Apaixone-se por seus Sonhos

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Copyright©2016 por Edleia Montes Lopes Rodrigues Todos os direitos reservados por: A. D. Santos Editora Al. Júlia da Costa, 215 80410-070 Curitiba – Paraná – Brasil +55(41)3207-8585 www.adsantos.com.br editora@adsantos.com.br

Capa:   Rogério Proença Editoração:   Manoel Menezes Coordenação Editorial:   Priscila Laranjeira Impressão e acabamento:   Gráfica Exklusiva

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) RODRIGUES, Edleia Montes Lopes Apaixone-se por seus sonhos / Edleia Montes Lopes Rodrigues – A.D. Santos Editora, Curitiba, 2016. 336 Páginas. ISBN – 978.85.7459-396-8 1. Consolação   2. Deus – Amor   I. Título CDD: 231-6 1ª edição: Outubro de 2016. Proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios a não ser em citações breves, com indicação da fonte.

Edição e Distribuição:


Agradecimentos

Jônatas, meu grande amor! Obrigada por estar comigo

mais uma vez!

Sou grata ao Senhor pela alegria de ser sua esposa, por ver você sempre torcendo por mim, pela honra de poder servir ao Senhor em sua companhia; enfim, por tudo que construímos juntos, e pelo privilégio de vivermos uma longa história de amor. Esteja certo de que pela grande PAIXÃO que ainda hoje sinto por você, a vida sem tê-lo do meu lado, em muitos aspectos, perderia sim a RAZÃO. Você me inspira quando vive o novo com o entusiasmo de um menino, avançando corajosamente pelas portas que se abrem; e me influencia com sua maneira vibrante de lidar com os sonhos. Porém, quando lutas inesperadas surgem, sua postura me desafia, pois você as encara com a força e a sobriedade de um valente guerreiro. Que Deus permita que ainda vivamos muitas aventuras e momentos apaixonantes juntos! Amo você! Mas principalmente, agradeço ao meu Deus, Senhor da minha vida; Aquele que me dá RAZÃO para viver, e por misericórdia, tem me concedido também, grande PAIXÃO pela vida!

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Dedicatória

À minha filha Louise! Por seu apoio incondicional, pelas palavras de incentivo, pelo carinho, por ter encontrado tempo em sua agenda para ler meus escritos, pelas críticas confiáveis, enfim, por nunca me abandonar e sempre me encorajar. Meu desejo é que você viva cada uma das áreas de sua vida com esperança, gratidão e fé, na certeza de que em Deus haverá sempre uma grande e boa RAZÃO para continuar. Que você viva com o Arthur uma história de graça e verdade! Que continuem sendo um casal inspirador! Mas, acima de tudo, que o Senhor lhe dê sabedoria para avançar corajosamente e encarar tudo que ele colocar em suas mãos para fazer; claro, com o coração cheio de PAIXÃO! Eu amo você, linda! Mamma

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Sumário

Agradecimentos................................................................ iii Dedicatória....................................................................... v Introdução........................................................................ 9 Capítulo 1 Sem paixão, sem razão................................................. 23 Capítulo 2 Sem paixão pelos sonhos, sem razão para viver............ 49 Capítulo 3 Sem paixão pelo perdão, sem razão para comunhão........................................................... 89 Capítulo 4 Sem paixão pelo milagre, sem razão para ter fé.......... 125 Capítulo 5 Sem paixão pelo jardineiro, sem razão para aceitarmos as podas!.......................................... 171 Capítulo 6 Sem paixão pelo novo, sem razão para o amanhã....... 209 Capítulo 7 Sem paixão pela gratidão, sem razão para querer paz.......................................................... 255

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Capítulo 8 Sem paixão pela disciplina, sem razão para o deleite............................................................. 291 Conclusão..................................................................... 325 Bibliografia.................................................................... 335

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Introdução

Enfrentamento!

Um soldado! Não, um batalhão. Na verdade, um exército inteiro. Sim, parece incrível, mas há dias e há causas que nos fazem sentir capazes de enfrentar um grande e poderoso exército. Acordamos com tanta coragem, energia e disposição, que nos sentimos prontos para encarar o maior dos desafios. E nos sentimos dispostos ainda que para tal, tenhamos que enfrentar os obstáculos mais esdrúxulos! Em contrapartida, há ocasiões em que não temos a mínima disposição de dar sequer poucos passos para abrir a porta que está diante de nós. E logo ao amanhecer, uma voz começa a gritar em nossos ouvidos:

– Preciso mesmo sair da cama hoje? – Será que de fato terei que encarar o desafio que se coloca diante de mim? – Sinto meu corpo completamente tomado pela exaustão! Minhas forças parecem minadas... 9


– Ai! Que vontade louca de ser dono de mim mesmo, de fazer o que me dá na telha, de assumir o rumo da minha vida! – Deus! Será que não dá para mudar um pouquinho essa minha história? Quem nunca abriu os olhos de manhã e sentiu um profundo desânimo tomar conta do seu ser e no íntimo fez essas perguntas a si mesmo? Na verdade, acho que todas as pessoas, mesmo que estejam sadias e equilibradas, vez ou outra experimentam a sensação horrorosa de querer desistir de tudo. Parar. Fugir. Tomar outro rumo. Mudar completamente a direção da vida. Livrar-se das pressões, cobranças e obrigações. Alforriar-se de uma dor. Libertar-se de um momento. Felizmente, para os que estão desfrutando de boa saúde, essas sensações não passam de espasmos periódicos. Mas, ainda assim elas nos afetam, pois no fundo, são sinais de que alguma coisa, naquele momento, não está caminhando tão bem. Talvez uma sobrecarga no trabalho, um período difícil nos relacionamentos familiares, o enfrentamento de uma enfermidade que resiste a todo tratamento, uma mudança indesejável ou uma perda que estraçalhou a alma. Fato é que, mesmo que estejamos na ativa, caminhando a todo vapor para conquistar ou prover as necessidades do dia a dia, muitas vezes, falta-nos um sopro de esperança. E sem que tenhamos controle, de repente, nos vemos completamente carentes de ânimo, de pique, de motivação. E apesar da RAZÃO nos mover, nos arrancar da cama e nos empurrar para os desafios de um novo dia, e ainda que 10


sinalize com clareza que há muitos motivos para continuar; a verdade é que o fazemos por pura obrigação. Claro! Não podemos abandonar o bom senso! Dessa forma enfrentamos o que temos de enfrentar genuinamente focados no dever. E para honrar compromissos e palavras, por causa da impossibilidade de dizer não, de jogar tudo para o alto e desistir, colocamos o pé no acelerador e seguimos. Portamo-nos de maneira honrosa e até admirável. Não permitimos que as faculdades de lucidez sejam levadas de nós. Mas sinceramente, falta-nos PAIXÃO. E viver sem paixão dói. Na verdade, dói muito; dói demais! Este é um convite para viver com PAIXÃO e com RAZÃO, essas duas aliadas inseparáveis que permeiam nossa vida e atitudes. Você está preparado?

