Thiago Melo

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36 ANUARIO INTERNACIONAL DA COMUNICACIÓN LUSÓFONA I 2013 construção de identidades e comunidades"15. De acordo com a autora, os media, como meios, tecnologias e contextos de comunicação em locais específicos e em todo o mundo, tornaram-se instituições e mecanismos organizados de grande importância para a construção de identidades em contextos locais, nacionais e transnacionais na modernidade. Neste contexto, Georgiou destaca que a comunicação interpessoal e não mediada não perderam a sua importância para a identidade e a comunidade, no entanto, "a comunicação mediada alterou os mecanismos, a qualidade e os resultados dos processos de comunicação de diversas maneiras". A comunicação mediada, neste sentido, refere-se aos media eletrônicos, como o rádio, a televisão e, agora, a Internet. Estes media, segundo a autora, têm sido cada vez mais usados pela pelos indivíduos em diáspora, pois permitem maior interação, mesmo sendo de forma mediada pela tecnologia. Segundo Georgiou, os media eletrônicos têm um grande poder de influência na diáspora, visto que alcançam pequenos e grandes territórios, abrangendo públicos com tópicos de interesse, línguas, e os locais comuns, na medida em que oferecem conteúdos, também, àqueles indivíduos que são analfabetos e não tinham acesso ao conteúdo impresso que circulava na diáspora. Uma pesquisa realizada pela autora concluiu que com o passar dos anos o número de pessoas que recorrem à Internet e à TV via satélite é cada vez maior, revelando que a sociabilidade e a interação entre os cidadãos diaspóricos ocorre com mais frequência a partir dos novos media. Por este motivo, a comunicação mediada desempenha um papel cada vez maior na definição dos significados, usos e apropriações de espaço cultural e social, nos processos de representação e comunicação das comunidades. Especialmente porque as novas tecnologias de comunicação permitem a fragmentação e diversidade, difundindo imagens de culturas distantes, representando e mediando significados das localidades, das diásporas, das terras e comunidades16 (Georgiou, 2006: 12) Os media na diáspora podem tornar-se porta-vozes poderosos da comunidade que representam, mediando a participação de um grupo na esfera pública do país onde vivem, na esfera pública de seu país de origem e nas esferas públicas transnacionais que emergem através das fronteiras. Tais potenciais para a participação e inclusão na comunidade, para a possibilidade de ampliação de ser informado e parte de uma comunidade diaspórica interpretativa, têm a ver com as novas tecnologias de informação e comunicação. Os novos media aumentaram o potencial para o desenvolvimento de alternativas de comunicação entre a comunidade dispersa, que tem acesso aos media tradicionais que convergem para o meio eletrônico, mas também, na Internet, a meios alternativos desenvolvidos pelos próprios cidadãos. Brignol (2012) afirma que "a primeira forma de manter os vínculos com o país de nascimento é o próprio contato com a família e os amigos através de relações transnacionais mediadas pelas tecnologias da informação e da comunicação". Isso indica que consideramos as relações interpessoais como as principais fontes de vínculos, mas há outras conexões que são mantidas através do consumo dos media. Em pesquisa empírica que a autora realizou no Brasil e na Espanha, constatou-se que os migrantes, com apenas duas exceções, demonstraram interesse em acompanhar os acontecimentos políticos, econômicos, sociais, culturais dos países de nascimento e de buscar informações, através da consulta a textos, fotos, vídeos, em sites de notícias. 15 16

Tradução feita pelo autor deste artigo Tradução feita pelo autor deste artigo


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