Locus 66

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LOCUS Ambiente da inovação brasileira

Ano XVII | no 66 Abril 2012

TORCIDA PELA INOVAÇÃO A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 prometem impulsionar o desenvolvimento, aquecendo a demanda por soluções inovadoras em diferentes áreas. Saiba como micro e pequenas empresas podem aproveitar a oportunidade histórica para alavancar negócios

Clovis Meurer, da ABVCAP, revela como o capital empreendedor pode contribuir para o crescimento do país

Estudo compara modelos de incubação de empresas de diferentes regiões do mundo

Os impactos da crise europeia na competitividade de MPEs inovadoras 1


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ÍNDICE

LOCUS

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Ambiente da inovação brasileira Ano XVII ∙ Abril 2012 ∙ no 66 ∙ ISSN 1980-3842

A revista Locus é uma publicação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) Conselho Editorial Josealdo Tonholo (presidente) Carlos Américo Pacheco Jorge Audy Marli Elizabeth Ritter dos Santos Mauricio Guedes Maurício Mendonça Coordenação e edição Débora Horn Reportagem Bruno Moreschi, Camila Augusto, Cora Dias e Débora Horn Colaboração: Trama Comunicação

OPORTUNIDADE HISTÓRICA A realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 no Brasil gera demandas em diversos setores, exigindo soluções inovadoras (e praticamente imediatas). Descubra como micro e pequenas empresas podem aproveitar as oportunidades trazidas pelos megaeventos para desenvolverem seus negócios

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Jornalista responsável Débora Horn MTb/SC 02714 JP Direção e edição de arte Bruna de Paula Colaboração: Hiedo Batista Revisão Vanessa Colla Foto da capa Shutterstock

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ENTREVISTA

EM MOVIMENTO

O novo presidente da Associação Brasileira de Venture Capital & Private Equity (ABVCAP), Clovis Meurer, destaca as contribuições do capital empreendedor ao país

De Norte a Sul, as novidades do empreendedorismo inovador no Brasil, incluindo a chamada de trabalhos que serão apresentados no XXII Seminário Nacional

Presidente Francilene Procópio Garcia Vice-presidente Jorge Luís Nicolas Audy Diretoria Gisa Bassalo, Ronaldo Tadêu Pena, Sérgio Risola e Tony Chierighini Superintendência Sheila Oliveira Pires Coordenação de Comunicação e Marketing Genny Coimbra Impressão Brasília Artes Gráficas Tiragem 2.000 exemplares

Produção

Apoio

Endereço SCN, quadra 1, bloco C, Ed. Brasília Trade Center, salas 209/211 Brasília/DF - CEP 70711-902 Telefone: (61) 3202-1555 E-mail: revistalocus@anprotec.org.br Website: www.anprotec.org.br Anúncios: (61) 3202-1555

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18 21 24 37 40 44 47 49 50

HABITATS Fundos de investimento podem ser uma importante fonte de financiamento para parques tecnológicos INTEGRAÇÃO Agência de inovação da Unicamp completa nove anos e comemora resultados da transferência de tecnologia SUCESSO As competências desenvolvidas por duas vencedoras do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica 2011 INTERNACIONAL Estudo compara atuação de incubadoras de empresas de diferentes regiões do mundo GESTÃO Por que a comunicação ainda representa um obstáculo ao crescimento de MPEs inovadoras CRISE As lições trazidas pela recessão europeia às empresas que buscam a internacionalização EDUCAÇÃO Do vestibular ao Enem: universidades brasileiras procuram alternativas para aperfeiçoar o processo seletivo de alunos CULTURA A indústria cinematográfica busca saídas para acompanhar as transformações do mercado OPINIÃO Mauricio Guedes: Livro Branco da CT&I completa 10 anos


CARTA AO LEITOR

T

ecnologia, mobilidade urbana, infraestutura. A evolução

LOCUS

desses e de outros aspectos marcam o abismo que separa a Copa do Mundo de 1950, a primeira realizada no Brasil, dos megaeventos esportivos programados para

2014 e 2016 no país. Na metade do século 20, os investimentos se restringiram à construção de estádios. Agora, será preciso ir muito além. Segundo estimativas do Ministério da Fazenda, a realização da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 exigirá investimentos da ordem de R$ 30 bilhões. Entre os principais receptores desses recursos estão os segmentos de mobilidade urbana, portos e aeroportos, saúde e segurança, energia, telecomunicações e hotelaria. Porém, a realização dos megaeventos cria demandas urgentes para outros nichos de negócios. Haveria, então, uma fatia desse bolo reservada a micro e pequenas empresas inovadoras? Essa é a pergunta que a matéria de capa desta edição, que inicia na página 28, procura responder. Para isso, as repórteres Camila Augusto e Cora Dias ouviram especialistas ligados ao mercado e ao governo, além de empreendedores que enxergam nos megaeventos uma grande oportunidade de alavancar seus negócios. Eles comprovam que o caminho para integrar a rede de empresas beneficiadas não é fácil, mas também não é inacessível. Da mesma forma, os caminhos para empresas que buscam a internacionalização parecem mais árduos com a crise econômica que abala a Zona do Euro. Na reportagem da página 37, Locus destaca que, em contrapartida, a recessão tem gerado uma intensa procura de empresas europeias por parceiros no Brasil, um mercado cada vez mais atraente. Além das parceiras, concorrentes estrangeiras chegam com força ao país, exigindo das MPEs inovadoras, e das incubadoras e parques que as abrigam, novas estratégias para garantir competitividade. Tudo indica que, ao final da crise, essa pressão vai gerar resultados bastante positivos. Bons resultados são a especialidade das empresas destacadas na seção Sucesso, integrantes do movimento que estão entre as vencedoras do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica 2011. Em comum, a Reason, de Santa Catarina, e a Scitech, de Goiás, têm a capacidade de alterar a rota dos negócios em função de novas oportunidades. Para ambas, o apoio de incubadoras foi fundamental nesse processo. Fundamental também tem sido o suporte prestado por incubadoras e parques tecnológicos a suas residentes quando o assunto é comunicação, um desafio para empresas de pequeno porte. Na matéria da seção Gestão, especialistas da área e assessores ligados a habitats de inovação dão dicas preciosas para que empreendimentos nascentes passem a dialogar de forma mais eficiente com seus públicos de interesse. Vale conferir esse e outros temas abordados nesta edição. Boa leitura! Conselho Editorial 5


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Capital que empreende Para o gaúcho Clovis Meurer, a melhor tradução do termo Private Equity & Venture Capital não é Capital de Risco, e, sim, Capital Empreendedor. Com mais de 30 anos de experiência no setor, o economista acompanhou o desenvolvimento dessa indústria no país e hoje atua para que ela consiga crescer ainda mais

P O R C A M IL A AU G U S TO 6


ENTREVISTA > Clovis Meurer

A história de Clovis Meurer e a da indústria de

Private Equity & Venture Capital (PE/VC) no Brasil se confundem. O economista – natural da pe-

quena cidade de Horizontina (RS) – presenciou

o desenvolvimento do setor no país. Desde o início da década de 1980, trabalha na CRP Com-

moeda, uma lenta redução de juros, a queda da inflação, ou seja, um ambiente macroeconômico mais favorável a investimentos de médio e longo prazo.

A empresa, localizada em Porto Alegre (RS), foi

E como ocorreu a mudança de cultura do investidor, para considerar o retorno a médio e longo prazo?

a serem criadas no Brasil. No último dia 9 de mar-

medida em que ocorria a estabilização da econo-

panhia de Participações, da qual hoje é diretor.

uma das primeiras gestoras de fundo de PE/VC

ço, Meurer assumiu a presidência da Associação

Brasileira de Private Equity & Venture Capital (AB-

VCAP), instituição que fomenta investimentos de

longo prazo no Brasil – e que integra o Conselho

Consultivo da Anprotec. Com três décadas de

experiência na área, ele acredita no potencial da

indústria de PE/VC para o desenvolvimento do país e da inovação, tendo como uma das metas de seu mandato, que segue até 2014, a aproxi-

mação entre gestores de fundos e investidores de empresas inovadoras.

A mudança aconteceu ao longo do tempo, à mia. Outro fator importante para esse processo foi que, em meados da década de 1990, houve um movimento muito forte das incubadoras e parques tecnológicos, que geraram novos negócios. A Anprotec trabalhou muito em vários estados, reunindo lideranças, fazendo seminários. Nós, da indústria de PE/VC, íamos a esses eventos para explicar como essa indústria podia apoiar empresas incubadas. Surgiram vários empreendimentos que foram apoiados – de uma maneira muito modesta no início, mas que foi crescendo.

LOCUS > O senhor entrou na indústria de Private Equity & Venture Capital no início da década de 1980, uma época em que essa área dava os primeiros passos no Brasil. Como esse ramo se desenvolveu no país?

Um dos focos da ABVCAP é o de atrair mais investidores estrangeiros ao país. Como esses investidores veem o Brasil?

Clovis Meurer > Quando criamos a CRP, em

economia brasileira estão cada vez mais sólidos.

1982, não existia no país nem associação, nem

Tem um crescimento de demanda, as classes C

legislação que regulasse essa indústria de PE/

e D foram para uma faixa maior de consumo, o

VC. A primeira instrução da Comissão de Va-

país vai receber eventos como Copa e Olimpía-

lores Monetários (CVM) é de 2004, ou seja,

das, que requerem investimentos. A descoberta

trabalhamos os primeiros 15 anos sem ter le-

do pré-sal reforçou as oportunidades na área de

gislação específica para investir nessa área. Na-

energia. Isso tudo atrai investidores mundiais

Há a percepção de que os fundamentos da

quela época, fazíamos investimentos através de

ao país – o que é fantástico, pois eles trazem

uma holding, empresa criada especificamente

para o Brasil sua experiência de investimentos

para colocar recursos em outros negócios. Diria

já feitos, um network com empresas globais.

que os primeiros 15 anos foram muito iniciais.

Muitas vezes, aplicam seus recursos aqui em

Uma época de inflação muito alta, muita insta-

um setor no qual têm investimentos em outra

bilidade. Todos os investimentos que fazíamos

região do mundo, o que propicia uma troca

eram de curto prazo. Isso não rendia ganhos,

de informações importante, abrindo mercados

simplesmente atualizava o valor do investi-

para empresas brasileiras. E o mais importante

mento. Nesse cenário, qualquer investimento

é que trazem capitais para um série de ações

de private equity era difícil de ser executado. A

que temos a fazer no Brasil. São recursos que

partir de meados dos anos 1990, com o Plano

geram renda, empregos e tecnologias, ou seja,

Real, passamos a ter uma estabilidade maior na

aceleram o crescimento do Brasil. 7


ENTREVISTA > Clovis Meurer

A CRP é de Porto Alegre, mas essa indústria de Private Equity & Venture Capital sempre esteve concentrada no eixo Rio-São Paulo. Como está hoje esse cenário no país? O forte dos gestores, investidores e admi-

empregos. Não é um investimento meramente especulativo.

E como essa indústria contribui com o desenvolvimento da inovação?

nistradores da indústria de PE/VC se concentra

Todo negócio inovador, que se diferencia

no eixo Rio-São Paulo, mas a indústria tem se

de outro tradicional, é, em princípio, mais in-

descentralizado. No Sul, temos escritórios de

teressante. As empresas inovadoras têm uma

outros gestores. No Nordeste há fundos especí-

chance maior de retorno, normalmente. Então,

ficos. No Norte, fundos ligados ao meio ambien-

a indústria de PE/VC, por natureza, direciona

te, que investem na exploração sustentável dos

seus investimentos para negócios inovadores.

recursos naturais da Floresta Amazônica. No

Dentro da ABVCAP, especificamente, criamos o

Centro-Oeste, em razão dos empreendimentos

Comitê de Empreendedorismo, Inovação e Ca-

agroindustriais, também existem investimentos

pital Semente para observar empresas inova-

importantes. A ABVCAP está com um trabalho

doras de tecnologia, que, na maioria das vezes,

forte para levar essa indústria a todos os can-

são empreendimentos menores, nascentes,

tos do país. Outro aspecto interessante são os

sem recursos. Esse comitê procura fazer com

investimentos em fundos setoriais. Há fundos,

que a indústria de PE/VC invista nesses em-

por exemplo, para investir só no Nordeste ou

preendimentos, muitas vezes incubados. E tem

só na região Sul. Assim como há os fundos seto-

trabalhado, também, com gestores e investido-

riais, focados só em óleo e gás ou em florestas,

res, mostrando para eles a importância da ca-

por exemplo. Imagine que, se eu tenho um fun-

deia de inovação. Não adianta termos apenas

do florestal, não poderei investir na cidade de

empresas grandes. A empresa grande tem que

São Paulo, pois lá não há floresta alguma. Vou

comprar de uma empresa média. A média, da

ter que investir em outros estados, em áreas

pequena. O grande empreendimento quer que

apropriadas para essa atividade.

o pequeno inove para que possa agregar valor ao seu serviço.

“A INDÚSTRIA DE PE/VC OFERECE UM CAPITAL DIRECIONADO A INVESTIMENTOS NA ECONOMIA REAL, QUE GERA RENDA

Um estudo realizado pelo World Economic Forum em 2008, revelou que empresas investidas pela indústria de PE/VC conseguem melhorar seus processos de inovação. A que se deve isso? É simples. Uma empresa apoiada por Ven-

E EMPREGOS. NÃO É UM INVESTIMENTO

ture Capital, por ser menor, precisa ter produ-

MERAMENTE ESPECULATIVO”

tidor avalia esse tipo de empresa, definindo o

tos e processos diferenciados. Quando o invesvolume de dinheiro necessário para a industrialização e comercialização, já estima quanto

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Como está o crescimento da indústria de PE/VC em relação ao PIB do país?

deve ser alocado em atividades de Pesquisa e

Essa indústria tem crescido constantemen-

maior. Várias inovações não dão certo. Então,

te e, por conseguinte, a participação no PIB

o investidor, olhando um negócio consolidado,

tem crescido. Hoje chega a quase 5% do PIB.

pode ter um risco menor. Mas olhando um ne-

Existe muito espaço para crescer e essa indús-

gócio menor, na área de Venture e Seed Mo-

tria oferece um capital direcionado para inves-

ney, pode ter um risco maior, mas um retorno

timentos na economia real, que gera renda e

também maior.

Desenvolvimento. É lógico que aí há um risco


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ENTREVISTA > Clovis Meurer

Sobre essa questão do risco, existem muitas pessoas que criticam a tradução do termo Venture Capital por Capital de Risco. Para muitas, o termo correto seria algo como Capital Empreendedor. Qual sua opinião sobre isso? A própria ABVCAP no início se chamava Associação Brasileira de Capital de Risco. Essa tradução não é bem certa. É que o “Venture” dava ideia de aventura, de arriscar. Mas a tradução mais apropriada é a de Capital Empreendedor. Risco há em tudo. Nos negócios não é muito apropriado dizer que é um Capital de Risco porque se poderia pensar nisso como uma maneira de perder dinheiro. Trata-se, portanto, de um Capital Empreendedor, para mostrar que alguém está empreendendo um negócio, que pode dar certo, mas tem seus riscos.

Como está esse segmento de Seed Money no Brasil? Temos vários fundos, alguns apoiados pela Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Finep),

em empresas com potencial de sucesso. Nesse

outros pelo Banco Nacional de Desenvolvimen-

sentido, entendo que a participação da ABVCAP

to Econômico e Social (BNDES), além de gesto-

no Conselho Consultivo da Anprotec é extre-

res especializados nessa área. Eu entendo que

mamente importante. É uma maneira de unir os

é uma área para maior atuação de órgãos go-

interesses e culturas de ambas as associações.

Meurer: ABVCAP e Anprotec possuem interesses em comum

vernamentais. Isso porque a probabilidade de

não avancem, por serem muito embrionários,

Agora que o senhor é presidente da ABVCAP, além de dar continuidade ao que já vinha sendo feito, quais serão suas principais metas?

em fase de pesquisa. Não são empresas, mas

Temos uma preocupação de cumprir os

sim ideias, muito ligadas a universidade e insti-

convênios que temos, da Agência Brasileira

tutos de pesquisa, que normalmente têm apoio

de Promoção de Exportações e Investimentos

governamental.

(Apex) e do Fundo Multilateral de Investimen-

sucesso no Seed Money é grande, assim como é grande a possibilidade de que esses negócios

tos (Fumin), que possuem o objetivo de divul-

No ano passado a ABVCAP passou a fazer parte do Conselho Consultivo da Anprotec. Quais são os objetivos dessa aproximação?

gar a indústria no país e no exterior. Temos

Nós investimos em empresas incubadas.

remos, além disso, promover a integração dos

Então, temos interesses comuns. Ambos quere-

grandes fundos e investidores com os médios

mos investir no mundo empresarial brasileiro.

e pequenos nacionais e internacionais. E bus-

A Anprotec defendendo o desenvolvimento de

car, junto a autoridades do governo, regras e

incubadoras, parques tecnológicos e empreen-

normas para que a indústria possa trabalhar de uma maneira competitiva. L

dimentos inovadores, e a ABVCAP investindo

também a preocupação de descentralizar a indústria de PE/VC do eixo Rio-São Paulo. Que-

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EM MOVIMENTO

NORTE E CENTRO-OESTE

Projeto incentiva inovação em MPEs industriais do Amazonas Divulgação FIEAM

Divulgação PCT Guamá

Parque de Belém do Pará realiza capacitação em auditoria interna

Auditores atuarão na certificação dos laboratórios instalados ou em fase de implantação no Parque

O Parque de Ciência e Tecnologia Guamá, de Belém do Pará, está capacitando profissionais em auditoria interna através do programa “Sistema de Qualidade nos Laboratórios do PCT Guamá”. O curso formará os primeiros auditores internos que, a partir da norma O segundo vice-presidente da FIEAM, Américo Esteves, no lançamento do projeto

ISO/IEC 9011, poderão iniciar o processo de certificação prévia dos laboratórios instala-

O primeiro evento do projeto Mobilização para Elevação do

dos no Parque ou em fase de implantação.