As duas Senhoras Ela chega com sua esvoaçante e volumosa cabeleira solta ao vento! Olhar decisivo, cheio de vida e grande expectativa. Movimenta-se de um lado para o outro com passos ágeis, inquietos, efusivos e livres, tão livres que parece que a qualquer momento irá alçar voo... Sua face é corada, vibrante, esbanja vigor, mas parece esconder algum mistério! E em cada pequenino vaso que corre embaixo da pele macia e bronzeada pelo calor da espe11


rança, viaja, a todo vapor, um sangue quente, bombeado por um coração cheio de entusiasmo, que se sente invencível, disposto a ir até as últimas consequências. E a coragem são suas vestes! Essa coragem se estampa com as cores mais vivas que se pode contemplar, e assim, vai cobrindo cada pequena parte do corpo atlético e esguio. E o envolve com encanto, e o faz parecer perfeito; realça seus músculos, com desenhos e curvas admiráveis. Enfim, veste-o com elegância, e dá a ele uma aparência de saúde e força! Sua face, colorida pelos matizes vivos da determinação, se mistura com sombreados da inconstância. Seu olhar profundo e arrebatador, insinua um misto de poder e perigo. Há convicção em suas feições, há certeza do que deseja, mas há também um jeito moleque de ser, que inspira certa desconfiança; enfim, há um comportamento despretensioso, que de alguma forma cativa, mas também intimida. Porém, apenas os mais atentos conseguem notá-lo. Age com liberdade, mas sempre mistura a ela, doses generosas de determinação. E o conjunto dessa misteriosa combinação, parece fazer com que sua presença se torne simplesmente irresistível, pois carrega em si uma força capaz não somente de atrair, mas também de envolver e arrebatar até o mais forte dos guerreiros. Assim ela se apresenta, fugaz, inesperada, sem aviso prévio, licença ou planejamento. Mas, a despeito de toda inconstância, é impossível não admirá-la, e paradoxalmente, em alguns casos, é inevitável não se sentir ameaçado por sua presença; pois ela chega como um furacão, e não somente muda o ambiente, mas logo se faz conhecer. Do outro lado da sala está a outra, bem acomodada, calmamente assentada, com olhar profundo, fixo, concentrado em um ponto determinado; cabelos bem penteados e 12


cuidadosamente presos; unhas aparadas e lixadas. Seus pés, firmes, descansam envolvidos por sapatos resistentes, limpos, confortáveis e adequados para uma longa caminhada. Quando a luz se reflete sobre seu rosto, nota-se que ele é sereno, límpido, sem nenhuma expressão de mistério, dúvida ou equívoco. Não parece haver sinais de pressa ou ansiedade em sua expressão. Ela se mostra cheia de serenidade e segurança. Clara, muito clara; ela é, dos pés à cabeça, revestida por uma pele que não exibe sinais ou marcas de incerteza. Suas vestes são bem definidas, ajustadas, sem exageros, sempre apropriadas para a ocasião; clássicas, confortáveis, discretas, simples, práticas e sóbrias. Mostra-se tão dona de si, tão senhora de tudo, tão cheia de verdade, que sentimo-nos imensamente atraídos pela sua presença, por sua admirável força, e pela segurança e estabilidade que consegue passar apenas com um pequeno lance do seu olhar. Ela é o retrato da segurança, do refúgio, da estabilidade. Em sua companhia nos sentimos protegidos de quase tudo. Não há calafrios na espinha ou mãos suando frio, coração acelerado ou arrepios; não nos sentimos confusos, perdidos ou inseguros. Caminhar ao seu lado nos faz sempre seguir por trilhas bem desenhadas, delimitadas, e facilmente notadas em qualquer mapa ou GPS. Não há surpresas. Tudo é calculadamente previsto e aguardado. E uma inexplicável tranquilidade invade o nosso ser, sempre que nos aproximamos dela. Atende educadamente pelo nome de Senhora Razão. Enquanto a primeira, inquieta e explosiva, responde pelo nome de Senhora Paixão! 13


E ao contemplar essas duas figuras, não sabemos qual delas nos atrai mais. Se a encantadora Paixão ou a desejada Razão. Penso que isso acontece porque as duas estão diretamente ligadas às nossas emoções. E como define Jonathan Edwards, na obra A Genuína experiência Espiritual, “emoções são as ações mais vivas e intensas da inclinação da alma e da vontade”. E em busca dessas emoções, quantas vezes essas personagens vêm fazer parte de nossa vida, sem que saibamos lidar com elas? E em algumas ocasiões, por desconhecermos o papel que cada uma exerce em nossa história, nós as tratamos com desrespeito, ignorância ou indiferença. E o mesmo autor há pouco mencionado, ainda afirma que “as emoções da alma são a mesma coisa que a sua vontade, e a vontade nunca sai de um estado de apatia, exceto pelo sentimento.” Talvez por isso nossa tendência de desprezar uma e supervalorizar a outra. E, na maioria das vezes, não conseguimos acreditar, que ambas podem conviver no mesmo ambiente. Descartamos por completo a ideia de ver as duas embarcando na mesma viagem. Afinal, uma é toda adrenalina, vive à procura de grandes sentimentos; e quanto maior a montanha russa, mais motivada ela se sente para embarcar. Enquanto a outra, confortavelmente acomodada em uma poltrona de couro rígido, esculpida em madeira de lei, delicia-se com a calmaria de paisagens bucólicas.

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Como caminhar com companhias tão distintas? Veremos mais detalhadamente a razão de cada uma dessas personagens ser vista dessa forma; se há possibilidade de um convívio mútuo e quais as vantagens que cada uma carrega em si. Por enquanto, a pergunta que fica, é: você tem vivido dominado pela paixão ou pela razão? Ao olhar para o passado, o que você consegue enxergar lá? Por falar em passado, como você tem lidado com ele?

Começo ou fim? Acho interessante histórias, romances, contos, em especial filmes, que não possuem uma ordem cronológica dos acontecimentos. Alguns começam com a cena final, que a princípio não nos diz muita coisa, mas à medida que a trama vai se desenvolvendo, vamos compreendendo cada fato, até que em certo momento, aquela cena inicial é tomada de um significado intenso e, quase como um milagre, tudo repentinamente fica claro. Aquele emaranhado de informações sem sentido, que há pouco nos confundia e intrigava, se desvenda diante de nós, de forma tão evidente, que só nos resta exclamar boquiabertos: – Então, era isso?! Agora sim, entendo tudo... Vejo Deus trabalhando dessa maneira em nossa vida. Como Criador extraordinário, Ele permite que nossa história aconteça sem respeitar a ordem cronológica de nossa compreensão. Assim, Ele, em alguns momentos, interfere em nosso caminho, permitindo que aconteça hoje algo cujo 15


significado só vai entrar em cena daqui a meses, talvez até anos. Por isso, em vários momentos temos dificuldade em compreender e aceitar fatos e acontecimentos presentes que nos atingem. Esta é a razão de lidarmos mais facilmente com o passado que com acontecimentos presentes; afinal, muitas cenas do passado se completaram, as peças do quebra cabeça, que na época pareciam tão confusas, já se encaixaram e não geram mais dúvida, medo ou confusão. Porém, nos esquecemos que estamos diariamente gerando “cenas” que farão parte de uma grande história, aquela que Deus escreve em nossa companhia. E, muitas vezes, quando Ele, sem a mínima cerimônia, insere em nosso roteiro um fato novo e inesperado, talvez até indesejado, relutamos em aceitar. Batemos o pé e brigamos, afinal, queremos impor nossas ideias “perfeitas” nessa trama maravilhosa que chamamos de vida. Nosso olhar linear, temporal e limitado está sempre entrando em conflito com a visão amplificada, atemporal e ilimitada de Deus. Só mesmo caminhando na dependência desse maravilhoso Compositor vamos encontrar paz para vivermos cada “cena” de nossa história com ousadia e fé. E apenas uma fé apaixonada pelo grande Deus e Senhor da história é capaz de fazer com que encaremos nossos dias, sejam eles comuns ou cheios de acontecimentos inesperados, sem que percamos a paz, o equilíbrio e até mesmo a vontade de viver.

