Guia Ação Política e Juventude - Caminhos e Desafios

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mentos. Isso quer dizer que a Campanha nem sempre protagoniza o processo de advocacy de um ponto na agenda da educação, mas, muitas vezes, age apoiando outras entidades. Apoiamos a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) na defesa do piso perante o Supremo Tribunal Federal e ajudamos o MSU (Movimento dos Sem Universidade) a conquistar a aprovação das cotas, por exemplo. Mas a gente também tem a nossa pauta específica, que, neste momento, é o Plano Nacional de Educação. Além disso, a Campanha vale muito pelas pessoas envolvidas. Os especialistas que constituem nossa base técnica estão sempre atentos e isso facilita a identificação de questões que precisam de atenção. É importante ter competência técnica para enfrentar os debates políticos. E uma vez escolhida a pauta, como começa o processo? DC – Primeiro, a gente mobiliza nossos ativistas sobre um tema, via redes sociais. Em seguida, criamos um grupo específico para analisar o cenário político daquele tema. O governo é sempre tratado como mais um ator – nunca aliado ou opositor. Isso permite que tal análise não ocorra sobre uma base puramente ideológica, mas sim com a perspectiva de que temos um objetivo a conquistar, com votos de todos os partidos, sem nunca negociar nossos princípios: escola pública gratuita de qualidade e laica e recurso público para a escola pública. A partir da discussão sobre o cenário político, identificamos ações que os ativistas possam conduzir a partir dos seus locais de trabalho, como conversar com vereadores ou fazer barulho no Twitter. Então a ideia é fomentar o debate junto à sociedade antes?

DC – Isso. Só depois disso a gente vai ao Congresso. Ali, visitamos os gabinetes e as comissões, onde é importante fazer pressão, chegar junto do deputado e apontar as questões mais importantes, os problemas na lei ou nas emendas... Mas quando a gente chega neste ponto, já mobilizamos sociedade e imprensa e enviamos um monte de materiais para sensibilizar o parlamentar, como artigos e recortes de jornal. Como a Campanha identifica o parlamentar fundamental numa ação de advocacy? DC - Temos dois caminhos quando trabalhamos com o Congresso: trabalhar com a liderança ou com todos. A Campanha trabalha com todos. Aceitar que um deputado assuma o protagonismo de uma causa é um erro enorme, porque ninguém aprova nada sozinho. Além disso, como a maior parte dos deputados quer, mais do que qualquer coisa, progredir na carreira política, a visibilidade em favor de uma causa nacional é muito positiva. Todo parlamentar tem algum ponto de idealismo ou deseja ter uma visibilidade positiva e a gente procura trabalhar neste cenário. Na comemoração da aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), por exemplo, estavam membros do PSOL, PMDB, DEM, PR, PT, PSDB... Todo mundo celebrando junto. Que outro aspecto diferencia a Campanha no cenário do advocacy pela causa da educação? DC – Agilidade na resposta. O governo lançou o PNE e, três horas depois, já tínhamos analisado o Plano e divulgado nosso posicionamento – que foi, inclusive, acordado junto ao Comitê Diretivo. Embora isso gere certa tensão, as pessoas envolvidas compreendem o quanto é importante.

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