Grau de Inovação nas micro e pequenas empresas industriais

O último módulo do programa deve acon-

(MPEs) aconteceu, em Manaus (AM), no final de janeiro. A ini-

tecer em abril e terá como tema “Auditor Lí-

ciativa está sendo promovida pela Federação das Indústrias do

der em Sistema de Gestão de Qualidade”. O

Estado do Amazonas (FIEAM), pela Confederação Nacional da

curso teve início em dezembro de 2011 e é

Indústria (CNI) e pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas

promovido pela Fundação Guamá.

Empresas (Sebrae). Com o objetivo de desenvolver e incentivar a inovação em MPEs industriais do Amazonas, o projeto pretende dar suporte aos empresários na elaboração de planos de inovação e na submissão

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CDT/UnB amplia oferta de disciplinas de empreendedorismo

desses projetos a órgãos de fomento à Pesquisa, Desenvolvimento

O Centro de Apoio ao Desenvolvimen-

e Inovação. O foco são empreendimentos dos segmentos de cons-

to Tecnológico da Universidade de Brasília

trução civil, madeira e móveis, construção naval, fitocosméticos,

(CDT/UnB) expandiu a oferta das disciplinas

fitofármacos, metal-mecânica, panificação, confecção e gás e pe-

de graduação e de pós-graduação voltadas

tróleo.

ao empreendedorismo e à inovação. As aulas

Durante o evento, o coordenador do projeto, José Nabir de

antes ocorriam apenas no campus Darcy Ri-

Oliveira, anunciou que a expectativa é que 300 empresas sejam

beiro, em Brasília (DF) e passaram a ser ofer-

sensibilizadas pela iniciativa e que 120 sejam capacitadas. Nos

tadas também nos campi Ceilância, Gama e

empreendimentos que participarem das capacitações serão reali-

Planaltina. As disciplinas são oferecidas por

zados diagnósticos e os empresários terão auxilio na implantação

meio da Escola de Empreendedores (Empre-

dos planos. A meta é que 60 empresas coloquem em prática proje-

end), em parceria com o Sebrae, e têm cerca

tos de inovação até 2013.

de 400 alunos matriculados por semestre.


EM MOVIMENTO

SUL

Divulgação Midi Tecnológico

Incubadora Midi Tecnológico recebe aporte do CNPq para expansão ção das 15 salas de empresas residentes, da área administrativa, da biblioteca e das salas de reunião, além da aquisição de equipamentos. Com o aporte também será construído na incubadora um laboratório mecânico/eletroeletrônico, que disponibilizará aos empreendedores estação de solda, fonte de tensão, multímetro digital, microscópio, dentre outros equipamentos. O espaço poderá ser utilizado pelas empresas incubadas para a realização de pequenos reparos ou para a produção esporádica de dispositivos ou protótipos. Recursos serão utilizados para estruturar nova sede da incubadora no Floripa Tec Park

Hoje, o Midi Tecnológico ocupa uma área de 1 mil metros quadra-

O Conselho Nacional de Desen-

que está sendo construído na capital

dos e tem capacidade para atender

volvimento Científico e Tecnológico

pela Associação Catarinense de Em-

14 empresas na modalidade de in-

(CNPq) aprovou a liberação de re-

presas de Tecnologia (Acate).

cubação residente. A previsão é que

cursos para a ampliação da infra-

O novo espaço do Midi Tecnoló-

a mudança para o Floripa Tec Park

estrutura do Midi Tecnológico, de

gico ocupará 1,5 mil metros quadra-

aconteça em dezembro de 2013. A in-

Florianópolis (SC). O aporte será uti-

dos da área total de 14 mil metros

cubadora ainda não divulgou o mon-

lizado para viabilizar o novo espaço

quadrados do parque. Os recursos

tante do aporte que irá receber, pois a

da incubadora no Floripa Tec Park,

do CNPq possibilitarão a estrutura-

verba está em fase de liberação.

Hyundai terá centro de pesquisa no Tecnosinos Hyundai na Coreia do Sul têm especificidades que atendem às neces-

truirá uma fábrica de elevadores no

sidades do país asiático, como a de

município de São Leopoldo (RS). O

suportar o frio extremo do inverno

local onde será instalada ainda não

coreano. No Centro, serão elabora-

foi definido, mas o Tecnosinos abri-

das pesquisas para adaptar os eleva-

gará o Centro de Pesquisa, Desen-

dores à realidade latino-americana.

volvimento e Inovação e o escritório

Serão necessários, principalmente,

de operações e representação de

profissionais das áreas de Engenha-

relacionamento com o Estado do Rio

ria Mecânica, Eletroeletrônica, Auto-

Grande do Sul.

mação e Tecnologia da Informação.

elevadores entre em operação até o

A previsão é de que a fábrica de

início de 2013.

Os equipamentos fabricados pela

Divulgação

O grupo sul-coreano Hyundai anunciou, em fevereiro, que cons-

O governo do Rio Grande do Sul e a Hyundai firmaram protocolo de intenções em fevereiro

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EM MOVIMENTO

SUDESTE

Gabriel Almeida

USP Leste inaugura incubadora social e tecnológica A incubadora é a primeira do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec) com caráter social. Ela atenderá empreendimentos das áreas de computação, alta tecnologia, têxtil, saúde, entretenimento e serviços públicos. Atualmente, a incubadora conta com o apoio de R$ 515.833,58 da USP Leste e de R$ 663.552,00 da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia de São Paulo.

A incubadora é a primeira do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos com caráter social

Na primeira fase, seis projetos

A Escola de Artes, Ciências e

empresas e tem como objetivo dar

contarão com a infraestrutura da

Humanidades (EACH – USP Leste)

suporte a projetos de inovação tec-

incubadora, além de apoio técnico e

inaugurou sua incubadora social e

nológica que beneficiem, prioritaria-

administrativo. No segundo semes-

tecnológica no dia 3 de fevereiro. A

mente, a população da zona leste da

tre deste ano, a previsão é que mais

instituição dispõe de 16 salas para

cidade de São Paulo.

oito empresas recebam suporte.

Governo de SP lança edital de obras do Parque Tecnológico de Ribeirão Preto O governador do estado de São

Está prevista a construção de dois

Paulo, Geraldo Alckmin, lançou o

blocos de edifícios, corresponden-

edital de licitação para obras no Par-

tes ao Centro de Desenvolvimento e

A Incubadora e Laboratório de

que Tecnológico de Ribeirão Preto

Inovação Aplicada em Equipamentos

Ideias Incubaseg, lançada em 2011,

no dia 15 de fevereiro. O total de in-

Médico-Hospitalares e Odontológicos

em São Paulo (SP), selecionou os

vestimentos previstos é de R$ 13,3

(Cedina) e à Incubadora de Empresas

primeiros projetos que passarão a

milhões, sendo R$ 11,2 milhões

de Base Tecnológica (Supera).

contar com seu apoio. A instituição é

provenientes do governo do Estado

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Incubadora de Negócios de Seguros seleciona projetos para incentivo à inovação

O foco do Parque será o de-

(através da Secretaria de Desenvol-

senvolvimento

de

vimento Econômico, Ciência e Tec-

médico-hospitalares,

pioneira no incentivo à inovação no

equipamentos

mercado de seguros brasileiro e tem

soluções

em

como mantenedoras empresas segu-

nologia e da Universidade de São

biotecnologia, fármacos, cosméticos,

radoras como Bradesco, Porto Segu-

Paulo), R$ 1,8 milhão da prefeitura

bioenergia e tecnologia da informa-

ro, Metlife, RSA Seguros e Liberty.

de Ribeirão Preto (para infraestrutu-

ção e comunicação (TIC). O empre-

Dos 14 projetos selecionados,

ra de acesso, água, esgoto e outros

endimento será instalado em um ter-

50% são de São Paulo, 21% do Rio

serviços públicos) e R$ 300 mil do

reno de 300 mil metros quadrados

de Janeiro e os demais da Bahia, de

Ministério da Ciência, Tecnologia e

dentro do campus da Universidade

Goiás, do Distrito Federal e do Rio

Inovação, para o projeto executivo.

de São Paulo, em Ribeirão Preto.

Grande do Sul.


EM MOVIMENTO

SUDESTE

Supera Educa vence prêmio de empreendedorismo sustentável O projeto educacional Supera

de negócios. O objetivo é promover

Ao todo, foram recebidos 25

Educa – desenvolvido pela Supera

o ensino do espírito empreendedor

planos de negócios, dos quais dez

(Incubadora de Empresas de Base

e inovador nas escolas, envolvendo

foram classificados para a fase se-

Tecnológica de Ribeirão Preto) –

a realidade social dos alunos e tor-

guinte do projeto: uma “sabatina”

ganhou o 5°Prêmio Ozires Silva de

nando-os capazes de desenvolver e

realizada pela equipe de profissio-

Empreendedorismo Sustentável na

trabalhar com equipes.

nais do colégio. Nessa fase, foram

categoria Empreendedorismo Edu-

As atividades foram realizadas

selecionados os quatro projetos que

cacional. A premiação aconteceu no

de abril a setembro de 2011, com

mais se destacaram. O Supera Educa

dia 8 de fevereiro, em Curitiba (PR).

120 estudantes do 9º ano do Ensino

deve ter continuidade neste ano com

O Supera Educa começou a ser

Fundamental e do 1º ano do Ensino

a criação de uma mini-incubadora,

desenvolvido em abril de 2011 em

Médio do Colégio Marista do muni-

também chamada de incubadora

escolas de ensino fundamental, mé-

cípio. Nesse período, eles participa-

mirim, que terá espaço para as em-

dio e superior de Ribeirão Preto (SP).

ram dos encontros e, divididos em

presas.

Inspirado no conceito “sem muros,

grupos de até cinco pessoas, elabo-

O prêmio Ozires Silva de Em-

sem professor”, que é adotado pela

raram e apresentaram seus planos

preendedorismo Sustentável é uma

Escola da Ponte, de Portugal, o pro-

de negócio. A avaliação dos projetos

iniciativa do Instituto Superior de

jeto consiste na realização de encon-

foi realizada pela Supera, que anali-

Administração e Economia (ISAE/

tros quinzenais com foco em temas

sou, principalmente, aspectos como

FGV) e do Grupo Paranaense de Co-

de interesse dos jovens participan-

viabilidade do negócio e potencial de

municação – GRPCOM. A premiação

tes, além de um concurso de planos

mercado.

conta com o apoio da Anprotec.

Sorocaba sediará conferência internacional de inovação em parques Zaqueu Proença

O Parque Tecnológico de Sorocaba (SP) sediará, entre os dias 4 e 6 de junho, a Conferência Internacional de Inovação em Parques Tecnológicos. A ocasião também marca a entrada em operação do empreendimento. Será inaugurado o núcleo do parque, estrutura que possui cerca de 11 mil metros quadrados de área e contará com laboratórios e centros de PD&I, além de uma incubadora de empresas de base tecnológica. No total, o parque terá 20 mil metros quadrados. De acordo com informações da assessoria de imprensa da prefeitura de Sorocaba, até o momento, dez universidades e instituições de ensino superior e técnico foram convidadas e manifestaram interesse em instalar laboratórios de pesquisas no Parque, como PUC-SP, UFSCar-Sorocaba e Unesp, dentre outras.

Prédio do núcleo do parque será inaugurado durante o evento 13


EM MOVIMENTO

NORDESTE

Governo do Alagoas define elaboração de plano de CT&I

que ficaram em segundo e terceiro,

Divulgação Secti/AL

Divulgação SECTI/BA

Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia premia ideias inovadoras ganharam R$ 5 mil e R$ 3 mil, respectivamente. Em primeiro lugar na categoria Inventor Independente ficou o projeto Reciclagem de Embalagens Plásticas de Óleo Lubrificante”, de Sebastião de Mattos. Já na de GraduEstudantes e inventores foram premiados em quatro categorias

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) premiou,

andos e Pós-Graduandos Lato Sensu o projeto Motus – Órtese Dinâmica, do estudante Daniel Thadeu Torres Fernandes Veiga, da Universidade Salvador (Unifacs), foi o vencedor.

no último mês de fevereiro, os vence-

Com um projeto sobre filmes fle-

dores da quarta edição do “Concurso

xíveis biodegradáveis, o estudante

Ideias Inovadoras”. A competição de

Márcio Inomata Campos, da Uni-

propostas de produtos, processos,

versidade Federal da Bahia (UFBA),

métodos ou sistemas inovadores

ficou em primeiro lugar na catego-

com potencial de mercado premiou

ria Pós-Graduandos Scricto Sensu.

os candidatos em quatro categorias:

Por fim, George Andrade Sobré, da

graduandos e pós-graduandos lato

Comissão Executiva do Plano da La-

sensu, pós-graduandos stricto sensu,

voura Cacaueira (Ceplac), venceu na

pesquisadores e inventores indepen-

categoria Pesquisador, com o traba-

dentes.

lho Fertilizante Potássico Extraído

Dos 86 projetos recebidos, ape-

da Casca do Fruto do Cacaueiro.

nas 30 foram classificados como

Mais informações sobre os proje-

finalistas. Os vencedores receberam

tos vencedores podem ser obtidas no

cheques no valor de R$ 8 mil. Já os

site da Fapesb: www.fapesb.ba.gov.br.

A expectativa é de que o plano seja apresentado até o final deste ano

A Secretaria de Estado da Ciência, de Tecnologia e da Inovação do Alagoas (Secti) começou a realizar reuniões para a elaboração do plano de CT&I do estado. O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, já apresentou a proposta técnica inicial do projeto fundamentada em eixos estratégicos. A programação para a elaboração de plano está dividida em cinco

Empresa graduada em Parque do Ceará inaugura centro de pesquisa em São Paulo

14

módulos, que envolvem a construção da metodologia e do Plano de Trabalho, a realização de entrevistas e

A empresa Fotosensores Tecnolo-

Tecnológico de São José dos Cam-

da análise situacional, a promoção

gia Eletrônica, graduada do Parque

pos. A empresa, que desenvolve tec-

de workshops para a construção da

de

Tecnológico

nologias aplicadas aos sistemas de

agenda estratégica de CT&I e o de-

(Padetec), da Universidade Federal

monitoramento de trânsito, utilizará

senvolvimento e validação da propos-

do Ceará (UFC), inaugurou em fe-

o centro para o desenvolvimento de

ta do plano. A expectativa da Secreta-

vereiro um Centro de Pesquisa, De-

pesquisas em áreas como mobilida-

ria é de que o plano seja apresentado

senvolvimento e Inovação no Parque

de urbana.

até o final de 2012.

Desenvolvimento


EM MOVIMENTO

NACIONAL

Finep deve oferecer R$ 6 bilhões em 2012

MCTI sofre corte de 22% em seu orçamento em 2012

A Financiadora de Estudos e Pro-

demanda de cerca de R$ 9 bilhões

jetos, (Finep) do Ministério da Ciên-

por empresas inovadoras que apre-

cia, Tecnologia e Inovação, prevê

sentaram projetos nesses setores. Ao

O Ministério da Ciência, Tecnolo-

para este ano a operação de R$ 6

todo, em 2011, foram apresentados

gia e Inovação (MCTI) perdeu, nes-

bilhões em recursos reembolsáveis

326 projetos, dos quais,165 foram

te ano, 22% dos valores previstos

para empresas. O número represen-

contratados.

originalmente na Lei Orçamentária Anual, ou seja, R$ 1,48 bilhão dos

ta um aumento de 62,5% em relação

A Finep espera que, com a expan-

aos recursos aplicados em 2011, que

são dos recursos neste ano, a de-

foram de R$ 3,65 bilhões. O aporte

manda restante seja atendida. A Fi-

A redução ocorreu após a deci-

faz parte do Programa de Sustenta-

nanciadora também criou um grupo

são do governo federal de bloquear

ção do Investimento (PSI) e se des-

de trabalho para identificar gargalos

gastos de R$ 55 bilhões no orça-

tinam a operações de crédito, com

e obstáculos, repensar estruturas e

mento de 2012. No ano passado,

juros subsidiados, para empresas que

agilizar a tramitação dos processos

o Ministério também havia sofri-

atuam em setores estratégicos como

internos. A meta é reduzir em 80% o

do cortes pelo mesmo motivo. Em

saúde, tecnologia da informação e co-

tempo médio de análise e aprovação

2011, do total de R$ 6,4 bilhões

municação (TIC), defesa e aeroespa-

dos projetos reembolsáveis. A Finan-

previstos, a pasta perdeu R$ 1 bi-

cial, petróleo e gás, sustentabilidade,

ciadora conseguiu, em 2011, reduzir

lhão.

energia e desenvolvimento social.

os prazos de análise em 58%. Eles

No ano passado, a Finep recebeu

passaram de 249 dias para 102 dias.