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O Deus da história Quanta sabedoria cerca cada ato de nosso soberano Pai! E quantas surpresas a vida nos reserva! Como crianças ingênuas e distraídas, caminhamos inocentemente, achando que temos o controle de alguma coisa. Que doce ilusão... Não enxergamos absolutamente nada que vem depois da curva; que está escondido atrás de pequenos arbustos ou oculto na neblina da caminhada. Seguimos nosso rumo, sem a mínima previsão do que está a poucos metros diante de nós. Gostemos ou não, somos possuídos por um Deus que dirige nossa história com soberania absoluta, mas que de forma misteriosa, trabalha concomitantemente com nossas escolhas e decisões. Isso, em muitas ocasiões nos parece absurdo e, por vezes, nos soa como algo impossível de ser executado, mas ele é Deus. Esse é seu jeito de trabalhar, de agir, de escrever a nossa história. Ainda que as limitações humanas nos impeçam de enxergar e compreender seus planos, Ele os está executando, alheio ao nosso parecer, se estamos ou não balançando a cabeça afirmativamente, e dizendo: – Sim, Deus; estou entendendo tudo, pode continuar... Ele os executa, os leva adiante, e nos insere em seu contexto. Para nosso desespero, às vezes, nos coloca como artistas principais da trama. A verdade é que muitas vezes somos obrigados a desempenhar um papel que não escolhemos, não desejamos, não planejamos para nossa vida. E o pior é que não dá para dizer: – Basta, não gostei desse enredo. Não estou satisfeito com meu papel nessa história, ou, não estou feliz com o 17


rumo que essa trama está tomando. Desisto do meu papel. Acho que houve um equívoco, o Senhor escolheu a pessoa errada. É... Amigo, apesar do grande desejo, não dá também para deixar o papel de lado e dizer ao poderoso Diretor: – Essa história não tem nada a ver comigo, Deus! Coloque outro para interpretá-la. Não eu. Eu não quero. Se desejar, posso até ajudar; posso indicar alguns nomes que desempenhariam bem melhor esse papel. Gente mais forte, mais competente que eu; gente mais firme na fé, com muito mais experiência de vida. Ou então, quem sabe alguns que há tempos vêm desempenhando papéis muito fáceis, tranquilos, amenos, gente que não sabe o que é se angustiar em meio a longos períodos de tribulação. Que tal dividir um pouco de sofrimento com esses que há anos parece só desfrutar de bonança? Talvez, estejam cansados, merecedores de coisa melhor. – A propósito, senhor diretor, será que o Senhor não teria aí para mim um papel de alguém bem sucedido, dinâmico, saudável, cheio de bens, inteligente e que está sempre cercado por pessoas importantes em lugares paradisíacos? Não sei por que, mas sinto que tenho um dom especial para desempenhar papeis assim ... Enfim, não é nada fácil lidarmos com a realidade! Na verdade, é bem difícil nos entregarmos aos propósitos de Deus, confiar em seus planos para nossa vida, e caminharmos pacificamente, fazendo dia a dia as escolhas que irão nos direcionar ao centro de sua vontade, e consequentemente ao objetivo final que desejou para nós. Isso é um grande e intrigante mistério. Só mesmo a mente de Deus seria capaz de arquitetar tal projeto, e principalmente viabilizá-lo. 18


Quanta grandeza para nossa mente humana é tentar compreender os intentos do Senhor! Pensamentos de Deus! Como Paulo diz em Romanos, eles são profundos demais, revestidos de tanta nobreza e valor, que por mais que nos esforcemos, que estudemos e nos dediquemos à tarefa de desvendar seus caminhos, nos sentiremos completamente inaptos para compreender seus objetivos, organizá-los em nosso cronograma, tampouco explicá-los ao longo de nossa história. Deus é absoluto! Profundo, completo, inabalável, inexplicável! E nós somos dele. Nossa vida e história pertencem a Ele. Cada fôlego que respiramos vem dele. Cada uma das bilhões de células que compõem nosso organismo são nutridas diariamente por Ele, que é Deus e nós suas criaturas. Porém, ainda que não consigamos compreender por completo, Ele graciosamente permite que façamos parte da composição dessa sinfonia chamada vida. Em várias ocasiões Ele nos dá liberdade de escolher os acordes, o ritmo e até o tom.

Escrevendo juntos Apesar de ser o grande Criador, Ele se coloca do nosso lado, como parceiro, cooperador, amigo, conselheiro paciente e encorajador, que se dispõe a colocar o lápis em nossas mãos e nos estimula a desenhar (rabiscar) nossa história sob seu olhar atento, interessado e cheio de propósitos eternos. O Grande Eu Sou, o Arquiteto do universo, o criador absoluto, o mais inspirado dos compositores escrevendo a partitura da história em conjunto com seus amados aprendizes. Sem dúvida uma parceria, no mínimo, paradoxal! O Pai 19


da Perfeição dando espaço para seus filhos expressarem e redigirem seus compassos imperfeitos, suas melodias amadoras, seus acordes (em certas ocasiões) até infantis. Que admirável! O Maestro sem igual, que orquestra a história, atento a cada nota, cada pausa, cada mínimo tom que expressamos. Ele, que mantém tudo debaixo do seu domínio, simplesmente escolhe não fazer isso sozinho. Ele nos dá a graça de participarmos, de sermos instrumentos úteis em suas mãos em todo esse processo. Ele não nos exclui! E claro, cada um desses compassos que “tentamos” escrever na companhia do nosso grande Deus, vem banhado por nossas emoções. Deus nos fez assim, pessoas movidas por emoções. Concordo com Jonathan Edwards quando afirma que “não tomamos decisões ou agimos. Exceto se o amor, o ódio, o desejo, o medo, ou alguma outra emoção, nos influenciar.” E nosso Deus que é encantador, misterioso, intrigante e tremendo, vai determinando o compasso dessas notas banhadas de emoções! É interessante pensar que com a mesma habilidade e destreza com que escreve a sinfonia do universo, Ele dirige nossas vidas. A sua e a minha. Creio firmemente nisso!

Que melodia é essa? Nos últimos meses uma sinfonia nova e inesperada começou a soar na minha história. De repente, sem que houvesse qualquer aviso prévio, fui inserida em um cenário novo. E não demorou muito para que descobrisse que havia um papel (que não desejava) a ser desempenhado. Os sons que compunham aquela sinfo20


nia não me agradavam nem um pouco. Para falar a verdade, eles eram indesejáveis. A princípio, para ouvidos inexperientes e despreparados como os meus, pareciam-se mais com acordes desafinados. Mas não havia o que fazer. O Soberano Deus simplesmente colocou a partitura diante de mim com o estilo que dominaria os próximos meses, e tão somente disse: – Continue. Faça-o com dedicação e esmero. Empenhe-se ao máximo. Vamos! Coragem! Eu sei que você não está entendendo muita coisa, que não consegue sequer imaginar como tudo isso vai terminar, mas siga adiante. Faça o seu melhor. Lute! Busque! Creia! – Não se deixe abater pelo tom, ou pelos acordes que hoje não soam muito bem em seus ouvidos carnais. Simplesmente confie em mim e acredite na capacidade que te dei de viver coisas preciosas e inusitadas. O resultado será surpreendente! Eu estou no controle, e em breve, muito breve, se permanecer firme e com o coração cheio de fé, você começará a ouvir a sinfonia dos céus. Fatos assim nos assustam. Confesso que só mais tarde, só depois de muitos meses tomando “aulas” particulares com o Mestre, comecei a perceber que o que estava sendo escrito não era uma composição comum. Tratava-se de notas especiais, acordes ressonantes, enfim, música de fato ritmada pelo grande compositor, e que deveria seguir o infalível compasso do céu. Seria preciso viver cada momento com o coração apaixonado. Apaixonado pelo grande compositor, apaixonado pela vida, apaixonado pelo amanhã.

