Mídia e Políticas Públicas de Comunicação

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Introdução

Distribuição geográfica da amostra Uma outra forma de verificar o equilíbrio ou desequilíbrio da cobertura sobre as Políticas Públicas de Comunicação é a análise da distribuição dos textos segundo a localidade sede dos veículos pesquisados. Os dados denotam uma forte concentração – a maior já verificada em pesquisas realizadas pela ANDI – em São Paulo. Os diários paulistas reúnem um volume de textos desprorcional ao restante da amostra quando comparado aos demais estados – ali, a relação entre o número de diários e de material publicado é quase sete vezes superior à média geral por unidade da federação.

TEXTOS POR UF DO VEÍCULO

UF

%

AC

1,0

AL

0,5

AM

1,8

AP

0,4

BA

3,5

Nesse sentido, ainda que a região Nordeste conte com mais jornais pesquisados, por abrigar um número maior de estados, acabou por ficar sub-representada. Um dos fatores que possivelmente explicam este cenário diz respeito à elevada vinculação dos diários da região com grupos políticos locais – limitando, assim, o interesse dos proprietários por esse tipo de discussão.

CE

4,1

DF

3,5

ES

1,1

GO

2,7

MA

1,5

Uma outra forma de verificar a distribuição geográfica da amostra reside na análise de quais localidades são reportadas pelos textos pesquisados. Esse tipo de leitura dos dados trouxe resultados igualmente relevantes e, em certo sentido, indicadores de desequilíbrio: 82,8% do material focalizam uma determinada localidade geográfica – ou seja, reportam fatos que se passam em algum lugar específico. O restante (17,2%) trouxe conteúdos relacionados a temas mais conceituais vinculados às Políticas Públicas de Comunicação.

MG

5,7

MS

0,3

MT

4,1

PA

3,1

PB

1,5

PE

4,1

Dentre os que se centram em alguma localidade, 79% se detêm exclusivamente na realidade brasileira, 7,2% focam o cenário internacional e 13,8% relacionam os dois universos. Faz sentido supor que a experiência internacional foi pouco aproveitada pela mídia nacional ao discutir as PPC – a quase totalidade das democracias mais avançadas apresenta desenhos regulatórios para as comunicações bastantes mais consolidados do que o nosso, o que poderia se converter em rica fonte de experiências (e pautas) para as discussões sobre esse assunto.

PI

1,3

PR

2,8

RJ

5,9

RN

0,8

RO

0,6

RR

0,4

RS

2,4

SC

4,0

SE

0,2

SP

19,5

TO

0,6

Por outro lado, quando a mídia se centra na realidade brasileira, na maioria das vezes (80%) fala do país como um todo, sendo os 20% restantes destinados a cobrir o contexto das regiões, estados e municípios. Tal panorama denota uma desvinculação da discussão da comunicação com as questões locais e, portanto, com a vida cotidiana dos cidadãos e cidadãs.

Comunicação por quem e para quem? Essa perspectiva é reforçada, de forma preocupante, por outros dados: em 82,2% dos textos analisados não há a mais remota menção aos cidadãos e cidadãs, que cotidianamente se relacionam com a mídia. Quando observamos os tímidos 17,8% de artigos, editoriais, colunas, entrevistas e reportagens em que a população é mencionada de alguma forma, descobrimos que, na maioria dos casos (56,4%), ela aparece como “consumidora”. Em 28%, é identificada com expressões como telespectador, ouvinte, assinante, leitor, internauta – ângulos diferenciados da idéia de consumidores. Apenas em 15,6% dos textos pesquisados a população recebe seu título republicano, de cidadãos e cidadãs – e em nenhum caso lhe é conferida a categoria de “sujeitos de direitos e deveres”. Essa postura acaba por reforçar a perspectiva do negócio e de uma relação empresa-cliente, semelhante às demais encontradas nos mais variados 14

NACIONAL(Revista)

22,4

Total

100

TEXTOS POR REGIÃO DO VEÍCULO

Região

%

S SE NE N CO NACIONAL(Revista)

9,2 32,3 17,6 7,9 10,6 22,4

Total

100


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