CNPq muda plataforma Lattes para valorizar inovação e divulgação científica

R$ 6,7 bilhões previstos.

Brasil e China terão centro conjunto de nanotecnologia Uma portaria publicada no dia

suas pesquisas. A intenção

14 de fevereiro, assinada pelo Mi-

do CNPq é aumentar o co-

nistro da Ciência, Tecnologia e

nhecimento da sociedade

Inovação, Marco Antonio Raupp,

sobre as atividades cientí-

instituiu o Centro Brasil-China de

ficas que ocorrem no país.

Pesquisa e Inovação em Nanotec-

As mudanças na plata-

nologia (CBC-Nano).

forma devem ocorrer até

O Centro será uma rede co-

maio. O modelo e a funcio-

operativa de pesquisa e desen-

nalidade das abas dos cur-

volvimento e terá, dentre outras

rículos já estão formatados

funções, o papel de coordenar as

Os 1,8 milhões de pesquisadores

e respeitarão as regras de

atividades envolvendo os dois paí-

do país que possuem currículos na

transparência de informações pú-

ses em áreas de nanotecnologia. Ele

Plataforma Lattes, mantida pelo Con-

blicas. As novas informações serão

também será responsável por coor-

selho Nacional de Desenvolvimento

avaliadas pelos 48 comitês do CNPq

denar programas de mobilização de

Científico e Tecnológico (CNPq), ago-

quando eles forem analisar projetos

empresas instaladas no Brasil para

ra terão que informar dados relacio-

de pesquisas e conceder bolsas a es-

possíveis desenvolvimentos na área

nados à inovação e à divulgação de

tudantes e a professores.

de nanomateriais. 15


EM MOVIMENTO

ANPROTEC

Anprotec firma parceria com a Finep para ampliar atuação no Seed Forum A fim de facilitar a aproximação

equipe da área investimentos da Finep

rismo e Tecnologia (Cietec) apresen-

de empreendedores inovadores e

e são orientados sobre os aspectos es-

taram o plano de negócios de seus

potenciais investidores, a Anprotec

tratégicos de seu negócio. O objetivo

empreendimentos a uma plateia de

se tornou parceira da Financiadora

é disseminar e desenvolver a metodo-

investidores anjo.

de Estudos e Projetos do Ministério

logia dos Seed Foruns, para que esses

O 11º Seed Forum Finep, que

da Ciência, Tecnologia e Inovação (Fi-

eventos também possam ser realiza-

ocorreu em outubro passado, foi re-

nep) na organização dos Seed Foruns

dos por instituições parceiras.

alizado pela Anprotec, pelo Institu-

– programas de capacitação empre-

“Desde 2007, a Finep realiza o

to Educacional BM&FBovespa, pela

sarial realizados por meio de even-

Seed Forum, e, em 2011, a Finan-

Rede de Tecnologia e Inovação do Rio

tos, nos quais os participantes têm a

ciadora começou a apostar em um

de Janeiro – Redetec e pela Gávea

oportunidade de apresentar suas em-

modelo de parceria com a Anprotec,

Angels, com o apoio do BID/Fumin.

presas para potenciais investidores.

que consiste em aproveitar as rePróximas edições

des locais de incubadoras para que se transformem em uma espécie de

Neste ano, a parceria entre An-

um processo de capacitação com a

replicadoras desse conteúdo. A ideia

protec e Finep prevê a realização do

é que essas redes locais repassem o

12º Seed Forum, que ocorrerá no dia

conhecimento do Seed Forum para

17 de maio, em Porto Alegre (RS).

as mais diversas regiões do país”, ex-

O evento terá o apoio de diversos

plica José Alberto Sampaio Aranha,

associados da Anprotec, tais como

que integra o Grupo Estendido de

Tecnopuc-RS, UFRGS/CEI e Reginp.

Divulgação/Int. Gênesis

Durante esses encontros, os empresários selecionados passam por

Dirigentes da Anprotec.

Aranha, do Gênesis: incubadoras devem replicar conhecimento sobre Seed Capital

Para participar do 12º Seed Fo-

A décima edição do Seed Forum,

rum, a empresa deve estar em está-

realizada em junho de 2011 no pré-

gio pré-operacional ou operacional,

dio da BM&FBOVESPA, em São Pau-

registrar um faturamento de até

lo, é um exemplo de sucesso. Na oca-

R$ 16 milhões/ano, ter a inovação

sião, 15 empreendedores da região

como elemento de diferenciação em

metropolitana de São Paulo e do

seu mercado e possuir sede no Rio

Centro de Inovação, Empreendedo-

Grande do Sul.

Sebrae esclarece dúvidas de gestores a respeito do edital Cerne

16

Entre janeiro e março o Sebrae

edital Cerne. Lançado em novembro

modalidade 1, destinada a incubado-

(Serviço Brasileiro de Apoio às Mi-

de 2011, o edital destinará R$ 28,2

ras mais estruturadas, e para a mo-

cro e Pequenas Empresas) realizou

milhões para a implementação da

dalidade 2, que previa o apadrinha-

reuniões locais em várias cidade do

metodologia Cerne nas incubadoras.

mento de incubadoras menores. A

Brasil para esclarecer dúvidas de ges-

Os projetos das incubadoras fo-

divulgação dos resultados acontecerá

tores de incubadoras a respeito do

ram apresentados até 16 de março.

até 13 de abril e os convênios devem

processo de inscrição e seleção do

Foram recebidas propostas para a

ser assinados até junho.


EM MOVIMENTO

ANPROTEC

Shutterstock

Anprotec abre chamada de trabalhos para o Seminário Nacional local e setorial; Incubação de empresas orientadas para a geração e uso intenso de tecnologias e Habitats de inovação sustentáveis/parques científicos, tecnológicos e de desenvolvimento regional. Os pôsteres, que são artigos curtos, deverão retratar as práticas e experiências inovadoras das incubadoras de empresas e parques tecnológicos brasileiros. Já as boas práticas podem ser submetidas somente por empreendedores vinculados às incubadoras ou aos parques tecnológicos associados à Anprotec e deverão narrar experiências e soluções criativas adotadas para resolução de problemas da empresa e

Artigos poderão ser entregues até 10 de maio

seus respectivos resultados.

O prazo para envio de trabalhos

Serão selecionados até 30 artigos

para o XXII Seminário Nacional de

completos, 60 em forma de pôster e

Parques Tecnológicos e Incubado-

20 boas práticas de empresa. O Co-

ras de Empresas começa no próximo

mitê Científico do evento avaliará os

dia 20 de abril. O evento – promo-

trabalhos a partir de critérios como

vido pela Anprotec e pelo Sebrae -

clareza dos objetivos propostos, con-

acontecerá entre 17 e 21 de setem-

tribuição para o conhecimento e/

bro deste ano em Foz do Iguaçu (PR).

ou resolução de problemas práticas,

Organizado pelo Parque Tecnológico

qualidade geral do texto, dentre ou-

Itaipu, terá como tema “Parques Tec-

tros. Os autores dos melhores traba-

nológicos e Incubadoras de Empre-

lhos serão premiados com certifica-

sas: Revelando e Integrando Novas

dos e créditos em cursos e eventos

Rotas de Desenvolvimento”.

da Anprotec.

O prazo para envio online de resu-

Os artigos completos podem ter

mos de artigos, pôsteres ou cases de

até três autores e devem se enqua-

boas práticas segue até 10 de maio.

drar em uma das quatro plataformas

Os autores que tiverem suas propos-

estratégicas para a promoção do em-

tas selecionadas serão comunicados

preendedorismo inovador através

no início de junho, para que enviem os

das quais a Anprotec atua: promoção

trabalhos completos até 10 de julho.

da cultura do empreendedorismo

Para a submissão de artigos, é obriga-

inovador; Incubação de empresas

tória a pré-inscrição no Seminário.

orientadas para o desenvolvimento

As regras sobre formatação, estrutura

e

limites

mínimo

e

máximo de caracteres de cada categoria de trabalho estão detalhadas no regulamento da chamada, disponível no link: http:// www.anprotec.org.br/publicacao. php?idpublicacao=2341

_AGENDA > 20 de abril: Abertura da chamada > 10 de maio: Prazo final para envio online dos trabalhos > 10 de julho: Prazo final para envio dos trabalhos completos > 17 a 21 de setembro: Apresentação dos trabalhos, no Seminário Nacional

17


Shutterstock

HABITATS

Parceiros potenciais Fundos de investimento podem figurar entre as fontes de financiamento de parques tecnológicos, facilitando sua implantação. Comunicação com o mercado é fundamental Entre as fontes de financiamento de par-

(Univap), Luiz Antônio Gargione desenvol-

ques tecnológicos no Brasil, recursos pro-

veu, em sua tese de doutorado em Enge-

venientes de fundos de investimento ainda

nharia de Produção, na Universidade de São

estão longe de ocupar posição de destaque.

Paulo (USP), uma estrutura de financiamento

No país, foram principalmente verbas pú-

de parques utilizando fundos de investimen-

blicas que possibilitaram a criação e de-

to. “Percebi que os fundos, de certa forma,

senvolvimento desses ambientes de ino-

já estão associados aos parques tecnológicos

vação. Mas existe espaço para que fundos

quando financiam as empresas instaladas

de investimento desempenhem o papel de

nesses ambientes. Já há uma sinergia. Então,

financiadores de parques? De acordo com

procurei ver como esses fundos podem, na

especialistas, sim.

verdade, se tornar agentes de financiamento

Porém, o caminho é complexo e exigirá estudos e mudanças. Diretor do Parque Tecnológico da Universidade do Vale do Paraíba 18

dos parques em si”, explica ele, que apresentou o trabalho em 2011. Ainda não existem no Brasil, segundo


HABITATS

Gargione, iniciativas que utilizem esse tipo

Específico (SPE) – e os investidores não con-

de estratégia de maneira explícita, algo que

tam com o fluxo de caixa de outros empre-

é comum, principalmente, nos Estados Uni-

endimentos dos acionistas. “Esse modelo,

dos. “Das experiências que analisei e nos es-

com recursos privados, seria bom para as

tudos que fiz de várias iniciativas, a grande

próprias empresas do parque tecnológico.

maioria busca recursos na esfera do gover-

Imaginemos a seguinte situação: uma em-

no, seja federal, estadual ou municipal. Exis-

presa pretende investir R$ 300 milhões em

tem empreendimentos buscando recursos,

um parque ou em um centro de pesquisa.

também, nas suas instituições originadoras

Talvez seja mais interessante para essa em-

ou nas empresas que vão se instalar no par-

presa, em vez de mobilizar na construção

que”, afirma.

de prédios o capital que poderia ser utiliza-

Para Gargione, a causa disso, no entanto,

do para pesquisa e desenvolvimento, atrair

não está em uma falta de conscientização

o investimento dos fundos, que poderiam

dos gestores dos ambientes de inovação.

disponibilizar recursos para a implantação

“Na minha opinião, a grande maioria dos

e serem remunerados por isso”, explica o

gestores tem a visão de que a busca por

pesquisador.

esse tipo de recursos é um caminho neces-

Esse modelo está em implantação no

sário. Os fundos de investimento estão se

Parque Tecnológico da Univap há cerca de

tornando cada vez mais importante no ce-

dois anos. “Geralmente, a implantação de

nário do país. Mas ainda não se conseguiu,

uma estrutura como essas demora cerca

de uma forma prática, inseri-los no contex-

de cinco anos. O parque da Univap é gerido

to dos parques. Talvez porque seja um ca-

por uma fundação privada, que não é ori-

minho realmente árido”.

ginalmente voltada para parques tecnológicos. Então, fizemos uma revisão no estatuto para permitir o investimento em sociedades

Em sua tese, Gargione elaborou uma es-

de propósito específico e a participação em

trutura de financiamento nos moldes de um

fundos de investimento. O próximo passo

project finance com o uso de Fundos de In-

é ter uma estrutura mais profissional para

vestimento em Participações (FIP) – também

atrair recursos”, explica Gargione.

conhecido como Private Equity – e Fundos

Nos próximos anos, Gargione pretende

de Investimento Imobiliário (FII) como fon-

ampliar sua pesquisa realizando estudos mais

tes de recursos para o parque tecnológico.

aprofundados sobre como o modelo pode

No modelo project finance – que ge-

ser aplicado em parcerias público-privadas.

ralmente é utilizado em grandes obras de

Ele também planeja desenvolver uma mo-

infraestrutura – os credores decidem finan-

delagem matemática da estrutura de finan-

ciar o empreendimento com base na capa-

ciamento. “É um estudo muito complexo”,

cidade que ele tem de gerar os recursos

afirma.

financeiros necessários que garantam o pagamento e a remuneração de seus capitais.

Gargione: Ainda não se conseguiu, de uma forma prática, aproximar fundos de investimento ao contexto dos parques Divulgação

Modelo proposto

Geração de receitas

Ou seja, ao contrário do que ocorre em um

Modelos de negócio para parques tec-

financiamento comum, o credor não leva

nológicos são foco do doutorado da pesqui-

em conta as garantias oferecidas, e sim a

sadora Aline Figlioli, também da USP, que

capacidade de geração de caixa.

vê nos fundos de investimento um caminho

Em geral, no project finance, o projeto

possível para o financiamento dos ambien-

também é isolado em uma entidade jurídica

tes de inovação. Mas, para ela, ainda são

segregada – uma Sociedade de Propósito

necessárias muitas mudanças. “De forma 19


Divulgação

HABITATS

geral, nenhum parque foi criado sem finan-

lise sobre esses ambientes pelos investido-

ciamento público. O recurso governamen-

res”, avalia. “Os fundos de investimento se

tal serve até como algo inercial. Ele dá um

interessam por empresas que podem ter

empurrão e gera todo o investimento poste-

uma grande velocidade de crescimento e os

rior. Mas, a partir daí, o parque não tem que

parques, para serem atrativos, teriam que

ficar necessariamente vinculado a recursos

ter essa mesma característica”, explica.

públicos. Tem que gerar receita a partir de suas próprias atividades e pode ter muito

Chameh, da ABVCAP: para serem atrativos, parques precisam apresentar potencial de crescimento

sucesso se tiver um bom modelo de negó-

Para que haja uma união entre parques

cios: o que ele vai oferecer para o cliente,

tecnológicos e fundos de investimento, ou-

como ela vai ter as receitas, quais são essas

tra questão que deve ser trabalhada é a da

receitas? Um fundo de investimento se inte-

governança. “Uma vez que você planeja um

ressaria nisso”, afirma.

negócio, ele precisa ter uma estrutura de

Um dos problemas, de acordo com Aline,

governança que possibilite a participação

é o fato de as iniciativas de parques não pre-

dos proprietários nessa estrutura. Se o par-

verem, desde o início, a busca por recursos

que tem uma estrutura extremamente en-

privados. “Muitos parques começam de for-

gessada e sem a participação privada, fica

ma voluntariada. Alguém em uma universi-

complicado para um fundo de investimento

dade vê a possibilidade de criar um parque

avaliar aquele empreendimento como de

em determinada área. Aí entra a prefeitura

baixo risco”, afirma Aline Figlioli.

e outros órgãos porque podem promover

De acordo com Luiz Antônio Gargione,

infraestrutura. O parque se desenvolve mais

a utilização de recursos de fundos de in-

como um instrumento de desenvolvimento

vestimento exige que o parque desenvolva

regional e o investimento privado é pensado

estruturas de governança mais sofisticadas,

só muito adiante. O problema é que o fun-

o que pode contribuir para o sucesso do

do, na verdade, está pensando no negócio.

empreendimento. “O parque terá que es-

E muitas vezes o negócio do parque não

tabelecer comitês e passar por auditorias

está estruturado de forma que ele obtenha

externas, por exemplo. Com um modelo de

receitas de forma clara”, avalia. Além disso,

governança mais profissional, aumenta a

a pesquisadora acredita que ainda é neces-

chance de sucesso do empreendimento. Os

sária uma divulgação maior do que são os

processos de decisão adotam critérios mais

parques tecnológicos. “O movimento de

padronizados. Isso gera benefícios para o

parques no Brasil é recente. Até hoje, pouca

lado social e financeiro. O parque fica me-

gente sabe o que é um parque tecnológico e

nos politizado”, afirma.

ainda existe uma desconfiança dos próprios capitalistas do que seja isso”.