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Um convite carinhoso Não sei o que você está enfrentando nesse momento da vida. Talvez esteja vivendo um período de desapontamento e frustração, ou se encontre perdido, sem forças para se recompor da queda (quem sabe até da rasteira) e recomeçar. Tampouco posso imaginar os sentimentos que preenchem seu coração diante das experiências vividas nos últimos meses: dúvida, medo, dor, solidão, decepção, enfim, sombras que nos impedem de prosseguir de forma natural e sadia. Esteja você como estiver, eu o convido a crer. O desafio é tentar mais uma vez. Sim, amigo, talvez, diante da dor que está sentindo, tal convite soe como uma grande afronta. Você deve estar gritando por dentro: – Como ousa fazer tal convite? Você certamente não tem ideia do que tenho vivido e experimentado! Como se atreve a dizer que devo tentar outra vez, quando tudo dentro de mim parece ter se transformado em pó, e o único desejo que consigo nutrir é o de parar?! Posso imaginar o que tem experimentado. Mas ainda assim o desafio a tentar de novo. Pois, apesar de sermos, em muitos momentos, surpreendidos pelo roteiro do grande Deus, precisamos encarar o desafio de recomeçar, reconstruir, tentar mais uma vez. O convite é buscarmos juntos nas próximas páginas coragem e inspiração para vivermos uma vida não somente de entrega e dependência, mas de paixão, profunda paixão pelo autor da vida. Que Deus nos capacite!  22


Capítulo 1

Sem paixão, sem razão

Você já se sentiu como se estivesse na sala de espe-

ra do céu? Sim, na sala de espera do céu, com uma causa que considera importante, urgente, e em alguns casos, vital, aguardando para ser atendido? Pior. Já teve a impressão de olhar ao seu redor e não ver ninguém para te atender, te ouvir, ou abrir a porta e dizer a você para entrar, pois será logo recebido pelo grande e poderoso Senhor? Ou você já teve a desagradável sensação de que a sala de espera do céu estava lotada demais, movimentada ao extremo, com um atendimento precário, uma fila sem fim e que seu caso seria apenas mais um protocolado no meio de tantas urgências e necessidades? A situação agrava quando, de repente, aparece alguém e “fura a fila”; sim, aquele espertinho que chega depois que a gente, e sem que entendamos o porquê, é logo atendido. E num piscar de olhos tem sua causa sanada, resolvida, homologada! E sem que haja qualquer explicação lógica, o vemos sair sorridente carregando nas mãos algo muito parecido com a bênção que aguardávamos há meses: o trabalho que tanto

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necessitávamos, a sonhada promoção, o filho tão desejado, a cura muitas vezes suplicada em meio a lágrimas, a aprovação. Enfim, olhamos desapontados ao vê-lo alcançar (aparentemente sem muito esforço) aquilo que há tempos aguardávamos e fervorosamente buscávamos. E nós? Nós continuamos na mesma. Na mesma situação, na mesma sala, encarando nada menos que as mesmas circunstâncias...esperando... esperando... e esperando... Para alguns isso pode até parecer uma grande heresia, mas se formos bem honestos, muitas vezes é assim que nos sentimos quando buscamos socorro dos céus. Ou seja, essa alegoria é apenas uma ilustração, uma ferramenta didática para representar o que vez ou outra passa pela nossa cabeça, quando desejos e necessidades colocadas em oração não são atendidos no “nosso” tempo. Geralmente mantemos a classe e não expomos nossos sentimentos mais profundos. Afinal, queremos zelar com muito cuidado da nossa reputação construída ao longo dos anos; não podemos vacilar com relação a nossa imagem; nossa admirável postura de bons “meninos” precisa ser preservada. Não desejamos manchar o retrato de filhos dependentes ou de guerreiros fieis, construída ao longo da nossa história; não queremos macular a silhueta pintada em detalhes minuciosos de povo inabalável. É preciso fazer com que continuem valorizando a figura exemplar que ostentamos, de homens e mulheres que jamais desanimam, que resistem a toda e qualquer prova, que não se deixam vencer mesmo levando pancadas de todos os lados.

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Mas, se formos bem honestos, no fundo, o que muitas vezes ocorre dentro de nós, enquanto buscamos e aguardamos o agir de Deus em várias áreas de nossa vida, são situações em que nosso coração se sente estraçalhado, nossa fé humilhada, nossas forças esgotadas. E nos vemos no limite, diante das pressões da vida, do desgaste da espera, da incapacidade que possuímos de lidar com nossos próprios sentimentos, nossas incertezas, as quais, pouco a pouco, sem que consigamos controlar, vão se transformando em ansiedade, frustração e dor, muita dor. Na maioria de nós, falta-nos honestidade suficiente para revelar até mesmo ao amigo mais íntimo, o que de fato carregamos no peito enquanto enfrentamos o desafiante teste de esperar em Deus. Como lidar com tanta fragilidade existente em nosso ser?! O que quero através dessa comparação não é provocar escândalo ou indignação. Longe de mim tal intento, o que desejo retratar através dela, é que todos nós enfrentamos momentos desafiadores em nossa vida de fé. Todos, em alguma ocasião, temos que praticar o exercício da paciência, da espera e, muitas vezes, lidar com a frustração, que pode ser tão profunda e dolorosa, capaz de roubar o brilho dos nossos olhos e acorrentar nossa vontade de continuar. E nessas horas, ou nos enchemos de Deus, ou corremos o risco de sermos tomados pela desilusão e desequilíbrio emocional. Se preferirem a alegoria, ou nos enchemos de Deus, ou vamos entrar em desespero e revolta na sala de espera do céu. E em minha opinião, um dos muitos sentimentos, que nos ajuda a encarar desafios, se chama paixão. Acredito fir25


memente que o simples fato de nutrir um coração apaixonado, nos habilita a encarar muitas situações em nossa vida.

Coração apaixonado O dono de um coração apaixonado, apesar da ansiedade, espera com confiança e euforia o sonho que lhe queima no peito. Ele não desiste facilmente. Ele pode até chorar, mas permanece de pé. Geme e, às vezes, até se contorce, mas não abdica de sua busca. Ele se aflige (na sala de espera), mas não passa pela sua cabeça a ideia de abandonar aquele lugar. Definitivamente não faz parte de seus planos renunciar ao que seu coração almeja. Afinal, uma chama que insiste em queimar em seu peito o impede de ceder. Paixão. Como precisamos viver mais esse sentimento! Você o tem experimentado? Tem ao menos compreensão do que ele de fato significa? Como o enxerga? Já que o grande desafio nesse texto é motivá-lo a viver de maneira apaixonada, desejo que compreenda de antemão o que entendo como paixão, pois sei que não são poucas as pessoas que olham com desconfiança para esse termo. Acredito até que alguns já devem, nesse instante, estar torcendo o nariz, desconfiados e com um pé atrás, afinal, na nossa cultura, para alguns, o termo paixão não inspira coisa positiva. Muitos enxergam esse afeto como algo fútil, vulnerável, leviano, instável e passageiro. E se o observarmos apenas por esse sentido, vamos logo entender porque ele parece incapaz de despertar nas pessoas consideradas “sérias” ou “de pé no chão” alguma admiração, ou qualquer interesse. Na verdade, acho que elas “inconscientemente” e, à medida do possível, até fogem da ideia de experimentá-lo. 26


E se formos bem realistas, vamos concluir que há sim um fundamento para esse tipo de reação. Afinal, tem sido disseminada de forma enfática ao longo da história, a impressão de que a paixão não carrega em si intenções dignas de confiança, ela parece sempre surgir em cena revestida de fragilidade, inconsequência e até com alguma pitada de irresponsabilidade. Sim, essa ideia está presente em nosso meio, o que considero uma pena, pois tal pensamento, por certo, gerou descrédito com relação a esse sentimento, a ponto de torná-lo quase que pejorativo. Quando queremos dizer que alguém está momentaneamente envolvido, iludido ou encantado com algo, vamos logo dizendo: Coitado, ele está apaixonado! Porém, o que alguns desconhecem, é que se observarmos o sentido semântico do termo, encontraremos vários significados para o mesmo e não apenas o sentido que normalmente é mais conhecido pela grande maioria. E entre os vários significados, existe sim um que remete a uma denotação negativa, com o qual muitos de nós estamos acostumados.

