Libras em estudo 01

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Libras em estudo: ensino-aprendizagem

nos cursos de formação de professores. Assim, pode-se perceber como se tem implantado o ensino, por exemplo, da língua de sinais na escola, e nas universidades: se de um modo instrumental; ou se, de fato agregado, ao currículo escolar, com mudanças, tanto teórico, quanto práticas. Todavia, e reiterando, se for apenas um cumprimento da lei a disciplina de Libras, obrigatória nos cursos de licenciatura, fonoaudiologia, e oferecida em demais cursos, pode ser dada em seu número mínimo, e sem adensamento teórico; no contrário, deve haver um programa que priorize a formação de sujeitos, intérpretes e professores de Libras, para adentrar em espaços que ainda não solidificaram um ensino de surdos. Profissionais com conhecimento da língua de sinais e das especificidades que envolvem cada área: tradução ou ensino. De qualquer modo, problematizar essa formação é necessário, já que é um possível canal de resistência a uma captura de um ensino ortopédico/corretor, ainda baseado em estratégias que trazem a língua oral como modelo único, tanto de avaliação, como de ensino. Como foco principal desta questão anuncia-se então as inúmeras formações oferecidas no nosso país pós-decreto. É notória a quantidade de cursos de pósgraduação que se destinam a formação de professores de Libras e de intérpretes de língua de sinais. Contudo, uma análise aprofundada mostra a superficialidade dos projetos políticos pedagógicos destes cursos, além de programas que prometem a formação de intérpretes de libras, sem um pressuposto conhecimento linguístico ao ingressante, e com uma carga-horária de prática de Libras irrisória para tal proposta. Esses aspectos nos levam a uma análise possível, de que há uma necessidade de mercado que potencializa a abertura destes cursos, o que acarreta de certo modo num barateamento dos profissionais e do curso em questão – consequências da própria lógica capitalista que transforma tudo em mercadoria: a começar a própria ação de controle dos nossos desejos. Outro ponto relevante é a própria composição curricular dos cursos de Libras que de modo geral tem se pautado de disciplinas como: aspectos biológicos da surdez; história da educação de surdos; Libras: módulos práticos; linguística e surdez; ensino de português como segunda língua: estas seriam as disciplinas mais básicas e que permeiam a maior parte dos cursos. No entanto percebe-se certa confusão na formação de professores de Libras que terão que desempenhar o ensino da língua de sinais, em contexto de primeira e segunda língua. Tal proposta exigiria outras disciplinas como aportes necessários, tais como metodologia e ensino de línguas (L1 – primeira língua e L2 – segunda língua); aquisição da língua de sinais, dentre outras. O curso seria, 44


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