Revista Schola 2009/2010

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Schola

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A DESPEDIDA IMORTAL Há anos atrás, nasceu uma menina, num casebre feito de troncos de árvores e palha. Essa menina, de nome Lua, fora abandonada logo à nascença, ainda débil e rosadinha. Seu pai era uma pessoa muito alegre, a sua vida era um paraíso, até que soube que estava doente e não teria muitos anos de vida, tomando assim a decisão da sua vida, casar e formar uma família. Mais tarde, seu corpo começa a mostrar sinais de uma doença, que não tinha tratamento. Ele sabia que não restavam muitos dias, por isso decidiu aproveitá-los com Míria, sua esposa. Míria sempre fora uma mulher muito sociável e muito agarrada à vida, mas a situação em que Fernando, seu marido, se encontrava deixou-a muito abalada. A poucos minutos de Fernando abandonar a Terra para sempre, Míria conta-lhe que está grávida de uma menina e promete que quando nascer terá o nome de Lua. Perante a notícia, sorri e fecha os olhos para sempre. Meses e meses de sofrimento e dor passam, dando lugar ao nascimento de Lua, o dia mais feliz de Míria, ao recebê-la nos braços. Coloca-a numa cama de palha e uma lágrima corre pela sua face. Sua filha, inocente da vida, adormece tranquilamente quando a mãe lhe toca delicadamente na mão e lhe canta ao ouvido. Passam segundos de pensamentos silenciosos, quando uma sombra se levanta e sai pela porta de madeira, dirigindo-se rapidamente à “Falésia do Abismo”. A “Falésia do Abismo” transmitia uma certa agonia, um aperto no peito, todos temiam chegar perto dela. Mas Míria não teve medo, avançou sem pensar e olhou para o fundo da falésia, mas nada via, a não ser um nevoeiro intenso. Num fechar de olhos, deixa-se levar pelo som da queda de água a 15 metros de profundidade e atira-se a chorar desalmadamente. Lua encontrava-se sozinha no meio de um casebre desconhecido, até que uma porta se abre. Era uma menina, com aparência de 10 anos, e a sua mãe. Ao encontrarem a bebé deitada na cama de palha, mexendo os seus pequenos pés e as suas mãozinhas, param a olhar, não havia um movimento sequer, apenas se ouvia o murmurar do vento contra a frágil casa. A menina de 10 anos era muito curiosa e não sabia muita da vida, por isso aproximou-se da bebé, com algum receio, e agarrou na sua mão sorrindo para a sua mãe, Maria do Céu. Mas a certo momento apercebe-se que ao lado dela se encontrava um cartão, que lê em voz alta: “Gostava que se chamasse Lua, o nome que prometi ao meu marido antes de falecer”. Ambas ficaram sem perceber. Maria do Céu aproxima-se da sua filha Rita e repara que por baixo da cama estava um saco com roupas e um envelope. A filha, curiosa, espreitou para


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