As quatro irmãs Com um decote avantajado, expondo muito mais do que deveria do corpo bem desenhado; ela caminha lentamente, lançando olhares cheios de inclinação afetiva e desejo sensual intenso. Ela parte em direção à sua presa com sentimentos de afeto dominador e cego; há uma obsessão em suas intenções. Seu intento de alcançar o que planejou mais se parece com um vício dominador. Há traços evidentes de fanatismo em seu comportamento. E ela parece ser tomada por uma cegueira que simplesmente a impede de enxergar 27


evidências, mesmo as mais claras que se colocam diante de seus olhos. Eis a razão para muitos fugirem da paixão, ou olharem para ela de forma desconfiada e desprezível. Com tantos significados negativos, nada mais natural! Observando-a por esse ângulo, ela nos parece muito mais com uma grande e assustadora armadilha. Quem desejaria viver uma vida de cegueira e obsessão? Porém, não podemos nos esquecer que esse é apenas um dos seus significados. Essa é a senhora Paixão de sobrenome Sedução. É a irmã mais conhecida dessa família de quatro irmãs. Gostaria de apresentar a você, mais um membro dessa família. A irmã senhora Paixão Desgosto. Ela geralmente é vista em um canto escuro, vestida de roupas negras, com um véu que lhe cobre toda a cabeça, usa meias pretas para aquecer os pés sempre frios. Ela é o retrato da desilusão. A imagem do desgosto. A mágoa está claramente estampada em seu rosto. No seu jeito de ser, há traços de sofrimento, que invariavelmente se misturam a ataques de cólera. Por mais que tente, sua postura está sempre marcada por uma disposição contrária, que ultrapasse os limites da lógica. Essa é a paixão que nunca queremos viver... ela não nos atrai... Porém, esse sentido da palavra paixão, vez ou outra, faz parte da vida da gente. Quem nunca experimentou, ainda que por pouco tempo, o gosto amargo da mágoa? Ou quem, em algum ponto da vida, não teve de lidar com seus próprios momentos de cólera? Quem nunca atravessou dias de sofrimento ou desgosto? Isso também é paixão. 28


Mas não para aí, há ainda mais uma irmã nessa família. A senhora Paixão dos Santos. Ela é contrita, espiritual, meditativa, profunda. Ela é a memória encarnada do que se refere ao martírio de Cristo e dos santos. Todos os anos os cristãos relembram de forma viva e consternada a paixão de Cristo. Assim, não somente usamos o termo paixão, mas celebramos com respeito e contrição mais esse significado da palavra. Entretanto, o que grande parte das pessoas se esquece é que nessa família, ainda há mais uma irmã. Talvez, das quatro, ela seja a mais conhecida, e também mais contraditória. Ela é magneticamente atraente, vibrante, positiva. Conhecida como Paixão Entusiasmo. Sua maneira de agir é inconfundível. Seus sentimentos e suas emoções são levados a um alto grau de intensidade, sobrepondo-se à lucidez e à razão. Ela carrega no peito um amor ardente, um entusiasmo muito vivo; uma disposição favorável para realizar coisas que ultrapassam os limites da lógica. Sua expressão é dotada de sensibilidade. Possui o entusiasmo do artista. É cheia de calor; e em tudo que faz, transpira emoção. Enfim, ela é cheia de predicados sadios, dignos e desejáveis, e que em minha opinião, tem faltado na vida de muita gente. Talvez você esteja pensando, “sentimento ou emoção levados a um alto grau de intensidade sobrepondo-se à lucidez e à razão”, ou “disposição favorável a alguma coisa e que ultrapasse os limites da lógica”, será que isso pode ser considerado algo bom, sadio e desejável? Defendo a tese que sim. Há momentos em nossa vida que tudo que precisamos para alcançar (de forma digna e honesta, claro!) o que de fato sonhamos, é um pouco desse 29


sentimento que ultrapassa os limites da lógica. E isso, vamos encontrar todas as vezes que caminhamos juntos com a senhora Paixão Entusiasmo! Veja meu exemplo nesse momento. Estou aqui escrevendo, colocando no papel ideias e pensamentos que na verdade não sei se algum dia vão ultrapassar as quatro paredes que me cercam agora. Para ser bem honesta, se olhar as circunstâncias, elas definitivamente não vão servir de estímulo para que prossiga escrevendo mais nenhum parágrafo sequer. Mas não sei por que, um amor apaixonado, que sobrepõe à lucidez e à razão, me move de forma determinada a continuar escrevendo, na esperança de um dia poder compartilhar essa obra com muitos. E ainda que para outros essa minha atitude pareça algo insano, e que ultrapasse os limites da lógica; um entusiasmo vivo, um calor, não permitem que eu pare ou que desista. Algo mais forte que a razão, me faz seguir adiante. Enfim, sinto-me grandemente influenciada pela senhora Paixão Entusiasmo! E ela nos conduz a um estilo de vida intenso, há sempre uma entrega total! Ela nos lança por completo, geralmente com uma coragem incomum, em direção ao alvo. E movidos por essa engrenagem tão poderosa, acreditamos não somente no sonho nutrido por ela, mas nos resultados que irá gerar! Fazer algo movido pela paixão nos eleva para um estado especial de graça, coragem e expectativa. O sonho do apaixonado é sempre maior e mais profundo que o sonho que não foi gerado no útero aquecido pela paixão! Ele almeja o máximo! 30


Movidos pela paixão E o impressionante é que esse sonho inevitavelmente transborda de dentro do coração e se transforma em ação. E aí, encontramos total sentido nas palavras de George Eliot: “A paixão torna-se uma força quando encontra saída no trabalho dos nossos braços, na perícia da nossa mão ou na atividade criadora do nosso espírito.” Assim, o músico tomado pelo sentimento de paixão, jamais desejará uma performance medíocre, mas fará o impossível para ter a plateia inteira aos seus pés! Da mesma forma, o atleta que alimenta esse sentimento não sonha com o segundo lugar, por mais difícil que seja, seu alvo será sempre o ponto mais alto do pódio. O profissional com o coração apaixonado empenha-se para alcançar nada menos que sucesso em seu investimento. O que ensina, quer colher aprendizado; o que fala, o faz com ardor, pois deseja não apenas ser ouvido, mas compreendido. Enfim, quem projeta algo, que carrega no peito, e que foi nutrido pelo caldo suculento e vigoroso da paixão, tem sede de êxito. Assim caminha o homem inflamado pela paixão, com passos corajosos, superando obstáculos de forma vívida! Ele vai em frente, rompe, avança, conquista! Afinal, a paixão tem esse poder. A força de nos arrebatar, nos envolver, tirar do lugar comum, atrair de forma entusiasmada para perto do objeto que ela fez despertar dentro de nós. Por isso insisto em continuar escrevendo (minha grande paixão), e por fazê-lo movida por esse sentimento, meu alvo é sempre alto. Meu anseio é fazer com que minhas palavras sejam simples, porém extraordinárias; claras, mas profun31


das; que falem do cotidiano, mas que tenha a ver com o céu; embora registradas em um tempo específico, gerem influência na própria eternidade; e que apesar de serem palavras que fluem de um coração humano, estejam cheias de Deus. Em resumo, que sejam terrenas, mas que venham misteriosamente revestidas com o celestial. Pretensão de minha parte? Sim, a paixão nos impulsiona à pretensão. Ela nos faz desejar mais! O alvo inspirado por ela é sempre melhor do que normalmente almejaríamos. Porém, isso não me conduz para um estado de ilusão, impedindo que tenha consciência de que minha tarefa é muito complicada, tão complicada que na maioria das vezes não consigo realizá-la. Há dias em que a tecla que mais uso em meu computador é “delete”. Justamente as palavras, que são a fonte de tudo que preciso para realizar meu trabalho, desaparecem, se escondem de mim, fogem sem piedade da minha presença e me deixam só. Que grande frustração! Entretanto, não desisto, e movida pela paixão, sobrepondo à lucidez e a razão, continuo tentando e tentando... Assim como eu, sei que há milhares de pessoas, nas mais diversas áreas da vida, que também experimentam a incansável e, às vezes, inexplicável disposição de continuar correndo atrás de um sonho. E todas essas pessoas passam por momentos cruciais, tempo de decisões sérias e relevantes que, vão testar ao limite suas intenções e propósitos. Penso que é nessa hora que a paixão entra em ação. Ela entra em cena como um misto de coragem e fé; de ousadia e esperança. Ela age funcionando como válvula propulsora que tem poder de desencadear coisas extraordinárias e marcantes, coisas que não alcançaríamos se não fôssemos impulsionados por um desejo apaixonado. 32


