e-book do XIX Encontro Nacional da APEO, Porto, maio de 2016

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relativamente ao trauma perineal verificamos que em casa 78% das mulheres que pariram em casa tiveram o seu períneo íntegro ou com uma pequena laceração grau I, comparativamente a apenas 7% de lacerações grau I no hospital e sem períneos íntegros. Relativamente à satisfação com a experiência de parto é notório o elevado nível de satisfação nas mulheres que planearam parto em casa e em especial as que concretizaram o seu desejo, comparativamente às mulheres que desejavam parto natural no hospital Será apenas o local de parto que promove a segurança? Sem dúvida que todos os animais e em especial os mamíferos, escolhem o local, construindo o seu “ninho” onde ocorre o nascimento das suas crias, e quando algo interfere no “ninho” a probabilidade de a mãe e/ou a cria não sobreviverem aumenta. Nos humanos, não é diferente...a mulher precisa do seu ninho, mas também de se sentir segura! Assim, a continuidade de cuidados presente quando se fala de parto em casa é fundamental. O modelo de cuidados associado ao sucesso do parto em casa é o Midwifery Model of Care,. Em 2014 e 2015, em duas revisões sistemáticas concluiu-se que mulheres cuidadas neste modelo são menos propensas a internamento na gravidez e menos propensas a intervenção durante o parto, ocorrendo portanto maior número de partos vaginais espontâneos e fisiológicos com maior índice de satisfação materna. A continuidade de cuidados no “midwifery model of care” é imprescindível para o sucesso. Neste modelo, em detrimento do profissional é a mulher que durante todo o ciclo gravídico-puerperal, incluindo o seu RN, tem o protagonismo. O ciclo gravidicopuerperal é entendido como um evento fisiológico, sem necessidade de intervenção excepto se a homeostasia fica comprometida (modelo salutogénico). O EESMO avalia não só a mulher, mas também toda a dinâmica familiar, com o pai do bebé/companheiro, restante família e sociedade. Ainda neste modelo, salienta-se que o EESMO deve ser o profissional de referencia para a grávida constituindo-se elo de ligação com outros profissionais e/ou instituições de saúde. Os resultados apresentado do trabalho desenvolvido por este grupo de EESMOs, no qual me incluo, teve por base o midwifery model of care, no entanto com algumas limitações, nomeadamente pelo facto de a maioria das mulheres iniciarem o acompanhamento apenas no 2º ou 3º trimestre e manterem acompanhamento médico em simultâneo. Conclusão Hoje sabe-se que a fisiologia inata de mães e bebés contribui não só para o sucesso no parto, na adaptação do recém-nascido à vida extra-uterina, mas também na 37


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