Para os especialistas, o cenário parece promissor. “Tal qual aconteceu com o Bra-

Essa mesma ideia é partilhada pelo inte-

sil, que se tornou um país muito interessan-

grante do conselho deliberativo da Associa-

te em termos de atração de investimento,

ção Brasileia de Private Equity & Venture

os parques vão se apresentar como em-

Capital (ABVCAP) e membro do conselho

preendimentos bastante atraentes”, afirma

consultivo da Anprotec, Sidney Chameh. “O

Gargione. Ele acredita que a crescente iden-

conceito de parque tecnológico faz todo o

tificação dos parques como promotores de

sentido na busca por alavancar o desenvol-

empresas inovadoras, reconhecidas por re-

vimento das empresas. Mas para saber se

munerarem mais o capital dos investidores,

ele em si seria um ativo interessante, seria

atrairão, gradualmente, a atenção de potenciais financiadores. L

necessário mais conhecimento e mais aná20

Governança


Shutterstock

INTEGRAÇÃO

Vanguarda da inovação A Unicamp desponta como uma das principais instituições fomentadoras da inovação no Brasil. Em 2011, alcançou o maior recorde de arrecadação de royalties de sua história A Universidade Estadual de Campinas

Paulo em um relatório da Thomson Reuters,

(Unicamp) sempre foi uma das instituições

divulgados em março deste ano, também

pioneiras no desenvolvimento de iniciativas

revelam que a Unicamp está em segundo

de estímulo à inovação. Um ano antes da Lei

lugar no país em relação ao número de pa-

de Inovação, de 2004, determinar a criação

tentes deferidas e pedidos de patentes entre

de núcleos de inovação tecnológica (NITs)

2001 e 2010, com 395 invenções listadas.

nas instituições de ciência e tecnologia (ICT),

A instituição só fica atrás da Petrobras, que

a universidade já havia criado a Agência de

possui 415 registros. A Universidade de

Inovação da Unicamp (Inova Unicamp). Os

São Paulo (USP), outra ICT brasileira de re-

resultados desses quase dez anos de atuação

ferência, ficou em terceiro lugar, com 235.

trouxeram um novo recorde para a agência

Além disso, o número de comunicações

no ano passado: em 2011 foram recebidos

de invenções por pesquisadores da Unicamp

R$ 724 mil de royalties em função de licen-

aumentou 54% no ano de 2011, passando

ciamento de tecnologias. Em 2010, esse nú-

de 61, em 2010, para 94. Esses dados re-

mero havia sido de R$ 191 mil.

fletem o trabalho de planejamento desenvol-

Dados obtidos pelo jornal Folha de São

vido pela Agência. Um dos motivos para o 21


INTEGRAÇÃO

Antoninho Perri

ressar pelas tecnologias oferecidas. Após essa análise, a equipe entra em contato para uma possível parceria. Como a Agência também incorporou a Incamp e o Inovasoft, ambientes ideais para relação universidade-empresa, muitas vezes as empresas contatadas fazem parte desse cenário”, explica Patricia. De acordo com ela, a adoção dessa postura é importante, já que no Brasil ainda não é comum que as empresas busquem a universidade espontaneamente como fonte de inovação complementar às suas atividades de Pesquisa & Desenvolvimento. “Há casos de empresas que, a partir do licenciamento de uma tecno-

Patricia e Lotufo, da Inova Unicamp: Agência aproxima pesquisadores e empresas

aumento das comunicações foi a disponibiliza-

logia da Unicamp, estruturaram suas áreas

ção, em 2011, de um novo Sistema de Comu-

de P&D, contratando os alunos envolvidos na

nicação de Invenção Online.

pesquisa”, afirma a diretora.

A ferramenta facilitou a comunicação entre pesquisadores da universidade e a Agên-

Planejamento

cia. “Antes da instituição do formulário onli-

Um dos diferenciais da Agência é que,

ne, os docentes e pesquisadores tinham que

desde 2004, foi implantado um método de

preencher questionários em três etapas. No

gestão estratégica da qualidade na Inova Uni-

site da Inova, eles baixavam os formulários

camp. Todos os anos é realizado um balanço

em formato .doc e, em seguida, enviavam

anual de cada área, com dados comparativos

para a equipe de propriedade intelectual da

aos de anos anteriores e propostas de novas

Agência via e-mail”, descreve Patricia Maga-

iniciativas. “Essa análise é essencial para a

lhães de Toledo, diretora de Propriedade In-

elaboração do nosso plano anual e definição

telectual e Transferência de Tecnologias da

de metas, já que nos possibilita analisar novas

Inova Unicamp.

sugestões e melhorias que poderão ser feitas

Com o novo sistema, o processo é feito em

22

na Agência pela equipe”, afirma Patricia.

uma única etapa e os pesquisadores podem en-

No processo de transferência de tecnologia,

viar dados sem a necessidade de fazer o downlo-

por exemplo, Patricia afirma que ainda existem

ad dos arquivos. A ferramenta também permite

pontos que precisam ser melhorados. “Nosso

que o formulário seja preenchido parcialmente,

processo tem conseguido avanços expressivos

para depois ser completado e enviado.

nos últimos dois anos, mas ainda requer apri-

Outro número que obteve um aumento

moramentos em algumas áreas, como análise de

em 2011 foi o de contratos de licenciamento

mercado, competências para apoiar spin-offs e

de tecnologia, que passou de sete, em 2010,

suporte pós-licenças”, explica.

para 10. A Agência, no entanto, ainda preten-

Outro desafio da Agência é o de reter seus

de aumentar esse índice e adota uma postura

profissionais. “Os NITs em todo o país pos-

proativa na busca por empresas que possam

suem um orçamento muito limitado. A maio-

se interessar pelas tecnologias patenteadas. “A

ria conta com bolsistas e estagiários para

Agência mantém relacionamento com empre-

apoiá-los em suas atividades, uma vez que

sas da região de Campinas e de outras cidades

o orçamento não é suficiente para contratar

e estados. Dessa maneira, são feitas análises

o quadro de que realmente necessita. Em al-

dos perfis das empresas que possam se inte-

guns países no mundo, o governo concede


INTEGRAÇÃO

anualmente um recurso para os NITs, o que

Em maio de 2011, também foram inicia-

os auxilia na sua manutenção. Nós não te-

das as obras do Núcleo do Parque Científico

mos esse apoio no Brasil”, diz Patricia.

da Unicamp, que abrigará o centro admi-

Segundo ela, esse problema ainda é acen-

nistrativo e a nova estrutura da Incamp. E,

tuado pelo fato de a atividade exercida na

em agosto, a Cameron do Brasil, fabricante

Agência requerer competências específicas,

de equipamentos para exploração de óleo e

como entendimento de propriedade intelec-

gás, assinou um convênio para a instalação

tual e contratos e de legislação associada à

do primeiro laboratório do Parque. A Uni-

inovação. “O profissional precisa entender

camp recebeu recursos de R$ 5.218.220,00

sobre a academia e sobre o mundo empre-

do governo de São Paulo e a previsão é de

sarial. Por isso, leva tempo para formar um

que as obras da sede do parque sejam con-

profissional de NIT. No Brasil esse perfil é

cluídas neste ano. Já o laboratório da Came-

escasso. Assim, conseguir recurso adicional

ron deve ficar pronto em meados de 2013. A

para manter os profissionais que estão na

incubadora Incamp também será transferida

Inova em caráter temporário ou para remu-

para o Parque e passará a ter capacidade

nerar mais adequadamente nosso quadro é

para receber até 48 empresas residentes.

um dos maiores desafios para nosso cresci-

“Trabalhar em rede é um dos seus conceitos

mento”, avalia.

principais. A Universidade e outros promotores de ciência e tecnologia são seus atores e formam a sinergia que circula no ambiente”,

O papel da Agência Inova vai além da

destaca Patricia.

proteção da tecnologia. Seu conceito, dife-

O Parque também faz parte de uma es-

rente dos de Escritórios de Transferência de

tratégia maior de internacionalização da

Tecnologia (ETT) ou de Patentes, engloba

Universidade. “Como o Brasil está sendo

também o estímulo ao empreendedorismo

muito procurado por empresas multinacio-

de base tecnológica. A Agência promove, em

nais para implantarem centros de P&D no

todos os semestres, disciplinas de Empreen-

Brasil, a opção do Parque Científico da Uni-

dedorismo. Além disso, possui uma rede de

camp é mais um atrativo para receber este

relacionamentos formada por empresários

tipo de investimento internacional. Temos

ex-alunos, ex-professores e empreendedores

alguns casos desses em que estamos em

que passaram pela Universidade, chamada

fase de negociação”, afirma Roberto Lotufo, diretor executivo da Agência. L

Unicamp Ventures, um Conselho de Startups, a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp) e o Centro de Inovação em Software (Inovasoft). Nesse cenário de incentivo ao empreen-

Cerimônia oficializou contrato entre a Cameron e a Unicamp para construção de laboratório Antônio Scarpinetti

Empreendedorismo

dedorismo, o ano passado também foi um marco para a Agência. Em 2011, foi lançado o Desafio Unicamp, uma competição aberta a universitários – de graduação e pós-graduação – da Universidade e de outras instituições e empresas interessadas em conhecer as tecnologias desenvolvidas na Unicamp e promover novos negócios a partir destas tecnologias. A iniciativa já está em sua segunda edição neste ano. 23


Shutterstock

SUCESSO

Novas rotas e conquistas Vencedoras do Prêmio Finep de Inovação 2011, duas empresas ligadas ao movimento comprovam que o empreendedorismo inovador tem na capacidade de mudança uma de suas principais marcas O movimento de empreendedorismo ino-

relação com o Centro de Inovação, Empreende-

vador foi destaque, mais uma vez, no Prêmio

dorismo e Tecnologia (Cietec), da Universidade

Finep de Inovação 2011. Os troféus de Em-

de São Paulo, na década de 2000, quando co-

presa Inovadora nas categorias média e mi-

meçou suas atividades de pesquisa e desenvol-

cro e pequena foram, respectivamente, para

vimento. A trajetória de ambas permite perce-

as incubadas Reason Tecnologia, de Floria-

ber que, além da origem na incubadora, esses

nópolis (SC), e Scitech Produtos Médicos, de

empreendimentos têm outro ponto em comum:

Goiânia (GO).

a capacidade de mudar de rumo, enfrentando

A catarinense Reason, que atua no setor elé-

24

riscos e adiantando tendências.

trico, foi criada na década de 1990 dentro do

Em meados de 1990, percebendo o cresci-

Centro Empresarial para Laboração de Tecno-

mento dos investimentos no até então estagna-

logias Avançadas (Celta). Já a Scitech Produtos

do setor elétrico brasileiro, a catarinense Rea-

Médicos, fundada em 1996, desenvolveu uma

son Tecnologia – fundada em 1991, com foco


Divulgação

SUCESSO

em automação industrial – decidiu mudar de rumo. “O setor elétrico ia receber investimentos e passar por um processo de privatização. Além disso, em um primeiro momento, os recursos seriam públicos. Isso foi muito importante para nós, porque o apoio de compras do Estado para empresas pequenas é essencial. Então, decidimos mudar”, explica Guilherme Bernard, presidente da empresa. Outras razões para a mudança de foco da Reason foram causadas pela própria localização da empresa, que é de Florianópolis (SC). “Os maiores clientes da área de automação estão em São Paulo. Como estávamos longe, era muito difícil entrar nesse mercado”, afirma Bernard. “No setor elétrico, além de não termos necessidade de estar em um centro único, a venda é mais técnica. Se você tem um produto que atende à especificação do cliente e consegue ter o argumento técnico de que ele é superior a outro, você consegue fazer o fornecimento”, destaca o empresário, que é engenheiro eletricista.

possui em seu organograma uma diretoria específica de Inovação. “Esse diretor é responsável pela vigilância tecnológica, pelo desenvolvimento de produtos e por participar de todos os principais eventos, seminários, congressos e grupos que propõem normas para o setor elétrico. Estamos sempre atuando dessa forma para ter mais sensibilidade sobre o que nossos clientes vão precisar no futuro”, afirma o empreendedor. Ele desta-

Preocupação constante

ca, porém, que as funções dessa diretoria já

A escolha deu certo. Hoje, a Reason

existiam na empresa há cerca de dez anos.

oferece soluções nas áreas de oscilografia,

“Antes chamávamos de Direção de Desenvol-

qualidade de energia e sincronismo tem-

vimento, mudamos o nome para Inovação

poral para os setores elétrico e industrial

apenas para deixar bem claro o quanto esta-

e é líder de mercado no Brasil, com cres-

mos preocupados com isso”.

cimento médio anual acima de 50%. A ino-

Por ter como um dos seus principais fo-

vação faz parte da estratégia da empresa

cos o desenvolvimento de novos produtos, a

desde que ela foi fundada, quando Bernard

Reason mantém parcerias constantes com

e outros dois sócios decidiram deixar seus

instituições de ensino e pesquisa e laborató-

empregos na Fundação Certi, onde desen-

rios do Brasil e de outros países. A empresa

volviam pesquisa na área de automação,

desenvolve projetos cooperativos com ins-

para abrir o negócio, que foi criado dentro

tituições como a Universidade Federal de

da incubadora do Celta. “Historicamente,

Santa Catarina, a Fundação Certi, a Universi-

investimos mais de 15% do nosso fatura-

dade de São Paulo, o Centro de Pesquisas de

mento em pesquisa e desenvolvimento.

Energia e também com os próprios clientes.

Isso desde o começo. Hoje 100% do nosso

“Dependendo da linha de atuação e da tec-

faturamento é oriundo da venda de produ-

nologia envolvida, costumamos ter um par-

tos desenvolvidos nos últimos três anos”,

ceiro como fonte de informações, para de-

destaca Bernard.

senvolver produtos em conjunto ou realizar

Há cerca de três anos, a empresa também

Bernard, presidente da Reason Tecnologia, recebeu o troféu das mãos do ministro Aloizio Mercadante

algum tipo de ensaio. Os clientes também 25


SUCESSO

nos ajudam muito. São nossa maior fonte das

meta é que em cinco anos esse número chegue

necessidades do mercado. Temos uma rede

a 50%. “Somos líderes aqui, então, tínhamos

de relacionamento bem sólida, construída há

duas opções de estratégia de crescimento: lan-

muitos anos”, afirma Bernard.

çar novos produtos para esse mesmo mercado

Recentemente, algumas parcerias da Reason deram origem, inclusive, a spin-offs,

ou ir em busca de novos mercados. Optamos pelas duas frentes”, afirma Bernard.

como a empresa Link Precision. “Tínhamos

O processo de internacionalização da em-

identificado o potencial de um novo produ-

presa foi iniciado há cerca de quatro anos.

to, que é da área de Telecomunicação, mas

“Começamos a adaptar os produtos, preparar

aplicado ao setor elétrico. Então, procura-

os funcionários em relação a idiomas, tradu-

mos uma empresa do segmento de Telecom

zir manuais, realizar ensaios de equipamentos

e propusemos o desenvolvimento do pro-

em órgãos internacionais. Os dois escritórios

duto em conjunto. A partir disso, surgiu a

no exterior já realizam um trabalho de pros-

Link Precision. É um exemplo de bastante

pecção comercial. Em 2012, o investimento

sucesso, que sozinhos não teríamos condi-

nesses escritórios será ainda mais significati-

ções de alcançar”, diz Bernard. Outro empre-

vo”, destaca o empreendedor.

endimento que surgiu desse mesmo modelo

Apesar do foco atual da empresa estar

é a PowerOpticks, que está incubada, atu-

no exterior, o Brasil, segundo Bernard, ainda

almente, no Midi Tecnológico, também em

ocupa posição de destaque para a Reason.

Florianópolis. “É uma empresa que começa-

“Estamos com o foco concentrado no mer-

mos há seis meses, convidando pessoas com

cado externo, mas não queremos diminuir o

conhecimento na área de ótica para atuar no

mercado interno para compensar isso. Vamos

setor elétrico. Estamos repetindo a mesma

lançar novos produtos por aqui também.”

experiência que tivemos com a Link Precision”, afirma.

Divulgação

A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, entregou o prêmio ao empreendedor Melchiades da Cunha Neto, da Scitech

Parcerias promissoras

Líder de mercado no Brasil, agora o foco

Outra empresa vencedora do Prêmio Fi-

da Reason está direcionado, principalmente, a

nep de Inovação que possui relação com o

outros países. A empresa já possui escritórios

movimento de empreendedorismo inovador

no Texas, nos Estados Unidos, e em Berlim,

é a Scitech, de Goiânia (GO), que ganhou, pela

na Alemanha. Hoje, apenas 5% das vendas da

segunda vez, o prêmio nacional na categoria

empresa é proveniente do mercado externo. A

média empresa. Fundado em 1996 com o objetivo de importar e distribuir dispositivos médicos minimamente invasivos, o empreendimento mudou de rumo no início da década de 2000 e passou a realizar desenvolvimento de produtos. “No início nem imaginávamos desenvolver os dispositivos. Mas depois vimos que tínhamos expertise comercial e sabíamos da existência e da excelência da ciência brasileira. Unimos essas duas pontas”, explica o engenheiro civil Melchiades da Cunha Neto, um dos sócios-fundadores da empresa. Hoje os principais produtos da Scitech são os stents coronários, próteses metálicas posicionadas em artérias obstruídas para normalizar o fluxo sanguíneo. Foi ao longo do

26


SUCESSO

desenvolvimento desses dispositivos que

ta hoje se inserir em um mercado dominado

surgiu a relação da empresa com o movi-

por empreendimentos internacionais que

mento de empreendedorismo inovador.

possuem anos de experiência. Atualmente, a

Precisando de ajuda especializada na área

Scitech ainda possui uma presença pequena

de corte a laser, a Scitech firmou parceria

no Brasil, onde tem cerca de 4% do merca-

com uma empresa incubada. “Fizemos uma

do, mas exporta para aproximadamente 30

pesquisa e entramos em contato com um

países e cresce em torno de 30% ao ano.

físico aposentado do IPEN [Instituto de Pes-

“Sempre tivemos a percepcão de que seria

quisas Energéticas e Nucleares] chamado

preciso internacionalizar para poder ter es-

Spero Morato. Ele tem uma empresa cha-

cala. Se você não tem escala de volume, não

mada LaserTools, que antes era incubada

consegue ter preço competitivo”, explica o

no Cietec [Centro de Inovação, Empreende-

empreendedor.

dorismo e Tecnologia], da Universidade de São Paulo”, relata Cunha.