E é com base nesse significado positivo e verdadeiro que quero que você encare a palavra paixão nessa obra. E mesmo conhecendo os outros sentidos, ou as outras “irmãs” que compõem a família Paixão; a partir de agora, convido você a olhar para essa expressão com um sentimento não apenas positivo, mas abençoador e construtivo; cheio de intensidade, capaz de fazer diferença na história de quem o mantém no peito. O desafio é encarar o termo sem preconceito ou temor. Faço esse convite por saber também que muitos enxergam a paixão como a inimiga número um do amor.

Amor Sabemos que amor possui dezenas de significados, e a maioria deles conhecemos muito bem: sentimento de afeto; sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, etc., há também outros sentidos pouco usados ou pouco conhecidos: devoção extrema, sentimento ardente, adoração, veneração, culto, inclinação ou apego profundo a algum valor ou a alguma coisa que proporcione prazer, entusiasmo, paixão. Enfim, o que quero mostrar é que dependendo da situação, até mesmo o significado da expressão amor, pode ter um tom negativo. Tudo depende do contexto e do sentido que se deseja dar ao termo; ou depende também do costume cultural para o uso daquela expressão.

Amor versus Paixão O amor é incomparável. É a razão da vida. O apóstolo Paulo diz que ele é o mais nobre e precioso dos sentimentos. O amor é a base para tudo, é dom de Deus! É o sentimento 33


mais desejável e necessário na vida de qualquer ser humano. Ele é insubstituível, seria grande insanidade trocá-lo por qualquer outro sentimento. Minha proposta jamais seria de abandoná-lo, mas acrescentar à sua nobreza, algo mais. A ideia é somar, implementar, e jamais substituí-lo ou subtrair dele alguma coisa. Imagine o quanto esse sentimento se tornaria ainda mais extraordinário e significante se acrescentássemos a ele uma boa dose de paixão. Acredito que os dois juntos formam uma parceria sem igual, pois cada um traz em si características que necessitamos ao longo da vida. O amor, em geral, é algo racional, contínuo, constante e crescente (ao menos deveria ser assim). Ele dá todo sentido para nossa existência, ele sustenta e fortalece nossos relacionamentos. Ele é capaz de gerar paz dentro de nós, e de nos trazer estabilidade e segurança. Já a paixão é sazonal, ela vem e vai com mudança de intensidade e em diferentes ocasiões da nossa vida; e quando entra em cena nos remete a um estado de graça, de alegria incontida, de esperança corajosa. Ela vem e sacode nossa vida, faz acontecer, movimenta, nos tira do lugar comum, nos move corajosamente em direção a tomadas de decisões. É certo que ao contrário do amor, a paixão não resiste a grandes tempestades, ela é facilmente levada pelo vento, quando castigada por rajadas impetuosas. É que o calor e o entusiasmo que lhe são peculiares normalmente não resistem a provas assim. Enquanto isso, o amor permanece firme em seus alicerces, e ainda que os estragos deixados pelas intempéries sejam grandes, ele continua sereno e inabalável. Porém, na hora de reconstruir o que foi destruído, se a paixão é convidada a participar (sazonal), seu retorno fará 34


grande diferença, pois ela trará consigo toda disposição favorável, todo empenho e animação calorosa que faz parte da sua essência; ela trará o entusiasmo que ultrapassa os limites da lógica, enfim, ela trará uma motivação que acelera, que coloca para frente, que estimula a romper barreiras e obstáculos. E isso, por certo, tornará o desafio da reconstrução muito mais empolgante e agradável. Amor e paixão, sentimentos que provocam sensações diferentes, mas que em minha opinião se completam. Gosto também de comparar o amor como o sustento, o alimento que nos mantém firmes e de pé. Ele é a base, é fundamental, é vital para que continuemos existindo. Ao passo que a paixão é o tempero desse alimento. Ela tem o poder de torná-lo não apenas necessário, mas desejável. Ela o faz doce ou picante, suave ou marcante, enfim, faz a diferença, ressalta o sabor, o aromatiza, o torna único e desejável. É sabido que uma comida insossa, apesar de sustentar e de carregar em si todos os nutrientes, vitaminas e minerais necessários para o corpo, não desperta desejo ou prazer. O tempero, ainda que seja acrescentado em doses pequenas, faz toda a diferença. Existe sim a opção de não usá-lo, mas grande parte do prazer se esvai. Em uma relação conjugal, por exemplo, o tempero da paixão pode fazer toda a diferença, eu diria até que ele é determinante. Tenho observado que, à medida que o tempo vai passando, em grande parte dos relacionamentos, há amor, mas em poucos, há paixão. Os cônjuges se sustentam, se alimentam, se mantêm de pé, mas muitos parecem ter perdido o prazer de viverem as delícias desse dia a dia. É uma relação que gera vida, no entanto, sem gerar entusiasmo e prazer. 35


Falta paixão, e isso faz com que a relação se torne sem graça, fria, com cara de “requentada”. É como comida de ontem... alimenta, mas não se compara com aquela preparada na hora, saindo do fogo, fresca, exalando aromas... mexendo com os sentidos. Enfim, falta tempero! E quando falta tempero, falta emoção! E tudo então cai em uma rotina permeada sim de amor, porém, maçante e fria. Alimento quase insípido, como comida de hospital, que sustenta, mas não desperta desejo em ninguém.

Um rio e seus afluentes Talvez você discorde de mim, talvez duvide que haja amor verdadeiro em muitos relacionamentos que tacharíamos como “sem vida”. Mas penso que isso é sim possível, e que acontece com muito mais frequência que imaginamos. Assim como o apóstolo Paulo, acredito que o amor verdadeiro jamais acaba. Porém, a admiração, o encanto, o prazer de se estar junto, a alegria da presença, ou o orgulho de pertencer um ao outro pode sim ser afetado e até chegar ao fim. Em um relacionamento de pais e filhos, por exemplo, isso pode acontecer. Quantos pais de filhos rebeldes, viciados, desonestos, ingratos, há muito perderam o orgulho da imagem de seus filhos; contudo, não conseguem arrancar do coração o amor que sentem por eles? O sentimento é simplesmente maior que suas escolhas. Todas as ramificações do amor podem ter morrido no peito daqueles pais, mas a sua essência não. Por isso, apesar 36


do que esses filhos são, ou de como vivem, ou a despeito do que praticam, ainda assim são amados. O rio do amor simplesmente continua vivo dentro deles! O inverso também pode ocorrer. Quantos filhos se sentem frustrados e profundamente decepcionados com o comportamento de seus pais. Olham para aqueles que deveriam ser exemplo de comportamento; modelo e inspiração de vida; fonte de consolo, de ensino; padrão de maturidade e equilíbrio para lidar com os diversos dilemas da vida; e percebem que eles estão muito longe desse estereótipo. Os rios afluentes morreram, mas o amor ainda existe. E apesar de alguns sentirem até mesmo vergonha do comportamento de seus pais, ainda assim os amam. E em alguns casos, mesmo que evitem estar com eles (talvez o único antídoto que encontraram contra brigas, dores e decepções), inexplicavelmente os carregam no peito. E nos relacionamentos entre marido e mulher coisas parecidas a essas podem acorrer. Talvez, ao longo da caminhada, por várias razões, perde-se a admiração que um tem pelo o outro; ou por causa das adversidades, vê-se a paciência morrer; ou a festa de desfrutar da presença e do calor do cônjuge, simplesmente se acabar. E há aqueles em que, talvez por causa de decepções profundas, até a atração sexual chega ao fim (mesmo em casais jovens e cheios de libido), mas contrariando todas essas coisas, o amor, intrigantemente ainda existe. Não se deseja o mal, ou a morte, ou a infelicidade do outro, simplesmente porque o amor existe; está vivo. Mas o prazer, a alegria e a excitante experiência de caminharem juntos, já não existem mais. Assim como também já se per37


