semanas) de idade. Verificou-se que até às 22 semanas de idade, o cão tendeu a manter-se perto do pastor, a distâncias iguais ou inferiores a 5 m (Anexo 4). Desde essa idade, DCP aumentou, passando o cão a manter-se de 20 a 100 m do pastor, excepto às 35 semanas de idade, em que esteve novamente 1 a 5 m. A distância do cão ao rebanho foi, em geral, igual à do pastor. As modas variaram entre 1-5 m e 20-50 m do rebanho; a excepção ocorreu às 8 semanas, em que o cão se manteve mais perto do rebanho (≤ 1m) que do pastor (20-50 m). Também PCR1 e PCR2 foram semelhantes às do pastor, mantendo-se ambos, em geral, no meio e periferia do rebanho. As correlações entre PCR1e PPR1 são, em geral, elevadas, indicando que a posição em que o cão se encontra relativamente à extensão do rebanho é influenciada pela do pastor; os valores das correlações entre PCR2 e PPR2 e entre DCR e DPR são, em regra, inferiores, sugerindo uma maior independência do cão relativamente ao pastor(Anexo 4). O nível de actividade do cão foi, em geral, baixo (“Dormir” ou “Deitado”) ou moderado (“Parado”) Globalmente, o cão manteve-se próximo de C1, envolvendo-se frequentemente em períodos de jogo com ele. C2 manteve em geral um maior distanciamento ao rebanho e ao cão; quando estava perto do rebanho, tolerava por vezes breves períodos de jogo por parte do cão, sem no entanto participar activamente.

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