A meta para os próximos anos, de acordo com Cunha, é continuar investindo em

Dessa associação com a LaserTools

inovação. No início de fevereiro, por exem-

nasceu uma spin-off das duas empresas:

plo, a empresa começou a comercializar um

a Innovatech, hoje também incubada no

novo tipo de stent, chamado farmacológico,

Centro de Inovação da USP. O empreen-

que é mais eficiente que o tradicional por-

dimento é responsável pela parte de corte

que libera, quando implantado na artéria,

a laser dos stents, que são desenvolvidos

uma medicação que evita o crescimento

por meio de microusinagem. Além da In-

das células. É o primeiro do tipo com tec-

novatech, a própria Scitech também esta-

nologia totalmente nacional e pode chegar

beleceu um setor de Pesquisa & Desenvol-

a custar 10% a menos que os importados, o

vimento da empresa no Cietec, onde são

que pode tornar mais fácil sua utilização no

realizadas análises sobre o revestimento

Sistema Único de Saúde (SUS).

químico dos dispositivos.

Cerca de 40% do faturamento da Scitech é reinvestido em pesquisa e 100% dos

Produto nacional

dispositivos são desenvolvidos e fabricados

Cunha destaca a interação com as uni-

no Brasil, apesar de algumas matérias-pri-

versidades públicas brasileiras como es-

mas serem importadas. A equipe de P&D é

sencial para o desenvolvimento dos pro-

composta por 14 funcionários. Em abril a

dutos. “Todo o processo de validação dos

empresa deve inaugurar uma nova fábrica,

nossos dispositivos é feito com o Instituto

com cerca de 4 mil metros quadrados, que

do Coração, da Universidade de São Paulo”,

vai aumentar em pelo menos dez vezes a

afirma. A empresa também possui parce-

capacidade produtiva da indústria.

rias com instituições como a Universidade

Com a inauguração do novo espaço,

Federal de Goiás, a Universidade Estadu-

na cidade de Aparecida de Goiânia (GO),

al de Campinas e a Universidade Federal

a spin-off Innovatech deve ser transferida

de Minas Gerais. O empresário cita, além

de São Paulo para o local. “Pretendemos

disso, a importância de órgãos de fomen-

continuar investindo em tecnologia. Temos

to como Finep e Fapesp. “Se você tiver um

projetos de endoprótese de aorta, de válvu-

bom projeto, vai conseguir ter financia-

la percutânea aórtica, stents bioabsorvíveis.

mento desses órgãos”, diz.

Não existe outra maneira de garantir a so-

Com a mudança de foco para P&D, a em-

brevivência de uma empresa na nossa área

presa tornou-se a primeira a desenvolver um

como se não for dessa maneira”, afirma o executivo. L

stent totalmente nacional - o Cronus - e ten-

27


28


Shutterstock

CAPA

Estratégias de campeões Megaeventos como Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas propiciam cenário multifacetado de negócios. As demandas por soluções inteligentes vão desde garantir a recuperação dos atletas até facilitar a mobilidade urbana. E, na corrida por oportunidades, empresas brasileiras demonstram ter muita habilidade em inovação

P O R C A M IL A AU G U S TO E COR A DI A S 29


CAPA

Quando o Brasil sediou a

tal, apenas R$ 5,7 bilhões são

comunicações. Em 1950, o rá-

Copa pela primeira vez, em

destinados a estádios. Agora, o

dio reinava entre os meios de

1950, o mundo ainda se recu-

campeão de recursos é o seg-

transmissão de informações.

perava da Segunda Guerra, que

mento de mobilidade urbana,

Já na Copa de 2014, os jogos

havia acabado cinco anos antes.

que têm investimentos pre-

devem ser acompanhados por

Com a Europa devastada, o país

vistos em R$ 11,6 bilhões. As

aparelhos como tablets e smart

foi o único candidato a receber o

áreas de portos e aeroportos,

phones, além de televisão e

evento, paralisado desde 1938.

saúde e segurança, telecom e

computadores. De acordo com

Por isso, se preparou para aco-

energia e hotelaria ficarão com

o estudo da Ernst & Young, ape-

lher poucos turistas. Na época,

os R$ 15,8 bilhões restantes.

nas para o setor de Tecnologia

não foram necessárias grandes

Em 2014, o país terá 12

da Informação (TI) serão neces-

obras de infraestrutura nas seis

cidades-sede e receberá 32 se-

sários investimentos de R$ 309

cidades-sede do evento, que re-

leções, o dobro dos números

milhões para acomodar o gran-

ceberam as 16 seleções compe-

da Copa de 1950. Além disso,

de fluxo de dados associado ao

tidoras. Os investimentos, assim,

o estudo Brasil Sustentável –

megaevento. A Copa de 2006,

foram concentrados na constru-

Impactos Socioeconômicos da

que aconteceu na Alemanha,

ção e reforma dos estádios.

Copa do Mundo 2014, reali-

por exemplo, gerou a produção

Mais de seis décadas depois,

zado pela Ernst & Young e di-

e tráfego de cerca de 15 tera-

o cenário da Copa de 2014, a

vulgado em 2010, estima que

bytes de dados, o equivalente

segunda a acontecer no Brasil,

o campeonato aumente o fluxo

a 100 milhões de livros em

será muito diferente. A estima-

de turistas no Brasil em 79%,

apenas 32 dias, o que exigiu a

tiva do Ministério da Fazenda é

com possíveis volumes superio-

implantação e operação de uma

que sejam investidos R$ 33,1

res nos anos seguintes à Copa.

extensa infraestrutura de TI,

bilhões em infraestrutura, de

A expectativa do governo fede-

com a participação de mais de

acordo com informações do

ral é de que, em 2014, o país

mil profissionais da área.

estudo

receba 600 mil turistas.

Brasileira

em Perspectiva, publicado em

Outra grande diferença em

fevereiro deste ano. Desse to-

relação ao passado está nas

Fonte: Ernst & Young 30

Economia

Demanda aquecida É nesse emaranhado de da-


dos e números que se encon-

Esporte, Luis Fernandes – que

tram as oportunidades de ne-

foi gestor científico da Fapesp,

gócios para micro e pequenas

secretário-executivo do Minis-

empresas no Brasil. Um estudo

tério de Ciência, Tecnologia e

do Serviço de Apoio às Micro e

Inovação (MCTI) e presidente

Pequenas Empresas (Sebrae),

da Financiadora de Estudos e

divulgado em 2011, mapeou

Projetos (Finep) – os megae-

930 oportunidades nas cida-

ventos como a Copa e as Olim-

des-sede do evento, em áreas

píadas devem ser encarados,

como turismo, economia cria-

do ponto de vista da inovação,

tiva, tecnologia e informação e

a partir três perspectivas.

comunicação, construção civil, dentre outras.

Divulgação

CAPA

A primeira seria a realização do evento em si, que

Para as micro e pequenas

demandará soluções tecnoló-

empresas inovadoras, de acor-

gicas e inovadoras nacionais.

do com especialistas e consul-

A segunda diz respeito ao le-

no país. A ideia é que os inves-

tores entrevistados pela Locus,

gado dos eventos, perspectiva

timentos não sejam destinados

as oportunidades são muitas.

que, de acordo com Fernan-

apenas ao evento, mas que, de-

Como há uma grande preocu-

des,

talvez seja a dimensão

pois, as populações das cidades

pação com o legado que a Copa

mais importante do ponto de

se beneficiem com as obras de

irá deixar para as cidades-sede,

vista do projeto de desenvol-

infraestrutura e as mudanças

o conceito de Smart City (Cida-

vimento nacional. “Os legados

trazidas por elas. Um caso em-

de Inteligente) vem ganhando

devem ser construídos em in-

blemático é o de Barcelona, na

cada vez mais força, ampliando

vestimentos que vão desde a

Espanha. Ao ser escolhida sede

a demanda por soluções que

infraestrutura até os serviços

dos Jogos Olímpicos de 1992,

tornem os municípios mais in-

associados, como telecomuni-

a cidade implantou um grande

teligentes e beneficiem as pes-

cações. São legados que per-

projeto de revitalização, que nos

soas depois dos eventos.

manecerão para a população

anos seguintes a tornou um dos

É consenso, também, que

e que estimularão o desenvol-

principais centros turísticos do

a Copa 2014 será uma “Copa

vimento do Brasil de forma

mundo.

Móvel”. Devido ao aumento do

permanente”, afirma. Por fim,

De acordo com especialistas,

uso de smartphones e tablets,

o secretário-executivo destaca,

é justamente nos investimen-

serão necessários aplicativos

como terceira dimensão, a pos-

tos realizados no entorno do

capazes de, além de fornecer

sibilidade de novos negócios,

evento que estão algumas das

informações sobre o campeo-

que abriria espaço para ativi-

principais oportunidades para

nato em si, ajudar os turistas a

dades como o desenvolvimen-

as micro e pequenas empresas

se locomoverem pelas cidades

to de aplicativos para tablets e

inovadoras. “Tudo o que está re-

e encontrarem os serviços que

celulares (veja entrevista com

lacionado diretamente aos even-

necessitarem. Há espaço, da

Luís Fernandes na página 36).

tos, seja na Copa ou nas Olimpí-

Nelson Wortsman, da Brasscom: para MPEs, entorno do evento é mais importante que os próprios jogos

adas, já tem contratos feitos no

mesma forma, para empresas que desenvolvem soluções sus-

Cidades inteligentes

exterior. Mas é evidente que não

tentáveis, tendo em vista a pre-

Ao se falar em Copa ou Olim-

existem só os eventos em si. O

tensão de transformar o evento

píadas, a palavra “legado” está

catalisador de tudo são os jogos,

brasileiro em uma “Copa Verde”.

entre as mais ouvidas – princi-

mas talvez o que aconteça no

De acordo com o secretário-

palmente se elencadas as jus-

entorno seja muito mais impor-

-executivo do Ministério do

tificativas para sua realização

tante, em termos de segurança, 31


Gustavo Rampini

CAPA

ções inteligentes para a gestão de Belo Horizonte e outras cidades, com foco na mobilidade. Localizada em Recife (PE), onde possui uma fábrica de equipamentos eletrônicos instalada no Parque Tecnológico de Pernambuco (Parqtel) e uma unidade de produção de software no Porto Digital, a Serttel é uma das empresas que pretendem aproveitar os investimentos em mobilidade da Copa. O grupo administra o sistema de aluguel de bicicletas do Rio de Janeiro desde 2008. “Entende-

A Serttel administra o sistema de aluguel de bicicletas do Rio de Janeiro e pretende levar o modelo para todas as cidadessede da Copa

32

oportunidades

mos que o nosso projeto pode

infraestrutura de banda larga,

apontadas no estudo da Brass-

ser muito útil para apoiar a me-

telefonia. Tudo isso para que

com, por exemplo, está no de-

lhoria da mobilidade das pesso-

as cidades fiquem preparadas”,

senvolvimento de um Sistema

as nas cidades-sede da Copa do

analisa o diretor de Convergên-

de Transporte Inteligente para

Mundo e nas Olimpíadas”, afir-

cia Digital da Associação Brasi-

Belo Horizonte (MG), que terá

ma Angelo Leite, presidente do

leira de Empresas de Tecnologia

tecnologias embarcadas como

grupo Serttel.

da Informação e Comunicação

infravermelho e bluetooth para

A empresa pretende levar o

(Brasscom), Nelson Wortsman.

comunicação, Wi-Fi e computa-

sistema para todas as cidades-

A entidade divulgou, em

dor de bordo, dentre outras tec-

-sede da Copa, ajustando-o ao

2010, um estudo de análise

nologias. A partir desse projeto,

tamanho da população de cada

das oportunidades da Copa

que é da empresa BHTRANS,

lugar e às condições locais de

2014, realizado pela consulto-

o Sebrae Minas Gerais está

infraestrutura urbana. “Já temos

ria A.T. Kearney, em que foram

desenvolvendo uma iniciativa

projetos implantados no Rio de

mapeadas

oportunidades

chamada Smart City BH. “Foi

Janeiro e estamos implantando

dos megaeventos esportivos

identificado que a BHTRANS já

um grande projeto em São Pau-

para a Brasscom, a Associação

tinha um plano de mobilidade

lo. Já fizemos estudos para Reci-

Brasileira das Prestadoras de

para a Copa desde 2003. Em

fe, Porto Alegre, Natal, Curitiba,

Serviços de Telecomunicações

função desse cenário, o Sebrae

Brasília e estamos estudando

Competitivas (TelComp) e seus

decidiu fazer um estudo para

outras capitais”, relata.

associados, principalmente nas

ver de que forma o setor de

Foi devido às obras na infra-

cidades de São Paulo, Rio de

TI pode ajudar na questão da

estrutura de transportes no Rio

Janeiro e Belo Horizonte. “Não

mobilidade da cidade e iden-

de Janeiro para as Olimpíadas

basta simplesmente fazer um

tificamos que mobilidade é

que a Geovoxel, fundada em

belo estádio. Nosso estudo mos-

muito mais que trânsito, é inte-

2010 e residente na incubado-

tra isso claramente. Estávamos

ligência”, explica a analista do

ra Coppe/UFRJ, também con-

mais focados no legado, ou seja,

Sebrae-MG Marcia Machado. O

seguiu uma de suas oportuni-

quando acabar o evento que

objetivo do projeto é identificar

dades de negócios relacionada

upgrade terá a cidade?”, explica

e apoiar o desenvolvimento de

aos megaeventos. A empresa

Wortsman.

negócios relacionados a solu-

desenvolveu

saúde, comércio, mobilidade,

as

Uma

das

uma

tecnologia


Como atuamos nesse ambiente,

racterização e determinação de

nosso link com o mercado fica

infraestrutura enterrada no solo

muito mais fácil”, afirma.

sem a necessidade de realizar

Em Manaus (AM), a Câma-

furos. “O cronograma dessas

ra de Inovação Tecnológica da

obras era, e ainda é, muito curto.

Copa 2014, que começou a

Para você conseguir cumprir os

realizar reuniões em dezembro

prazos, com a escassez de recur-

de 2011, tem como um de seus

sos do mercado de engenharia, a

objetivos implantar soluções

tecnologia é a peça-chave. Entre

inteligentes, desenvolvidas por

Nacional de Desenvolvimento

outros fatores, vimos claramen-

empresas locais, que facilitem a

Econômico Social (BNDES), por

te a oportunidade de acelerar

vida da população e dos turis-

exemplo, financia obras a juros

o crescimento da empresa em

tas durante os jogos. “Estamos

baixos, mas exige o cumprimen-

função desse cenário”, afirma

estudando questões relaciona-

to do padrão sustentável tan-

Paulo Garchet, diretor-executivo

das à identificação junto às ope-

to na parte interna quanto no

da empresa.

radoras de cartão de crédito,

entorno das arenas. Além dis-

A Geovoxel está atuando na

para ver de que forma pode ser

so, todos os estádios precisam

construção da sede da Confe-

facilitado o acesso dos operado-

cumprir exigências mínimas

deração Brasileira de Futebol

res de turismo, não só a bares

de sustentabilidade ambiental,

(CBF) e em um trecho das obras

e restaurantes, mas também a

como reuso da água da chuva e

do corredor expresso de ôni-

taxistas, por exemplo”, explica

emprego de equipamentos que

bus (BRT, na sigla em inglês).

Miguel Capobiango, coorde-

consumam menos eletricidade.

Todos os produtos da empresa

nador da Unidade Gestora da

A Fifa, desde a Copa da Alema-

são voltados ao apoio de quem

Copa em Manaus (UGP).

nha, em 2006, também desenvolve o programa “Green Goal”,

executa as obras. No BRT, por exemplo, o produto é o GPR, um

Copa sustentável

que busca reduzir a emissão

radar que auxilia na visualiza-

O conceito de Cidades Inte-

de CO2 no evento, envolvendo

ção do subsolo. “Há um trecho

ligentes também está ligado à

aspectos relacionados à água,

da Transcarioca, na Barra da

sustentabilidade, um dos focos

resíduos, energia e transporte.