deu, há tempos, as delicias do diálogo, que tem poder de curar, animar, fortalecer e estreitar laços em um relacionamento. Aliás, o diálogo é sempre um dos primeiros afluentes que seca. Ele é muito sensível ao calor, enfim, não é difícil encontrarmos relacionamentos em que os muitos afluentes do amor, diante do sol escaldante ou da seca prolongada que tiveram que enfrentar, se secaram. Mas ainda assim, a fonte principal continua fluindo; mesmo que em volume bem mais reduzido, mas ela permanece viva. O rio não morreu. O rio do amor ainda existe. Raso, turvo, arenoso. Afinal, os afluentes que o tornavam navegável, que o nutriam e fortaleciam, permitindo que suas águas fossem profundas, frutíferas, ricas, cheias de vida, gerando alimento para muitos, estão mortos ou quase mortos. E é justamente nessa hora, que é preciso tomar cuidado, pois a senhora Paixão, totalmente epidérmica, começa logo a fazer sua avaliação: – Não faz mais sentido continuar. O estrago é muito grande. As perdas irrecuperáveis. Não consigo enxergar o verde, o perfume das flores, o colorido estampando e trazendo beleza ao longo das margens... não ouço o cântico alegre dos pássaros... O cheiro gostoso do orvalho se levantando junto com o amanhecer... Que desolação! Nem borboletas encontra-se por aqui!? E continua: – Está tudo tão feio, tão diferente de antes, tão sem graça... Enquanto isso, a senhora Razão analisa: 38


– Não. Não está tudo perdido! Uma boa temporada de chuva pode resolver grande parte do problema. O rio está vivo. Ainda que esteja representado por um pequenino fio de água correndo no meio de um terreno ressequido; mas ele está vivo, veja! Se houver esforço para reflorestar as matas ciliares que foram arrancadas, ou que se secaram... o cenário pode sim se modificar... Enquanto a senhora Paixão se baseia no que seus olhos vêm e no que sua pele sente, para tirar suas conclusões precipitadas; a senhora Razão, ao contemplar aquele filete de água barrenta, remete-se aos votos assumidos, aos compromissos firmados, às assinaturas marcadas com tintas; ela se lembra da história. Ela considera e concorda sim que no passado tudo fora tão diferente... mas ela se recusa a desistir. E fechando os olhos, rememora os dias em que havia abundância de água, o tempo em que aquelas duas almas apaixonadas, envolvidas pelas correntezas caudalosas daquele rio, construíram tantas coisas especiais juntas. E como em um flash, ela revive os dias especiais, em que ambos podiam nadar nas águas volumosas daquele rio; e juntos, animados, mergulhavam em busca de aventuras deliciosas, à procura de tesouros escondidos. Naqueles águas se refrescavam, quando o calor do sol lhes fustigava... quantas vezes ali, deitados lado a lado na relva verde que margeava o rio, se deleitavam com a presença um do outro e contemplavam tudo que os envolvia... Ela recorda ainda que, daquele rio é que surgiram os filhos, bem mais precioso que adquiriram juntos. E o rio era fonte de alimento para todos, e os sustentavam com abundância e fartura. Dele vinha a vida! 39


Era também no rio que se divertiam, que nadavam, brincavam, faziam piqueniques, descansavam, se alegravam e davam boas gargalhadas juntos... O rio lhes gerava descanso, quando tudo parecia tão enfadonho, eles simplesmente entravam em suas águas e deixavam que as correntes levassem todo cansaço, fadiga, desânimo ou falta de esperança... Mas em um determinado momento, ela dá um suspiro profundo quando se lembra de um afluente poderoso que desembocava no rio do amor e que agora está completamente seco. A paixão! Puxa vida, como aquele rio era diferente quando essas águas da paixão caiam nele... Era um afluente volumoso, que carregava águas quentes, claras, espumantes, repletas de movimento, cheias de pequenas cascatas, que geravam encanto, emoção, que não deixavam que o rio corresse sempre em uma calmaria monótona e sem fim... E sem conseguir se conter, diz: – Que afluente poderoso! Que força incrível ele possui de mudar o cenário! Que falta ele faz! E por um bom tempo a senhora Razão fica analisando quanta coisa importante aconteceu no rio e por causa do rio. Mas ela, ao contemplar todo aquele cenário, não se concentrava apenas no passado, mas ela olhava também adiante, e sem que fosse necessário muito esforço, conseguia vislumbrar as consequências que certamente os atingiriam se simplesmente abandonassem aquele estreito e aparentemente desprezível fio de água amarelada. Pois na vida é sempre assim, inevitavelmente as consequências nos alcançam todas as vezes que quebramos acordos erigidos diante dos homens e de Deus. 40


Por isso, ela se esforça para buscar uma solução racional e lógica, o propósito da senhora Razão é sempre de tentar mais uma vez, e não o de virar as costas e buscar outro rio de águas abundantes. Talvez você olhe para sua vida e note em algum relacionamento que mantém, marcas desses sintomas que acabo de descrever. Talvez você perceba que há afluentes que antes nutria o rio do amor com água fresca, clara e abundante, e que hoje se encontram secos ou praticamente secos. Não nos é fácil admitir certas perdas, não gostamos de contemplar catástrofes naturais, principalmente quando esses estragos atingem um de nossos maiores patrimônios, nossos relacionamentos. Porém, mesmo em meio às dores, o melhor caminho para resgatar o que se perdeu, é, antes de tudo, admitir a perda. Pois a partir daí, os muitos “remédios” para se alcançar a restauração podem ser acionados. Mudanças de atitude, conselheiros maduros, terapeutas equilibrados, novas estratégias de comportamento, diálogo sincero, enfim, há uma infinidade de ações que podem ser adotadas, que, com o tempo, paciência e esforço, podem tornar os afluentes novamente vivos. No entanto, há muitos que preferem o silêncio, a indiferença, a solidão, o segredo, a aparência de que tudo está bem. Enfim, preferem ver os canais se secando, e culpar a estiagem, a buscar socorro de fora. Que pena! A vida pode ser tão diferente! Ela pode ser vivida com amor e muita paixão!