Tijuca, em que, durante a execu-

da Copa do Brasil. O Banco

ção das obras, estão atingindo tubulações de ar e de gás. Nossa tecnologia facilita a localização

De olho nesse cenário, em-

Radar da Geovoxel auxilia na visualização do subsolo

A Mac Dowell Ambiental desenvolveu um sistema de cobertura vegetal aérea que pode ser utilizado nos estacionamentos dos estádios Divulgação

de georradar que permite a ca-

Divulgação

CAPA

dessas infraestruturas antes de fazer a intervenção, para minimizar o risco”, explica Garchet. Para o empreendedor, o fato dos sócios da Geovoxel terem saído da Coppe/UFRJ ajudou a empresa a se inserir nesse mercado, que é dominado por empreendimentos de grande porte. “São exatamente as empresas, quando tem algum desafio ou obstáculo, que procuram o centro de pesquisa para resolvê-lo. 33


CAPA

_TECNOLOGIA PARA RECUPERAÇÃO DE ATLETAS

A empresa Kryos Tecnologia, graduada do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília (CDT/UnB), vê nos megaeventos uma oportunidade para comercializar uma tecnologia que ainda não existe no Brasil. Um dos produtos do empreendimento é uma cabine que utiliza a técnica da Crioterapia, procedimento no qual se aplica temperaturas muito baixas, como -100ºC, em regiões locais ou gerais do corpo. A técnica pode ajudar na recuperação de lesões musculares de atletas, por exemplo. “Criogenia é tudo aquilo que ocorre a temperaturas muito baixas. Quando fundamos a empresa, por volta de 2005, tínhamos uma visão de venda para a indústria. Mas começamos a pesquisar produtos para aplicação médica e encontramos esse, muito utilizado na Europa”, explica o físico Tiago Melo, um dos sócios da empresa. No início, segundo Melo, a empresa tentou, sem sucesso, entrar em contato com empreendimentos de outros países para trazer a tecnologia ao Brasil. “Não conseguimos e foi então que decidimos desenvolver a cabine de crioterapia, que tem uma boa inserção de mercado aproveitando esse cenário esportivo de 2014 e 2016”, relata. O aparelho foi desenvolvido em parceria com outra empresa incubada no CDT/UnB, a INDB, que cria softwares para aplicações médico-hospitalares. Atualmente, a Kryos está trabalhando para registrar o equipamento na Anvisa, para que possa começar a comercializá-lo. Além disso, estudos clínicos sobre crioterapia estão sendo realizados no Departamento da Faculdade de Educação Física da UnB.

34

preendedores brasileiros que

Copa Móvel

desenvolvem tecnologias sus-

Outra tendência da Copa

gerTips, do grupo .Mobi, foi

tentáveis tentam convencer o

2014 será o uso de aparelhos

uma das primeiras do Brasil a

governo e os patrocinadores

como smartphones e tablets.

desenvolver aplicativos para

da Copa 2014 a utilizarem

Diante das demandas, a opera-

iPhones e iPads e acredita

suas soluções no evento. O

dora Oi, que é fornecedora oficial

que a Copa 2014 e outros me-

empresário Paulo Mac Dowell,

de serviços de telecomunicações

gaeventos esportivos trarão

por exemplo, fundador da Mac

para o campeonato, se anteci-

oportunidades para a área. O

Dowell Ambiental, empreen-

pou. A empresa deu início ao seu

empreendimento, desde me-

dimento incubado no Centro

primeiro projeto de open inno-

ados de 2009, possui uma li-

de Apoio ao Desenvolvimento

vation, abrindo chamada para

nha de produtos relacionados

Tecnológico da Universidade

projetos de aplicativos voltados

a eventos esportivos. “Vimos

de Brasília (CDT/UnB), desen-

à Copa, nas linhas temáticas de

na época que não havia no

volveu um sistema de cobertura

diversão, hospitalidade, turismo,

Brasil, nesse cenário dos apli-

vegetal aérea que pode ser uti-

mobilidade urbana e segurança.

cativos, boas soluções focadas

lizado nos estacionamentos dos

Os projetos escolhidos serão in-

em esporte, principalmente em

estádios, por exemplo. “Tenho

centivados em até R$ 200 mil.

futebol. Em cima desse gap,

a patente desse invento desde

O resultado do processo seletivo

lançamos o primeiro aplicativo

2005, mas comecei a comercia-

ainda não foi divulgado. De acor-

esportivo gratuito, que foi o

lizá-lo no final do ano passado.

do com a Oi, foram registrados

Campeonato Brasileiro”, afirma

Meu sonho é que o Brasil utilize

2 mil cadastros de empresas e

Fabricio di Monaco, gerente de

a Copa não só para divulgar o

interessados no programa e re-

Planejamento e Produtos do

esporte, mas, também, políticas

cebidos 74 projetos, número que

Grupo .Mobi FingerTips.

de ações sustentáveis”, afirma

ficou bem acima da expectativa

Mac Dowell.

inicial, que era de 30.

Pioneira, a empresa Fin-

Desde então, a empresa possui um modelo de negócios em


CAPA

os dispositivos móveis como

depois busca um patrocinador

plataforma de um serviço de

para ele, que pode personalizá-

mapeamento aéreo em 360º. A

-lo com seu logotipo e cores.

empresa é especialista em ima-

“Na época do lançamento do

gens aéreas de baixa altitude,

Brasileirão, tivemos o patro-

tiradas com o uso de helicópte-

cínio da Nova Schin. A partir

ros radio controlados. “A ideia

daí, tivemos em 2010 e 2011

é que, em Porto Alegre, por

patrocínio da Petrobras. Em

exemplo, sobrevoemos todos

2012 vamos ter uma nova ver-

os pontos de interesse e faça-

são e já estamos com patrocí-

mos um mapeamento virtual

nio fechado”, relata di Monaco.

do que é mais importante. Será

Com mais de 250 mil downlo-

possível fazer uma visita virtual

nos próximos anos, por exem-

ads, o aplicativo chegou a ter

da cidade e de todos os pontos

plo, será a disponibilização de

mais de 15 minutos diários de

turísticos”, explica o diretor da

serviços de telefonia móvel de

uso por acesso nas épocas de

Aurora, Marcelo Vaccari.

quarta geração (4G). “Ainda

Divulgação

que desenvolve o aplicativo e

hoje sofremos como quem pro-

Além do Brasileirão, a em-

da FingerTips, a empresa já está

duzia a internet no começo na

presa já desenvolveu aplicati-

desenvolvendo um planejamen-

década de 1990. Temos muitas

vos para o Ultimate Fighting

to para aproveitar as oportuni-

vezes que reduzir nossos aplica-

Championship (UFC), o Paulis-

dades dos megaeventos, mas

tivos para adaptá-los a essa rea-

tão, a Libertadores e a Fórmula

é difícil fazer uma estratégia

lidade. A conexão é fundamen-

1, entre outros eventos. Para

antecipada.

pensarmos

tal para que as pessoas tenham

di Monaco, um dos papéis dos

em longo prazo, não sabemos

experiências melhores”, afirma.

aplicativos esportivos em um

como serão o iPhone, a estrutu-

A previsão do governo é de que

cenário de Copa do Mundo e

ra de banda móvel, os novos de-

o leilão seja realizado em maio

Olimpíadas será o de enrique-

vices. O mercado muda a cada

deste ano. Se a promessa do 4G

cer a transmissão da TV. “A

seis meses. Temos que pensar

for cumprida até 2014, tudo in-

intenção é complementar. O

nesses temas constantemente e

dica que ampliará o horizonte

nosso aplicativo do Brasileirão

revê-los o tempo todo”, explica.

do desenvolvimento de aplicati-

para o iPad, por exemplo, tem

Uma das possíveis mudanças

todas as estatísticas dos jogos, justamente pensando que o torcedor sempre se sentiu técni-

“Se

vos no país.

Especialista em imagens aéreas de baixa altitude, a Aurora Imagens aposta no mapeamento das cidadessede dos megaeventos Divulgação

De acordo com di Monaco,

campeonato e grandes jogos.

A FingerTips desenvolve aplicativos para iPad e iPhone e está atenta às demandas da Copa e das Olimpíadas

co”, afirma. Além dessa função complementar, os aplicativos, segundo ele, se estendem aos jogos. “As pessoas usam ao encontrar os amigos no bar para discutir os resultados, por exemplo. Isso tudo no contexto em que o usuário preferir.” Residente

na

incubadora

Raiar, da PUC do Rio Grande do Sul, a empresa Aurora Imagens Aéreas também pensa em usar 35


CAPA

_“É UMA OPORTUNIDADE HISTÓRICA”

(Entrevista: Luis Fernandes)

O novo secretário-executivo do Ministério do Esporte, Luis Fernandes, foi empossado pelo chefe da pasta, Aldo Rebelo, em 25 de janeiro. O cientista político e professor da PUC-Rio e da UFRJ foi gestor científico da Fapesp, secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Em entrevista para Locus, em Brasília, ele comentou os desafios adicionais que terá pela frente, já que o cargo passou a

Divulgação

incluir a incumbência de coordenar a organização dos megaeventos esportivos que o Brasil sediará nos próximos anos. vação empresarial para casar o poder de agenda que o governo brasileiro tem junto aos organizadores dos megaeventos com a identificação de possibilidades, de potencialidades de fomento da tecnologia e inovação nacional associada aos megaeventos. Nesse mesmo sentido, qual será o papel de incubadoras de empresas e parques tecnológicos? Terão um papel fundamental. Pretendemos estabelecer uma linha de apoio via incubadoras para novos emLocus > No discurso de posse, o senhor ressaltou a im-

preendimentos focados nas possibilidades abertas pela

portância do “casamento” entre Ministério do Esporte e Mi-

realização dos megaeventos no Brasil. Os parques tecnoló-

nistério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Como esse casa-

gicos, por sua vez, têm a função de gerar conhecimento ca-

mento pode auxiliar o país na realização dos megaeventos

paz de ser integrado nas obras essenciais, estabelecendo

esportivos que acontecerão nos próximos anos?

parcerias com empresas que estão desenvolvendo iniciati-

Fernandes > São os dois eventos de maior repercussão

vas variadas e essenciais para a realização dos eventos em

global no mundo nesse período, que serão sediados no

primeiros lugar e, também, para o legado que esses even-

Brasil. Então, será uma oportunidade histórica para o Bra-

tos deixará em termos de malha de sistema de transporte,

sil, tanto de se apresentar ao mundo através dos eventos,

de mobilidade urbana, de energia, de telecomunicações.

quanto aproveitá-los para alavancar, fomentar e consolidar o seu próprio processo de desenvolvimento. Como estamos

O Ministério do Esporte tem estimativas de quanto o

na era do conhecimento, isso abre uma oportunidade gi-

país gastará e faturará para sediar os megaeventos espor-

gantesca para o Brasil incorporar temas de ciência, tecnolo-

tivos? Como está sendo feita essa conta?

gia e inovação ao esforço da realização dos megaeventos e

A conta não é muito simples, porque está ligada, por

também associar CT&I à exploração do legado que os even-

exemplo, aos gastos com infraestrutura e serviços. Há uma

tos podem deixar para o desenvolvimento do país.

estimativa que os gastos com a Copa sejam de R$ 33 bilhões e com as Olimpíadas de R$ 27 bilhões. Isso por parte de ato-

Como a secretaria-executiva irá atuar para aproveitar

res públicos do governo. São obras essenciais, que alavancam

as oportunidades que os megaeventos oferecem e esti-

investimentos. Estudos apontam que os investimentos gerais

mular a inovação na cadeia produtiva nacional na área de

somem 170 bilhões no país ao longo da preparação dos even-

ciência e tecnologia?

tos. Mas são estimativas. O que temos certeza é que, se bem

O que nós estamos fazendo é justamente estruturando

aproveitados, haverá de fato um forte estímulo à economia

aqui no Ministério do Esporte uma assessoria de coorde-

nacional e um legado de infraestrutura e serviços que sus-

nação dos megaeventos, constituindo grupos temáticos

tentará o desenvolvimento do país por mais de uma década. É uma oportunidade histórica que o país não pode perder. L

com representação da área de ciência, tecnologia e ino36


Shutterstock

INTERNACIONAL

O mundo da incubação Estudo realizado pela Anprotec, em parceria com o MCTI, compara o modelo de atuação de incubadoras de empresas de diferentes países Oferecer infraestrutura adequada, apoiar

reia do Sul, Israel e Argentina, além de dois

a criação de novos negócios, promover a ca-

continentes, Europa e América. “A ideia era

pacitação de empreendedores, dinamizar a

analisar o máximo de países possíveis, mas

economia e gerar empregos. Independente

em alguns locais não é fácil conseguir in-

da região onde atuam, incubadoras de em-

formações atualizadas. Por isso, acabamos

presas do mundo inteiro têm objetivos em

nos concentrando nas principais da área de

comum. O modelo de atuação, porém, guar-

incubação. Ficamos entre o ideal e o pos-

da muitas diferenças. Foi o que mostrou o

sível”, explica a pesquisadora Maria Alice

benchmarking internacional realizado pela

Lahorgue, do Departamento de Ciências

Anprotec, em parceria com o Ministério da

Econômicas da Universidade Federal do Rio

Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), no

Grande do Sul (UFRGS), que coordenou o

projeto Estudo, Análise e Proposições sobre

projeto.

as Incubadoras de Empresas no Brasil.

Por meio de um levantamento histórico,

Ao todo, foram coletadas informações

a pesquisa revelou que nos países anali-

sobre dez países: Portugal, Bélgica, França,

sados as incubadoras de empresas come-

Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido, Co-

çaram a se desenvolver de maneira mais 37


INTERNACIONAL

rápida a partir da década de 1980, como

plementares sobre os sistemas do Reino

resultado de políticas públicas de fomento

Unido e da Alemanha, para entendermos

à criação de empreendimentos diferencia-

melhor como funcionam. São modelos de

dos. A presença do Estado é uma constan-

incubadoras que talvez possam ser pen-

te até hoje, principalmente em relação às

sados para os grandes centros do Brasil”,

fontes de receita desses ambientes de ino-

afirma.

vação.

Outro sistema que, de acordo com a pesquisadora, deve ser estudado mais

38

Destaque europeu

a fundo é o de Israel. Lá, as incubadoras

Dos países analisados no benchmarking,

hoje possuem uma relação diferente com o

apenas as incubadoras dos sistemas da Ale-

Estado. Das 24 existentes, 22 foram priva-

manha e do Reino Unido declararam que

tizadas em 2002 e o papel do governo pas-

suas principais fontes de receitas são pró-

sou a ser o de investir nas empresas que

prias. Nas demais, os recursos governamen-

estão nelas. “Em Israel houve uma retirada

tais estão no topo da lista. “Só podemos es-

do Estado, mas foi uma retirada aparente,

pecular sobre os motivos pelos quais esses

já que o governo continua investindo, o

sistemas têm mais receitas. De forma geral,

mesmo montante, nas empresas incuba-

há um padrão estabelecido para que uma

das. Por que adotaram esse modelo é uma

incubadora tenha uma grande participação

questão interessante, que deve ser estuda-

de recursos próprios: ela deve ser grande,

da. Aparentemente, estavam em busca de

com cerca de 10 mil metros quadrados, ter

uma gestão mais eficiente”, explica Maria

várias empresas incubadas e uma atuação

Alice.

externa muito forte, já que isso diminui o

O benchmarking também revelou dados

custo unitário por empresa. O sistema bri-

sobre o tamanho, medido pela capacidade

tânico possui esse padrão, mas o alemão,

de geração de empregos, das empresas in-

não”, explica Maria Alice.

cubadas e das incubadoras. O sistema do

No Reino Unido, as incubadoras con-

Reino Unido aparece na pesquisa como o

tam com espaço físico de cerca de 8 mil

maior, com uma média de 413,14 empre-

metros quadrados e abrigam por volta de

gos por incubadora. A Alemanha também

200 empresas associadas por ano, núme-

aparece em destaque, com uma média de

ros acima da média europeia. O sistema

231,25 por ambiente. Espanha e França

alemão apresenta características diferen-

são outras nações que possuem médias al-

tes: as incubadoras têm, em média, 3.150

tas, com cerca de 190 empregos por incu-

metros quadrados e atendem cerca de 32

badora.

empresas associadas por ano, estando

Já em relação à geração de empregos

abaixo dos números da Europa. “Existe a

por empresa, os maiores empreendimentos

possibilidade de que no sistema alemão

aparecem na França, que possui uma mé-

as receitas próprias sejam grandes pelo

dia de 6,12 por incubada, seguidos pelos

fato de as incubadoras terem uma ocupa-

sistemas da Espanha e Portugal. De todos

ção mais intensa e as empresas ficarem

os países, a média mínima foi a da Bélgica,

incubadas por mais tempo”, explica Maria

com cerca de 3,64 empregos por empresa

Alice.

residente.

De acordo com a pesquisadora, são

Esses dados mostram que as incubado-

necessários mais estudos sobre os dois

ras brasileiras estão acima da média euro-

sistemas. “Nós sugerimos, ao final da pes-

peia. Aqui, os empreendimentos incubados

quisa, que sejam elaborados estudos com-

geram, cerca de 7,28 postos de trabalho


INTERNACIONAL

Empregos por incubadora (média) Empregos por incubadora

(média)

500

413,13 400

300

231,25 200

104,83 100

38,00

67,08

Portugal Coréia do Sul

122,71

181,44

190,22

191,45

Europa

Espanha

França

70,12

América do Norte

Itália

Bélgica

– número elevado devido à quantidade de

da Europa foi a European Business and In-

empregos gerados em empresas de econo-

novation Centre Network (EBN), que pos-

mia solidária.

sui foco em inovação.

Mas mesmo no caso específico das incu-

Segundo Maria Alice, um dos desafios

badoras de base tecnológica, esse número

ao longo do benchmarking foi encontrar

é superior à média dos países analisados:

informações atualizadas sobre incubado-

6,21. “Às vezes reclamamos que no Brasil

ras. A pesquisadora aponta, no estudo, o

as empresas incubadas são pequenas. Mas,

sistema europeu como o mais transparen-

quando analisamos a situação de outros

te e atualizado. “As associações nacionais

países, podemos ver que essa é a realida-

parecem estar sendo substituídas na Eu-

de do mundo inteiro”, afirma Maria Alice

ropa pela EBN, que estabelece processos

Lahorgue.

de autoavaliação e realiza um levanta-

Alemanha

Reino Unido

mento anual dos dados sobre as incubaTransparência

doras. Eles possuem um sistema de quali-

Em relação ao foco das incubadoras, as

dade que possibilita acesso a recursos da

Tecnologias da Informação e Comunica-

União Europeia”, relata.

ção (TICs) são os segmentos prioritários

O Brasil está caminhando nesse sen-

na maioria das instituições analisadas no

tido. “Por meio da atualização do SAPI –

benchmarking. Dos dez países estudados,

Sistema de Acompanhamento de Parques

apenas dois – Israel e Argentina – disseram

Tecnológicos e Incubadoras de Empresas,

não ter as TICs como maior prioridade. O

será possível obter dados reais a respeito

desenvolvimento de empresas de serviços

das instituições brasileiras. O Cerne tam-

também está em alta na maior parte dos

bém será uma forma de avaliar o desen-

países, com exceção de Israel, França e Ale-

volvimento das incubadoras”, afirma Ma-

manha.

ria Alice. “Assim como contribuem com o

A coordenadora do projeto alerta, po-

desenvolvimento local e das empresas, as

rém, que os dados relacionados a áreas

incubadoras também evoluem. E é impor-

atuação das incubadoras podem estar en-

tante ter informações sobre esse desen-

viesados no benchmarking. Isso porque a

volvimento para a elaboração de políticas públicas”, aponta. L

maior fonte de informações sobre os países

39


Shutterstock

GESTÃO

Comunicar para crescer Diálogo é estratégico para fortalecer relacionamento entre organizações e seus principais públicos de interesse, independente do porte ou setor de atuação Você consegue dialogar com seus fun-

ções vai muito além de campanhas publici-

cionários, clientes e fornecedores? Sua or-

tárias, ações de marketing direto e relacio-

ganização tem uma boa imagem perante

namento com a imprensa. Principalmente

seus públicos? Tem um site com informa-

nos pequenos empreendimentos, ela está

ções atualizadas e dados de contato? Se

presente nas relações face a face, ligações

você respondeu “não” ou “não sei” a algu-

telefônicas e e-mails do cotidiano e – as-

ma dessas perguntas, talvez seja hora de

sim como tudo em um negócio – deve ser

começar a pensar em uma questão que é

planejada. “Devido à função estratégica da

muitas vezes deixada de lado por quem está

comunicação, é preciso que haja um pla-

iniciando um negócio: comunicação.

nejamento na empresa desde o início. Por

A comunicação em empresas e institui40

menor que seja o empreendimento, esse


GESTÃO

ção. Senão, o empresário vai ter que incluir

definição de objetivos e metas, além do

depois e poderá sofrer um pouco por não

conhecimento das demandas do público”,

ter trabalhado essa área mais cedo e com

afirma Wilson Bueno, professor aposenta-

mais dedicação”, explica a assessora de co-

do da Escola de Comunicação e Artes da

municação da rede de inovação da Univer-

Universidade de São Paulo (ECA/USP) e

sidade, Liana Rigon.

Nassar, da Aberje: negócio não pode começar sem cultura comunicacional

autor de diversos livros sobre comunicação empresarial.

Divulgação

trabalho não pode ser feito sem controle,

De volta à sala de aula

Na Pontifícia Universidade Católica do

O problema é que nem todas as micro

Rio Grande do Sul (PUCRS), os empreen-

e pequenas empresas inovadoras – mesmo

dimentos residentes na Incubadora Raiar

as que estão em ambientes de inovação –

têm acesso ao serviço de assessoria de co-

têm acesso a esse tipo de orientação. De

municação. “Tentamos fazer com que os

acordo com um estudo realizado no ano

empreendedores entendam que o plano de

passado pela Anprotec, em parceria com o

negócio já precisa contemplar a comunica-

Ministério da Ciência, Tecnologia e Inova-

_PARA FAZER BONITO

Faça um mapeamento dos seus públicos e elabore estratégias Com quem sua empresa se relaciona? Como você se comunica com essas pessoas? É possível melhorar esse relacionamento? Tenha um site atualizado Hoje a internet é a maior fonte de informações que existe. Se sua empresa não tem um site, ela é quase invisível. Não é preciso ter um site moderno, basta apresentar informações atualizadas e fornecer dados de contato. Responda e-mails Seu site tem um formulário de contato, mas você nunca responde os e-mails que chegam por meio dele? Dedique um espaço de sua agenda, mesmo que pequeno, para isso. Redes sociais Não é preciso atualizar todos os dias. Mas é bom ter uma página no Facebook, por exemplo, com informações básicas como contato, endereço e direcionamento para o site. Comunicação interna Mesmo em uma pequena empresa, é importante que o empresário pense sobre seu relacionamento com os funcionários. A falta de informação pode ser um dos principais fatores de desmotivação. Procure ajuda Se for possível, peça ajuda a um profissional para delinear as diretrizes de comunicação da empresa. Além disso, há centenas de livros sobre o tema, em linguagem bastante acessível, e sites com boas dicas. Um deles é o do Sebrae: http://www.sebrae.com.br/customizado/acesso-a-mercados/divulgue-seus-produtos/comunicacao

41


Divulgação

GESTÃO

Duarte: parceria entre profissional interno e consultores externos seria o ideal

ção (MCTI), a assessoria de comunicação é

quais interage, como clientes, fornecedores,

um dos serviços mais demandados por em-

comunidade do entorno e órgãos públicos,

presas nascentes e pouco ofertados pelas

entre outros. Essa avaliação é importante

incubadoras no Brasil.

para que o empresário saiba quais são as

Esse trabalho, muitas vezes, fica a car-

demandas de informação desses públicos e

go dos próprios empresários. São eles que,

como é possível fortalecer a relação entre

sozinhos, precisam contornar a falta de

eles e o negócio.

recursos e encontrar soluções adequadas

Feito isso, o empreendedor deve estru-

às suas empresas. “No Brasil, o pequeno

turar mensagens para cada público e de-

empresário é totalmente desprotegido. Ele

finir quais mídias utilizará. Por exemplo:

fica sufocado pela necessidade básica e fun-

uma empresa identifica que seus principais

damental de recursos financeiros. E o que

clientes são jovens com cerca de 20 anos de

acontece? Na sociedade do conhecimento

idade, que moram em uma capital brasilei-

em que vivemos, quem decide ter um ne-

ra. Com base nessa informação, a organiza-

gócio tem que entender que comunicação

ção talvez possa focar suas ações nas redes

e relacionamento são estratégicos para o

sociais. Já para um empreendimento que

sucesso. Essa visão tem que ser intrínseca

desenvolva produtos para pequenos produ-

à formação do empresário”, avalia Paulo

tores agrícolas, a mídia ideal talvez seja um

Nassar, professor da USP e diretor-geral da

jornal ou rádio local.

Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje).

É nessa fase de planejamento, também, que o empresário poderá avaliar o quanto está disposto a investir em comunicação

Planejando a comunicação

e relacionamento, definindo estratégias a

A saída, de acordo com Nassar, é que o

partir do orçamento. “Existem pequeníssi-

empresário invista na sua própria forma-

mas empresas que fazem um bom trabalho

ção. “A única solução, na minha visão, é que,

de comunicação mesmo sem investir gran-

em um primeiro momento, o empresário

des recursos, basta ter um site atualizado,

adquira conhecimentos sobre como fazer

estar nas redes sociais, ter uma pronta res-

um relacionamento excelente. Ele precisará

posta, mesmo que seja telefônica. Isso já re-

voltar à sala de aula, passar por treinamen-

presenta um trabalho de planejamento de

tos e cursos que muitas vezes as entidades

comunicação”, explica Bueno.

associativas disponibilizam a preços acessí-

Mesmo no caso de ações mais comple-

veis”, afirma. “O pior dos mundos é come-

xas, como relacionamento com a imprensa,

çar um negócio sem recursos financeiros e

é possível planejar e executar sem gastar

sem cultura comunicacional. Na sociedade

muito. “Algumas ferramentas são mais qua-

em que estamos vivendo, onde temos uma

lificadas e ninguém nasce sabendo, como o

comunicação em rede que rompe a questão

relacionamento com a imprensa. Mas hoje

geográfica, é necessário adquirir essas ca-

existem opções de media training, de cur-

pacidades comunicacionais. O que alavanca

sos e de livros acessíveis para empreende-

isso? Ter disposição para adquirir esse co-

dores”, afirma Bueno.

nhecimento.” Quando o empreendedor tem conheci-

42

É hora de contratar?

mento sobre comunicação, ele pode, com

Ao pensar na comunicação empresarial,

pequenas ações, realizar um planejamento

uma dúvida que pode surgir ao empreende-

da área em sua empresa. É preciso, primei-

dor é: será que não seria melhor contratar

ro, identificar quais são os públicos com os

um profissional? De acordo com os pesqui-


sadores, antes de decidir isso, é preciso ana-

para que quando eles saiam da incubadora

lisar os objetivos da organização em relação

não estejam tão inexperientes em relação à

à área.

comunicação”, explica a jornalista.

É possível contratar um profissional

Um dos principais desafios do trabalho,

para trabalhar internamente na empresa ou

de acordo com Liana, é estabelecer uma re-

consultores e assessorias terceirizadas. “O

lação de confiança com os empresários. “Há

ideal seria que fosse um profissional inter-

uma percepção de que quem trabalha na

no, pois ele entende a cultura da empresa,

comunicação vai sempre divulgar as ações

vive o dia-a-dia da organização, adapta as

da empresa. Só que, muitas vezes, a equipe

soluções para o perfil do empreendimento.

de comunicação quer receber informações

A consultoria dá boas soluções, mas tem um

para orientá-los, e não para sair divulgando.

contato mais estreito. O melhor seria que

Saber o que está acontecendo na empresa

houvesse um profissional na empresa que

é importante até mesmo para protegê-la”,

contratasse, eventualmente, serviços exter-

afirma.

nos”, afirma o jornalista e profissional de relações públicas Jorge Duarte.

No Parque Tecnológico de São José dos

Divulgação

GESTÃO

Liv, do Parque Tecnológico de São José dos Campos: site com informações claras é um bom começo para novos negócios

Campos, a jornalista Liv Taranger, além de

De acordo com Wilson Bueno, caso o em-

atuar com a comunicação institucional do

presário possa contratar apenas um colabo-

habitat de inovação, ajuda os empresários a

rador para a área, é importante que ele bus-

pensarem sobre o tema. Sua principal dica:

que profissionais com perfil multidisciplinar.

comece pelo site. “As empresas pequenas

“A pessoa vai ter que ter noções básicas de

estão tão preocupadas em sobreviver no

relacionamento com a mídia, saber usar as

mercado que às vezes esquecem da comu-

redes sociais, atualizar um site. Sobretudo

nicação. Muitos empreendimentos não têm

nas gerações mais jovens, existem pessoas

site ou tem um portal sem informação. Os

com esse perfil e que podem manter a em-

empreendedores precisam entender que

presa visível, para que não fique isolada sem

há pessoas de outras regiões do Brasil ou

responder às demandas”, afirma.

até do mundo que podem se interessar pelo negócio. Por isso, ele deve estar visível na internet”, recomenda.

A consciência quanto à importância da

Já na incubadora da Coppe/UFRJ, o foco

comunicação para o desenvolvimento das

do trabalho da assessoria de comunicação é

empresas vem se disseminando entre incu-

o relacionamento com a imprensa. “Temos

badoras e parques tecnológicos brasileiros.

16 empresas na incubadora e mais quatro

A incubadora Raiar, da PUCRS, é um exem-

estão chegando. Para sabermos o que está

plo de assessoria consolidada, que estimula

acontecendo, fazemos uma ronda quinze-

os empreendedores a pensar em comunica-

nal e passamos em todas elas, em busca de

ção desde a elaboração de seus planos de

alguma novidade. Também aproveitamos

negócio. Além da jornalista Liana Rigon,

essa rotina para conhecer as empresas e as

responsável por essa área na universidade,

tecnologias, já que não é tão simples enten-

a incubadora conta, também, com a equipe

der o que elas fazem. Quando temos uma

de comunicação da própria PUCRS. “Faze-

pauta, é preciso fazer uma espécie de ʻtra-

mos um trabalho de orientação e também

duçãoʼ do linguajar técnico dos empresá-

elaboramos planos de ação de comunica-

rios para poder divulgar”, relata o jornalista

ção. Os empresários participam ativamen-

Bruno Amorim.

te desse processo. Vamos elaborando, em conjunto, as mensagens para cada público,

Liana, da Raiar: incubadas são orientadas na elaboração de planos de comunicação Divulgação

Assessoria nos habitats

O caminho, portanto, é a ajuda mútua e o aprendizado contínuo. L 43


Shutterstock

CRISE

A Europa dentro de casa Apesar de frear planos de exportação, crise europeia exige competitividade de MPEs brasileiras, que agora enfrentam a vinda de concorrentes estrangeiras atraídas pelo aquecimento do mercado interno

44

Bolsas de valores em queda, demissões em

Segundo consultores e pesquisadores, é

massa, medidas de austeridade, greves. Países

uma boa hora para os empresários pensa-

como Grécia, Portugal, Espanha e Itália vêm

rem além da exportação. “A crise pode afetar

enfrentando, nos últimos meses, os efeitos da

negativamente as empresas que pensam a

crise financeira que abala, principalmente, a

internacionalização de uma maneira redu-

Zona do Euro. Além dos impactos ao conti-

cionista, ou seja, simplesmente como uma

nente, o cenário de perspectiva de recessão

forma de acessar mercados ou vender mais

pode afetar a internacionalização de micro e

caro”, afirma o professor de pós-graduação

pequenas empresas inovadoras (MPEs) brasi-

em Administração da Universidade Positivo,

leiras. Mas, nesse caso, de maneira positiva.

Rene Seifert, que atua na área de negócios in-

Com o mercado interno aquecido, o Brasil,

ternacionais. De acordo com ele, é importante

ao contrário da Europa, está atraindo investi-

que os empresários pensem de uma maneira

mentos e abrindo espaço para parcerias, joint

ampliada. “Aí, sim, a crise lá fora pode ser, in-

ventures e transferências de tecnologia.

clusive, uma oportunidade”, destaca.


menta. Nas incubadoras de empresas, os escritórios de internacionalização também

interno. Conforme Adriana Braga, analista

estão vivenciando uma inversão de papéis.

do setor de internacionalização da Fumsoft,

Cada vez mais, são eles os procurados por

instituição representante do setor de TI em

empresas de outros países. “A gente perce-

Minas Gerais, a crise europeia tem gerado

be que muitos países têm nos procurado

aumento da competitividade no mercado

para trazer suas empresas ao mercado bra-

brasileiro. “A quantidade de empresas es-

sileiro. O Brasil está em uma perspectiva

trangeiras vindo para cá, fazendo fusões

de mercado em crescimento em relação

ou aquisições, está aumentando muito e as

aos investimentos que estão sendo feitos

empresas inovadoras têm que ficar mais

em infraestrutura, petróleo e gás e com os

inovadoras do que nunca”, analisa.

eventos esportivos, por exemplo”, afirma Alexandre Steinbruch, do Escritório de Ne-

Brasil atraente

gócios Internacionais da Fundação Certi,

Em abril deste ano, a Fumsoft promoverá

em Santa Catarina.

uma missão empresarial para Portugal, um

Professor da PUCRS, o economista Mo-

dos países mais afetados pela crise finan-

hamed Amal esteve no final de 2011 em

ceira na Europa. “Lá, as empresas são ino-

um evento empresarial na Espanha sobre

vadoras, mas não têm liquidez. Então, elas

Santa Catarina. “Havia mais de 200 empre-

estão procurando parceiros no Brasil que

sas interessadas em saber como investir no

possam viabilizar um joint venture ou uma

Brasil. Existe uma demanda crescente. E a

parceria. O Brasil é uma porta de entrada

maioria dos interessados são empresas de

enorme para empresas portuguesas que

pequeno e médio porte que querem am-

não teriam como vir sozinhas para cá. Ao

pliar seus horizontes de investimento para

mesmo tempo, estamos indo para lá para

a América do Sul”, relata.

prospectar, entender quais são as tecnolo-

Amal explica que, em um primeiro mo-

gias, os modelos de gestão e as políticas da

mento, as empresas europeias focaram suas

União Europeia”, explica Adriana.