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Vivendo com paixão Mas a paixão não deve existir só nos relacionamentos pessoais. Ela precisa estar presente em várias áreas de nossa vida. Acredito que na vida profissional ela não somente é necessário, mas é fator determinante, capaz de fazer toda diferença. Muitos amam seu trabalho, e até o executam com dedicação e seriedade. Mas só os apaixonados se destacam de forma excepcional. E normalmente são esses os que fazem diferença. Pois são movidos por um calor, por um entusiasmo que ultrapassa os limites da razão (características da paixão). Nesse grupo encontramos os inventores, que não desistem nunca, debruçam-se sobre seus trabalhos e vivem cada desafio e frustração sem perder o ânimo, a esperança ou o sonho da conquista. Também vemos essa paixão nos profissionais inovadores, que estão sempre pensando em algo inusitado, sempre querendo novidades, melhorias, crescimento que venha fazer diferença na vida de outros. Eles simplesmente não se conformam com a “mesmice”. Creio que se enquadra ainda no grupo de trabalhadores apaixonados, aqueles que teriam total condições de exercer outro trabalho, mas que optam por se arriscarem em profissões cheias de desafios, ou talvez aparentemente menos honrosas e com menor recompensa financeira que outras, tão somente pela paixão que nutrem. Não são poucas as vezes que ouvimos pessoas dizerem: – Puxa vida! Esse rapaz ou essa garota é tão inteligente, por que será que escolheu justo essa profissão, enquanto 42


poderia se formar em uma área que lhe rendesse muito mais status e prosperidade financeira? Não existe resposta que satisfaça a lógica de quem faz perguntas como essas. É por isso que há tantos pais em conflito com seus filhos “super” inteligentes. Para essas pessoas é inadmissível a ideia de canalizar sabedoria, esperteza, cérebro sadio e vivo, criatividade e alta capacidade intelectual em uma atividade que não seja altamente rentável ou que promova status. Simplesmente não cabe na mente de muitas pessoas a ideia de escolher uma profissão porque ela gera no coração satisfação e prazer. A paixão é tão marcante que onde ela se instala, logo notamos sua presença. Ela não passa despercebida. Note o exemplo de atletas que praticam esportes radicais. A maioria de nós olha para esse tipo de esportista como alguém meio maluco, que parece nem ter muito amor à vida, mas o que esquecemos ao fazer esse julgamento é que eles possuem uma disposição favorável para as aventuras e riscos daquele esporte que ultrapassa os limites da lógica. Paixão! Pura paixão. Essa será a resposta que nos dará se questionarmos qualquer um deles, qual a razão que os leva a correrem tantos riscos. Ainda pensando em atletas, notamos que apenas aqueles completamente apaixonados pelo que fazem, almejam e se esforçam para alcançar um lugar no pódio. Só corações dominados pelo fogo da paixão se dispõem a pagar o alto preço de lutar por aquele espaço. Justamente porque eles sabem que o pódio é lugar que só cabe coração apaixonado. Gente medíocre ou desmotivada, sem calor, sem entusiasmo, sem o fogo ardente da paixão, sem disposição para tentar incansavelmente a mesma coisa até superar suas pró43


prias limitações, jamais estará apta para sequer sonhar com aquele lugar.

Pódio Pódio, território de apaixonado. Eles não existem só para os atletas. Na vida, construímos vários tipos de pódios, porém, no geral, sua essência continua a mesma. Para os atletas, um lugar que apesar de pequeno em seu espaço geográfico, carrega dimensões gigantescas em seu significado. E notamos que em todos os outros pódios que construímos em nossa mente, ou em nosso mundo, o cerne é sempre o mesmo, geralmente um lugar pequeno, não há espaço para multidão. E neles só cabem corações determinados, corajosos e cheios de paixão; os que caminham em sua direção são donos de uma postura entusiasmada, de uma coragem cheia de vigor. Sem dúvida, gente movida por um coração que queima. E a multidão, onde fica? A multidão fica para contemplar, aplaudir e admirar os corajosos que ultrapassando os limites da lógica, e sobrepondo à lucidez, ou às regras e costumes estabelecidos, considerados intocáveis pela maioria, alcançaram o pódio. Cabe a cada um escolher o lugar que deseja desempenhar. Ou o coração apaixonado que enfrenta as incertezas em busca do pódio, ou a segurança e estabilidade da multidão que aprecia e se surpreende com aqueles que o conquista. 44


E a fonte para buscar sabedoria, coragem, força e equilíbrio para se chegar a qualquer “pódio” que se possa almejar será sempre a mesma: Deus. O homem não recebe coisa alguma se dos céus não lhe for dado.

Somando amor e paixão Acredito que o amor, quando inundado pela paixão é capaz de ir além. E é nessa perspectiva que quero continuar vivendo. É também com essa intenção que pretendo compartilhar experiências e sonhos nos capítulos seguintes. Pois entendo que há lugares na alma que só podem ser tocados com aquilo que é gerado no ventre da paixão, e nutrido pela grandeza do amor que flui do trono de Deus. É nessa perspectiva, que desejo, através de palavras, transformar tristeza em gotas de esperança, desilusão em combustível extraordinário para recomeçar, fraqueza em força para prosseguir. Enfim, acredito que independente da área de nossa vida, se a vivermos com paixão, isso fará toda a diferença. Emerson de S. Lima em uma reportagem na Você S/A 79 diz: “No sucesso, a paixão é que faz a diferença. Sonhe acordado”. Há muitas pessoas desejando o sucesso, mas que por razões diversas, têm deixado de sonhar acordadas, sem perceber que isso pode tornar o alvo quase que intangível. Sucesso e sonho são companheiros inseparáveis! A dica é não apenas sonhar, mas sonhar apaixonadamente!

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Desafio O objetivo das próximas páginas é fazer com que você encare a vida com mais entusiasmo e esperança. Um estímulo para levá-lo a sonhar acordado! Um esforço para conduzi-lo a uma análise simples e bastante objetiva de como tem vivido seus dias. O propósito é fazer com que você deseje acrescentar em sua vida, esse sentimento tão poderoso, que nos faz vibrar, sonhar, que tem a força de nos aquecer e que é capaz de manter nossos olhos cheios de brilho. Pois sem paixão, tudo vai parecendo, pouco a pouco, sem razão... Por favor, não se engane. É claro que só encontraremos real razão para nossa vida quando a vivermos para Deus e por causa dele. É um equívoco pensar que podemos construir uma história cheia de vida e vitória, sem nos firmarmos nessa indiscutível verdade. O Senhor, e somente o Senhor é nossa razão para viver! Porém, não é dessa razão que estou falando, pois conheço muita gente cuja vida está firmada em Deus, mas o coração, em várias áreas, encontra-se desmotivado e cheio de frustrações, e isso faz com que sintam que o que estão fazendo pareça vazio e sem razão... Portanto, quando me refiro ao termo “razão”, estou tratando de motivação, prazer, causa para continuar caminhando de forma corajosa, motivo para permanecer sonhando. O grande desafio é encher nosso coração com um amor apaixonado, e assim, dar razão para encarar com coragem e esperança tudo que nos envolve nessa vida, não somente as

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coisas boas, mas até mesmo aquelas que consideramos difíceis e frustrantes. Por fim, só me resta perguntar: você acha que tem vivido seus dias com paixão? Seus sonhos estão fervendo dentro do coração? Seus relacionamentos de afeto e amor estão temperados por ela? E como está sua disposição de aceitar o novo de Deus em sua vida, com as mudanças inesperadas de direção que muitas vezes acontecem? Seu senso de louvor e gratidão? Ainda há paixão nessas práticas? Resumindo, você tem se sentido cheio de “razão”, motivação para continuar vivendo seus dias? São questionamentos muito íntimos, que cada um, depois de sondar com sinceridade o coração, pode responder. Porém, espero que aceite o convite. Há esperança. Há uma maneira viva de viver a vida. E eu acho que deveria experimentá-la. Eu o desafio a convidar essa presença intrigante da senhora Paixão, com o jeito entusiasmado e vibrante que só ela tem de ser, para caminhar do seu lado, e juntos enfrentarem “aquele” desafio ou sonho, talvez, há tanto tempo renegado, que se coloca adiante de você. Claro, não será um pulo no escuro; o combinado é que tudo seja encarado sob o olhar atento da ponderada e sempre segura senhora Razão. E o primeiro desafio que coloco diante de você é apaixonar-se por seus sonhos. É encará-los com o coração pulsando de extrema coragem. É se dispor a buscá-los onde eles estiverem. É nutri-los apesar das adversidades. É crer que eles se tornarão realidade. Que grande desafio! Mas, amo desafios extravagantes! Vamos lá? Levante-se, deixe o desânimo ou a lembrança das tentativas frustradas de lado e arrisque-se a caminhar 47


de mãos dadas com essas duas figuras. Vamos nos encher de paixão! Vamos viver cheios de razão! 

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