ações em países vizinhos como Marrocos e

Assim como em Minas Gerais, o interes-

Tunísia, mas que a demanda por países da

se de empresas estrangeiras pelo país tam-

América do Sul deve aumentar, já que, de

bém tem sido percebido em São Paulo. “Em

acordo com ele, possuem um potencial de

São José dos Campos (SP), um dos maiores

crescimento maior. “Empresas europeias

polos tecnológicos do Brasil, as empresas

vêm adquirindo empresas brasileiras como

brasileiras têm sido muito procuradas por

forma mais rápida de ingressar no país. Te-

empresas da Europa para a realização de

mos um fenômeno relativamente novo: dado

parcerias e transferência de tecnologia.

o fato de as perspectivas de crescimento na

Essa é uma grande oportunidade para os

Europa terem diminuído significativamente

pequenos empresários”, afirma Gilberto

nos últimos anos, pequenas e médias em-

Campião, consultor do Sebrae de São Paulo

presas que conseguiram sustentar suas es-

e especialista em Comércio Exterior.

tratégias de crescimento dentro do espaço

As empresas estrangeiras, de acordo com Campião, estão adotando, atualmen-

Adriana, da Fumsoft: empresas estrangeiras estão buscando parceiros no Brasil

Dib, do Coppead: apesar da crise, é importante focar no mercado externo Divulgação

Os efeitos da recessão nos países europeus já podem ser sentidos no mercado

Divulgação

CRISE

europeu foram obrigadas a reorientar suas estratégias para regiões extrabloco.”

te, uma postura mais proativa do que as brasileiras. “São as próprias empresas de

Mercado interno

fora que estão vindo atrás. As empresas

Não são apenas as empresas estrangeiras

brasileiras estão sendo mais reativas”, co-

que estão de olho no mercado brasileiro. Os 45


Divulgação

CRISE

próprios empreendedores nacionais, prefe-

antes o empresário entendia internaciona-

rem, atualmente, concentrar suas ações no

lização como exportação, agora a interna-

Brasil. “As pequenas empresas têm um mer-

cionalização está dentro de casa. “Temos

cado interno muito comprador, que hoje de-

trabalhado na capacitação das empresas

manda muito delas. As empresas que não têm

inovadoras, seja no modelo de negócios, na

uma estrutura muito grande estão primeiro

capacitação para exportação, certificação

avaliando o próprio mercado interno”, afirma

de softwares. Queremos que fiquem mais

Alexandre Steinbruch, da Fundação Certi.

competitivas no mercado interno”, afirma

De acordo com Luís Antônio Dib, profes-

Amal, da PUCRS: inovação ajuda a enfrentar novos players

Adriana Braga, da Fumsoft.

sor do Coppead – Instituto de Pós-Graduação

Muitas empresas, segundo Adriana, tam-

e Pesquisa em Administração da Universi-

bém estão pensando na internacionalização

dade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está

como uma forma de se tornarem mais com-

ocorrendo um retorno ao cenário de antes

petitivas internamente. “Algumas participam

da década de 1990, quando a maioria das

de missões só para prospectar, conhecer em-

pequenas empresas não pensava em buscar

presas e instituições. Não para fazer negó-

mercados externos. “As pequenas empresas

cios. Há uma consciência de que o mercado

estavam descobrindo o mercado externo,

interno está tão bom que é preciso ser mais

vendo que não precisavam ficar restritas ao

competitivo aqui. Para isso, elas vão lá fora

Brasil. E agora, com a crise, esse cenário volta

buscar modelos de negócio, tecnologias, mo-

a ser o que era antes da década de 1990. As

delos de gestão e capacitação”, explica.

empresas têm um mercado interno bom. Por que vão querer se arriscar lá fora?”, avalia.

Segundo o economista Mohamed Amal, o aumento da competição deve acelerar o pro-

Porém, esse retorno do foco ao mercado

cesso de inovação nas empresas. “Imagino

interno pode não ser totalmente positivo.

que o primeiro efeito seria sobre o aumento

“Na minha opinião, quando uma empresa

da competição, que deve gerar um desafio

vai para o exterior ela acaba ficando me-

maior para as empresas brasileiras continu-

lhor, ganha mais experiência, é exposta a

arem no processo de inovação para enfren-

outros consumidores, confere maior flexibi-

tar esses novos players que estão chegando”,

lidade aos produtos”, afirma Dib.

avalia.

O recuo das empresas em relação ao

Um segundo fenômeno que pode aconte-

mercado externo, na opinião do professor

cer, de acordo com o professor da PUCRS, é o

Mohamed Amal, mostra, também, que a in-

aumento das alianças entre empresas brasi-

ternacionalização das empresas brasileiras

leiras e estrangeiras. “As empresas nacionais

ainda não é um processo maduro. “Na Euro-

têm vantagens no Brasil. Elas conhecem me-

pa, as pequenas e médias empresas são mui-

lhor o mercado e têm mais proximidade com

to agressivas em seus processos de interna-

os clientes, o que as empresas europeias não

cionalização. Elas já têm mais de 30 anos de

têm. Isso favorece um processo acelerado de

experiência com isso. Tanto que uma de suas

alianças e joint ventures, especialmente na

estratégias para superar a crise foi adquirir

área de tecnologia. Esse seria um caminho

empresas no exterior, como fizeram algumas

muito natural”, afirma.

da Espanha e de Portugal”, analisa.

Para o professor Rene Seifert, da Universidade Positivo, a vinda das empresas estran-

Dentro de casa

geiras significa muito mais do que o aumento

O foco das empresas brasileiras no mer-

da concorrência no país: pode ser uma opor-

cado interno não significa, no entanto, que

tunidade de as empresas brasileiras gerarem inovação voltada ao mercado doméstico. L

elas estejam menos “internacionais”. Se 46


Divulgação/Agência Brasil

EDUCAÇÃO

Exames sob avaliação Em meio às polêmicas que envolvem o Enem, universidades brasileiras buscam alternativas ao vestibular tradicional para democratizar o acesso ao Ensino Superior Há 100 anos surgia no Brasil uma pro-

chamados exames preparatórios. “Era um

va que até hoje é uma das peças-chaves da

processo no qual os aspirantes à educação

política educacional do país: o vestibular.

superior faziam provas de determinadas

O Decreto no 8.569, de 1911, determinou,

matérias e depois apresentavam os certifi-

pela primeira vez, que o acesso às vagas

cados de aprovação às instituições de en-

do ensino superior deveria ocorrer por

sino”, explica a professora da Universidade

meio de exame de admissão. Desde en-

Federal da Bahia Silvia Maria Leite, autora

tão, a prova passou por várias mudanças

da tese de doutorado Acesso à educação su-

de nome e de formato e, hoje, está sendo

perior no Brasil: uma cartografia da legisla-

substituída pelo Exame Nacional do En-

ção de 1824 a 2003.

sino Médio (Enem) nas instituições fede-

O vestibular, segundo Silvia, foi criado

rais. O desafio, porém, continua o mesmo.

para acabar com esse processo. “Esses exa-

Com mais candidatos do que vagas, como

mes estavam se mostrando fraudulentos ou

selecionar os estudantes de uma forma

mais fáceis de serem realizados em algu-

eficiente e justa?

mas províncias”, afirma.

Antes do vestibular, o acesso à educação

Outro objetivo da criação do vestibular,

superior no Brasil se fazia por meio dos

de acordo com a professora, foi o de esta47


Divulgação

EDUCAÇÃO

belecer o ensino médio no país. “Os estu-

ou muito baixa. Quando o Enem mudou

dante ingressavam no ensino superior sem

de formato, decidimos adotá-lo”, explica a

fazer o ensino secundário, pois faziam os

professora Maria de Jesus de Sá Correia,

exames parcelados, tinham aulas régias”,

coordenadora de concursos da UFC.

relata.

Helena, da UFRJ: democratização não depende apenas da metodologia de ingresso na universidade

Para ela, a adoção da prova como

Apesar de ter sido instituído em 1911, o

processo seletivo único pode, ao longo

vestibular começou a ser aplicado apenas

do tempo, ampliar a democratização do

em meados da década de 1920 e seguiu

acesso às vagas da universidade. “Não

sendo a única forma de acesso a vagas no

basta concedermos isenção para dizer

ensino superior até 1996.

que estamos democratizando o acesso. É

Naquele ano, a nova Lei de Diretrizes

necessário que existam políticas associa-

e Bases (LDB) trouxe mudanças e o vesti-

das à isenção que favoreçam isso”, afirma.

bular, em sua forma tradicional, deixou de

Maria de Jesus cita, também, como impor-

ser obrigatório. A LDB estabeleceu que o

tantes, as mudanças na cobrança de con-

acesso ao ensino superior deveria ocorrer

teúdo e no momento da escolha do curso

através de processo seletivo, mas não deter-

pelo candidato. “O Enem não é conteudis-

minou uma metodologia.

ta como o vestibular e isso desestabilizou o sistema de ensino particular. Além dis-

O Enem

so, o aluno só define o curso que vai fazer

O Ministério da Educação (MEC) re-

quando já sabe o resultado da prova. Ele

solveu tornar o Enem um processo sele-

pode decidir onde encaixar seu rendimen-

tivo para instituições federais de ensino

to”, avalia.

superior no início de 2009. A prova até

a

professora

aposentada

da

Universidade Federal do Rio de Janei-

avaliação da qualidade do ensino médio

ro (UFRJ), Helena Ibiapina, que realizou

no Brasil. Uma das razões para a mudan-

estudos sobre a história do vestibular

ça, segundo o MEC, veio da necessidade

no Brasil, a democratização do acesso

de democratizar as oportunidades de

ao ensino superior é uma meta que não

concorrência às vagas federais de ensino

pode ser atingida a partir de mudanças

superior, favorecendo a mobilidade dos

nas provas de ingresso. “A não democra-

estudantes.

tização do acesso acontece quando uma

Além disso, haveria a necessidade de re-

criança entra em uma escola de péssima

estruturar o currículo do ensino médio, que

qualidade e vai concorrer no final de tudo

estaria voltado para o acúmulo excessivo de

isso a uma vaga na universidade, seja por

conteúdos.

meio do Enem ou do vestibular tradicio-

As universidades não são obrigadas a adotar o Enem em seus processos seleti-

nal. Você não pode democratizar no fim, tem que democratizar no início”, avalia.

vos. Mas, em 2011, cerca de 50 institui-

O único consenso entre os pesquisa-

ções públicas disponibilizaram 100% das

dores e representantes de instituições de

suas vagas por meio do Sisu (Sistema de

ensino é de que os resultados da adoção

Seleção Unificada), que é acessado atra-

do Enem como processo seletivo não po-

vés do Enem. A Universidade Federal do

dem ser analisados agora - só poderão ser

Ceará (UFC) foi uma delas. “Nosso antigo

vistos a longo prazo. “Os efeitos das mu-

vestibular já não tinha capacidade técni-

danças feitas na Educação só conseguem

ca para avaliar os candidatos para cursos

ser vistos depois de anos, às vezes uma década”, afirma Helena Ibiapina. L

com concorrência extrema: ou muito alta 48

Para

então era apenas uma ferramenta para a


CULTURA P OR BRUNO MOR E S CHI

As estratégias do novo cinema Divulgação

O setor cinematográfico anda preocupado com os efeitos de um mundo em total transformação. Diante de um mercado em mutação, Hollywood decidiu agir para que a indústria do cinema não acumule perdas além das registradas nos últimos anos. Vale a pena analisar os passos dados recentemente pelos poderosos da sétima arte, cada vez mais convencidos de que não veremos filmes como antigamente. O Estúdio Walt Disney foi um dos mais afetados com a recente crise mundial e a pirataria na internet – fatores aos quais a empresa atribui a queda de 30% em seu faturamento nos últimos dois anos. Para piorar a situação, o último filme lançado pela Disney

Cena de Pina: 3D atrai plateia a filmes fora do circuito comercial

fracassou nas bilheterias. Em um encontro com jornalistas, os diretores do Estúdio foram precisos: “Diante da resposta que teve John Carter nos cinemas, calculamos que o filme provocará um prejuízo operacional de cerca de US$ 200 milhões.” O filme, que narra as aventuras de um herói da Terra em Marte, arrecadou apenas US$ 30,1 milhões – a superprodução custou US$ 250 milhões. Quanto à pirataria, a indústria cinematográfica já entendeu o recado do público: é preciso oferecer algum diferencial para fazer com que as salas de cinema continuem sendo frequentadas. Hoje, com o barateamento de TVs de última geração e aparelhos de home theater, muitos preferem o conforto de casa e baixar os filmes de graça na internet. O cinema 3D vem dando bons resultados. Dos dez filmes mais vistos em 2010, pelo menos três tinham versões em três dimensões – um sinal claro de que essa tecnologia veio para ficar. O que mais surpreende, porém, não é a utilização do 3D nas grandes produções. Em cartaz nos principais cinemas do Brasil, Pina é um filme de arte dirigido pelo alemão Wim Wenders, que conta a história da dançarina Pina Bausch. A nova tecnologia permite que nos deliciemos com cenas de dança que jamais poderiam ser apresentadas com tamanha grandiosidade em duas dimensões. Ao sair do filme, a sensação é que o 3D pode ser um elemento usado para atrair plateias de filmes considerados mais artísticos e menos comerciais. Investir em novas experiências visuais parece ser a saída para uma indústria que precisa convencer as pessoas de que seu produto ainda é algo mágico.

Pina. (Alemanha, França e Reino Unido, 2011, 103 min.) Dirigido por Wim Wenders. Em cartaz nos cinemas.

Imperativo Leia O Rei da Roleta, livro que conta a história de Joaquim Rolla, tropeiro que acabou se tornando um grande empreendedor brasileiro do ramo de jogos e turismo. Para se ter uma ideia, ele foi dono do Cassino da Urca, no Rio de Janeiro. A obra explica com detalhes seu olhar visionário, suas associações com poderosos para ampliar seus negócios e o cenário político e econômico do início do século 20. O Rei da Roleta, de João Perdigão e Euler Corradi. Editora Casa da Palavra, 2012, 464 páginas. Visite a exposição Modigliani: imagens de uma vida, com 54 pinturas, 55 desenhos, cinco esculturas originais, além de diversos documentos do artista italiano Amedeo Modigliani. No Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro. Até 15/4. Veja o filme A Separação, produção iraniana vencedora do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2012. A complexa história foge de estereótipos e mostra como pequenos acontecimentos podem transformar radicalmente nossas vidas. 49


OPINIÃO

O passado é o futuro

Divulgação

Maur ic io Gue des Diretor do Par que Te c noló gico da UF R J P residente da I A S P – A s s o c iaç ã o Inter nac ional de Par ques Te c noló gicos

E

m junho de 2002, foi lançado o Livro Branco da Ciência, Tecnologia e Inovação, com propostas de rumos estratégicos para os 10 anos seguintes, expressando uma agenda de consensos entre o Estado e a sociedade. Passada a década estabelecida como horizonte, cabe aqui

não um balanço – pretensão demais para este espaço –, mas uma reflexão sobre o quanto avançamos e o que deixamos de fazer. Entre as nove diretrizes apontadas pelo Livro, destacavam-se a implantação de um efetivo Sistema Nacional e a ampliação dos investimentos em C,T&I, o aumento da capacidade de pesquisa básica e da formação de pessoal para atuar na área, a educação para a sociedade do conhecimento, além do fortalecimento das instituições e políticas públicas relacionadas. Em outra frente, o Livro propunha a promoção da inovação para ampliar a competitividade das empresas brasileiras e a sua inserção no mercado global. Sem dúvida, as conquistas obtidas nesses 10 anos – que incluem os últimos meses do governo FHC, os dois governos Lula e o primeiro ano do governo Dilma – foram marcantes, especialmente no aprimoramento do marco legal,

na consolidação de um Sistema Nacional de C,T&I, na expansão dos investimentos e na elevação da nossa posição no ranking da produção científica mundial. No que se refere, porém, ao aumento da competitividade e à inserção internacional das empresas brasileiras, ficamos devendo. A Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, anunciada no ano passado pelo governo federal para o período 2012-2015, aponta com clareza esse tropeço. Os números positivos da Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec) que indicam um aumento no percentual de empresas inovadoras no país, de 33,4% para 38,1% no período 2005-2008, são contaminados pelo conceito exageradamente amplo de inovação, que inclui, por exemplo, a inovação incorporada na aquisição de máquinas e equipamentos. Tiram o foco do grave problema apontado na mesma pesquisa, que revela que apenas 4,1% das empresas industriais brasileiras criaram um produto novo ou substancialmente aperfeiçoado. É urgente a adoção de políticas para ampliar o pelotão de empresas brasileiras verdadeiramente inovadoras, que tenham no seu DNA o compromisso com a pesquisa e o desenvolvimento. Em todo o mundo, uma das principais fontes desse tipo de empresa é o próprio sistema acadêmico, e o Livro Branco já apontava isso ao afirmar: “Deve-se intensificar o apoio à incubação de empresas de conteúdo tecnológico e apoiar, na intensidade requerida, a transformação de ideias nascidas nas universidades em invenções, e dessas em inovações.” E dizia também: “É preciso apoiar ações visando estabelecer e consolidar parques tecnológicos em áreas selecionadas, por meios diversos”. Passados 10 anos, vale a pena reler o Livro Branco, comemorar os êxitos e, principalmente, avaliar o que poderia ter sido melhor. Afinal, mais uma vez, Millôr Fernandes tinha razão: “O passado é o futuro, usado”. 50


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51 1


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52

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